Capítulo 38

Os NEWTs e OWLs estavam chegando para as turmas mais velhas, então as semanas seguintes foram cheias de trabalho para Draco e Ginny. Ainda havia aquele desconforto entre os dois e já que Draco não precisava do seu remédio diário, Ginny não ia ao quarto de Draco mais e eles não tinham nenhuma oportunidade de conversarem. Ron parou de controlar Ginny depois que ela foi liberada da enfermaria; ele disse alguma coisa sobre não querer ser um irmão superprotetor e sufocá-la e queria tratá-la como adulta ou coisa semelhante. Ginny também notou que o trio começou a ser mais educado com Draco e este também não implicava com eles.

Não demorou muito para que Ginny voltasse a ser invisível novamente. Quase ninguém fora seus amigos e alguns colegas da casa notaram sua falta nas aulas durante uma semana. Ginny só via Draco no Salão Principal onde ele se sentava do outro lado do salão e conversava com os amigos. Ninguém mais sabia que Draco tinha salvado Ginny de Felicity, então não havia com o que se preocupar com fofocas sobre os dois. O desaparecimento de Felicity foi assunto por alguns dias, mas Dumbledore disse que Felicity foi embora por causa de uma emergência familiar e logo isso também foi esquecido.

Era começo de maio e faltava um mês para as provas. A biblioteca estava super lotada e as salas comunais cheias de grupos de estudo. Madame Pince estava abarrotada de trabalho, já que seus livros eram pegos emprestados e a biblioteca parecia quase vazia, sem falar que levaria dias até ela arrumar tudo no lugar novamente (depois das provas).

Ginny estava na biblioteca tarde da noite quando ela viu Draco discutir com a bibliotecária.

- Mas eu preciso daquele livro. – sibilou.

- Desculpe, Sr. Malfoy, mas ele foi danificado e tenho que consertá-lo antes de outra pessoa usá-lo. – ela explicava.

- Mas eu estive na lista de espera por semanas e agora que é minha vez você me diz que não poso tê-lo. – estava quase gritando.

- Sr. Malfoy – ameaçou – Mantenha sua voz baixa e esta biblioteca é minha. Se eu me recuso de te dar um livro, você não vai tê-lo. Sem mais discussão.

Draco estava prestes a argumentar um pouco mais, mas Ginny colocou a mão em seu braço, o que o fez olhar para ela.

Ginny sacudia a cabeça dizendo a Draco para deixar pra lá e apesar da relutância do mesmo, ele sabia que não ia adiantar discutir com a bibliotecária.

Draco voltou ao seu lugar batendo o pé e Ginny o seguiu. Quando Draco chegou a sua mesa, começou a guardar suas coisas violentamente e resmungava consigo mesmo. Era óbvio que estava furioso.

- O livro era tão importante assim? – ela perguntou.

Draco estava tão ocupado com sua raiva que tinha esquecido que Ginny estava ali. A raiva foi embora e ele a encarou cansado.

- Era para um projeto de História da Magia. È para semana que vem e eu esperava pegar o livro e fazê-lo hoje, mas ela não quer me dar. – falou e voltou a guardar suas coisas.

Quando terminou, levantou-se pronto pra sair. Ginny também se levantou e sorriu para ele.

- Vem comigo. – sussurrou em seu ouvido e ia saindo da biblioteca.

Draco não teve tempo de perguntar pra onde ela o levava e apenas a seguiu. Uma vez fora da biblioteca e num pequeno corredor, Ginny segurou a manga de Draco e começou a puxá-lo rapidamente pelos corredores. Draco já tinha vivido aquilo e tinha a impressão que Ginny provavelmente o estava levando para outro lugar secreto.

Ela parou em frente a um muro e bateu nos tijolos com a varinha. Um velha porta de madeira se materializou e Ginny a abriu. Uma vez lá dentro, a luz do teto acendeu e a sala estava toda iluminada. A primeira coisa que Draco notou era que a sala era mais iluminada que o Salão Principal e que estava abarrotada de livros. Ela tinha também um aspecto rústico aconchegante, provavelmente porque tudo era feito de madeira. Diretamente à frente de Draco havia um grande mesa de madeira com várias cadeiras em volta. Em cada lado da sala havia escadas que levavam a andares acima e Draco pôde ver que lá tinha muitas estantes cheias de livros.

- Este é o Quarto do Conhecimento – ela disse e foi até a mesa depositar suas coisas. Draco a seguiu e fez o mesmo.

Ele estava surpreso com o tamanho da sala e por quantos livros deveriam haver lá. Parecia uma enorme biblioteca muito, muito velha. Ele não reparou que ela subiu um lance de escadas e voltava com um livro em suas mãos.

- Toma. – e deu o livro a ele.

Draco leu a capa e viu que era o livro que estava querendo. – Obrigado – disse e foi até a mesa sentar-se e começar a ler.

- Você vai ter que usá-lo aqui, porque não pode levar o livro pra fora.

- Claro. – respondeu e voltou a ler. Ginny também pegou seu trabalho e começou a fazer ao lado de Draco.

Como nos velhos tempos – Ela não pôde evitar pensar.

Draco tinha copiado alguma informação num pergaminho e fechou o livro – Você vem muito aqui? – perguntou.

Ginny olhou pra ele e sacudiu a cabeça. – Não. Estes livros são muito velhos e não deviam ser usados muito. Só venho aqui se preciso de uma informação muito importante.

- Ah.

- O livro foi útil?

Draco suspirou e balançou a cabeça. – Não era tão bom quanto pensei. Eu tenho que pesquisar sobre a origem da magia de Merlin e como se desenvolveu, mas este livro não vai muito lá atrás.

- Podemos usar outro livro, então. –levantou-se e subiu as escadas.

Draco não sabia como os livros eram organizados, então só a seguiu. Ela estava parada em frente a uma estante e lia a coluna dos livros. Pegou dois e deu a Draco.

- Olhe estes aqui e vou ver se posso encontrar mais algum. – e foi até outra estante.

Draco olhou pros dois livros em sua mão antes de descer as escadas e sentar na mesa. Folheou ambos os livros e achou várias informações boas que copiou em pergaminhos, mas ainda não era o bastante. Assim que Draco terminou com os dois livros, outros dois foram colocados na sua frente.

- Aqui tem mais alguns. – Ginny falou e pegou os outros que Draco já tinha usado voltando pras escadas. Continuaram essa rotina com Ginny trazendo os livros e Draco copiando toda informação útil que encontrava.

Logo evolui pra uma pilha de livros em frente a Draco, então Ginny começou a ajudá-lo a procurar os dados.

Ela mostrou a ele um livro e apontou um parágrafo – Olha, acho que isso serve pra você.

Draco viu a página que estava escrita em latim e a encarou.

- O que? – perguntou inocente – Tem algo na minha cara?

- Não – disse sorrindo – É só que eu não sabia que você sabia latim.

Ginny sorriu – Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. – provocou.

Draco sorriu e começou a ler o parágrafo.

Eles continuaram procurando até que era muito tarde e Ginny lentamente caía no sono, apoiando sua cabeça sobre os braços em cima da mesa. Draco a viu dormindo e não queria acordá-la, então tirou seu casaco e colocou sobre os ombros dela. Depois continuou sua pesquisa sozinho.

Ginny acordou e a primeira coisa que fez foi se espreguiçar. Ao fazer isso, sentiu alguma coisa deslizar de seus ombros, então se virou um pouco e pegou o casaco que caíra.

Procurou pela sala e encontrou Draco dormindo numa cadeira com os braços cruzados sobre o corpo. Ela foi até ele e colocou o casaco em cima dele. Depois olhou pra todos os livros que estavam em cima da mesa e os devolveu às estantes.

No meio da arrumação, Draco acordou e esfregava os olhos.

- Ginny? – chamou e começou a procurá-la.

- Estou aqui em cima. – falou de onde estava guardando os últimos livros.

Draco colocou seu casaco e subiu as escadas. Ginny emergiu de uma das estantes e sorriu pra ele.

- Bom dia. – Draco falou sorrindo pra ela.

- Bom dia – respondeu – Temos que ir embora. – e foi descendo as escadas.

Draco guardou seus pergaminhos e ambos saíram da sala. A porta de madeira se transformou de volta no muro de pedra enquanto Draco e Ginny voltavam pros seus quartos.

- Obrigado pela ajuda. – Ele disse enquanto caminhavam pelo corredor deserto. Era muito cedo e ninguém tinha acordado ainda.

- De nada. – respondeu com um sorriso.

A noite passada serviu para quebrar o silêncio incômodo que se desenvolveu entres os dois e agora parece que se voltaram a falar normalmente. Ao chegarem na escada principal, cada um seguiu seu caminho, separados.

- Você tem que ir tomas mais uma dose da sua cura na semana que vem. – ela o lembrou.

- Eu sei. Madame Pomfrey me mandou uma coruja.

- Ah. Então está bem. – Ginny disse concordando com a cabeça.

Ambos ficaram em silêncio, dessa vez confortável.

- Tenho que ir agora. – ela falou e se dirigiu para a Torre.

- É, tenho que ir também. – e se foi em direção às masmorras.

Eles mantiveram contato visual o tempo que puderam, mas quando não deu mais, se viraram e foram em sentidos opostos.

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O fim de semana chegou, mas não muitos estudantes iam a Hogsmeade para ficarem estudando pras provas que vinham. Ginny e Ron, no entanto, tinham de ir porque era época de pagarem seu empréstimo.

Os dois saíram da carruagem e foram em direção ao banco onde encontrariam seus outros irmãos. O procedimento foi o mesmo de sempre e a dívida ficou reduzida em 200 galeões. Bill cumprimentava o Sr. Grouch quando a porta do banco se abriu e figuras vestidas com capas pretas entraram apontando suas varinhas pras pessoas.

Gritos eram escutados e as pessoas tentaram correr, mas quem tentou foi paralisado e caiu no chão. Todos os irmãos de Ginny reagiram rápido e puxaram suas varinhas, mas não confrontaram os Comensais. Isso é o que eram, Comensais.

- Charlie – Bill sussurrou – Aparate pra fora daqui e notifique o Ministério.

Charlie concordou e fez o que foi dito.

- Fred, George – Bill falou suave.

- Sim. – responderam os gêmeos.

- Vocês ainda carregam suprimentos reserva pras suas bombas?

Os gêmeos assentiram e Bill sorriu – Ótimo.

Os Comensais não estavam matando ninguém e parecia que estavam roubando o banco. Todos no banco estavam agora agachados no chão formando pequenos grupos enquanto a horda de Comensais estava parada no meio da sala enquanto alguns estavam nos balcões dizendo aos duendes para que os levassem até os cofres.

Quando só havia mais ou menos dez Comensais na sala, Bill começou seu plano.

- Ok, Percy, no três nós executamos o feitiço de aprisionamento para segurar os Comensais por um tempo para que as pessoas possam fugir. Esse feitiço só dura alguns minutos, então depois que acabar, Fred e George, vocês dois joguem suas bombas neles para distraí-los e assim podermos escapar. O pessoal do Ministério deve chegar por volta dessa hora. Vocês todos entenderam?

Todos concordaram exceto Ron e Ginny.

- O que nós faremos Bill? – Ron perguntou.

- Vocês dois vão fugir junto com os outros.

Ginny queria reclamar, mas Ron assentiu com a cabeça. Bill contou até três e o feitiço de aprisionamento foi feito sobre os Comensais. Assim que ficaram presos, Fred e George correram até as pessoas e disseram para que saíssem. Ginny e Ron também ajudaram a direcionar as pessoas. Quando quase todos estavam fora do prédio, Bill e Percy já suavam devido à força que fazia para segurar o feitiço. Fred e George gritaram para Ron levar Ginny pra fora porque sabiam que estava quase na hora de jogarem as bombas e seria perigoso se se perdessem no meio da fumaça.

Ginny começou a correr até a saída, mas um Comensal apareceu na porta e a bloqueou. Ginny gritou com o susto e seus irmãos se viraram para ver o que estava errado. Isso fez com que Bill e Percy perdessem a concentração e o feitiço se desfez. Em pouco tempo os irmãos Weasley foram cercados por Comensais.

Bill instintivamente colocou Ginny atrás dele e do Percy enquanto segurava sua varinha, mas foi rapidamente desarmado.

- Se não são os Weasleys – Um dos Comensais falou e parou na frente do grupo.

- Pensei que vocês teriam desistido depois que nós ganhamos. – Percy disse a ele.

O Comensal levantou sua varinha e apontou para a cabeça de Percy. – Nós ganharemos dessa vez. – disse. Seus lábios começaram a mover-se para amaldiçoar Percy, mas Ginny foi pra frente na hora que o feitiço ia sair da varinha do Comensal.

A maldição foi absorvida por uma luz azul ofuscante e todos os Comensais foram pra trás protegendo seus olhos.

Ginny estava agora parada na frente de seus irmãos com seu braço erguido a sua frente. O Legado que Sirius tinha dado a ela emitia um campo de força que protegia ela e seus irmãos.

- Saiam daqui – ela falou pros irmãos.

- Não! – todos gritaram automaticamente. A luz brilhante ainda mantinha os Comensais a certa distância, mas Ginny não sabia quanto tempo iria durar. O Legado tinha um poder limitado e Ginny não tinha certeza se podia proteger todos os seis.

- Por favor, vão agora! Não posso proteger todos vocês com isto.

Bill e Percy hesitavam, mas assentiram um pro outro; eles sabiam que Ginny estava certa.

- Vamos. – Bill falou e guiou seus irmãos até a saída rapidamente.

Assim que os irmãos Weasley estavam fora, Aurores do Ministério vieram correndo com as varinhas em punho.

- Eles estão lá dentro com minha irmã. – Bill disse ao cabeça dos Aurores. O homem assentiu entrou com um grupo de homens.

Charlie estava atrás do grupo e correu até seus irmãos.

- Vocês estão bem? – perguntou e todos confirmaram. Charlie então notou que Ginny não estava com eles.

- Cadê a Ginny? – perguntou entrando em pânico.

- Ela estava segurando os Comensais com um Legado. – Bill informou.

Charlie estava prestes a perguntar onde ela tinha achado um Legado, mas nesse momento um homem saiu segurando Ginny.

Todos os irmãos Weasley correram até eles. Ron, Fred e George abraçaram Ginny forte enquanto Bill, Charlie e Percy perguntava ao Auror o que tinha acontecido.

- Quando entramos, a encontramos lutando para se manter de pé enquanto mantinha os Comensais num canto com algum tipo de campo de força.

Charlie agradeceu o homem e os três irmãos se voltaram para ver se Ginny estava bem.

Ela agora estava cercada pelos irmãos. Fred, George e Ron a olhavam firme, mas ela permanecia sorrindo.

- Nunca mais faça isso, mocinha. – Fred dizia imitando o estilo Molly Weasley.

- E se alguma coisa acontecesse? – George cortou num tom Arthur Weasley.

Ginny não conseguiu evitar a risadinha sair de sua boca.

- Acho bom você não rir, – Ron disse severo – Você ainda não nos contou onde arranjou um Legado.

- Eu dei a ela – falou uma voz por trás deles.

Todos os Weasleys se viraram e viram Sirius que estava parado na frente deles junto com os professores Dumbledore e McGonagall.

- Sirius – Ginny disse feliz.

Ele sorriu ao ver Ginny e foi abraçá-la brevemente.

O Auror cabeça foi até eles e pediu para falar com todo o clã Weasley. Ron e Ginny não precisavam ficar, então se despediram dos irmãos e foram com o diretor.

- Devemos voltar pra escola – Dumbledore disse – Temos muito que discutir.

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N.T.: Taí mais um capítulo pra compensar o tempo que os deixei esperando. Espero que tenham gostado. Só faltam mais sete e ainda tem muita história por vir.

Um abraço a todos. E obrigada pelas reviews.