Ops! Talvez eu tenha caído no sono também. Fazia tempo que não me cansava assim, estava ligeiramente fora de forma. Vi que Abby ainda dormia na mesma posição. Olhei no relógio e havia se passado uma hora e 40 minutos desde que deitamos pra dormir. Ok, Abby iria me matar.
- Abby... - eu me ajeito na cama fazendo carinho para que ela acordasse. - Pequena...
- Hum.. - ela se "lamenta" e finge nem me ouvir.
- Talvez esteja na hora de ir pra casa...
Sem respostas. Tudo bem.. eu acho que ela imagina estar dormindo na sua caa, na sua cama e por incrível que pareça, sem uma filha para "atrapalhar".
- São quase 1 da manha - fui direto ao ponto. Sabia que dessa forma ela iria acordar e quem sabe esquecer do detalhe de que havíamos caído no sono e "esquecido" de Julie por alguns instantes.
Eu levanto a minha sobrancelha quando vejo que nem assim ela havia se levantado. Acho que eu precisaria chamar um reboque ou algo do gênero para acorda-la.
- Abby.. se lembra de Julie?
- O que tem ela? - ela fala com uma voz embargada.
- Se você puder se esforçar um pouquinho.. talvez ira lembrar do que eu estou querendo insinuar..
- Do que?- ela parecia no mundo da Lua. Levantei da cama com cuidado, mas agilizando um pouco. Se ela não lembrança, eu lembrava da minha bebê...
- Abby, a Julie!- eu falei num tom mais alto e a vi imediatamente arregalar os olhos, mas ainda sem se mexer.
- Deus!- ela finalmente levantou subitamente - Julie! A Julie!- de repente parecia que a casa estava em chamas. Eu sorri por dentro, e tentei acalma-la.
- Ei, desacelera...- ninguém tá perdendo o trem, não...- eu sorri.
- John! Esquecemos da nossa filha!- ela misturava a preocupação com o riso, diante da situação hilária.
- Ei, eu não esqueci ninguém- eu joguei lenha na fogueira- você que fez corpo mole pra levantar - eu peguei a nossa roupa que estava espalhada pelo chão.
Juntei as minhas e vesti, dando as dela logo em seguida.
- Será que a Susan vai ficar com raiva? – Ela falava enquanto se vestiand andando de um lado pro outro no quarto.
Ahá! Agora achei o outro lado daquela ansiedade toda para chegar logo na casa de Susan.
- Que nada.. relaxa.. ela sabe muito bem como são essas comemoraçõezinhas... – eu me aproximei pretendendo abraça-la mas eu vi que não daria muito certo, então decidi terminar de me arrumar enquanto ela fazia o mesmo.
- Você poderia ir pagando a conta né John!
- Como! – eu me viro terminando de ajeitar minha calça e a vejo toda descabelada vestindo a sua camisa.
- Ir.. pagar.. se é que você me entende..
- E sair assim sozinho nesse local?
- E o que tem isso demais? – Pronto. Parou, elevou a voz, colocou mão na cintura. Era melhor obedece-la.
Terminei de abotoar a calça e vesti a camiseta, passando a mão no cabelo de leve, todo amassado. Fui até o banheiro e depois voltei, ela ainda se vestia, colocando o soutien todo embolado atrás.
- Se eu fosse você, ia sem...- eu disse rindo, enquanto saia do quarto e quase levei uma travesseirada na cabeça.
Eu desci até a recepção e a mesma moça ainda estava lá. Ela parecia muito entediada e não parecia nada feliz de estar ali. Bem, trabalhar num motel não devia ser a profissão mais agradável do mundo.
- Oi..-eu pedi a atenção dela, meio envergonhado. Ela abiu um sorriso e eu dei o cartão, sem antes perguntar valores ou qualquer coisa. Só queria sair daquela situação embaraçosa. Ela me deu o papel e voltou a sorrir, quando eu escutei Abby chegar atrás de mim. - Pronto?- ela perguntou normalmente, sem nem olhar pra tal moça. Talvez ela estivesse mais acostumada a vir nesses lugares do que eu.
Eu acenei com a cabeça e peguei na mão dela, saindo pela porta em busca do carro. Entrei logo e dei a partida, sem dizer ao menos uma palavra.
Seguimos pela estrada que levava até a casa de Susan apenas com o som ligado. Às vezes aquele som salvava o clima, definitivamente.,
- Sabe o que eu notei? – ela fala quando estamos a menos de dois quarteirões da casa de Susan.
- O que! – eu pergunto sem olhar para o lado, me concentrando no que estava fazendo.
- Nós não jantamos nada.. não comemos nada hoje a noite...
Quando ela termina de falar eu paro o carro em frente a casa de Susan e me viro olhando-a, enquanto tirava o cinto. Balanço a cabeça como se quisesse arrancar alguma terceira intenção naquelas palavras e ela eleva a sobrancelha imaginando o que eu poderia estar pensando.
- Esquece.. – ela sorri e desce do carro e eu faço o mesmo, seguindo-a.
Eu a alcanço e primeiro batemos na porta para não fazer nenhum barulho para acordar as crianças. Batemos uma, duas.. esperamos, quando íamos tocar a campainha ouvimos o barulho de portas na chave e eu me deparo com Susan bocejando indicando para que entrássemos.
Eu fiquei parado ao lado da porta enquanto Abby subia as escadas seguindo Susan, não demorou muito para que elas voltassem, e eu me aproximo pegando a bolsa que estava com Susan.
- Obrigada.. – Abby fala dando um beijo em Susan.
- Hum.. – ela sorri. – aproveitaram por nós?
Eu dei meu típico olhar tímido e desviei os olhos. Abby fez o mesmo, o que gerou uma reação que eu chamaria de "reação-Susan".
- Eiiii! Me coooonte!- ela disse cantando - eu fiquei com a filhinha de vocês, mereço pelo menos um breve conto...- ela disse, pegando no meu braço, já que o de Abby estava ocupado com Julie.
- Conto?- Abby riu - só se for erótico, né?- ela riu e eu não sabia onde por a cara.
- Exato!- Susan vibrou e eu tratei de acelerar as coisas antes que minha cara caísse no chão de tanta vergonha.
- Vamos?- eu perguntei e comecei a andar em direção a porta.
- Seu estraga prazeres...- Susan sorriu pra mim- depois me liga tá, Abby?- elas se deram um abraço e eu me despedi de Susan também.
Vi Abby repassar o cobertor por Julie antes de sairmos pela porta. O vento estava mais e o que nos assustava era a temida dor de ouvido. Abri a porta do passageiro e Abby entrou rapidamente. Dei a volta no carro e acenei mais uma vez antes de entrar e começar a ir pra casa.
Fiz o meu caminho sem pressa pra casa. Julie dormia e Abby... horas bocejava, horas sorria demais.. bom.. acho que talvez a noite ainda rendesse alguma coisa. Será que eu já estava querendo demais!
- Quer comprar algo pra comer ou prefere comer em casa?" – eu pergunto assim que passamos em frente a uma lanchonete que estava aberta.
- Casa.. – ela sorri – tenho que primeiro alimentar minha filha.. ai enquanto isso você cozinha...
Eu dou um sorriso estilo "e é mesmo?". Ela retribui fazendo careta e eu logo volto a me concentrar em chegar logo em casa.
Continua...
