Acordo com um barulho de choro ecoando pelo quarto. Pisco pesadamente e olho para os lados vendo que já havia amanhecido. O que! Eu havia dormido tanto assim?

- Olá papai! – Abby fala sorridente enquanto Susan caminhava entregando para Abby alguma coisa que eu não identificava no momento.

- Que que é isso?- eu pergunto curioso. Sabia como Susan era, podia esperar tudo dela.

- Ei, calma, seu xereta!"- ela sorri, fazendo mais suspense ainda e eu levanto do sofá, encarando Abby pra que ela me contasse.

- Eita...calma Carter..- ela tirar do pacote um par de sapatinhos vermelhos - pra dar saúde, lembra?- ela ri diante da minha cara de bobo.

- Presente de madrinha- ela pega Julie no colo e começa a falar com ela.

- Você lavou as mãos pra pegar ela, Susan?"- eu a encaro, sorrindo.

"Meu Deus! Você se tornou mais insuportável! Nem a Abby vai te agüentar assim..."- ela ri e Abby cai na gargalhada também.

Ela começa a sacudir Julie e passear pelo quarto, tendo um "papo sério" com ela. Aproveitei o momento pra dar um beijo em Abby.

- Como você está se sentindo?- eu perguntei, passando a mão pela bochecha dela.

- Bem, mas vou ficar bem melhor se alguém me deixar tomar um banho..- ela disse rindo- olha o meu estado!- disse apontando pra si mesma.

- Banho?- eu fiquei pensativo- vou falar com seu médico...depois..Ele já deve chegar.

Ah, Carter! Tem 3 médicos nessa sala...preciso de um 4a pra poder tirar essa imundice do meu corpo?- ela me olhou indignda.

- Depois ele briga comigo e eu sou processado...- eu sorrio, vendo que Susan já escutava nossa conversa.

Larga de graça, Carter- Susan ajeitou Julie no colo- tenha um filho e não tome banho pra ver como é gostoso...- ela piscou pra Abby- deixa que eu assumo a responsabilidade, seu bobo! E eu ajudo ela tomar banho, pode deixar...tome a Julie aqui- ela estendeu Julie pra mim. ela já tinha prática, nem ficava com tanto medo pra segura-la.

Eu coloquei Julie no bercinho por uns instantes e fui ajudar a levar Abby para o banheiro. Não que eu não confiasse em Susan, mas eu estando do lado, as coisas não fugiriam do meu controle. Me aproximei da cama e primeiramente tirei a agulha que estava espetada no seu braço. Fui até o outro lado da cama, puxei uma escadinha para ajuda-la a descer e Susan colocou o seu ombro a disposição para que Abby se apoiasse nele.

- Espera um pouco.. – eu disse vendo-a com as pernas penduradas na cama. – vamos com calma que você pode ficar tonta e quem sabe desmaiar..

Ela sorriu segurando meu rosto e rapidamente estava de pé ao lado de Susan. Envolvi meu braço nas suas costas e fomos nos rastejando até o banheiro. Quando estavamos perto da porte, de repente eu ouço Julie começar a chorar desesperadamente alto.

- John.. – Abby fala colocando uma mão na porta.

- Certo.. – eu a deixo aos cuidados de Susan e saio correndo até o bercinho, pegando Julie, colocando-a nos meus braços.

- O que foi minha linda? – eu falo balançando de cima para baixo. Ja me falarm uma vez que fazendo isso, imita os movimentos que o bebe sente quando ta na barriga da mãe e se acalma muito mais rápido.

Realmente. Dentro das "histórias que o povo conta", existe muita verdade. Eu a juntei contra o meu peito e continuei balançando. Logo ela havia parado de chorar e dormia calmamente. Voltei-a no berço e voltei para perto da porta que estava ligeiramente encostada. Achei melhor não entrar direto, queria dar mais privacidade a ela.

- Ta precisando de ajuda?- eu grite do lado de fora. Ouvi elas conversando e rindo e pude ouvir Susan me responder.

- Não, Dr. Para de ser chato... ela riu pra Abby- depois da quarentena eu deixo você dar banho nela- ela não parava de rir. Quarentena? Poxa, não tinha pensado nisso ainda.

Voltei pra perto do berço e sentei na cama, olhando pra Julie atentamente. Quando eu me aproximei dela mais um pouquinho, escutei Susan gritar lá do banheiro.

- Carter-um desespero repentino me subiu. Teria acontecido algo a ela? Corri pra porta do banheiro mas ainda assim não entrei- pega a mala dela pra mim?- ufa...

- Puta susto, sua loca!- eu respirei aliviado, indo até o armário, pegando a mala e volta a porta- aqui...- eu deixei a mala entrar mas permaneci do lado de fora.

Fiquei recostado perto da porta com as antenas ligadas para qualquer movimento e barulho estranho que viesse do banheiro. De repente, vejo o trinco da porta se mexer e Susan sai trazendo Abby consigo. Eu sorrio aliviado por ver que estava tudo bem e me aproximo segurando-a dando uma folguinha pra ela.

- Enfim... - eu sorrio enquanto levava ela para a cama.

- Por favor... cadeira... - eu olho pra ela que fazia um olhar que eu não resistia e sentei no sofázinho que havia no quarto - estranho.. - Abby diz quando eu sento ao seu lado.

- O que! - eu pergunto ajeitando uma almofada nas suas costas.

- Ela está tão caladinha.. - ela fala sorrindo. Susan se aproxima indo ao bercinho que Julie estava colocando a mão no rostinho dela.

- Bom.. ela esta viva.. - Susan fala sorrindo.

- Suas brincadeira estão tão sem graça hoje... - eu falo tentando me manter sério, mas as duas começam a rir ao mesmo tempo.

- Calma John.. - Abby fala segurando minha mão. - Você está tão tenso hoje...

- Desculpa...- eu digo, vendo que tinha sido meio grosso mesmo. Mas poxa vida, cada brincadeirinha de mau-gosto.

- Ah! Esqueci de falar- Susan diz toda empolgada, se encostando na maca- Weaver mandou os parabéns e disse que vem assim que puder- ela deu um leve sorriso e Abby não parecia tão feliz com a idéia.

- Ai meus Deus...essa eu abro mão- nós três rimos e eu vi Susan se deitar na maca.

- Hum, tão gostoso aqui...- eu encarei Abby que acenava negativamente.

- Passe ai um dia inteiro, tendo um filho e você vai ver o quanto é bom..- Susan se aconchegou no travesseiro e eu fui pra perto de Abby.

- Você ta legal? Ta com alguma dor?

- Acho que a dor natural.. - ela fala passando a mão pelo cabelo.

- Natural? - eu a encaro sem entender bem "aquela dor".

- Assim.. - ela sorri. - embaixo doi.. as costas doem.. os peitos doem.. mas eu acho que isso é normal..

Eu seguro sua mão e a beijo olhando nos seus olhos.

- Você sabe que se eu tivesse o poder de tirar toda essa dor eu o faria.. - ela sorri e eu passo minha mão pela sua bochecha. Porem, mais uma vez ouço um berreiro vindo do bercinho.

- Tem gente querendo atenção.. - Susan se senta na cama sorrindo e eu olho pra Abby. Havia começado o nosso "pesadelo", choro o dia inteiros, nas horas mias indesejaveis.

Eu me levanto e Abby ameaça se levantar.

- Eeeee mocinha.. fiquei aí mesmo... - ela volta a sua posição anterior e estica o pescoço tentando ver Julie que aumentava ainda amais o "tom" do seu choro.

- Shhh.. - eu me aproximo tocando seu bracinho. - O que foi!

- Johhhn.. - Susan fala se aproximando de nós. - Pega ela nos braços.. é o minimo que ela vai querer...

Eu olho pra Julie que esticava os bracinhos como se estivesse pedindo colo e eu a pego nos meus braços caminhando lentamente até onde ABby estava sentada.

Dei-a pra Abby que a juntou contra o peito. Julie se encostou todinha e a mãozinha foi certeira no meio dela. Abriu a boquinha e eu sorri maravilhado a cena. Parecia que nunca tinha visto um bebê na minha vida antes.

- Ela deve estar com fome...- Susan disse, deitando na maca de novo.

- Mas já?- Abby disse arregalando os olhos. Tadinha, acho que ela nunca percebeu o quão duro era isso quando ensinava as mães.

- Pois é...ninguém disse que é fácil..- Susan sorriu. Nossa, ela para animar era um caos.

- Nossa senhora, assim eu vou ficar sem peito...- Abby disso enquanto abria a blusa.

- Gozado...- Susan olhou pra cima- quando outras pessoas fazem isso em você não tem reclamação, né?- ela riu muito e Abby nem olhou pra cima de tanta vergonha. Susan tinha cada uma...

Eu evitei também aumentar aquele assunto e mais uma vez Abby olhou para Julie antes de se ajeitar para dar de mamar.

- Quer ir para a cama ou a cadeira de balança não! - eu pergunto vendo que aquela posição era totalmente desconfortável para fazer aquilo.

- Melhor cadeira.. - Susan fala se metendo mais uma vez na conversa.

- Vamos ouvi-la pelo menos hoje.. - Abby fala e eu rio baixinho. Susan se aproxima colocando Julie nos braços e eu ajudo Abby a se levantar, levando-a até a cadeira de balanço.

Ela sentou com cuidado e pela segunda vez ela iria dar de mamar para Julie. Susan entregou Julie a ela e eu aproveitei para me sentar no sofá junto com Susan deixando Abby fazer aquele trabalho sozinha.

- Ela esta linda como mãe,né? - Susan fala quebrando meus pensamentos.

- Sim.. .- eu falo sorrindo feito um bobo.

- E o sr. papai... qual a sensação?

Eu olho para aquela cena que estava a minha frente e me viro encarando Susan.

- E eu preciso falar?

- Na verdade não...- eu sorrio vendo-a olhar pra mim.

- Quem diria...- ela começa a filosofar- meu amigo...meu estudante de medicina atrapalhado...minha paquera...- eu começo a rir baixo com os comentário dela para não atrapalhar Abby.

- Pois é...e saber que eu namorava você quando me apaixonei por ela- eu virei os olhos, disfarçando. Abby levantou a cabeça, ouvindo a conversa,

- Uhu, altas revelações...- ela volta se concentrar e Julie.

- É...e pensar que se não fosse por mim, você nunca ia falar pra ela...- ela começa a se gabar.

- Ei, também não é assim...- eu me defendo.

- Lógico...- ela diz irônica- se não fosse pela Varíola de Macaco...- eu não me contenho e começo a rir mais alto. Abby também ri bastante fazendo com que Julie largasse o peito e começasse a chorar.

- Ops- Susan se tocou- acho melhor eu sair daqui. To atrapalhando demais- ela diz, descendo da maca.

- Até mais Susan.. - eu falo ainda rindo. - Depois vá nos visitar em casa.. - ela pega sua bolsa e vai ate a porta acenando com uma carinha triste.

- Tchau papais.. se cuidem...

Eu vejo Susan sair e imediatamente o medico entrar no quarto.

- Com licença.. - ele fala baixinho vendo que Abby estava amamentando.

Eu me levanto indo até onde ele estava esperando que ele falasse quando teríamos alta.

- Bom.. - ele sorri. - Acho que quando amanhecer vocês já poderão ir embora.. você já sabe.. muito repouso, sem esforço físico e qualquer coisa traga Julie aqui...

- Sim.. claro.. - eu sorrio olhando pra elas.

- Ah.. - ele fal antes de sair novamente. - Daqui a pouco a enfermeira trará algo para vocês...

Eu fecho a porta e me sento na cadeira vendo Abby amamentar Julie. Pouquíssimo tempo depois a enfermeira entra no quarto e Abby tira Julie do peito, colocando-a para arrotar.

- Vim dar mais remédio para a mamãe e ver como esta a bebê.. - Abby olha pra ela sorrindo e a enfermeira se aproxima de mim me entregando um envelope.

Eu espero levarem Julie de volta ao bercinho e Abby para a cama para abrir o envelope junto com Abby. A enfermeira ministra o medicamente e sai do quarto nos deixando mais uma vez sozinhos.

- Finalmente.. - Abby sorri vendo o envelope.

- Eu abro ou você!

- Pode abrir...- ela disse e eu rapidamente tire o papel do exame com cuidado para não amassar. Passei os olhos rápido pela primeira folha enquanto ela se esticava toda para poder ver também.

- Ok...- eu cheguei os 2 primeiros exames- ok também..- eu disse virando a página e analisando os próximos dados..- olhei para a descrição, vendo os olhos seguindo o mesmo rumo que os meus- 3 quilos e 400 gramas...u l ala- ela sorriu, continuando a ler.

- 49 cm´s...agora eu entendi quando me chamar de "pequena"...- eu sorri, beijando o rosto dela de leve.

- Ta tudo certinho...- eu digo, fechando o envelope.

- Posso dar mais uma olhada- ela diz, entendo a mão.

- Claro...não confia em mim mesmo..- eu sorri, passando o papel a ela que abriu de novo e começou a analisar pela segunda vez.

- Confiar eu confio.. – ela sorri balançando o envelope – Mas você é tão desligado que eu tenho que conferir tudo mais que uma vez...

Ela vira o envelope e cai um cartão grosso de dentro dele. Ela sorri pegando o cartão e segura nas suas mãos me encarando.

- Você sabe que eu ja trabalhei aqui e o procedimente é sempre igual.. nunca iriam esquecer desse cartão...

- O que é isso? – eu falo franzindo minha sobramcelha e ela sorri.

- Olha... – ela puxa o meu braço, me trazendo para mais perto dela e me mostra o que havia no cartão. – que tamanha ela deve calçar? – ela fala pasando os dedos peloas pezinhos marcados no papel e eu sorrio olhando pra ela.

- Você pode emprestar os seus sapatos pra ela... – ele fala pegando o cartão. – As duas são pequenas... não vou ter prejuizo quando comprar roupa e calçado..

- Palhaço... – ela fica me encarando e eu toco o seu rosto dando um beijo de leve na sua boca.

- Eu já disse que você ficou ainda mais bonita depois que virou mãe!

- Mas é exagerado mesmo.. – ela sorri – mas eu entendo... eu estava parecendo uma orca... ainda estou pessima.. mas com o tempo vou voltar ao normal...

- Isto é.. – eu falo olhando pros pezinhos de novo. – se não vier mais um bebe logo, logo por ai...

- Tá maluco, Carter?- ela me olha me esgueio- uma está de ótimo tamanho...

- Dizem que quem tem um filho só não tem nenhum..- eu digo, me aproximando de dela, já de pé, enquanto ela guardadava toda a papelada dentro do envelope de novo.

- Então nós estamos ferrados..Porque além de ter um bebezinho chorando toda noite na nossa orelha, vamos ser considerando, ainda sim, sem filhos.

Nós sorrimos e ela deixou o envelope dentro do armário, perdo da mala de Julie. Ela olhou pra mim, que a observava de costas.

- Eu posso me trocar?- ela perguntou quando se virou.

- Mas você acabou de tomar banho- eu digo, não entendo o que ela queria.

- Não aguento mais ficar com essa camisola ridicula, Carter...- ela diz, puxando-a um pouco pra frente

- Que nada! É linda!- eu tento anima-la- essa bolinhas azuis são tão sexys..- eu faço uma cara gozada que a faz dar um pequeno sorriso.

- To falando sério, Carter...- ela diz, ficando na minha frente, que estpou sentado na maca com as pernas abertas.

- Eu também, oras...- eu sorrio um pouco- essa fenda dela então...aiaiaia...- ela me encara séria.

- Vai deixar eu trocar de roupa ou não?- ela diz meio impaciente. Eu aceno negativamente- como não?- ela pergunta inconformada.

- Ué...eu já deixei você tomar banho...se você colocar aquelas suas roupas agarradas, o seu médico tira a minha licença!- eu digo rindo, tentando roubar um beijo dela.

- Ah.. – ela ainda se lamente. – Um Short frouxinho cairia bem..

- Falando serio Abby.. não.. você ainda não pode... tem que passar alguns dias andando sem nada apertando.. pro seu bem estar.. camisolinha, vestidinho.. nada além disso.

Ela faz bico olhando pra mim e eu me aproximo beijando-a.

- Certo? – eu falo vendo que ela ainda fazia bico.

- Certo.. – ela fala conformada e eu a beijo mais uma vez – Você ão tinha plantão hoje!

- Tenho.. ainda não me falaram nada..acho que vou ter que ir trabalhar..

- Ahhhh não.. você tá brincando com a minha cara, né?

- Você ainda duvida..?

Nós ficamos conversando durante um bom tempo, enquanto Julie dormia em paz. Uma enfermeira entrava de vez em quando e ia verficar mãe e filha. Da ultima vez que ela pareceu, levou Julie para trocar de fralda e passar algum remedinho no seu umbigo. Abby mais uma começa a dormir e eu me deito no sofá procurando descançar um pouco. Mas não por muito tempo. Fiquei ali com meus pensamentos por não sei quanto tempo. Comecei a imaginar como seria dali pra frente. Tantas mudanças no eu plano de vida. Será que as direrenças terminariam por ali? Pensei no dia seguinte, quando chegariamos em casa com a nossa filinha e iamos começar a sentir o gosto da familia a 3. Ela pela primeira vez.

Continua..