Ciúmes III – Por Lili Psiquê

Disclaimer: Saint Seiya / Cavaleiros do Zodíaco pertence a Masami Kurumada. Infelizmente. E Mozão, Mozinho, Dido e Carlo são apelidos / nomes criados pela Pipe.

Resumo: E a ciumera continua. O que aconteceu com Miro e Kamus depois daquela festa? Será que o gelado aquariano se rendeu ao quente escorpião? Final da trilogia! Romance yaoi / lemon.

N/A: Não, não é mentira, eu atualizei.Nem vou me desculpar pela demora, não tenho mais desculpas. O importante é que o capítulo está aí, prontinho, mas eu repito aqui: Não gostei dele, nem um pouco, mas nem um pouco mesmo. Achei uma porcaria, está vazio... Só foi publicado por livre e espontânea pressão. (Leia-se Caliope, Celly, Elfa Ju, Wanda, Faye, e outras... risos...) Nesse capítulo rolam 'spoilers' do livro 1984, já citado no capítulo anterior. Tipo, o livro em si nem é tão importante para a fic, mas tô avisando pro caso de alguém ficar furioso pq eu meio que conto o fim do livro... risos...

Novamente obrigada à Carola Weasley, Nana, Chibiusa eDark Wolf, e a todos que leram a fic, mas não deixaram reviews. Muito obrigada mesmo a beta Caliope e a Celly. E agradeçam as duas, pq sem ela essa tranqueira não saia. Mais thanks à Arsinoe, Ju, Faye, Lyra e Wanda.

E dessa vez eu não prometo prazo para o próximo! rs

Bjinhos, e boa leitura!

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Capítulo 04 – Chega de 'fases'?

Miro estava cansado. Já havia passado do horário de almoço, e ele subia alegremente a escadaria das doze casas, conversando com Aioria. Os dois passaram a manhã treinando juntos e estavam um trapo: sujos e suados.

Logo Aioria parou em Leão, e Miro continuou sua subida. Entrou em Escorpião louco por um banho, mas qual foi a sua surpresa ao dar de cara com o belíssimo aquariano, mexendo em suas coisas? Não apenas belíssimo, mas muito arrumado e limpo, como a mente de Miro cismou em pontuar.

Kamus quase pulou ao ver Miro o encarando. Justo ele, sempre tão discreto, fora se meter em uma situação tão desagradável.

Kamus andava inquieto, curioso. Nas semanas que se seguiram a visita de Miro, o francês passou a prestar atenção nos relacionamentos do Santuário. Não somente na felicidade amorosa de Mú e Shaka e Dite e Máscara, mas também na cumplicidade óbvia entre os cavaleiros.

O francês poderia dizer que Shura era seu colega mais próximo. Pelos menos era ele que o intimava a comparecer nas reuniões sociais, que sempre eram promovidas. Entendia-se muito bem com Saga, mas porque ambos ajudavam Saori com os negócios da Fundação Kido. Algumas vezes conversava com Mú e Shaka; mais freqüentemente com o ariano, que, com sua tranqüilidade e cultura, fazia com que Kamus se sentisse razoavelmente à vontade.

Porém, após a visita de Miro, ele perdeu-se pensando se poderia chamar algum deles de amigo. Pois nem Mu, nem Shaka, Shura, Saga ou qualquer outro provocaria nele risadas tão espontâneas como Miro provocava. Lembrou-se da gargalhada que dera semanas atrás, quando o escorpiano viera pedir-lhe os livros emprestados. Aliás, aquela alegria toda era digna de Miro, não dele.

Quando notou, já havia saído do Templo de Aquário, indo em direção à Escorpião. Não conseguia afastar sua curiosidade, queria muito saber que faceta nova era aquela de Miro. E eles haviam combinado de conversarem sobre os livros em um mês. O 'prazo' já havia findado.

Dentre todos os cavaleiros, Miro era o que Kamus sempre mais desprezara. O achava galinha demais, sempre gastando noites a esmo, e acreditava que ele era um guerreiro no estilo 'muita massa e pouco cérebro'. Aliás, sempre torcia o nariz ao perceber que esse fora o tipo de treinamento dado à maioria dos protetores de Athena.

Porém, mudara radicalmente de idéia. O grego podia, sim, ser inculto. Mas isso só significava que ninguém o havia instruído. Afinal, Miro mostrara uma enorme vontade de aprender ao ir à Aquário. E Kamus percebeu como havia ido contra seus próprios ideais, ao julgar erroneamente Miro durante tantos anos.

O francês parou seus devaneios ao alcançar finalmente Escorpião. Entrou no templo e foi até o salão que todos os cavaleiros usavam como 'sala de estar'. Sentiu que Miro não estava ali, e ia se retirar, quando viu livros e dicionários empilhados ao lado de um sofá. Bom... bagunçados ao lado do sofá explicaria melhor a situação.

Curioso, aproximou-se, e viu que, além dos livros que ele emprestara a Miro, havia ainda dicionários de grego e de grego/inglês. Marcadores de páginas estavam entre os livros, e havia ainda um bloquinho cheio de anotações a lápis, em grego.

Foi justamente no momento em que Kamus saciava sua curiosidade, tentando ler os garranchos de Miro, que ele foi surpreendido.

— Ora, ora... — Miro riu. — Quem diria! O grande e comedido cavaleiro de aquário fuçando nas minhas coisas!

Claro que o escorpiano sentira-se deliciado por flagrar aquela cena. Jamais imaginaria mesmo encontra-lo ali, tão perto, e aparentemente tão interessado em algo seu.

— Miro, não é isso! Eu não estava sendo intrometido. Eu apenas... — O aquariano ficou completamente sem jeito.

— Kamus, não precisa ficar nervoso. Apesar de que você fica uma graça vermelho!

O cavaleiro de Aquário apenas ficou ainda mais sem graça, mas logo se recompôs. Já que estava ali mesmo, e havia ficado obvio que ele lera as anotações do outro, perguntou sobre a leitura.

— Bom, pelo que eu percebi, você leu os livros. — afirmou.

Miro fez um sinal, convidando-o para sentar-se, e foi até o banheiro. Rapidamente lavou o rosto, jogou um pouco de água nos cabelos e voltou com uma toalha. Kamus não pôde deixar de perceber como o grego ficava interessante desleixado daquele jeito. Logo Miro voltou, e sentou-se no chão, ao lado do sofá, incomodado com seu estado lastimável, mas sem querer dar a chance para que o francês fosse embora, pois uma oportunidade como aquela era raríssima.

— Não consegui ler todos, não deu tempo. — Disse, antes que o francês o interrogasse.

— Ora, Miro isso não é desculpa! — Retrucou, com uma leve indignação, olhando para o grego, que apoiara as mãos atrás do corpo, esparramando-se no chão.

— Diga isso você, que não gasta nem metade do tempo que eu dedico aos treinos.

— Ao contrário... Eu treino meu corpo e minha mente. Não fico muito a me preocupar com tanto treino físico, pois não me interessa ficar a me bater com Aioria ou Máscara.

— Diz isso porque tem medo de treinar comigo e sair perdendo! — riu-se, cínico.

— Mas que abuso! Aliás, esse é o grande problema da maioria dos cavaleiros. Agem demais e pensam de menos. Se tivessem o hábito de estudos, seriam mais cultos, mais cuidadosos, mais...

Miro o cortou, rodando os olhos.

— Ok, ok, eu já entendi, francês, sem sermão. Quer saber qual dos livros eu li ou não?

— Leu algum deles inteiro? — Perguntou, inconformado.

— Olha, Kamus... na verdade eu só li o 1984.

— O que achou? — Kamus questionou, colocando uma perna por cima da outra, preparado para ouvir alguma besteira.

Miro, empolgado com o interesse de Kamus, e para a surpresa dele, começou a falar sobre o livro. Disse que adorou a leitura, realmente aprofundando o discurso em toda a política da qual os livros de Orwell são carregados. Debateu sobre reality shows, direito a privacidade e mostrou todo seu encanto com o fato do livro descrever aparelhos eletrônicos que não existiam na época, mas que surgiram depois. Para alguém que não tinha o habito de ler, mostrou-se surpreendentemente inteligente.

Kamus chegou a uma conclusão: Miro somente não era mais culto porque era preguiçoso.

O grego adorou a cara de bobo do francês. Afinal, a leitura não havia sido em vão. Não que o livro fosse, ruim, pelo contrário, ele estava sendo sincero em tudo que estava dizendo para Kamus. Mas, ainda assim, um ponto específico não deixava de martelar na cabeça dele.

Após ler o livro, o Escorpião entendeu que 1984 mostra uma sociedade obediente a uma minoria, e em especial ao 'Big Brother'. Até uma nova língua fora criada para extinguir a liberdade de pensamento, pois, se você retira palavras como 'liberdade' do vocabulário, a definição dela tende a ser suprimida.

No decorrer do livro um casal se rebela. Relacionam-se lindamente, como nenhum dos dois sequer pensou poder. Amam-se de maneira louca, desesperada, e, após passarem por inúmeras provações, até o 'amor' é arrancado deles. Miro não conseguiu deixar de se condoer com a situação deles, lutadores, defensores de um ideal de paz, e sem vida. Poderiam eles amar?

Não pretendia falar sobre isso com Kamus. Mas as palavras saíram, impulsivas. Afinal, o que ele teria a perder?

— Sabe Kamus, — Miro disse, após falarem bastante sobre os aspectos relevantes ao livro. — eu só não gostei do final do livro.

— Como assim?

— Assim simples, oras. O casal come o pão que o diabo amassou, os dois vivem o ideal com tanta paixão, se amam completamente, e não ficam juntos. Eu achei isso muito triste, sei lá, me deixou pra baixo. Me fez pensar sobre tantas coisas... — Concluiu, tristonho.

Kamus abaixou a cabeça, desviando o olhar das orbes tristes de Miro. Ficou calado. Lera esse livro tantas vezes, e aquilo tudo nunca o tocara. Não pode deixar de traçar um paralelo. Será que eles, cavaleiros, também não teriam o mesmo destino? Será que valeria amar tão intensamente para depois serem privados desse amor? E o que Miro sabia disso? Desde quando ele conhecia o amor?

Aliás, desde quando ele, Kamus de Aquário, cavaleiro do gelo, preocupava-se com o amor?

Murmurou para si mesmo um "fala como se tivesse conhecimento de causa", num tom baixo, irônico, sem notar que expressara seu pensamento. Não percebeu quando Miro levantou-se do chão e sentou-se ao seu lado.

— O que disse? — Miro perguntou, esperançoso de arrancar alguma emoção do outro.

— Nada. — Retrucou, afastando suas divagações, ostentando novamente sua seriedade.

— Eu ouvi, Kamus. — Havia ouvido muito bem. Evitou encarar o aquariano, pois sabia o olhar de frieza que ele lhe dispensaria. — E, caso lhe interesse, eu tenho conhecimento de causa sim. — E levantou os olhos.

Os dois trocaram olhares cúmplices. Miro sabia que ele havia entendido, e Kamus não sabia se realmente queria entender. Os olhos pareciam não querer se desgrudar, e o francês viu-se mais uma vez preso aos encantos do grego; Miro esqueceu-se naquele momento de que não deveria mostrar seus sentimentos tão abertamente.

Os dois leram as dúvidas sobre o amor em ambos os olhares.

O clima ficou pesado. Aparentemente, não havia mais nada a dizer. A 'visita' de Kamus soou extremamente sem sentido naquele momento. O aquariano achou melhor ir embora, e, intimamente, Miro concordou. Não queria que Kamus entendesse que ele ficara deprimido com o livro por pensar neles dois.

Se despediram tranqüilamente, e o escorpiano teve que se segurar para não sair saltitando, mesmo com a saída súbita do outro. Kamus fora ao seu templo. Fuçara nas suas coisas. Dera atenção à sua opinião.

Conteve-se para não sair desesperado na direção do Templo de Peixes, contar tudo ao Afrodite.

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— Não acredito! Ele, mexendo nas suas coisas, escondido? — Afrodite exclamou.

— Juro, Dite! Imagina a minha cara de bobo.

— Bom, você já olha pra ele com cara de bobo normalmente. Dessa vez deve ter ficado com cara de completo imbecil mesmo...

— Afrodite!

— Mas me conta logo o que aconteceu depois! Ou você ficou estático, sem fala e não disse nada?

Miro deu um risinho cínico.

— Cavaleiro de Peixes, não se esqueça de que você está falando com a personificação da sedução. Ele caiu facinho na minha.

Miro havia tomado um banho e comido alguma coisa, antes de subir até o templo de Peixes. Agradeceu a todo o Olimpo por não ter cruzado com Kamus no caminho. Contou ao Dite sobre a conversa que ele o Kamus tiveram, sobre como interagiram com facilidade; e, mesmo com Peixes não acreditando muito no fato de que o Escorpião realmente estudara no último mês, ouviu tudo com atenção, fazendo um ou outro comentário.

— Miro, ele está no papo então! Eu já tenho uma idéia ótima para por em prática. A gente pede pro Saga...

— Nem pense nisso! — Cortou-o, brusco.

— Por que não? — Afrodite mostrou-se ofendido.

— Porque dessa vez eu vou fazer as coisas do meu jeito, peixinho. Nada de planinhos, nada de ciúmes. Vou conquistar o Kamus usando a massa encefálica.

Afrodite fez uma careta, como se o outro tivesse dito um palavrão.

Ambos estavam sentados no sofá branco da sala de Afrodite, e petiscavam uns queijinhos suíços dos quais Di já havia contado toda a procedência. Nesse momento o Cavaleiro de Peixes afetadamente colocou uma das mãos na testa de Miro.

— Miro, você está se sentindo bem?

— Di, você só entenderia se visse o brilho nos olhos do Kamus enquanto a gente discutia. — Retrucou, empurrando a mão dele. — Acho que nunca o havia visto tão solto, tão relaxado, tão... receptivo. A atenção toda dele estava voltada pra mim, única e exclusivamente. E é essa a brecha que eu tenho que aproveitar. Claro, minha gostosura vai ajudar, pois eu sei que ele babou em mim no mês passado, quando eu usei aquela túnica azul. — Sorriu malicioso dessa vez.

— Então você quer seduzi-lo usando os livros? Mas que planinho mixuruca, Miro! Vai fazer o que? Sentar de pernas desnudas, e apoiar o livro nelas? Mas que cena de filme B!

— Afrodite, não pedi a sua opinião.

— Ah, e é assim que você me agradece?

— Como se você tivesse me ajudado muito, né?

Dite fez o maior bico que conseguia, mas Miro apenas o agarrou e lhe deu um beijo nas bochechas, deixando-o sem graça.

— Miro, se o Mozão vê isso me mata! E mata você junto!

— Sem drama, Di! Sem drama! Bom, eu vou-me, pois, se eu quiser conquistar meu francesinho, vou ter que ler muita coisa...

Miro levantou-se e foi embora, soprando beijinhos para o amigo. Estava feliz, muito feliz. Mas correu de volta ao seu templo. Afinal, ele já havia folheado o tal livro do russo e sabia que dessa vez ele estava lascado.

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Livros, livros e livros. Inglês, grego, e tentativas frustradas de francês. Escritores ingleses, franceses, russos, espanhóis, gregos e mais uma porrada. Prosa, poesia, ficção, biografias... Miro se arrependia amargamente por ter resolvido usar essa tática, que só se mostrava fajuta.

Recebia as indicações de Kamus com gosto, lia, mesmo com enorme dificuldade na maioria das vezes. Deixou mesmo de sair á noite, pois usava todo e qualquer tempo livre para ler e ter o que discutir com o francês. Mas os resultados não surgiam.

O grego sempre estava perfumado, usava túnicas finas, mas discretas, movia-se sensualmente; tocava o francês com discrição, e sentia que ele arrepiava-se com o contato dos corpos; algumas vezes eles estiveram tão perto, que Miro sentia a respiração dele próxima a si. Outras vezes os fios perfumados do francês roçavam em sua pele, e ele atordoava-se com o aroma, e com o toque de cetim. Mas Kamus sempre recuava, encabulado, como se nada tivesse acontecido, como se eles fossem apenas amigos.

Bom, isso era uma verdade. Os dois tornaram-se amigos. Grandes amigos, durante uns bons meses. E só.

Miro não fez nenhum avanço no campo afetivo, apesar de algumas trocas de olhares comprometedores. Empacou, ficando com medo de avançar o sinal, e deixá-lo ofendido, perdendo assim o que construíra. Passou a abandonar o 'velho Miro', empolgado, impulsivo, social. E situações como essa, na qual ele estava no momento, repetiam-se cada vez mais.

— Vamos, Hombre! O que acontece com você? — o Cavaleiro de Capricórnio puxava o grego pelo braço, tentando arrancá-lo do sofá à força.

— Shura, pára de insistir, eu já disse que não vou. — Miro puxou seu braço com rispidez, de saco cheio. Será que aqueles caras haviam desaprendido o grego? Ele não queria ir e pronto!

— Já até sei o motivo. – Máscara começou, sarcástico. — Aposto que vai ao templo do francês, falar sobre assuntos que não te interessam, e fingir o que não é. Miro, quando você vai acordar? O que aconteceu contigo?

— Quem é você para me julgar, Máscara? Tem andado muito com Afrodite, está tão intrometido quanto ele.

— Meça suas palavras ao falar dele, Escorpião. — Retrucou, já sem o bom humor anterior.

— Chega, vocês estão fora de si. Miro não quer ir, e pronto, acabou! Deixe ele ir discutir Voltaire com o Kamus! Se isso o faz feliz, que seja... — Saga tentou acalmar os ânimos, mas não conseguiu esconder um certo cinismo.

— Saga, e por que você não tenta dar outra passada de mão nele? Quem sabe dessa vez ele não se empolga, ao invés de cair da cadeira? — Retrucou Shura, bem-humorado, ainda tentando arrancar uma resposta espontânea de Miro.

O grego arregalou os olhos, indignado. Como é que ele sabia disso? Olhou acusador para Saga, que encarava Shura com descrença.

— Saga, você contou isso pra ele? Quem mais sabe do seu atentado? — Perguntou Miro, sem nenhum tom de brincadeira na voz.

— Não creio que você abriu a boca, espanhol. Eu disse que era segredo!

— Segredo pra quem? Meio Santuário já sabe disso! E não faça tipo de que não gostou... — Concluiu Máscara, deliciado por fazer Miro ficar sem jeito.

— Como é que é? — Ele levantou-se, nervoso. Ah, agora ele ia dar na cara daquele abusado.

— Calma, Miro! — Shura colocou-se entre os dois, dividido. Não sabia se levava a raiva de Miro a sério ou se caia na risada.

— Relaxa, esquentado. O Kamus não sabe, ele não faz parte da roda de fofocas. — Máscara meio que se desculpou.

— Caras, não dá mesmo pra manter nada em segredo nesse lugar, né? — Miro bufou, já desarmado.

— Não quer ir mesmo, Miro? Você realmente está precisando desestressar. Eu juro que não te agarro! — Saga tentou fazer piada, mas não teve resultado. Escorpião olhou de esguelha pra ele, cansado, mas ainda tentou ser bem humorado.

— Saga, não iria nem se você me prometesse uma noite de sexo ardente. Saiam todos vocês, eu preciso tomar banho.

Ninguém disse mais nada, apenas saíram do Templo de Escorpião e desceram a escadaria. Se Miro não estava a fim de sair pra beber, azar. Os três iam.

Miro não queria, mas não pode deixar de levar as palavras dos outros a sério. Há 6 meses ele jamais pensaria em dispensar uma ida à cidade, por mais furada que ela fosse. Qualquer programa era garantia de diversão, principalmente se ele estivesse presente, já que seu humor cativava qualquer um.

Só que ele estava perdendo sua personalidade. Valia mesmo a pena se trancafiar em casa com milhares de livros e filmes, tentando se culto, tentando ser algo que ele não era? "E que jamais serei...", concluiu consigo mesmo.

Afinal, do que aquilo tudo valia?

"Kamus vale qualquer coisa." — Pensou, ainda mais chateado. E dirigiu-se mais uma vez para uma noite 'intelectualóide' na casa de Aquário, que ele sabia que não levaria a nada.

Infelizmente sua vida amorosa tendia a continuar vazia.

Continua...