Os dias passaram correndo. Nunca imaginei que um bebê se desenvolvia tão rápido assim. E antes de tudo eles me convenceram, o cachorro ficou e com o nome de Carby. Hoje eu cuido mais dele do que a própria Abby, que após de tanta luta aceitou uma empregada que fizesse o almoço, limpasse a casa e fosse embora, o que é uma grande vitória para mim.

Continuo dando poucos plantões no hospital. Quero passar todo o tempo que posso junto das minhas mulheres. No final de semana Julie completa um mês de nascida e amanhã é o grande dia, completaremos um ano de casados.

A cada dia que se passa, Abby está mais impaciente e ansiosa pra voltar pro hospital. Ela adora ficar com Julie e acho realmente que ela não vai agüentar por muito tempo ficar longe dela, dando plantões. Mas ela é muito teimosa e fica agoniada de ficar o dia todo em casa. Pode-se dizer que a nossa "vida morna" também contribua um pouco pra isso.

Já levamos Julie à pediatra três vezes nesse meio tempo. Acho que o fato de sermos médicos dá um pouco de insegurança no trabalho que fazemos com nós mesmo e acabamos nos preocupando até demais. Mas na verdade as cólicas de Julie eram bastante constantes

Eric foi embora há duas semanas. Ele ficou até mais do que deveria. Mas Abby estava tão manhosa que ele conseguiu dar uma desculpa no emprego e ficar mais um tempo. No dia que ele viajou, foi uma choradeira só. Nunca tinha visto Abby chorar assim, espontaneamente. Ela me surpreendia a cada dia, e a cada dia eu tinha mais e mais certeza de que eu não poderia ter feito coisa melhor.

- Você pode mesmo cuidar dela por mim? – eu falo ainda receoso por estar fazendo aquilo. Abby também não estava muito feliz com aquela idéia de ficar longe da nossa filha por uma noite toda.

- Claro John.. vou cuidar como se fosse a minha própria filha...

- Certo então.. mas qualquer coisa... você nos liga.. vou mandar uma lista com tudo o que ela pode precisar..

- Meu Deus! Que pai mais preocupado.. eu não vou matar sua filha não. E caso você não saiba.. eu já sou mãe também.. sei muito bem tomar conta de um bebê de um mês

Eu respiro mas não aliviado. Liguei para pedir a Susan essa favor, porque Abby se recusaria ao fazer o mesmo. Ela sabia que devíamos comemorar a nossa data, mas não queria "abandonar" Julie. Acerto tudo e desligo o telefone subindo as escadas pronto para dar a noticia a Abby.

- Oi.. - ela sorri ao ver que eu entrava no quarto - Chegou cedo Hoje...

- Hoje por incrível que pareça o dia estava calmo.. - eu começo a tirar minha roupa e ela parecia concentrada em algum filme que estava passando na televisão - O que você esta assistindo?

- Um filme qualquer.. achei interessante, mas não passa de uma bela porcaria...

Eu sorrio e me sento ao seu lado pegando o controle remoto e abaixando um pouco o volume.

- Abby.. - ela se vira me olhando - Já falei com a Susan...

- Falou? - ela se fez de desentendida.

- Sim- eu sorrio vendo a cara dela- tudo certo, viu!

- Ok...- ela não parece lá muito animada.

- Ei, dá pra dar um sorriso pelo menos!- eu fico de bico com o desanimo dela.

- Ah, Carter...- ela cruza os braços- você tá feliz de deixar a pequenininha sozinha?

- Não Abby, mas acho que a gente merece também, poxa...-eu olho pro outro lado, o que é suficiente pra que ela fique na minha frente me encarando.

- Eu sei...- ela pega o controle da minha e desliga a T.V- desculpa- ela beija minha boca de leve arrancando um sorriso meu.

- Hum...melhorou- eu sorrio, aprofundando um pouquinho mais o beijo- vai na médica que horas?- eu sorrio malicioso.

- Depois do almoço... - ela nos separa e vai até o banheiro- espero que ela tenha boas notícas- ela ri, e fecha a porta, me deixando com os meus pensamentos. "É, e como espero".

Desço as escadas e vou a cozinha ver se o almoço estava pronto. Me aproximo do fogão e olho para as panelas que estavam no fogão.

- Já esta saindo o almoço doutor... não demora nadinha...

A empregada falou e eu acenei saindo da sala indo diretamente ver um pouco de televisão. Depois do almoço eu também teria que sair. Iria trabalhar para que amanha eu pudesse ter o meu dia de folga para poder planejar com calma tudo o que iria fazer e dar a Abby. Passo os canais da televisão não achando nada agradável. Desligo-a e subo as escadas indo atrás de Julie em seu quarto.

- Oi bebê.. – eu falo me aproximando do berço vendo que ela estava encarando o móbile. Ela vira o seu olhar por um instante e me olha arrancando um sorriso meu. Mas rapidamente se desinteressa e torna a encarar o móbile.

Tudo bem. Tenho que me acostumar com a idéia de que ela mal sabe ainda que eu sou o seu pai. Vendo que ela estava bem torno a descer as escadas vendo que Abby já estava na cozinha falando alguma coisa com a empregada.

- John.. você vai querer tomar o que? – ela se vira percebendo minha presença.

- O que tiver para mim esta bom...

Eu percebi que Abby colocava a mesa enquanto Mary terminava o almoço. A comida dela era ótima e cá entre nós, melhor que a de Abby e a minha, mas isso não vem ao caso agora

- Vai deixar a pequenininha lá em cima mesmo?- eu perguntei, vendo Abby me olhar.

- Não tenho quatro mãos, né, Carter?- ah, não! Cadê o bom humor?

- Mas eu tenho...- eu disse, sentando na cadeira.

- Quatro?- ela perguntou assustada, num tom de gozação. Mary olhou pra trás, rindo também.

- Não...mas suas duas com as minhas duas são quatro...- eu disse, "explicando".

- Sério!- ela continua tirando uma com a minha cara - você deveria ter feito Exatas...- ela ri com Mary e eu cai na graça delas quanto ouço o telefone começar a tocar.

- É pra você...- eu digo, sentindo a preguiça de levantar para atender.

- Não é não..- ela parece pior do que eu- é pra você, certeza...- ela ri, pegando na minha mão.

- Pra você- eu retruco até ver Mary perder a paciência com o som que toca insistente e atender.

- Pra quem é? – Abby pergunta vendo a empregada desligar o telefone

- Era engano. – ela sorri e se retira indo para a cozinha servir o almoço.

- Um a zero pro telefone.. – Abby sorri e eu me aproximo envolvendo-a num abraço. – O que foi! – ela se surpreende com o abraço repentino.

- Posso nem abraçar minha mulherzinha! – eu beijo sua bochecha e ela se afasta me encarando.

- Alguma segunda intenção nesse abraço? – ela coloca as mãos na cintura me fazendo sorrir.

- Segundas.. terceiras.. quartas.. todas as intenções com você.. – eu a abraço de novo – só me faltava essa.. eu não poder abraçar minha mulher sem intenção nenhuma...

- Hum.. – ela sorri pensativa – deixa de papo furado e vamos comer logo.. senão eu vou me atrasar para o medico...

Eu diria que agora foi um a zero pra ela. Mas deixa que logo logo iremos reverter esse placar. A acompanho entrando na cozinha vendo que a mesa ja havia sido posta pela empregada.

Puxei a cadeira pra que ela se sentasse e Mary logo trouxe a comida. Salada, salada e mais salada. Será que teria algo que não fosse mato pra eu comer? Eu encarei aquela montanha verde no prato de Abby que começou a comer com vontade.

-Às vezes que me pergunto se você não é uma vaca...- eu "filosofo" pro lado dela. Ela pára imediatamente de comer, depois de quase engasgar com o vinagre.

- Ei...mais respeito!- eu a sinto me dar um tapa no ombro.

- Eu respeito muito os animais...- eu continuo a amolar- mais ficar ruminando o dia todo deve dar até fraqueza nos dentes...- eu rio da minha própria piada.

- Nossa Carter! Pára de falar asneira...- ela continua comendo mas eu me alivio quando vejo a moça trazendo a mesa uma travessa com algo que parecia muito apetitoso.

- Que é isso?- eu pergunto no meio do caminho pra tirar um pedaço pra mim.

- Canelloni de ricota..- Mary diz, se virando pra pegar mais coisa- e aqui, filet mignon ao molho madeira...

Meu olhos saltam feito criancinha, como Abby diria e minha boca chega a fica salivando.

- Nossa, é muita fome ou isso deve estar muuuuito bom?- eu pergunto, pegando um pedaço de carne também.

- Ah, eu não sei- Abby continuava a mastigar os fiapos de clorofila - só sei que é melhor você maneirar...Você já tá um barrilzinho...- ela pegou no meu "pneu" e eu imediatamente bati na mão dela.

- Pois deixe o meu pneu em paz.. você não sabe o que muitas mulheres não diária para poder se aconchegar neles.

Ela fez uma careta e voltou a comer a sua "deliciosa" salada. Comi o quanto eu pude, eu acho que eu deveria começar a maneirar mesmo na alimentação, mas tinha que aproveitar enquanto nos tínhamos uma empregada de mão cheia dentro de casa. Terminamos o almoço e Abby logo se levantou para não encarar a sobremesa, e dessa vez eu também recusei. Subi os degraus com ela e acompanhei seus passos até o quarto.

- Você volta que horas? – eu pergunto já vendo que ela separava uma roupa para vestir.

- Não demoro.. você entra que horas?

- Entro às 4... mas eu só vou quando você voltar para ficar com Julie..

- É bom mesmo.. – ela sorri abrindo o armário. – O que eu vou vestir? – ela coloca as mãos na cintura e eu me sento na cama para observa-la.

- Qualquer coisa.. não é só um medico!

Ela me da um olhar nada simpático e eu resolvo que talvez seja melhor ficar calado. Logo ela escolhe uma roupa e coloca-a em cima da cama do meu lado. Enquanto ela via no banheiro eu pego a roupa e fico reparando-a.

- Muito decotada essa blusa.. você não acha não? – eu falo encarando a blusa e os seus peitos que estavam.. digamos que.. muito "atraentes".

Eu a vejo dar um passo pra trás e me encarar com aquela cara, ainda com a escova de dentes na boca.

- Fica quietinho, fica?- ela disse e eu entendi sem dificuldades.

- Você tá muito assanhadinha, não acha, não?- eu me levantei e fui até a porta no banheiro. Ela já cuspia a pasta e enxaguava.

- E você tá enchendo muito o meu saco, não acha?- ela riu, se virando pra mim. Aproveitei para já ir preparando o dia (e a noite) posterior. A "seca" era tanta que as preliminares um dia antes. Me encostei nela, surpreendendo o corpo despreparado. Ela se apoiou na pia e eu dei um beijo forte, como há muito não dava.

- Oh, delicia...- ela riu, me dizendo quando eu dei um tempo pra gente respirar.

- Eu ou o beijo?- eu questionei, me fazendo mais "presente" nela.

- Ambos...- nós sorrimos e agora foi ela que iniciou o beijo.

Não sei se para o meu alivio ou para a minha tristeza Julie começou a chorar. Nos afastamos rindo e vi Abby sair do banheiro em direção a porta do quarto.

- Vou alimentá-la.. assim ela não reclama nessas três horas que a mamãe vai ficar longe dela..

Eu sorrio e aceno para que ela fosse logo atrás de Julie. Não demorou muito para que Abby voltasse ao quarto.

- Já? – eu perguntei vendo que a mamada bateu seu tempo recorde.

- Peguei a pratica e Julie também.. estamos em perfeita sincronia... – ela sorri ajeitando a blusa e entrando o banheiro. Olhei em direção a ela que estava na frente do espelho creio eu que limpando os seios. Acho que quando nos formos ter algo a mais vou ter que ter muito cuidado par anão danificar a fonte de amamentação de minha filha.

Logo Abby saiu do banheiro, pegou a roupa e voltou ao banheiro. Decidi não espia-la mais e me concentrei na leitura de um livro que há tempo eu estava enrolando para terminar.

Eu quase caio no sono mais uma vez. Fui despertado pelo barulho da porta. Ela já estava toda vestida, com o cabelo perfeitamente amarrado. Não sei se ela esta se escondendo de mim por medo de não agüentar ou pra criar mais suspense na hora H.

Desviei o olhar para ela para ter certeza de que ela tinha colocado mesmo a blusa. Que dúvida! Até parece que ela ia trocar só porque eu falei. Não tenho vergonha de admitir que quem manda é ela. Vi que ela procurava algo na bolsa, mas não me deu ao trabalho de perguntar. Ela voltou ao banheiro e eu pude sentir do quarto o cheiro do perfume. Eu tinha dado a ela há uns 3 meses atrás, quando fomos ao shopping.

- To indo...- ela foi até o lado da cama onde eu estava e se abaixou pra me dar um beijo. Eu retribui e sorri a ela.

- Não quer mesmo que eu vá com você?- eu pergunto, quando ela já caminhava pra porta.

- E colocar Julie naquele lugar? De jeito nenhum!- ela sorri e vai saindo quando eu a chamo de volta.

- Abby!- vejo andar pra trás e me olhar.

- O quê?

- Traga boas notícias...- eu sorrio vendo-a piscar pra mim e sair logo em seguida. Ainda a escuto indo até o quarto de Julie antes de descer. Nunca imaginei que ela seria uma mãe tão coruja assim... Só volto ao meu livro depois de escutar o barulho da bota dela, descendo pelas escadas.

Muito entretido n minha leitura olho para o relógio e vejo que já tinha quase uma hora que Abby havia saído. Tudo estava muito estranho. Julie não havia reclamado um só instante. Fechei o livro que estava praticamente no final e fui ao quarto da minha filha ver o que ela estava "aprontando".

Entro sem fazer barulho e vejo que ela estava dormindo. Ótimo, poderia me dedicar aos meus planos para amanhã. Sai do quarto, deixando a porta aberta e desci as escadas indo diretamente ao computador. Entrei em alguns sites, verifiquei e-mails e liguei para alguns locais que vi nos classificados. Vou a cozinha ver se estava tudo bem, pego água e constato que a empregada já havia ido embora. Olho de novo para o relógio e decido subir para tomar um banho antes que Abby chegasse.

Entro no meu quarto, pego minha toalha no banheiro, ligo a baba eletrônica e vou tirando minha camisa quando de repente veio o grito de liberdade. Do jeito que eu estava fui ao quarto de Julie e entrei vendo que ela estava vermelha de chorar. Tentei primeiro acalma-la no berço mas de nada adiantou, coloquei-a no colo e verifiquei a fralda. Ok. Numero um e numero dois.

Coloquei-a no trocar e tirei sua roupa para ter acesso a sua fralda.

- Neném quer tomar banho? – eu analiso a possibilidade ao ver que ela estava toda suadinha e ainda naquele estado.

Até pensei em lavá-la no chuveiro comigo mas não seria nada bom se Abby chegasse e nos flagrasse. Quando o umbigo de Julie caiu eu quis fazer isso e Abby quase me esganou. Cuidadosa demais, talvez. Ou talvez ela pensasse que eu, descuidado, afogaria a menina com a água.

O negócio era deixar o meu banho pra depois, agora era a hora dela. Eu só tinha dado banho nela umas duas vezes "sozinho". Mas Abby estava sempre por perto, caso eu precisasse.

Seria um desafio. Não sabia se deixava ela no quarto enquanto enchia a banheira, se a levava, se trazia a banheira no quarto. Como Abby dava banho quando eu não estava em casa!

Deixa-la sozinha eu não podia. Peguei-a no colo e entrei no banheiro, enchendo a banheira. Senti a temperatura e tirei a fralda toda, colocando-a na água em seguida.

Ela adorava sentir a água. Incrível como gostava de tomar banho. Rapidinho passei os produtos e a enrolei na toalha. Banho rápido, como mamãe ensinou.

Sai do seu banheiro com ela nos meu braços e a coloquei sobre a cama de solteiro que havia no quarto dela. Me sentei na cama e peguei uma fralda que estava atrás de mim. Primeiro sequei todas as suas "dobrinhas". Fiz tudo o que tinha que fazer e coloquei a fralda de primeira. Sorri pelo meu feito e peguei uma camisa vestindo nela. Pronto. Estava nova em folha pronta para outra.

Vendo que não podia ficar de olho nela enquanto tomava banho. Levei-a no meu quarto e a coloquei no centro da cama dentro do "bebê conforto". Sorri ao ver que ela já estava mais uma vez querendo dormir e aproveitei para ir para debaixo do chuveiro, mas não antes de deixar a porta do banheiro aberta para vigia-la de longe.

Tomei um banho rápido, vesti uma cueca e me sentei na cama olhando que Julie não havia adormecido, mas estava bem caladinha no seu canto. Me levantei, vesti uma calça e vi que ela já queria começar a resmungar. Voltei acama e peguei-a nos braços deitando-a sobre o meu peito.

Ela parecia se acalmar e conforme os minutos iam passando ia também me batendo uma vontade de dormir. Olhei para baixo e vi que ela já estava num sono profundo, não hesitando acabei me rendendo a um sono breve, pois eu sabia que tinha que acordar para ir trabalhar.

Olhei no relógio pela última vez. Quase 3h. Havia quase duas hora que Abby tinha saído. Faltava pouco mais de uma hora pro meu plantão.

Continua...