Saio do banheiro, visto o meu short, escovo o cabelo e vou para o quarto vendo que Julie estava adormecida no meio da cama e Abby deitada ao seu lado segurando sua mãozinha. Sorri aquela cena e agradeci mais uma vez a Deus pela família que ele havia me dado.

- Vai querer tomar café agora? – ela pergunta ainda sem se mover da cama.

- Não.. porque? Você quer?

- Não.. - ela fala e eu permaneço andando no quarto procurando uma camisa para vestir. Me sento na cama com cuidado e me viro vendo Abby que encarava Julie.

- John.. - ela começa a falar quando eu ia voltar ao banheiro

- O que? - eu volto imediatamente sentando na cama.

Ela levanta o olhar sorrindo e torna a tocar Julie.

- Alguma vez na vida você já se sentiu na obrigação de agradecer alguém por ter te ajudado a conquistar o que pensava ser impossível?

Eu sorri, já meio que entendo sobre o que ela falava. Ma já que esses momentos eram tão raros, eu a quis deixar falar.

- Eu sinto isso todo dia...- eu também não perderia essa oportunidade. Eu tinha a necessidade de falar pra ela quanto a amava, todos os dias

Ela olhou pra baixo, me vendo encara-la.

- Eu te amo, você sabe disso, né?- ela surpreendentemente falou o que eu menos esperava.

- Gosto de ser lembrado...- eu sorri, me aproximando dela. Esquecemos de Julie por um breve instante.

Eu a beijei com mais vontade. Ela era minha, como nunca. Todos os meus sonhos estavam se realizando. Tínhamos nossa casa, nosso trabalho, nossa família e nossa felicidade. As coisas iam bem. Melhor do que eu jamais esperaria.

Ela separou nosso beijo sorrindo. Julie começou a fazer uns barulhos com a boca, o que dispersou nossa atenção. Olhamos pra ela na cama, mexendo as mãos no ar.

- Louquinha que nem você...- eu digo, beijando a nuca dela.

- Ei, não faz isso - ela sorri.

- Desculpa...- eu imediatamente volto ao normal mas ela me encara.

- Eita, não era pra parar...- ela ri da minha confusão.

- Não foi você quem pediu?- eu estava ficando louco?

- Até parece que você não conhece as mulheres, Carter - ela se vira pra me olhar melhor - um "pare" muitas vezes quer dizer "continue".

- E "continue" quer dizer pare?- eu a olhei pensativo.

- Sem filosofias! – ela ri e eu com cuidado volto a beijá-la. Fomos aprofundando o beijo quando me dei conta do que estava fazendo. Minha filha bem do nosso lado, visita em casa, fora tudo o que nos proibia de seguir adiante com aquilo. Beijei-a por mais um instante e me afastei, me levantando da cama vestindo finalmente a minha camiseta.

- Logo agora que estava ficando tão bom.. – ela fala ainda deitada na cama fazendo bico.

- Justamente por isso que é melhor eu ir me afastando.. – eu sorrio descontraindo o clima e ela rapidamente se levanta da cama pegando Julie, que finalmente havia dormido.

- Vou coloca-la no berço.. tomara que ela nos dê pelo menos mais uma hora de descanso...

Abri a porta do quarto e Abby foi levar Julie par ao berço enquanto eu descia para preparara o café e pegar as correspondências na caixa de correio. Assim que entrei na cozinha, olhei par ao calendário e vi que faltava uma semana para o nosso aniversario de casamento. Eu teria que ser rápido e inteligente para fazer algo diferente e especial para ela.

- Quero um chocolate quente.. – eu sou "acordado" dos meu pensamentos com Abby pegando leite na geladeira colocando-o para ferver. – Vai querer também?

- Pode ser...- eu continuava meio avoado. Olhei pela janela, vendo o tempo feio encobrir o céu - vai chover de novo...- eu disse, sem olhar pra ela.

- Nossa, que mudança de assunto hein!- ela sorri, fazendo com que eu virasse pra ela.

- Pois é...- eu vou até ela e a ajudo com o leite.

Assim passamos o comecinho de manhã. Fazendo o café e conversando bastante, basicamente sobre Julie e Eric.

Deixamos a mesa posta pra que quando Eric acordasse, se ele acordasse antes do almoço, tomasse café-da-manhã. Fomos pra sala e eu pus no jornal da manhã. Fazia tempo que eu não me dava ao luxo de ver as notícias de Chicago, dos EUA e do mundo. Abby sentou ao meu lado e parecia um pouco entediada com as desgraças da T.V.

- Guerras, guerras...- ela se apoiou no meu peito- esse povo não tem mais o que fazer não?- ela olha séria pra T.V.

- Como o que?- eu adorava provoca-la nesse ponto.

- Sei lá...- ela me olha- se eu pudesse fazer tudo o que tenho vontade...- ela sorri e voltamos a ver TV. De repente ela dá um pulo do sofá.

- Onde você vai?- eu pergunto ao ve-la levantar.

- Dar comida pro..- ela para e pensa, rindo- cachorro sem nome.

- Ah... – eu sorri vendo-a indo ate a cozinha. – mas.. tadinho.. tem ração ai!

- Eric trouxe... – ela grita da cozinha e eu desligo a televisão, essa programação estava realmente um lixo. Me levanto do sofá e vou observar Abby dando de comer para o "sem nome". Eu tentei me lembrar do nome do nosso "antigo" cachorro mas nada me veio a memória.

- O que? – ela pergunta abrindo a porta do jardim com a tigelinha na mão.

- Estava pensando em que nome dar a ele..

- Você pensando? – ela caminha pela jardim procurando pelo cachorro.

- Sim.. – eu me aproximo pegando a tigela e colocando no chão por ela – a não ser que você já tenha algum em mente...

- Não.. pior que não tenho nenhum – logo eu vejo o cachorro aparecer com o rabo abanando e correndo pra cima da tigela de ração - nós podiamos fazer uma relação de nomes e ficar chamando ele, esperando pelo qual ele mais vai gostar..

- Ah.. - eu passei as mãos pelo cabelo vendo que ela ia em direção ao banco para se sentar. - como queira...

Aproveito e me sento ao seu lado observando-o devorar toda a ração.

- Então.. qual o primeiro nome? - eu pergunto vendo-a sorrir pra mim.

- Rex, Spike?- ela diz, olhando pra mim.

- Nossa, que falta de imaginação, Abby- eu ralho com ela.

- Ok. Dê um melhor então...- ela se empolga, olhando pra mim.

- Hum, deixe-me ver - nossa, realmente não era lá muito fácil- Pooh, Snoopy, Bob?- eu digo, vendo sua reação.

- Nossa, "o" que gosta de desenho animado, né?- ela caçoa de mim.

- Ok, sua vez- eu espero ela pensar um pouco.

- Bartolomeu? Willy? Teddy?- ela mesma não gosta dos nomes que fala.

- Não!- eu digo na mesma hora.

- Então o que?- ela cruza os braços, esperando que eu fale mais alguma coisa.

- Demerol? Depakote? Tylenol?- eu dou uma gargalhada enorme e ela me acompanha.

- Ótimo, até o cachorro com nome de remédio...- ela acena negativamente- ou desenho ou remédio? Esperava mais de você, John..- ela me sorri até que escutamos um barulho na porta. Surpreendentemente Eric havia acordado e vinha na nossa direção.

- Hei vocês.. – ele se aproxima sentando no banco ao lado de Abby segurando sua mão.

- Dormiu bem? – ela pergunta vendo-o ainda bocejar.

- Aham nanica... – eu rio vendo a expressão da Abby de surpresa ao ver o irmão chama-la daquela forma.

- Nanica ne? – ela fala se levantando do banco.

- Viu.. atingiu o ponto fraco dela... agora você esta lascado.. – eu falei baixinho e a vi caminhar pelo jardim se abaixando para pegar o cachorro nos braços.

- Ninguem sabe como é nossa vida.. ela filosofa com o cachorro nos braços.

- Vida? - o Eric olha pra mim e eu balanço meu ombro sem saber a que ela se referia.

- Talvez você entenda.. todos pensam que so porque você é pequeno, que pode pisar em cima de você e fazer piada por causa da sua baixa estatura

- Começou a pirar.. e depois eu que sou o louco aqui.. – ele ri e eu para acompanha-lo começo a rir junto. – Ai ai.. – ele fala vendo Abby sentar ao nosso lado– Carter.. Abby.. muito chato ficar falando o nome de vocês.. já que vocês sempre andam tão grudados.. seria melhor eu chama-los de Carby, assim economizo nas palavras e no tempo...

Eu olho, estrando o pensamento dele.

- Faz sentindo...- eu sorri, vendo as sobrancelhas de Abby alçarem vôo.

- Você é louco...- Abby diz, estalando os dedos pro cachorro, que imediatamente foi até ela e começou a lamber sua mão.

- Imagina...- Eric fez uma voz diferente- Carby,Carby, Carby- nós sorrimos.

- É, tão lindo que devia ser o nome do "sem nome"- Abby disse ironicamente, mas Eric pareceu amar a idéia.

- Ta aí, vocês não precisavam do nome do cachorro? Carby soa bem- eu comeceu a rir deliberadamente e Abby fazia o mesmo.

- O pior é que soa bem mesmo...- eu disse entre o riso.

- Carter!- Abby me repreendeu- você ainda concorda?- ela parecia indignada, mas ainda assim, sorria.

- Mas é, Abby!- Eric piscou pra mim- é bonitinho, vai!

- Primeiro você me deixa sem sexo, depois quer arrumar uma babá pro meu bebê... E agora quer colocar nosso nome no cachorro? Você que me matar de desgosto?- ela dizia, séria, mas sem controlar o riso.

- Você que quis o cachorro!- eu me defendi.

- Pensei num nome normal pra ele...- ela disse, acenando com a cabeça.

- Opa.. – Eric se meteu na conversa – e como eu que dei o cachorro eu vou decidir.. e já esta decidido.. o nome dele é Carby.. né Carby! – ele fala batendo palmas para o cachorro se aproximar.

- Olha como ele gostou.. – eu falei quando o vi balançar o rabo e lamber as mãos de Eric.

- E quem não vai atender quando alguém quer nos dar carinho! – ela se faz de triste e eu me aproximo abraçando-a por trás.

- Como me dói o coração ver minha pequenininha tão carente assim.. – eu beijo sua nuca e ela me olha fazendo bico.

- Você agora so quer saber da outra... – eu a abraço mais forte e Eric se levanta saindo do jardim.

- Julie? – eu falo e ela acena.

- Aham.. só porque ela é mais nova e bonita do que eu... – eu sorrio e ela se vira facilitando que eu a beijasse.

- E por falar em Julie.. ela esta sozinha em casa? – Eric fala cortando o nosso momento.

Continua...