Capítulo 32

Na manhã seguinte Ginny se levantou cedo e pronta pra ir embora. Ela não tinha que empacotar nada e estava vestida com seu uniforme escolar e com a caixinha de ingredientes encolhida no seu bolso. Ginny dobrou o pijama de Draco e ia levá-lo de volta.

Ela chegou ao quarto de Draco e bateu levemente. – Entre – ela ouviu e abriu a porta pra entrar. Draco estava meio vestido, isto é, só tinha posto a calça do colégio e a camisa estava por cima do ombro. Ele estava correndo de um lado pro outro do quarto tentando arrumar seu baú.

Ginny estava no mínimo surpresa em como Draco podia desarrumar tanto o quarto quando ele só ficou por lá uma única noite.

- Queria devolver seu pijama. – disse e o deu a Draco.

- Ok. Você pode colocá-lo encima da cama. – disse rápido e correu pra jogar uma camisa no baú enquanto tentava colocar uma meia e pentear o cabelo ao mesmo tempo.

Ginny suspirou e o fez parar um pouco – Malfoy – disse firme – Vai se arrumar e eu arrumo suas coisas, tudo bem?

Draco olhou em volta e concordou – Tá. Obrigado. – e entrou no banheiro para escovar os dentes e se arrumar.

Ginny tirou a maioria das roupas do baú e começou a dobrá-las rapidamente. Só roupas dobradas caberiam num baú daquele tamanho e Ginny era bem eficiente no seu trabalho. Depois de alguns minutos, todas as coisas de Draco estavam empacotadas no baú e prontas pra ir.

Draco saiu do banheiro dando nó na gravata e falando com Ginny sem olhar pra cima. –Obrigado Weasley, mas eu posso termi... – Draco tinha olhado pra cima e visto que seu baú estava pronto e o quarto arrumado.

- Uau, Weasley. Você deveria ser uma profissional de limpeza. – disse surpreso.

- AHAM – Ginny pigarreou alto – O que isso quer dizer, Malfoy? – e olhou com raiva pra Draco.

- Ah, nada. – disse rápido e voltou a amarrar sua gravata, mas Ginny começou a rir.

- O que é tão engraçado? – perguntou olhando pra ela.

Ginny apontava pra ele e suprimia o riso. Draco olhou pra baixo pra ver que todos seus botões estavam nas casas erradas e ele soltou um ruído frustrado.

Ginny suspirou e sentiu pena dele. – Esta realmente não é uma boa manhã pra você, não é Malfoy? – disse e caminhou na direção dele para ajudá-lo a consertar os botões.

Draco deixou Ginny vesti-lo enquanto ficou parado massageando sua têmpora com os dedos. Sua dor de cabeça passou logo e ele aproveitou a sensação de ser vestido por Ginny e como seria ótimo se ela pudesse fazer isso todas as manhãs.

Ginny terminou de arrumar seus botões e também deu nó na sua gravata, então bateu de leve no seu peito para mostrar que havia terminado.

Ginny deu a Draco seu suéter e ele o colocou. Depois que terminou, Ginny segurou sua capa para que ele deslizasse pra dentro dela. Draco ajeitou a capa e ordenou que alguém viesse e levasse seu baú.

- Tenha certeza que será entregue à Mansão Malfoy. – Draco disse ao ajudante e guiou Ginny pra fora para que voltassem à escola.

Eles chegaram às portas de onde Draco tinha entrado ontem e foram recebidos por Francesca.

- Bom dia – disse animada.

- Bom dia – Draco e Ginny responderam.

- Sua chave de portal está pronta Draco – Francesca disse e deu a Draco uma pequena caixa de madeira. – Aqui está, você sabe como usá-la.

- Obrigado Francesca. – falou ele.

- Brigada. – Ginny também falou.

- Tudo bem, vejo vocês por aí. – Francesca disse deixando os dois sozinhos.

Draco se virou pra Ginny e sorriu. – Pronta pra voltar pra escola agora?

Ginny apertou os lábios, um contra o outro, e sacudiu a cabeça – Podemos dar uma olhada por aí? Eu nunca estive na Itália antes e queria ver como era. Por favor? – pediu com olhos suplicantes.

Draco sorriu e assentiu calmamente. Como ele poderia dizer não pra Ginny?

- Eba! – gritou – Obrigada, Malfoy. – disse animada.

- Vamos indo então. – Draco disse e começou a caminhar pra fora do estádio.

Ginny estava fascinada com todas as coisas diferentes que via e achou interessante como os bruxos e bruxas na Itália usavam suas mágicas.

Ginny ia de loja em loja olhando os artefatos e ornamentos, enquanto Draco só a seguia com um pequeno sorriso constante emplastado na sua cara. Ginny chegou a uma loja que estava coberta por um manto preto e não se podia ver o seu interior do lado de fora.

- O que há lá dentro? – ela perguntou.

Draco parou ao lado de Ginny e falou no seu ouvido – Esta é a loja de poções. Ninguém entra aí porque vocês só pode comprar coisas deles com partes do corpo.

Draco pegou Ginny pelo cotovelo e a puxava pra longe, mas Ginny não se movia e continuava olhando pra loja.

- Weasley – disse avisando-a – É bom que não esteja pensando o que eu acho que está pensando.

Ginny manteve os olhos grudados na loja e sorriu debochada – O que você está pensando, então?

- Nós não vamos entrar naquela loja. – sibilou.

Ginny se virou para encará-lo com um olhar determinado – Ok. Eu vou entrar sozinha então. – puxou o braço que Draco segurava e andou até a loja.

Draco resmungou frustrado e foi atrás dela – Essa garota vai me matar um dia.

Ginny empurrou o manto preto, que era a porta, pro lado e entrou na loja com Draco logo atrás. A loja era iluminada e Ginny podia ver jarros e jarros de ingredientes e também garrafas com líquidos coloridos diferentes. Ginny foi até uma das estantes e vasculhava os ingredientes secos procurando algo.

- Você realmente quer comprar alguma coisa? – ele sussurrou.

Ginny assentiu e continuou procurando.

- Você não paga as coisas com dinheiro aqui. – sibilou gentil.

- Eu sei. – sussurrou de volta – Não se preocupe, tenho tudo sob controle. Agora fica quieto, estou tentando encontrar algo.

Draco bufou indignado e ficou parado esperando Ginny acabar o que estava fazendo. Ele a ouviu gritar um 'achei' leve e viu o que ela estava segurando. Era uma espécie de graveto ressecado e Ginny sorria enquanto olhava pra ele. Ela se virou e foi em direção ao balcão.

- Quanto quer por isto? – Ginny perguntou pra uma senhora enrugada. A senhora pegou o graveto e sorriu pra Ginny.

- O que você pode me dar, pequena? – a velha senhora disse com sotaque italiano.

Ginny sorriu e pegou um frasco elegante de cristal cheio com um líquido vermelho do seu bolso. Ela abriu a tampa e colocou o frasco sob o nariz da velha senhora para que ela pudesse cheirá-lo. A senhora inalou a essência e depois parecia que estava no céu.

Ginny sorriu debochada e colocou a tampa de volta – Esse pagamento seria suficiente? – disse arrogante.

A velha senhora riu – Você é uma garota talentosa. – disse e riu mais. Draco estava muito confuso, mas só observou enquanto Ginny esperava pacientemente a senhora se acalmar.

Depois que a senhora se acalmou, ela embrulhou o graveto de Ginny num pedaço de pano e colocou no balcão. Ginny, em câmbio, também colocou o frasco sobre o balcão e pegou o graveto. – Obrigada. – Ginny disse educada e se virou para ir embora com Draco a seguindo.

Uma vez que estavam fora, Ginny colocou o graveto a salvo no seu bolso e sorriu. Draco não deu tempo de Ginny dizer nada e saiu arrastando ela para perto de um café. Ele sentou Ginny numa cadeira e disse ao garçom para voltar depois.

- Muito bem. – disse severo – É melhor me explicar que diabos aconteceu lá, Weasley.

Ginny sorriu inocente – E se eu não quiser te contar? – disse provocando.

- Então vou deixar você sozinha na Itália. – ameaçou.

Os olhos dela se arregalaram e suspirou em derrota – Tá bom, eu conto. – disse relutante. – Aquele graveto que comprei era o último ingrediente que precisava para começar a fazer sua cura, e eu tenho procurado por isso há meses. É muito difícil de achar na Inglaterra e já que passamos por uma loja de poções aqui, pensei que poderia dar uma olhada pra ver se encontrava e encontrei.

Draco estava esperando para ela continuar, mas ela não o fez. – E aquele frasco que você usou para comprá-lo. O que era aquilo?

Ginny parecia desconfortável e tentava evitar a pergunta.

- Vou deixar você aqui se não me contar. – ameaçou.

Ginny fez bico e olhou feio pra Draco – Era sangue. Sangue de fênix, pra ser exata.

- Fawkes? – gritou incrédulo.

- NÃO! – disse com repulsão – Nunca machucaria Fawkes.

- Então, onde você arranjou aquilo?

- Do mercado negro, agora você pode parar o interrogatório? – disse com raiva – Eu tenho todo esse trabalho para achar os ingredientes pra sua cura e você fica me recriminando como se eu fosse uma criminosa. – cruzou os braços e desviou dos olhos de Draco com raiva.

Draco se sentiu mal, mas não se arrependeu de interrogá-la. Tudo que ela fazia era cheio de perigo e ele se preocupava com ela. Especialmente quando ele não sabia o que ela estava fazendo, o que geralmente era tudo que ela fazia. Entretanto, na loja, ele estava com medo que ela fosse perder um dedo ou algo do gênero. Ginny ainda estava com raiva de Draco e não olhava pra ele, olhava pela janela o lado de fora.

Draco viu que ela ainda estava brava, então pensou numa idéia para animá-la. Se levantou bem devagar e já que Ginny estava tão brava, ela não notou ele saindo.

Estúpido Malfoy. Eu faço tanta coisa por ele e ele ainda tem a audácia de me interrogar. Eu devia deixar ele morrer de um ataque e isso ia ensiná-lo. – pensou com raiva.

De fato, Ginny esperava passar por aquela loja. Ela tinha ouvido sobre ela uma vez e já que iria à Corrida de Dragões com Draco, preparou uma garrafa de sangue de fênix por precaução. As fênix são pássaros muito raros e especiais. Só existiam 3 que eram conhecidos no mundo mágico, e alguns selvagens. Suas lágrimas podiam curar praticamente qualquer ferimento e seu sangue fazia qualquer poção que precisasse de sangue de animal dez vezes mais poderosa. Apesar de Ginny saber que esta loja em particular só aceitava pagamento com partes do corpo, ninguém recusaria sangue de fênix.

Ginny tinha se acalmado um pouco e podia sentir alguém parado ao lado dela. Olhou e viu Draco parado com uma enorme taça de sorvete nas mãos.

Draco colocou o sorvete na frente de Ginny e sentou de frente pra ela. Ginny só olhava para a taça e não movia um dedo.

- Você podia pelo menos provar um pouquinho e aceitar minhas desculpas? – disse sincero.

Ginny viu em seus olhos que ele estava arrependido e sua raiva passou. Ela sorriu pra ele e começou a tomar o enorme sorvete. Draco sorriu quando Ginny começou a tomá-lo e ficou olhando pra ela.

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A chave de portal que Francesca deu a Draco transportou-os de volta à porta da frente da escola e eles voltaram justo antes do almoço.

Eles subiram as escadas e quando Ginny estava prestes a entrar, Draco a parou.

- Ei, Weasley. – disse nervoso. – Só queria dizer que fiquei muito feliz que você foi pra Corrida de Dragões comigo.

Ginny sorriu abertamente – Eu estou muito feliz por você ter me convidado. Foi um prazer ir com você.

Draco adorou ouvir o que ela disse – É melhor eu ir indo então. – disse e entrou na escola junto com Ginny – Vejo você à noite. – e foi embora logo.

Ginny o observou ir embora e foi até a Ala Hospitalar.

Nas sombras das paredes de pedra estava uma figura que presenciou toda a conversa entre Draco e Ginny e não estava nem um pouco contente.

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Ginny passou o resto do dia escondida na enfermaria preparando a cura de Draco. Ela precisava começar o mais cedo possível porque levaria um mês para a poção ficar pronta, mas isso não era tudo. Depois do primeiro mês, ela daria a Draco sua primeira dose, mas tinha que manter a poção no fogo porque um mês depois ela daria a ele outra dose. O ciclo se repetiria até Draco receber quatro doses do remédio e só aí estaria 100% curado da Vervexia.

Ginny tinha terminado de colocar todos os ingredientes num caldeirão especial, que ela poderia trancá-lo longe dos outros quando ouviu alguém entrando e fazendo barulho na Ala Hospitalar. Ginny levitou a poção fervente até uma caixa de metal para estar protegida e a trancou. Então foi até a sala principal para ver quem havia chegado.

Madame Pomfrey ajudava Felicity Lateris a subir na cama quando Ginny entrou.

- Ginny – Madame a chamou pelo ombro – Você pode trazer a poção 'Scalier' pra mim?

- Ok. – disse e foi à sala dos fundos para pegar a poção. Ela voltou e andou até a cama para dar a poção à Madame Pomfrey. Mas na mesma hora as portas da enfermaria se abriram e dois alunos carregavam uma garota que gemia. Parecia que a garotinha tinha quebrado o braço, pois ela o segurava protegendo-o.

- Vou ter que atendê-los, Ginny. – Pomfrey disse – Pode cuidar da srta. Lateris. – e saiu deixando Ginny com a poção.

- Oi, - disse Ginny educada a Felicity – pode me dizer o que aconteceu? – perguntou e levantou o braço de Felicity.

- Uma poção caiu no meu braço – respondeu fria.

Ginny notou a falta de emoção na voz da garota e se perguntou se sentia dor. A maioria de seu braço direito estava vermelha e sangrava de leve devido à pele que havia se descamado. Ginny estremeceu só de olhar e se espantou como Felicity podia permanecer tão calma.

Ginny não pensou mais nisso e pegou sua varinha para fazer um feitiço de limpeza no machucado. Era extremamente gentil ao levantar a mão de Felicity, muito cuidadosa para não fazer o ferimento doer mais. Mesmo que Felicity parecia não sentir dor, ainda era sua política tentar não infligir dor enquanto cura.

- Cle-infectum – disse apontando sua varinha para o ferimento de Felicity. Uma fumaça branca saiu de sua varinha e cobriu o machucado da garota. A fumaça evaporou e o sangue e resto da poção desapareceram do braço dela. O braço ainda estava vermelho e sua pele estava descamada, então Ginny baixou o braço bem devagar e pingou algumas gotas da poção no ferimento. Felicity sibilou à sensação de ardência e Ginny assoprou o machucado para melhorar a dor. Ginny pegou alguns esparadrapos e enrolou no braço da garota cuidadosamente.

- Pronto. – disse depois que terminou – Não tire o curativo até amanhã de manhã porque só aí é que seu braço vai estar totalmente curado. – instruiu à garota.

Felicity sorriu debochada e olhou feio pra Ginny – Agora entendo como você consegue. – disse maliciosa. – Você é bem esperta, Ginny Weasley.

Ginny franziu o cenho – Do que você está falando? – perguntou confusa.

Felicity também franziu o cenho – Não se faça de inocente. – ralhou – Sei que você é aquela por quem Draco está obcecado, e também sei os truques sujos que você usou para que ele gostasse de você.

Ginny olhava Felicity como se ela estivesse maluca – Eu não sei do que você está falando. – disse e começou a ir embora, mas Felicity se esticou e agarrou o braço de Ginny. Ginny se debatia para se soltar, mas Felicity era muito forte e suas unhas se cravavam no braço dela.

- Você é patética, sabia? – sibilou – Se fazendo de atenciosa e gentil quando Draco estava vulnerável para que ele se abrisse pra você e começasse a gostar de você. Era seu plano tê-lo nas mãos e controlá-lo. Bem, deixa eu te dizer uma coisa pequena Weasley, ele não vai ser seu, não vou deixar.

A expressão de Felicity era de puro ódio e Ginny estava ficando com medo. Ela apertou mais o braço de Ginny e suas unhas a penetraram tirando sangue. Ginny gritou pela dor e conseguiu puxar o braço.

Felicity lançou um diabólico olhar pra ela e saiu da enfermaria. Ginny pegou seu braço e um pano para limpar o sangue. Tem alguma coisa muito errada com ela. É melhor descobrir o passado dela logo.

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Ginny não contou a Draco sobre o que aconteceu na enfermaria e durante a semana seguinte, Felicity não havia feito nada, então Ginny deixou pra lá.

Ginny caminhava pelo corredor depois da aula um dia quando alguém pegou seus cabelos e a puxou pra um corredor deserto. Esta pessoa tapava a boca de Ginny para que esta não gritasse e a jogou contra a parede. Ginny pôde ver seu raptor agora e era Felicity Lateris. Felicity ainda cobria a boca de Ginny enquanto a outra mão a mantinha fortemente presa contra a parede.

- O aviso que eu dei não foi suficiente pra você, Weasley? – sibilou bem perto do rosto de Ginny. – Por que você ainda vai ao quarto de Draco à noite?

Ginny não podia responder, pois tinha sua boca ainda tapada e parecia que Felicity não ia deixar Ginny falar também.

- Talvez eu tenha que lembrá-la qual é seu lugar. – ralhou e pegou um canivete. – Alguns cortes aqui e ali ajudarão você a lembrar o que disse. – falou maldosa e tinha a faca pressionada contra o rosto de Ginny. Ginny não ia agüentar mais isso e deu uma joelhada na barriga de Felicity. Mas não pareceu afetar muito Felicity porque esta só riu e ficou irada.

- Você vai me pagar por isso agora, Weasley. – e começou a pressionar o canivete mais forte contra o rosto de Ginny.

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