Capítulo 33
Ginny podia sentir a lâmina começando a violar sua pele. Se Felicity apertar um pouco mais, a lâmina iria realmente lacerar sua pele e cortá-la.
- O que você está fazendo? – uma voz ecoou no corredor.
Felicity ainda manteve Ginny contra a parede, mas tinha guardado o canivete e Ginny aproveitou para empurrar Felicity pra longe e se afastou.
Draco andava rápido até Ginny e segurou seu braço. Deu uma olhada rápida nela para ver se estava ferida e já que não encontrou nada, olhou com raiva para Felicity.
- Vai me explicar o que estava fazendo, Lateris? – ralhou furioso.
Felicity olhou pra Draco inocente e sorriu – Só estava tenho uma pequena conversa com ela, só isso. – disse doce.
- Não pereceu só uma pequena conversa pra mim. – sibilou e começou a avançar nela.
Ginny o puxou de volta e olhou em seus olhos – Era só uma conversa. – disse desesperada.
Draco estava prestes a protestar, mas foi calado por Felicity.
- Eu não disse?. – disse arrogante e se virou pra ir embora.
Depois que ela saiu da vista, Ginny soltou um suspiro de alívio.
- Você pode me dizer o que realmente aconteceu agora? – Draco perguntou preocupado.
Ginny apenas sorriu fracamente pra ele – Não foi nada, sério. Ela só estava me enchendo o saco porque eu sou uma grifinória e uma Weasley. – disse tentando confortá-lo.
Draco olhava pra ela desconfiado que claramente dizia que não acreditava nela, mas suspirou e sorriu um pouco.
- Tudo bem. – disse gentil – Você vai poder voltar pra Torre da Grifinória sozinha?
Ginny assentiu e foi embora.
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Draco estava sentado na sala comunal se sentindo um pouco irritado porque Ginny não contou pra ele o realmente aconteceu. Ele não acreditou que era só um simples 'sonserino implica com grifinório', já que aquilo mais parecia uma ameaça. Ele já havia feito muitas na sua vida e sabia a diferença entre implicar e ameaçar e o que ele viu era definitivamente uma ameaça.
Draco também estava irritado porque não tinha provas e informações suficientes pra dizer a Felicity para ficar longe. Ele não podia simplesmente ir até ela e dizer 'não chegue perto da Weasley caçula ou eu te mato', ia soar estranho e ele não tinha nenhum direito de fazer aquilo. Mas se ele descobrir que Felicity machucou Ginny, ele não hesitaria em se vingar.
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Eram os últimos dias de março e Ginny estava muito ocupada com os negócios. As brincadeiras do 'primeiro de abril' estavam sendo planejadas e todos queriam saber se seriam alvo de alguma brincadeira, então a Fonte estava cheia de trabalho.
Primeiro de abril chegou e quase todos na escola agiam como sonserinos. Se escondendo por aí e armando brincadeiras. Ginny achou algumas delas bem divertidas e era boa coisa ela saber onde estava cada um porque assim ela evitava as mais desastrosas, como uma que alguém colocou tinta encima da porta e quando a porta era aberta, jogava tinta pra todo lado e atingia mais do que uma pessoa só.
Sendo a Fonte e assumindo que ela sabia tudo o que acontecia na escola, Ginny não sabia que tinha uma pessoa que planejou secretamente um piada de Primeiro de Abril especialmente pra ela.
Aconteceu no Salão Principal durante o jantar, quando todo mundo já tinha passado pelas piadas e estavam rindo e se divertindo delas. Ginny estava sentada ao lado de Colin e Amy e oposta ao Harry, Ron e Hermione. Seus amigos tinham aprontado algumas uns pros outros durante o dia e agora recontavam as histórias e rindo.
A sobremesa dessa noite era um pedaço de bolo de chocolate e aparecia em frente de cada um. Quando o pedaço de Ginny apareceu ela estava muito feliz, porque adorava bolo de chocolate, mas também tinha um pedaço de papel ao lado. Ginny o pegou e leu 'Eu amo seu cabelo de fogo', ela pensou que era só uma piada então só deixou o papel de lado e começou a comer a sobremesa. Assim que o garfo dela tocou o bolo, Ginny recebeu uma descarga elétrica percorrer seu corpo até sua cabeça. Seu cabelo começou a pegar fogo.
Tudo aconteceu muito rápido. Assim que o cabelo de Ginny pegou fogo, todos em volta dela gritaram e se afastavam. Os amigos de Ginny também se levantaram enquanto ela rolava no chão gritando. Tocou seu cabelo com as mãos, mas só conseguiu queimá-las. Amy e Colin estavam em choque, mas pegaram seus copos para jogar água no cabelo de Ginny, mas isso não era o suficiente para apagar o fogo. Hermione subiu na mesa assim que Ginny começou a rolar no chão e agora estava segurando sua varinha fazendo algum feitiço de resfriamento sobre o cabelo de Ginny. Funcionou e o fogo apagou, mas Ginny estava muito queimada e sua cabeça estava preta.
Depois que o fogo apagou, Ginny desmaiou devido à dor insuportável, não só na cabeça, mas também nas mãos e nas costas.
Os professores chegaram para tomar controle da situação. A professora McGonagall conjurou uma maca para Ginny se deitar e o professor Flitwick a levitou até a Ala Hospitalar.
- Por favor, será que todos os monitores podem levar os alunos para os dormitórios? – ordenou Dumbledore. Todos os alunos estavam chocados com o que aconteceu e só seguiram seus monitores pelos corredores.
Draco disse aos monitores de sua casa para levarem os alunos. Enquanto isso, ele ficou pra trás pra tentar descobrir o que havia acontecido. Os professores tinham ido para a sal de reuniões para discutir como esse incidente iria ser investigado e o salão estava agora vazio. Draco foi até onde Ginny estava sentada antes e procurava por alguma pista do culpado.
Depois de alguns minutos procurando, ele notou alguma coisas saindo do pedaço de bolo de Ginny. Draco cuidadosamente puxou e viu que era uma pedaço de papel. 'Eu amo seu cabelo de fogo' leu e Draco reconheceu a letra imediatamente.
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Madame Pomfrey ficou devastada quando Ginny foi trazida pra enfermaria. Enquanto ela cuidava da pele seca e queimada de Ginny por trás das cortinas, Colin, Amy, Ron, Harry, Hermione e Sirius esperavam ansiosos do outro lado. Amy apertava forte o braço de Colin ao pensar em toda a dor que Ginny sentia e Hermione segurava a mão de Harry tentando não chorar. Ron andava de um lado pro outro com os punhos fechados e Sirius estava sentado na cadeira com suas mãos apertadas desejando que Ginny fique bem.
Madame Pomfrey finalmente saiu detrás das cortinas e parecia muito triste. Todos correram até ela logo e queriam saber sobre Ginny.
- Shhh. – Pomfrey disse a eles – Ginny precisa descansar. – e andou alguns metros longe de onde Ginny estava.
- Ela ficará bem. – começou a explicar e todos relaxaram – As queimaduras não dão risco de vida, mas são muito dolorosas. Ela vai ter que ficar aqui por um tempo para que eu possa curá-las e talvez faça seu cabelo crescer de novo. Coitada, não sei quem faria uma brincadeira tão horrível em uma menina tão inocente. – disse enquanto sacudia a cabeça desgostosa.
Todos estavam aliviados que Ginny não corria risco de vida, mas ainda estavam preocupados.
- Não acho que Ginny deva receber visitas agora, é melhor vocês irem descansar e voltarem amanhã. – sugeriu.
Ron e Sirius hesitavam a irem embora, mas Madame Pomfrey assegurou que ela tomaria conta de Ginny muito bem e então eles saíram e pensavam em voltar amanhã de manhã.
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Draco descia as escadas até a sala comunal da Sonserina e quando ele chegou ao retrato ele o abriu com tanta força que este se chocou contra a parede. Todas as cabeças da sala se voltaram para ver quem era, mas assim que viram que era Draco, voltaram imediatamente para o que estavam fazendo. Draco olhou pela sala rápido procurando por ela e a achou sentada num canto com outras garotas. Ele foi até ela e a olhou com raiva. Felicity finalmente olhou pra cima e sorriu pra ele.
- Olá Draco. – disse docemente.
- Quero falar com você, Lateris – disse com uma calma mortal – Em particular.
Felicity sorriu arrogante pras garotas e se levantou para seguir Draco pra fora da sala comunal. Assim que saíram pelo retrato e longe o bastante a sala, Draco se virou rápido e jogou Felicity contra a parede. Seu braço estava apertando a garganta dela, ameaçando quebrá-la ou sufocá-la. Agora, porém, ele estava perto de sufocá-la e Felicity segurava o braço dele tentando tirá-lo, mas não conseguia.
Draco afrouxou um pouquinho para que ela pudesse respirar de novo, mas ainda a segurava firme no lugar.
- O que você está fazendo, Lateris? – sibilou com raiva.
- Não sei do que você está falando. – conseguiu responder enquanto tentava empurrar Draco.
Ele estava ficando furioso e pegou o pedaço de papel e mostrou a Felicity. – Esta é a sua letra. – ralhou – E eu encontrei isso no prato da caçula Weasley. Você foi quem botou fogo no cabelo dela.
Felicity riu e Draco não entendeu por que ela estava rindo numa hora dessas. – Por que você está tão preocupado, Draco? – disse arrogante – Você gosta da Weasley por acaso?
Draco ficou mais furioso e apertou seu braço mais forte contra o pescoço de Felicity e ela engasgou, mas Draco afrouxou um pouco. – Isso não te interessa. – ameaçou.
- Ah, mas é. – disse arrogante – Se você não tivesse me deixado por aquela porcaria, eu não teria que lembrá-la que você é meu.
- Eu não sou seu. – gritou – Enfia isso na sua cabeça oca. Parei de sair com você porque eu não gosto de você, não foi por causa de ninguém.
- Não – gritou ela – Você era meu até ela chegar e fazer você gostar dela.
Draco suspirou, ela obviamente não entendeu – Fique longe dela, Lateris. – avisou – Se você fizer mais alguma brincadeira com ela, você vai se arrepender. – Draco retirou o braço e saiu.
Lançou a ela mais um olhar raivoso e foi embora enquanto Felicity deslizou até o chão com a mão no pescoço. Estúpida Weasley. Vou pegar voc. – pensou.
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Draco entrou na Ala Hospitalar tarde da noite e andou pelo quarto a procura de Ginny. Ele a encontrou atrás de uma das cortinas e a visão que teve fez seu estômago revirar.
Ali estava Ginny, deitada na cama com sua cabeça toda amarrada com gaze e só sua cara descoberta. Draco pôde ver que a gaze ia até seu pescoço e podia adivinhar que seus ombros também estavam com curativos. Draco sentou na cadeira ao lado da cama e foi segurar a mão dela, mas notou que elas também estavam enroladas.
- Desculpa – sussurrou ao tocar gentilmente as bochechas de Ginny.
As cortinas então se abriram e Draco se virou para ver quem era.
- Madame Pomfrey – disse enquanto se levantava.
- O que você está fazendo aqui a essa hora, sr. Malfoy? – perguntou curiosa.
- Ah, bem. Weasley geralmente traz meu remédio, mas vendo que ela não pode, pensei em descer e vir pegar. – Nossa, pensei rápido.
- Oh. – respondeu – É melhor você vir comigo, então. Ginny não pode receber visitas ainda. – disse e o levou até o quarto dos fundos.
Draco esperou pacientemente no quarto enquanto Madame Pomfrey fazia seu remédio.
- Então... – disse tentando soar casual – Como está ela?
- Está falando da Ginny? – perguntou sem se virar.
- É. – Draco respondeu.
- Ela está bem queimada, mas não corre perigo de vida, apesar de ser uma pena todo aquele cabelo ter queimado. – suspirou triste.
- O que? – gritou sem querer.
Madame Pomfrey se virou para olhá-lo estranhamente, mas sorriu – Não se preocupe, sr. Malfoy. Tenho uma poção que pode ajudar o cabelo da Ginny crescer mais rápido.
Draco pigarreou inconformado – Não que eu me importe, nem nada. É só que é mais fácil encontrá-la com aquele cabelo vermelho. – disse parecendo casual.
Madame Pomfrey sorriu consigo mesma. Apesar dela não saber muito sobre a amizade/relacionamento entre Ginny e Draco, ela podia dizer que Ginny tinha muita preocupação com Draco. Era por causa dela saber que Ginny sentia algo por Draco que permitiu que ela cuidasse da doença dele, ela tinha capacidade pra isso e daria à tímida garota um pouco de diversão na vida.
Pomfrey terminou a poção e sorriu lembrando que Ginny tinha trancado a cura de Draco numa caixa. A garota checava pelo menos três vezes ao dia para ter certeza que não tinha nada de errado e que ninguém tinha mexido nela.
- Aqui está. Sr, Malfoy. – disse e deu a ele o frasco.
- Obrigado. – falou e saiu do quarto. Foi até Ginny para dar uma última olhada antes de sair da Ala Hospitalar.
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Ginny acordou na manhã seguinte se sentindo muito cansada. Levantou as mãos para esfregar os olhos, mas sentiu que elas estavam enroladas e os acontecimentos do dia anterior voltaram à sua mente. Ginny sentou na cama e notou que estava na enfermaria.
- Ginny – disse Madame Pomfrey ao entras pelas cortinas. – Como está se sentindo querida? – perguntou sorrindo.
Ginny queria falar, mas sua mandíbula não se movia porque ela estava amarrada junto com toda a cabeça.
Madame Pomfrey sorriu timidamente e veio e começou a tirar a gaze. – Desculpe querida, esqueci que não pode falar com sua mandíbula presa.
Depois que toda a gaze foi removida, Ginny exercitou a mandíbula para poder falar de novo e levantou as mãos para examiná-las. Ela não sabia o quão queimada ela estava ontem, mas não importava agora porque não tinha sequer uma cicatriz. Ginny levou as mãos até a cabeça e tocou na sua careca.
Mordeu o lábio para não chorar. Ela não tinha nenhum cabelo.
- Ah, Ginny. – Pomfrey disse com ternura – Você não precisa se preocupar, te darei uma poção e seu cabelo vai crescer rapidinho.
Ginny fungou, mas forçou um sorriso – Obrigada, Madame Pomfrey.
- De nada, querida. – respondeu – Você deve estar com fome. Pedi o seu café, deve chegar logo.
- Obrigada – disse – Você acha que eu posso tomar um banho? Estou me sentindo um pouco suja.
Pomfrey assentiu e Ginny saiu da cama e foi até o banheiro da enfermaria.
Depois que Ginny tomou banho, ela ainda teve que usar uma das roupas da enfermaria, porque sua roupa tinha sido queimada e foi jogada fora. Ginny se sentiu mal por estar careca e ficou com uma toalha enrolada sobre a cabeça o dia inteiro, até quando seus amigos vieram visitá-la.
Depois que Ginny não tinha mais nenhuma visita, ela foi até o quarto dos fundos checar a cura de Draco e já que a toalha estava pesada, ela a retirou. Esquecendo de colocá-la, Ginny saiu do quarto e deu de cara com Draco, que tinha acabado de entrar na enfermaria.
Ginny ficou paralisada enquanto Draco a encarava. Ela rapidamente voltou pro quartinho e bateu a porta. De todas as pessoas pra me verem assim, tinha que ser logo ele. – pensou com raiva e começou a chorar baixinho.
Draco foi logo até a porta que dava pro quarto e bateu de leve – Weasley – disse – O que está fazendo aí?
- Vai embora. – disse encostada na porta e segurando as lágrimas.
- Sai daí, vai, Weasley. – disse desesperado.
- Não – falou – Não quero te ver. Vai embora.
- Weasley – falou mais desesperado – Eu já te vi sem cabelo, então não adianta se esconder de mim. – raciocinou com ela.
Ginny não disse nada. Ele estava certo. Ele já tinha visto ela sem cabelo, não adianta se esconder. Ginny abriu a porta um pouco e saiu devagar.
Ela o olhava triste e ele pôde dizer que ela estava chorando. Ginny se abraçou e desviou o olhar de Draco. Sentia-se feia e não queria ver o deboche nos olhos dele.
Draco não achou engraçado e se sentia culpado porque Felicity tinha feito isso com ela por causa dele. Pegou sua capa e enrolou em volta de Ginny, assim ela não teria tanto frio enquanto usava a roupa da enfermaria. Ginny olhou pra ele com olhar sofrido e ele puxou o capuz sobre a cabeça dela.
- Eu não vou olhar se você não quiser – disse gentil.
Ginny sorriu pela primeira vez naquele dia e sentiu calor, mas não por causa da capa de Draco.
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