Capítulo 34
Madame Pomfrey disse que iria levar alguns dias até que a poção para crescer o cabelo funcionasse a toda, então nesses últimos dias o cabelo de Ginny crescia pouco a pouco, mas depois de uma semana voltaria ao seu comprimento original. O cabelo dela agora chegava só até o queixo, mas ela não estava mais careca. Amy emprestou pra ela alguns grampos para que ela prendesse o cabelo pra não cair nos olhos e ela estava adorável.
Ginny saiu da enfermaria há dois dias atrás e parecia que todo o incidente no salão já havia sido esquecido. O autor já havia confessado aos professores e tinha sido punido. Obviamente a pessoa tinha sido paga por Felicity para confessar o crime, mas ninguém sabia disso a exceção de Draco e ele não disse aos professores porque não tinha nenhuma prova.
Draco não sabia se dizia ou não a Ginny que tinha sido Felicity que armou aquilo tudo. Ele tinha medo que se dissesse, ela ficaria apreensiva de estar perto dele porque isso significaria que estaria em perigo. Ele sabia que era perigoso pra Ginny ficar perto dele já que Felicity estava claramente maluca, sabia que estava sendo egoísta, mas ele também sabia que iria sentir muito a falta dela. Ainda mais, ele tinha certeza que podia protegê-la, então acabou por não dizer nada.
Ginny estava sentada no chão ao lado de Draco no quarto dele, ambos fazia seus deveres. Ginny ficava frustrada porque tinha uma mecha de cabelo que insistia em cair nos seus olhos. Ela estava prestes a ter um ataque quando os elegantes dedos de Draco ajudaram ela a tirar a mecha e prendê-la num grampo.
- Nunca pensei que uma mecha de cabelo pudesse te irritar tão facilmente. – provocou.
Ginny bufou – Odeio esse cabelo curto. – reclamou – Sempre cai no meu rosto porque ainda não é grande o bastante para prendê-lo num rabo.
Draco sorriu. Ele nunca tinha visto Ginny ficar irritada com nada e era ainda mais divertido já que era só uma mecha de cabelo. – Eu acho que você fica bem com cabelo curto. – elogiou sinceramente.
Ginny olhou pra Draco com uma expressão surpresa e corou.
- Cabelo curto faz eu parecer uma tocha ambulante – disse triste – Talvez eu pinte de castanho ou algo, por agora.
- Não pinte ele – disse – Gosto do seu cabelo ruivo.
Ginny estava mais uma vez chocada com o que Draco falou – Mas eu pensei que você odiasse cabelo ruivo.
- Eu não odeio cabelo ruivo – afirmou sincero – Não odiaria uma coisa tão rara e especial. – sorriu e brincou com uma mecha do cabelo dela. Não pôde evitar pensar em que Felicity estaria armando agora. Qual parte dela Lateris vai atingir agora?
Ginny olhava Draco preocupada porque ele tinha de repente entrado em transe e olhava para o nada.
- Malfoy? – disse com cuidado. Draco saiu do transe e olhou Ginny tristemente. Ele realmente não queria que nada mais acontecesse com ela e a onda de emoções fez com que ele fizesse algo fora do normal. Ele a abraçou.
Ginny estava nos braços de Draco, abraçada contra ele e muito confusa. Numa hora ele a elogiava, na outra estava no mundo da lua e agora a estava abraçando.
- Malfoy? – disse com preocupação na voz – Aconteceu alguma coisa? O que houve? Por favor, me diga.
Draco se afastou e estava indeciso se dizia ou não sobre Felicity ser a autora da brincadeira, e sobre o quanto ele estava preocupado com ela.
Ginny pôde ver nos olhos dele sua luta – Isso é sobre Felicity Lateris? – perguntou.
Draco olhou-a surpreso – Você sabe que foi ela...? – mas ele não continuou.
Ginny suspirou – Eu sei que foi ela. E também sei que ela está atrás de mim porque pensa que eu sou a culpada do seu rompimento com ela.
Draco não sabia o que dizer. Ela sabia tudo.
- Mas eu não vou deixar ela me pegar. – disse confiante – Os joguinhos dela não me amedrontam, e não vou deixar isso interferir na minha vida. – e sorriu para assegurar Draco.
Draco também sorriu. O que o preocupava não iria acontecer porque Ginny disse que ela não pararia de vir vê-lo ou curá-lo só por causa que Felicity a estava ameaçando. Ele estava feliz, mas ao mesmo tempo preocupado.
……………………………………………………………………….
Draco teve que fazer umas tarefas extras em Poções esta noite e comentou com Ginny sobre isso. Ela concordou em levar o remédio pra ele na sala de Poções.
Ginny entrou na sala e viu Draco já lá concentrado em fazer uma poção que estava em frente a ele. Ela entrou devagar para não perturbá-lo e sentou numa mesa observando-o.
Ele é realmente único. – pensou nas nuvens – Não é à toa que metade das garotas de Hogwarts babam por ele. – ela corou com esse pensamento pois também babava pelo sonserino, mas depois suspirou triste – Estou ficando muito apegada a ele. Observar ele nos últimos três anos era seguro porque ele não sabia sequer da minha existência. Mas agora que temos uma espécie de amizade, não acho que consigo deixá-lo quando chegar a hora. E eu também não quero.
- Já terminou de sonhar? – Draco perguntou na frente da sala.
Ginny acordou de seus pensamentos e olhou pra Draco que estava na mesa da frente. Ele estava debruçado sobre a mesa e olhava pra Ginny sorrindo debochado.
- Do que você está rindo? – perguntou a ele enquanto se levantava e ia até a mesa da frente.
- Nada. Só que acho que ágüem estava sonhando com o quão gostoso eu sou. – disse arrogante e passou a mão pelo cabelo num jeito sexy.
Ginny corou, mas se recompôs ao chegar à mesa. Ela colocou seu remédio na mesa e Draco pegou.
- Você já terminou sua poção? – perguntou a ele.
Draco assentiu – Pronta. Só tenho que guardar as coisas agora. – e começou a levar os frascos de ingredientes até a salinha dos fundos.
Havia vários frascos na mesa então Ginny o ajudou a guardá-los. Ela levava os frascos pra salinha enquanto ele guardava nas prateleiras. Ginny estava segurando os dois últimos frascos enquanto entrava na salinha, mas tropeçou no caminho. Por sorte, Draco foi rápido e a pegou antes que caísse no chão.
- Você tá bem? – perguntou enquanto ela ficava de pé.
Ginny estava prestes a responder, mas o barulho de uma porta batendo fez ela se virar e olhar a porta fechada. Ambos ficaram parados só olhando pra porta.
- Por favor, diz que eles consertaram essa porta. – ela disse desesperada olhando pra porta.
- Não. – respondeu honestamente – Ainda não abre pelo lado de dentro.
- Então, por favor, diz que você tá com sua varinha. – falou esperançosa.
- Não. – ele disse de novo – Deixei sobre a mesa.
Ginny gemeu em frustração e foi até a prateleira guardar os frascos que segurava. – Deixei a minha na mochila que está encima da mesa lá fora. – disse mal-humorada – Como vamos sair daqui? – perguntou.
Draco suspirou – Teremos que esperar até amanhã de manhã quando o professor Snape vier. – disse calmo.
Ginny franziu o cenho – Por que você está tão calmo com tudo isso? – perguntou curiosa.
Draco deu de ombros – Não é grande coisa ficar preso aqui a noite toda.
- Eu acho grande coisa. – reclamou – É frio e escuro. – falou e abraçou a si mesma.
Draco sorriu e desabotoou sua capa.
- Nem pense em tirar isso aí, mocinho. – alertou ela enquanto o olhava seriamente.
- Nossa, Weasley. – disse irritado – Você disse que tava com frio, então estou te dando minha capa. – e voltou a desabotoar sua capa e começou a tirá-la.
- Ah, não vai não. – disse puxando a capa pelos ombros dele de volta . – Não vou deixar você ficar resfriado enquanto estou no meio do seu tratamento.
Draco suspirou em frustração – Eu já usei menos indo pra Hogsmeade, Weasley, e nunca fiquei doente. – e voltou a tirar a capa.
- Não seja estúpido, Malfoy. – disse bem irritada – Isso é porque eu sempre fiz questão... – Ginny tapou a boca com a mão quando viu o que estava prestes a dizer.
Draco levantou uma sobrancelha e botou a capa de volta – Você fez questão de quê, Weasley? – perguntou.
Tirou a mão da boca e balançou a cabeça – Nada. – disse.
- Não acredito em você. – disse sorrindo debochado e avançando em Ginny.
Ela andava pra trás até chegar a uma estante e Draco chegava mais perto.
- Vamos, Weasley, diga a verdade. – persuadiu ele. Estava gostando disso.
Ginny balançou a cabeça de novo.
- Vou fazer cócegas? – ameaçou com um sorriso malévolo e quando Ginny não falou, colocou os dedos na barriga dela e começou a fazer cócegas nela.
Ginny gritou e tentava fugir, mas Draco a segurou pela cintura e a impediu. Continuou fazendo cócegas e Ginny ria tanto que sua barriga começava a doer.
- Tá bom, tá bom. – disse entre risos – Eu falo.
Draco parou e Ginny conseguiu se afastar.
- Agora conta – falou sorrindo.
Ginny fez bico, mas sabia que tinha que dizer a ele – Tá bom. – suspirou – Você nunca ficou doente quando ia pra Hogsmeade sem agasalho porque eu sempre me assegurei que as roupas que você vestia tinham um bom feitiço de aquecimento nelas. O feitiço era lançado no fecho da roupa para que o vento não passasse. Foi por isso que você não ficou doente facilmente. – explicou.
Draco ouviu tudo e não tinha palavras com o quanto Ginny era cuidadosa com ele. Era por isso que ele nunca tinha ficado resfriado nesses últimos anos. Ginny estivera secretamente cuidando dele e ele sequer sabia.
Draco se aproximou de Ginny e pegou sua mão. Ele começou a sentar no chão e puxou Ginny junto com ele fazendo ela se sentar entre suas pernas com as costas no seu peito.
- O que está fazendo? – perguntou enquanto sentava na frente dele.
- Bem, - disse ao colocar os braços em volta dela – já que você não quer deixar eu te dar minha capa, eu serei sua capa hoje.
- Não acho isso ma boa idéia – disse nervosa e tentou levantar, mas Draco segurava ela firme.
- Se você está preocupada eu vou...
- Não estou preocupada. – falou sincera e se virou para olhá-lo.
- Então não se mova. – sussurrou e a abraçou mais forte.
Ginny não queria protestar mais e se encostou em Draco para relaxar. Ele era tão quente e estava tão confortável que ela caiu no sono logo, com a cabeça no ombro dele. Draco sorriu da facilidade dela dormir e apoiou o queixo no ombro dela e dormiu também.
……………………………………………………………………….
Draco acordou com a sensação de algo em cima dele. Abriu os olhos e viu vários frascos cheios de ingredientes de poções e os acontecimentos da noite anterior vieram à sua cabeça. Ele tinha sido trancado na salinha dos fundos com Ginny e ela tinha dormido em seus braços.
Draco olhou pra o que estava segurando e realmente era Ginny, que ainda dormia. A cabeça dela estava em seu ombro e de repente ela esfregou o nariz em seu pescoço. Draco sorriu e com uma das mãos afastou umas mechas de cabelo do rosto dela.
Ouviu-se o barulho de uma porta sendo fechada com força e isso fez Ginny acordar. Ela esfregou os olhos com as mãos e se sentou um pouco. Assim que viu a sua volta pareceu lembrar onde estava e se levantou bruscamente do chão.
Draco estava um pouco surpreso pela rapidez da mudança, mas também se levantou do chão. A porta da salinha abriu e o professor Snape parou na entrada olhando pra eles.
- Presumo que ficaram presos ontem à noite, sr. Malfoy, srta. Weasley? – perguntou no seu usual tom de voz sem emoção.
- Foi professor. – Draco disse enquanto limpava seus robes e Ginny só assentiu.
- Voltem pro seus quartos. Agora. – falou e permitiu que saíssem da salinha.
Ginny foi até sua mochila rapidamente e a pegou, indo embora logo depois. Draco arrumou suas coisas devagar e observou enquanto Ginny saía sem dar uma palavra.
………………………………………………………………………..
Draco entrou no Salão Principal e o tumulto que viu o fez parar e olhar. Todos estavam falando muito alto e alguns olhavam pra ele e apontavam. Havia uma multidão em volta da mesa da Grifinória e também tinha papéis voando por todos os lados.
Um colega sonserino veio até ele e colocou uma mão em seu ombro.
- Valeu, cara. – o garoto disse e deu a Draco uma foto.
Os olhos de Draco se esbugalharam quando viu. Era uma foto dele abraçando Ginny na salinha da sala de poções. Mais especificamente, era uma foto da posição que eles tinham dormido ontem à noite.
- Ouvi falar que ruivas são fogosas. É verdade? – o garoto perguntou e riu. Seu riso parou quando viu Draco o olhando com raiva, então ele saiu de perto correndo.
Draco amassou a foto com a mão e a jogou no chão. Então puxou a varinha e mirou o meio do salão.
- Accio foto. – gritou bem alto.
O salão ficou em silêncio e todas as cabeças se viraram para olhá-lo enquanto cada foto no salão veio voando até Draco e aterrissou numa pilha aos seus pés.
Os movimentos de Draco eram rápidos e assim que cada foto estava aos seus pés, ele apontou sua varinha para a pilha e sussurrou 'incendio' e todas pegaram fogo.
Draco tinha um olhar ameaçador no rosto ao olhar pra todos no salão. Ele viu que as pessoas na mesa da Grifinória se afastaram de leve e pôde ver Ginny e a dor em seus olhos.
- Quem fez isso? – ele gritou para um salão silencioso.
………………………………………………………………………..
