- Ah não.. – eu ouço Abby resmungar acendendo a luz.

- O que foi? – eu e levanto e olho que não tinha dormido nem uma hora.

- Esta surdo ou se faz?

- Mas seu irmão não ia ver isso? – eu me levanto identificando o choro ecoando pela casa.

- Você não conhece o Eric...- ela diz, já de é, abrindo a porta. Eu até gostaria de ir até lá com ela, mas o sono me dominava e eu adormeci num piscar de olhos.

Acordei de novo, sentindo ela voltar pra cama. Droga, eu deveria ter ido. Agora ela deve estar uma fera.

- Po, muito obrigada pela ajuda, viu!- eu a sinto deitar, dizendo num tom baixo pra mim, que estava aparentemente, dormindo.

Eu levantei a cabeça, com um sorriso, tentando amenizar tudo.

- Desculpa - eu me aproximei dela, que virou pro outro lado.

Ela não disse nada e pegamos no sono de novo.

Abri os olhos assustado mais uma vez. Ela tinha aberto o berreiro mais uma vez. Olhei para o rádio-relógio. Não tinham passado nem 30 minutos. Hoje seria uma "daqueles dias". Eu fiquei um pouco parado na cama, até ela chamar minha atenção.

- Ei, sua vez... eu não saio daqui nem morta- ela colocou o travesseiro por cima da cabeça. Eu sorri e me levantei, indo imediatamente pro quarto de Julie. A peguei no colo por um instante. Abby devia ter dado de mamar pra ela na vez anterior, fome ela não tinha.

- Que foi, Julie?- eu perguntei e ela me encarou. Eu bocejava a cada segundo, e o sono e cansaço me consumia. A balancei um pouco e ela foi diminuindo o choro até cessar completamente

Coloquei-a no berço e esperei dez minutos para ter a certeza de que ela não iria acordar. Sai do quarto e fiquei imaginando como Eric não acordava com uma "sinfonia de Bethoven" ecoando pela casa de meia em meia hora. Volto ao quarto, vejo se a baba eletrônica estava ligada e volto a me deitar na cama. São quase duas da manhã.. se eu dormir até as cinco sem interrupções vou ser um homem feliz...

Caio no sono mas não por muito tempo. Após algum tempo sinto alguém chorando ao meu lado. Seria Abby! Abro meus olhos e vejo que ela estava de olhos fechados, segurando Julie em seus braços. Olho mais uma vez sem acreditar pro relógio. São ainda 2 e meia! Ah meu Deus!

- Abby? – eu a cutuco vendo-a piscando forte.

- O que ela tinha da ultima vez! – ela boceja balançando Julie nos braços.

- Manha.. e agora?

- Não sei.. – ela fala ainda balançando-a. – Acho que é carência... – ela sorri e eu estico meus braços colocando Julie nos braços.

- Sendo assim.. melhor ficar com o papai... – eu a pego nos braços ajeitando a chupeta na sua boca, que ela fazia questão de cuspir fora toda vez que eu a colocava - acho que ela esta é apaixonada por mim..

- Pode ter certeza.. – Abby fala colocando sua cabeça no travesseiro.

Ótimo. Agora ela iria dormir até amanhã cedo e eu ficaria a noite toda acordado, cuidando da minha pirralinha. Tudo bem, como dizem por ai, "não basta ser pai, tem que participar". Ajeitei-a no meu colo até que ela adormeceu. Eu ia levá-la pro quarto dela, ate que tive uma idéia. Se ela estava "carente", nada mais sensato de deixá-la dormir com a gente.

Rapidamente fui até o quarto dela e a pus dentro do cesto. Voltei pro quarto e peguei a cadeira do computador pra perto do meu lado da cama. Pus o cesto em cima. Ótimo. Pelo menos se ela acordasse, eu não teria que atravessar todo o corredor para acudi-la. Assim que a ajeitei, me certificando de que o cesto não cairia, deitei novamente. Abby já tinha ingressado mais uma vez em um sono profundo.

Me acomodei na cama e logo estava dormindo novamente. Eu estava certo. Conseguimos dormir muito. 1 hora e 27 minutos! Fiquei muito feliz que minha tática tinha dado certo. Bom, pelo menos um pouco. Acordei de novo com o choro fraquinho dela. Era mais um resmungo. Pelas minhas contas, agora eu não poderia fazer nada pra ajudar. Se eu tivesse seios cheios de leite quem sabe?

Ela não podia reclamar. Tinha dormido até que bastantinho e agora eu não poderia ajudar, mesmo que quisesse. Percebi ela caminhar até a porta pra depois, então, perceber que Julie estava no quarto. Eu me controlei pra não rir. Ela foi até ela e a pegou. Pensei que fosse levá-la pro quarto, pro sofá, mas não. Ela se sentou na cama, encostando-se à cabeceira da cama, começando a ajeitar a camisola.

Julie começou a mamar com vontade. Eu observava tudo com os olhos entreabertos. Abby recostou a cabeça na cabeceira também, fechando os olhos.

- Ei, vê se não dorme com ela mamando - eu finalmente me denunciei acordado.

- Cala boca, Carter - legal. O bom é quando ela está com esse "bom-humor".

- Desculpa... não posso fazer nada, amor - eu disse, rindo um pouco ironicamente. Na verdade eu também tinha dó, mas não podia fazer nada.

- Ai - escutei ela gritar baixo quando Julie sugou com mais vontade.

- Doeu?- eu perguntei agora sério.

- Essa menina vai acabar arrancando a única coisa que eu ainda tinha em ordem...- ela disse, olhando pra Julie seriamente.

- Ah, quanto a isso não se preocupe.. – eu falo me levantando da cama – eu pago depois uma plástica pra mamãe ficar feliz..

- O que você esta insinuando com isso! – ela mexe um pouco Julie nos braços facilitando a mamada.

- Não fui eu que insinuei.. e sim você...

Ela deu um sorriso sarcástico e eu fiquei esperando Julie terminar de comer. Abby me entregou ela enquanto ia ao banheiro se limpar. Eu fiquei passeando com Julie no meu ombro esperando que ela arrotasse.

Abby voltou pro quarto e olhou pros lados indignada.

- 5 da manhã e o sono que eu tinha foi embora.. - ela se senta na cama e eu continuo de um lado pra outro com Julie.

- Se quiser ir dormir lá dentro, eu fico com ela o resto da manhã...

- E eu vou te deixar ir trabalhar hoje feito um zumbi!

- Ah... - eu falei quando ela finalmente arrotou. - hoje eu não trabalho..

- Pelo menos uma boa noticia.. - ela sorriu e eu fui em direção ao cesto para colocar Julie, quando eu ia colocando-a ela começou a ameaçar um novo choro. Minha vontade era de grita e chorar junto com ela. Mas respirei fundo e coloquei de volta no meu ombro.

- Tem uma hora que carência enche o saco.. - Abby sorri e eu respiro fundo embalando Julie nos meus braços. Quando eu achava que as coisas não podiam ficar piores, sinto algo melado e fedorento molhar meu ombro.

- Acho que alguém vai precisar de uma fralda nova...-eu digo sorrindo, me aproximando dela.

- Acho que precisa é de um banho...- Abby diz, ao sentir quão feia estava a coisa.

Não precisávamos de mais nada. A essas alturas já tínhamos perdido o sono mesmo... Um banho não iria fazer diferença. Aliás, um banho não era uma má idéia.

- Acho que vou tomar um também - eu digo empolgado com a idéia.

Acendo a luz do quarto mais forte e pego outra cueca, depois de dar Abby a Julie. Fiquei encarando a cueca preta, e várias cenas passavam pela minha cabeça.

- Você emprestou blusa, short...emprestou minha cueca pro seu irmão também?- eu disse de costas pra ela que tirava a fralda de Julie na cama.

- Lógico...- ela disse séria. Será que eu ouvira bem? Imediatamente eu olhei pra trás, encarando-a. Ela começou a rir da minha cara.

- Bobinho, é lógico que não...- ela continuava gargalhando.

Peguei a cueca e o short que vestiria e fui pro banheiro ligar o chuveiro. Logo Abby trouxe Julie já sem roupinha. Eu já estava nu no banheiro também.

- Não olha muito - eu disse, virando de costas, vendo Abby que trazer Julie pra dentro do box.

- Não tem nada que me interessa ai... – ela começa a rir e eu olho para o lado pensando onde poderíamos dar um banho em Julie. – você vai banhá-la aqui!

- Já que estamos com a mão na massa.. só vou passar uma aguinha nela.. para tirar o grosso.. mais tarde eu dou um banho decente..

- Então.. – eu falo vendo-a sentar-se em um banquinho. – eu acho que vou me vestir.. não quero minha filha me vendo nu não..

- Deixa de besteira John.. e aquece logo essa banheira ai...

Ok. Eu não iria contrariá-la. Logo enchi a banheira e aqueci no morno adequado pra Julie. Vi que ela ainda não havia adormecido e conclui que meu trabalho não foi em vão.

- Você entra ou eu! – eu pergunto vendo-a se levantar com Julie.

- Você entra.. e ela te acompanha...

- Certeza que você confia em mim pra isso?

- Se não confiasse, não teria me casado com você - ela fala levantando as sobrancelhas naquele tom irônico já conhecido por mim.

- Será?- eu entro no joguinho dela, enquanto ela agachava colocando Julie na banheira. Ela sorri, acenando negativamente pra mim.

Eu a vejo sentada no banco, quase sentada no chão na verdade. O acesso a Julie era difícil e eu, pra falar a verdade, não estava ajudando muito só olhando. Aquela posição além de incômoda pra Abby, podia interferir nos pontos dela.

- Ei - ela olhou pra mim, sentindo um pouco da água que cai no rosto dela, sem querer.

- Deixa isso comigo, vai...- eu me agaixo na banheira, pegando Julie no colo- senta lá, vai.- eu digo e ela me olha, desacreditada.

- Que é isso, agora, homem?- é um misto de sorriso com surpresa.

- Vai deitar antes que seu pontos comecem a fazer a festa..- eu digo, diminuindo a intensidade da água e aumentando a temperatura.

- Tá preocupado, é?- ela levanta com um pouco de dor na expressão, ainda tirando com a minha cara.

- Preocupado com você, não é o que você está pensando...- eu digo, colocando Julie debaixo do chuveiro.

- Eu? Que eu estou pensando?- ela sorri, sentando no vaso. A cara dela não era muito boa. Só me faltava ela ter feito com aqueles pontos. eu mato ela!

- Você sabe muito bem...- eu disse e o silencio ficou por alguns minutos- ta tudo bem?

Ela acena e eu resolvo me concentrar naquele banho. Eu a vejo se levantar e ir pegar uma toalha para colocar Julie assim que nos a retirássemos. Termino o que fazia com Julie e a entrego a Abby que logo a envolve na toalha. Vejo que ela estava em boas mãos, esvazio a banheira e entro debaixo do chuveiro, tomando agora o meu banho.

Vejo Abby sair do banheiro e tomo o meu banho rapidamente para ver se eu consegui ajuda-la em algo. Ela estava mais ou tão cansada como eu. E aquela eu sabia que não era uma noite apenas, era uma amostra grátis do que teríamos que enfrentar dias e dias nas nossas vidas.

Continua...