Ciúmes III – Por Lili Psiquê
Disclaimer: Saint Seiya / Cavaleiros do Zodíaco pertence a Masami Kurumada. Infelizmente. E Mozão, Mozinho, Dido e Carlo são apelidos / nomes criados pela Pipe.
Resumo: E a ciumera continua. O que aconteceu com Miro e Kamus depois daquela festa? Será que o gelado aquariano se rendeu ao quente escorpião? Final da trilogia! Romance yaoi / lemon.
N/A: Eu sei que eu mereço ser morta lentamente, mas por favor, me perdoem. Bloqueio total. Sabe quando você sabe o que quer escrever, mas as palavras simplesmente não descem para os dedos no teclado? Pois então. Mas, não vou fazer drama de novo. O capítulo 3 tá ai, curtinho, e, se tudo der certo, o próximo é o ultimo. Talvez tenha um quinto por causa do lemon, não sei. Só espero não demorar mais quase um mês para terminar a fic.. rs
Fiquei enormemente surpresa com as reviews. Obrigada à Chii, Thaissi, Carola Weasley, Angel of Grief, Chibiusa-chan, Caliope, Nana, Ilia-chan, Sinistra Negra, Anna-Malfoy, Ju e Celly, e a todos que leram a fic. Thanks especial pra beta Celly, pra Caliope e pra Susu, dois poços de idéias, e pra Juzinha, que não me deixa abandonar as fics.
Bjinhos, e boa leitura!
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Capítulo 03 – Fase Três
– Mas Di, acho melhor deixar pra lá... – Miro estava sentado em sua cama, com as costas apoiadas no espaldar. Faziam poucos dias desde o seu papelão. As costas ainda doíam um pouquinho, mas nada que realmente incomodasse. Obviamente, o teimoso não quis nem passar perto de um médico.
– Você quer mesmo desistir, Miro? – Dite estava com ele, sentado na ponta da cama, no Templo de Escorpião, pronto para pôr em prática mais uma fase do plano. O grego estava receoso, pois essa história toda não estava dando certo. E Di havia ido até lá para que Carlo não se metesse no meio. Afinal, o canceriano parecia o único 'sóbrio' nessa história toda.
– Não é isso... E você sabe que eu não quero desistir. Mas cada vez é um mico que eu pago. Acho que essas táticas não funcionam comigo e nem dá pra apelar pro lance de fazer ciúmes nele.
– Kamus não percebeu a intenção do Saga?
– Aliás, você trate de se explicar! – Miro esbravejou de repente. – Eu caí da cadeira, Dite! Isso foi extremamente ridículo! E ainda fui obrigado a sair mais cedo da festa.
– Mas Miluchinho...a culpa não foi minha...
Di fez biquinho. A culpa não era mesmo dele, droga... O peixinho só estava tentando ajudar. Miro fez uma careta, de descrença, e Peixes continuou a se explicar.
– Eu fui sim falar com Saga, e o combinado era que ele deveria dar em cima de você, delicadamente, mas fazendo com que o Kamus percebesse. Fazer ciúmes, oras! Aquela passada de mão não estava nos planos.
– E por que afinal ele fez aquilo?
– Ele disse que queria brincar contigo. Não imaginou que você fosse pular daquele jeito.
Miro bufou, inconformado.
– T�, que seja... Diz então o que você tem em mente agora. Qual é o mico número três?
– Ai, Milucho, não fala assim...
O Escorpião virou os olhos.
– Desembucha, Afrodite.
O sueco começou a falar, calmo.
– Olha, vou ser sincero. Essa é mesmo a minha ultima tentativa. Não quero correr o risco de piorar ainda mais as coisas pro teu lado, e o Mozão me proibiu de até mesmo pensar em levar esse plano até uma fase quatro. Disse que se eu continuar me metendo na tua vida, vai fazer greve na cama. E não d�, não consigo ficar sem meu italiano...
– Tá bom, Dite, mas fala logo... – "Haja paciência..."
– A gente tá pecando no seguinte: Você é o sedutor, não o seduzido. Jamais colaria mesmo o Saga tentar te cortejar, e você ficar com aquela cara de perdido. Por isso...
– Ahn... – Miro começou a sentir aquele friozinho na barriga de medo. Qual era a bomba da vez?
– Você vai seduzir o Kamus.
Miro ficou quieto alguns instantes, deglutindo a informação.
– Você tá me tirando? – Perguntou o grego, inconformado.
– Não!
– Dite... – Bufou, usando seu último resquício de paciência. – Isso eu poderia ter feito há muito tempo. E, aliás, eu já tentei, caso você não tenha percebido. Acha que nunca passei pelo templo dele bem arrumado, cheiroso? Ou nunca dei aquela jogada de cabelos, roçando de leve na pele dele? Ou, melhor, acha que nunca o convidei 'ingenuamente' para sair? Furada. Todas as minhas tentativas de aproximação foram furadas. Só chamo a atenção dele quando faço alguma coisa errada. De resto, ou ele não percebe, pois é incrivelmente desligado, ou nem dá bola.
– E por isso você vai usar todo esse teu charme, mas de uma maneira diferente. Cale a boca e me escuta. E trate de se empenhar, pois é a tua última chance! – Respondeu Afrodite, seco, antes de explicar o que tinha em mente. Realmente, seria a última cartada.
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Miro estava melhor das costas. Uma semana bastara para que a dor fosse embora. E agora estava ali, nos fundos de seu templo, olhando para Sagitário. Se essa idéia de Afrodite não desse certo, era melhor desencanar. Os dois já haviam chegado à conclusão de que Kamus era mesmo de uma personalidade difícil. E por isso, a tática de sedução tinha que ser diferente.
Pra começar, Miro nem sabia se Kamus gostava... é... bem... de garotos... Portanto, não havia motivos aparentes para que uma túnica curta chamasse mais atenção. O grego iria apelar para sua simpatia, seu bom humor, e aproveitaria a personalidade culta de Kamus a seu favor. Isto é, se conseguisse fazer tudo certo dessa vez.
Ele havia caprichado em sua roupa, mas definitivamente não estava usando um 'modelito' que fossea sua cara. A túnica azul clara era fechada, como uma camiseta comum, e tinha mangas que iam até metade dos braços. Nas pontas das mangas, bordados dourados chamavam a atenção, mas em momento algum tornavam a roupa extravagante. Era curta, amarrada com uma tira de tecido um pouco abaixo da cintura, mas nada indecente. Ficava acima dos joelhos, algo até razoavelmente 'longo' para Miro. O que o deixara mais bonito era uma fita de cetim azul, um pouco mais escura que a túnica, colocada em volta dos cabelos, um pouco acima da testa, como os antigos gregos. Era como uma coroa, discreta, mas que deixou os cachos azuis ainda mais chamativos.
O perfume era suave. Não queria 'caçar', mas ser sutil. "Sutil.. e eu lá sei como ser sutil?"
Subiu a escadaria até Sagitário, calmo, revendo em sua mente tudo que deveria fazer. Passou pela casa vazia, e pela de Capricórnio, cumprimentando Shura distraidamente. Quando avistou o Templo de Aquário, começou a ficar nervoso. Suas mãos começaram a transpirar, e toda sua auto-confiança, que nunca o abandonava, sumiu do mapa. Suspirou fundo ao chegar em frente à porta de Aquário, e entrou no templo.
Kamus, sempre alerta, percebera o cosmo do escorpiano, e foi recebê-lo no corredor principal. Conseguiu manter a boca fechada ao ver a beleza do amigo, mas não conseguiu evitar de fita-lo. Aos olhos do francês, Miro não estava simplesmente lindo, mas diferente. Geralmente, o grego usava túnicas curtas, que mais mostravam do que escondiam, e cores chamativas. Ou, se estava de branco, usava jóias. Mas o azul claro contrastava com os olhos e cabelos de um tom mais escuro. E o corte da roupa deixava na imaginação criativa do aquariano como seria despir aquele belo corpo. Porém, claro, não disse nada a respeito, e recompôs seus pensamentos antes de mais nada..
– Pois não, Miro?
– Olá Kamus. Tudo bem? – Miro também não pode deixar de babar em Kamus. A calça justa preta e a camiseta solta de algodão, da mesma cor, deixavam a pele alva ainda mais delicada.
– Tudo. – Kamus ficou parado olhando para o outro, que ficara mudo. O que ele queria ali? – Miro... em que posso ajuda-lo?
"Droga, droga, droga!" Tudo o que havia ensaiado escoou da sua cabeça.
– Ah... Sabe Kamus... Bem... é que eu queria sua ajuda...
Ajuda?
Miro se concentrou. Não podia dar outro fora. De jeito nenhum.
– Sim, ajuda. – Sentiu-se um pouco mais confiante. Era fácil, ele era bom nisso, sabia como alcançar seus objetivos. Bom... Mais ou menos isso... – Sabe... Eu ando percebendo que sou muito mal informado sobre tudo. Nunca consigo acompanhar as conversas do Mú e do Shaka, por exemplo. E queria saber se você poderia me ajudar.
– Mas o que você quer que eu faça?
"Frio, como sempre. Pedir aulas nem em sonho." – Miro pensou.
– Eles comentaram que você tem muitos livros guardados no seu Templo. E eu pensei se talvez você podia me indicar alguns, e me emprestar.
Kamus ficou algum tempo parado, quieto. Miro, ler? Miro não lia nem gibi. T�, ele andava diferente, sem farrear, sem galinhar, mais sério... Mas até aí, dar um salto desses, era estranho.
– Ahn... t�, tudo bem; estão lá dentro. – Kamus virou-se, e entrou nos cômodos do templo de Aquário, pedindo que Miro o seguisse. Ainda estava surpreso.
Miro discretamente soltou todo o ar que estava em seus pulmões, aliviado. Pelo menos até aí estava indo bem. Agora precisava ser charmoso, mas sem se jogar em cima. Isso não era tão fácil como parecia.
Miro seduzia, mas geralmente mostrava suas intenções. Ali, teria que esconde-las, teria que ser casual. Aproximar-se de Kamus aos poucos, tornar-se um grande amigo, não somente um colega, como era. E só aí mostrar seus sentimentos. É, era um longo caminho a percorrer, mas como Dite disse, todo caminho começa com um passo. Clichê, mas verdadeiro.
O escorpião ficou pasmo ao entrar no quarto do francês. Já havia estado na fria casa de Aquário, mas achou que era um dos poucos cavaleiros a conseguir a proeza de entrar nos aposentos mais íntimos do francês.
Além da belíssima cama de cerejeira, que combinava com um criado mudo que ficava ao lado direito, havia uma estante enorme, com oito prateleiras. O teto da casa era altíssimo, e só por isso ela não o alcançava, mas nenhum dos dois chegaria aos últimos patamares sem uma escada ou cadeira. Miro ficou bobo durante algum tempo, pensando na quantidade de livros que deveriam haver ali. Trezentos, quatrocentos...? Provavelmente mais.
– Bom... Primeiro eu preciso saber que línguas você conhece.
– O grego, e inglês.
– Só? – Kamus levantou as sobrancelhas.
– Kamus, eu nunca prestei muita atenção nas aulas de línguas... – Miro jogou a mão para trás, num sinal de que não estava nem aí. Nesse momento Kamus percebeu que, apesar de algumas mudanças, aquele ainda era o extrovertido Miro.
– Tá... Eu não tenho muita coisa em grego, e, aliás, a maioria dos livros é em francês. Mas tenho alguma coisa interessante em inglês. O que você quer ler?
– Como assim?
– Que tipo de leitura. – Kamus explicou. – Quer ler um romance, uma biografia, poesia? Pensou em algum autor específico?
Miro havia decorado o nome de alguns autores europeus, mas agora nada muito interessante lhe vinha à mente. Não adiantava, nunca tivera jeito pra estudos e coisas do tipo.
– Ah, Kamus, você tem alguma coisa de Shakespeare?
– Olha, eu acho que tenho sim... – Kamus passou os olhos pela estante, e desceu um exemplar de Ricardo III. – Esse aqui é legal.
– Mas está em francês, né?
– Não, Miro, em inglês.
– Oras, mas o cara do Romeu e Julieta não era francês?
– Não, Miro! – O francês olhou, indignado. Melhor: horrorizado. – Shakespeare era inglês! E, mesmo se fosse francês, seus livros foram traduzidos para milhares de línguas. Assim como todos os grandes autores.
– Ah, t�, desculpa. Fiz confusão...
– Imagino... – Kamus queria rir. Confusão? Miro sempre foi um desastre pra tudo.
Lembrou-se das aulas que eles tiveram no Santuário logo que chegaram como Cavaleiros de Ouro. Apesar de Kamus ter recebido um treinamento completo, físico e mental, alguns dos dourados só haviam aprendido o que dizia respeito às lutas e ao cosmo. Não entendiam nada de mitologia, ou de costumes gregos, e alguns não falavam nenhuma língua além da de origem. Lembrou-se de Aldebaran, por exemplo, que desesperou-se ao ouvir quase todos do Santuário falando em grego.
Mas o Mestre, que prezava muito a formação intelectual dos principais protetores de Athena, fez com que os jovens cavaleiros tivessem algumas aulas com monitores mais velhos e servos bem treinados.
Kamus sorriu discretamente quando lembrou a ajuda que dava a Miro nas aulas de inglês. Ou mesmo em outras. Ele era terrível, estava sempre tentando cabular aulas, copiava lições, parecia mesmo uma criança; Bom... eram pré adolescentes. E eram grandes amigos.
Kamus suspirou, sentido por saber que voltou da Sibéria frio, e se afastou de qualquer relacionamento mais intimo, mesmo que fosse uma simples amizade.
Miro percebeu que Kamus havia esboçado um sorriso, mas achou em seguida que era impressão. Ele virou-se sério, como sempre, e trouxe uma escada com rodinhas, discreta, dobrável e de madeira, que estava colocada ao lado da estante. Foi até a última prateleira e pegou uns 3 ou 4 livros.
– Estes aqui são leitura fácil, acho que você não vai ter dificuldade. Sinceramente, não gosto muito deles, justamente por serem livros comerciais, ou batidos. Estes dois – Kamus mostrou dois livros, um da Agatha Christie e Sidney Sheldon. – eu ganhei, e realmente não gosto deles. Já esses aqui, – Mostrou o 1984, de George Orwell, e O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger. – eu comprei, e são livros bons, muito melhores que os outros dois. Acho que é uma boa você começar por eles.
T�, Miro era tonto mas não era assim tão burro. Já tinha lido Sidney Sheldon. E pela cara de desdém de Kamus ao mostrar o livro do autor, resolveu não admitir isso nem sob tortura. Poxa, e qual era o problema com os romances dele e da Agatha Christie? T�, depois que você lê uns três, começa a descobrir quem é o vilão no meio do livro... Mas eles escrevem bem. Não escrevem?
O grego não queria decepcionar Kamus, e mostrar-se o burro que o francês achava que ele era.
– Ah, Kamus, me desculpa, mas não gosto de Sidney Sheldon, nem de Agatha Christie. Concordo com você, são comerciais demais. Agora, 1984 eu nunca li. Esse você pode me emprestar?
– Claro! – Um leve brilhar passou pelos olhos de Kamus. Vocês já deram trela para alguém falar de algo que lhe dá imenso prazer? Claro que sim, né? E essa pessoa desatou a explicar os mínimos detalhes do assunto em pauta? Pois então, vocês sabem a enrascada na qual Miro estava se metendo.
Kamus continuou falando... – Imagino que você queira se aprofundar na questão dos reality shows versus o mundo que Orwell criou, certo? Eu, particularmente, sinto-me muitas vezes realmente vigiado pelo Big Brother. Principalmente aqui, onde nunca passamos despercebidos, justamente por conhecermos tão bem o cosmo um do outro...
"Big Brother? O que o programa de tv tem a ver com esse livro? E o que raios o nosso cosmo tem a ver com isso? Merda, merda, merda. Olha eu boiando de novo."
– E aquele livro ali, Kamus, qual é? – Miro, começando a se desesperar, cortou o discurso do francês.
Os olhos de Kamus brilharam ainda mais ao ver que Miro apontara o livro que estava em seu criado mudo. Um de seus favoritos, aquele era o Memórias do Subsolo, de Dostoievski, mesmo autor de Crime e Castigo. O francês gostava demais daquele livro, e a pergunta de Miro abriu um espaço ainda maior para que a discussão literária alcançasse um nível até então desconhecido pelo cavaleiro de escorpião.
Não que o discurso de Kamus estivesse esclarecendo alguma coisa. Miro sentia-se era cada vez mais perdido, atolado num rio caudaloso de informações...
Desistiu, e ouviu tudo o que ele tinha a dizer. Por hora.
Quando estava começando a ficar realmente entediado, desviou seus olhos do francês, mas ainda resmungando uns 'ahan' e 'sim, claro', para mostrar que estava entendendo tudo. Suas orbes azuis pararam mais uma vez na estante, e, enquanto o monólogo prosseguia, Miro aproximou-se dela.
Tocou os livros com a ponta dos dedos, com reverência. Não conseguia mesmo entender por que Kamus tinha tanta paixão por literatura. Não desdenhava o 'hobby', mas achava que a vida tinha tanta coisa mais interessante... No meio de sua contemplação, observou alguns exemplares que estavam na prateleira acima, fora do alcance de suas mãos. Sorriu. Finalmente encontrara algo que poderia interessar-lhe de verdade.
– Kamus, aquele ali é o livro que eu estou pensando? Nossa, eu amo esse filme!
O francês, confuso, parou de falar e olhou para onde Miro apontava. Porém, não conseguiu ver o livro do qual ele falava.
O grego, sem qualquer receio, puxou a escada e subiu nela, deixando Kamus estupefato. O aquariano estava sentado na cama. Conforme Miro subiu na escada suas... bem... suas pernas ficaram bem na visão dos olhos do francês, que não conseguiu desviar a vista. Sempre soubera que o grego era lindo, aliás, lindíssimo. Mas agora começava a realmente entender por que tantos homens e mulheres ficavam aos seus pés. Sua sedução ás vezes beirava a ingenuidade, como naquele momento.
Voltou a terra quando as pernas grossas desceram a escada.
– Não acredito que você tem esse livro! Nossa, assisti esse desenho umas 3 vezes! E esse aqui então! – Pegou o livro que estava ao lado. – Só devo ter assistido uma, mas, mesmo assim, quase morri de rir com aquela cigarra fumante...
O francês ficou um pouco calado, olhando para o outro. Mas de que cigarra fumante ele estava falando? Suas dúvidas se dissiparam quando viu os livros que estavam na mão de Miro: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, e Peter Pan, de JM. Barrie.
Pela primeira vez em muito, mas muito tempo, Kamus não conteve uma gargalhada. Finalmente entendeu que o outro estava falando dos filmes da Disney!
Miro ficou completamente sem graça. Era tão... 'estranho' ver Kamus rindo. Ainda mais rindo daquele jeito. Aquela gargalhada parecia mais do Miro do que do gelado cavaleiro de Aquário.
Logo Kamus se recompôs, e levantou-se da cama, mas sem desfazer um leve sorriso.
– Miro, você está falando dos filmes do Walt Disney, não é?
– É. Por que?
– Por que os livros são muito diferentes da adaptação da Disney. Eles são muito mais adultos, por assim dizer. Pegue, leve os dois. Você vai se surpreender. Mas procure ver além do óbvio, além das metáforas...
Depois dessa, o escorpião ficou muito, mas muito deslocado. Sentiu-se totalmente bobo, ingênuo. Ignorante ao extremo. Como poderia querer que um homem como Kamus, culto, refinado e educado se interessasse por ele?
Não conseguiu sequer jogar mais um charminho. Ficou tão deprimido que desistiu, achou melhor ir logo pra sua casa. "Vou manter minha boca fechada até a próxima Guerra Santa.", pensou, inconformado.
– Obrigado Kamus. – Disse Miro, sem conseguir esconder sua tristeza. – Acho que vou levar esses aqui então. – E alisou seus cabelos, antes de pegar os livros da mão de Kamus.
Dirigiu-se a porta do templo de Aquário, e o francês o acompanhou. Mas quando estavam chegando perto da porta, Kamus pediu que ele esperasse. Foi até seu quarto, e rapidamente trouxe outros dois livros.
– Não, Miro, leve estes também. Eu sei que você vai gostar. – Hesitou alguns instantes, mas decidiu-se por completar a frase. – Depois que você os ler volte aqui em Aquário, aí podemos conversar sobre eles... – Deixou a promessa no ar.
Desolado, Miro agradeceu e saiu com o tal livro do russo, o do big brother e os dos filmes da Disney. E, apesar de seu coração insistir no fato de que ele arranjara uma desculpa para ver Kamus de novo, a maior parte sensata de mente xingava-se em altos brados. Prometera ler os QUATRO livros em menos de um mês, para ir falar para o outro sobre sua opinião.
Chegou a apenas uma conclusão: Era melhor mesmo desistir de Kamus. Definitivamente, o plano de Afrodite tinha ido pro saco.
Continua...
