Disclaimer: Saint Seiya / Cavaleiros do Zodíaco pertence a Masami Kurumada. Infelizmente. E Mozão, Mozinho, Dido e Carlo são apelidos / nomes criados pela Pipe. Andréas é um pobre coadjuvante que eu criei, com a ajuda da Calíope Amphora, apenas para fazer jus ao nome da fic.
Resumo: E a ciumera continua. O que aconteceu com Miro e Kamus depois daquela festa? Será que o gelado aquariano se rendeu ao quente escorpião? Final da trilogia! Romance yaoi / lemon.
N/A: Agradeço enormemente as reviews do capítulo anterior, que me ajudaram e muito na construção deste aqui. Obviamente a minha ladainha de que nada aqui me agradou segue, mas essa fic é um karma, não vai nunca me deixar feliz. Era pra esse capítulo e o próximo serem um só, mas o negócio estava ficando monstruoso e cansativo. Acabei dividindo, e assim posso até trabalhar melhor o restante. Porém, nem vou começar com o papo de que o outro não demora pra sair... rs Mas pensem pelo lado positivo! O próximo já está com a metade ok! E é nele que 'acontece' alguma coisa! rs
Beijos pra Celly, Thaissi, Wanda, Chibiusa, Carola, Sini, Faye, Litha, Tsuki e Kitsune, e especiais para a Calíope, que me ajudou imensamente na criação do Andréas, e em todas as referências a Grécia, além da betagem miraculosa. Afinal, pra que ia me ver de novo em meio às pesquisas, se minha amiga é um glossário na questão 'Grécia'?
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Capítulo 05 – De Volta à Ativa.Saga conversara com Miro inúmeras vezes. Shura o infernizava, junto de Máscara. Todos os seus amigos tentavam fazer com que ele visse como estava sendo imaturo e imprudente ao abdicar de seus ideais e de sua personalidade apenas para cortejar Kamus. Mas foi Shaka quem realmente abriu seus olhos, por mais irônico que isso pareça.
O loiro evitava falar com ele, pois nunca tinha engolido o lance de que Miro dançara com Mu por pedido do Afrodite¹. Fazer o quê, se o virginiano era possessivo quando o assunto era Mu de Áries?
Enfim, Miro e ele encontraram-se aparentemente por acaso, durante um treinamento. O grego sentara-se um pouco nas arquibancadas, com a finalidade de tomar um pouco de água. Shaka apareceu do nada e sentou-se ao seu lado, franzindo o nariz para o outro, que jogava água na cabeça a fim de se refrescar.
– O que foi, tentativa de Buda?
Shaka suspirou.
– Eu realmente não deveria ter vindo falar com você, Escorpião. Mas, como sei que se eu for embora irei me remoer novamente, vou dizer rápido a que vim, e me livro de você com a mesma velocidade.
– Como é que é, Shaka?
O loiro ignorou a indagação do grego.
– Miro, você é tão burro que me deixa indignado. Se acha que o Kamus irá te amar por você estar fingindo seralgo que não é, engana-se. Mesmo que ele ceda e vocês comecem um relacionamento, não há de dar certo. Se você o conquistar com essa atitude, logo vai relaxar e tentar ser o Miro de antes. Kamus irá se sentir enganado, pois o homem com o qual ele vem se relacionando nos últimos meses em nada lembra o antigo Escorpião. Vocês então brigariam e só sobraria mágoa.
Miro abriu a boca, com a obvia intenção de discutir, mas o indiano abriu os olhos, calando-o apenas com o susto, e prosseguiu.
– Seus olhos estão apagados nos últimos meses. Você sempre irradiou vida, alegria, espontaneidade, mas agora seus movimentos são pensados, mecânicos. Seus verdadeiros interesses foram negligenciados, sua personalidade, esmagada, e sua alegria sumiu. Acorde, grego, e entenda que jamais devemos nos apagar perante o ser amado. Se Kamus o merece, irá aceitá-lo como você é. Sem mais, nem menos.
Shaka levantou-se, com o mesmo ar arrogante de quando se sentara, e não deu oportunidade alguma para que Miro retrucasse.
E ele não tinha mesmo sequer ânimo para falar qualquer coisa. A rispidez do loiro colocara-o para refletir com uma eficiência inacreditável.
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Miro espirrou atrás das duas orelhas o perfume. Ferrari Black, amava aquela flagrância. O arma cítrico amadeirado envolveu todo o ambiente, mostrando que o poderoso escorpião estava realmente de volta. Olhou-se mais uma vez no espelho enquanto ajeitava os cachos. Sim, estava lindo. Ou melhor, ele era lindo. Sorriu um pouquinho amargurado, ainda meio indeciso.
Iria sair com Máscara, Shura, Saga, Mu e Aioria. Não teve jeito; quando viu, o teimoso do ariano já havia argumentado de todas as formas possíveis, e ele estava concordando. Afinal, sair pra dançar com Mu e Aioria era raríssimo, digno mesmo de comemoração. Fora que ele não 'balançava' há tanto tempo...
Afrodite não ia apenas porque não houve Cristo nem Buda que conseguisse convencer Shaka, e Mu estava morrendo de vontade de ir. Assim, Di ficaria no Santuário fazendo companhia para o virginiano. O que não significava que Mu estaria livre de agüentar um bico do tamanho do Ganges no dia seguinte.
Miro respirou fundo, para tomar coragem, e não hesitar ou voltar atrás. Já havia avisado Kamus que não poderia ir até o templo dele naquele fim de tarde. E, realmente, passara a última hora tomando banho e escolhendo sua roupa. Mas iria aproveitar que estava bem arrumado e cheiroso para tentar mais uma vez seduzir o francês.
Subiu as escadarias respirando pesado, se amaldiçoando a cada degrau por sua inabilidade em ser ele mesmo quando o assunto era Kamus. Há quanto tempo estava nessa vidinha meia boca? Seis, sete, oito meses? Por aí... Não saía para beber, havia parado de fumar, não beijava uma boca há eras... E sexo então? Rodou os olhos, indignado com o pensamento de que ia ter que reaprender tudo.
Shaka tinha razão, não tinha? Do que valia deixar a vida passar por ele, depois de tantas provações? Não que Kamus não valesse tudo aquilo. Valia muito mais. Mas... até quando ele agüentaria isso? E Miro ainda não havia avançado em nada no campo amoroso... Ah, eram tantas as malditas questões antagônicas que não o levavam a lugar nenhum. Apenas o deixavam ainda mais confuso, e essa história de indecisão não era com ele.
Tinha tomado uma decisão. Simples assim. Iria sair com os outros. Não que pretendesse encher a cara e sair beijando qualquer boca que se oferecesse, como faria há apenas um ano. Mas iria se divertir, sem dúvida; chega de se lamentar e de esperanças infundadas. Continuaria a tentar conquistar Kamus, mas sem extremos. Sem deixar de fazer aquilo que lhe dava prazer. E se o francês não caísse na dele, paciência. Amargar solidão não era mesmo a cara de Miro de Escorpião.
Mesmo que Kamus fosse seu único amor. E continuasse o sendo eternamente.
O grego alcançou então a casa de Aquário, decidido a retomar o controle de sua vida. Apreciava por demais a companhia de Kamus, mas, livros de autores russos, nunca mais.
– Kamus! – Chamou-o, enquanto entrava no templo.
– Bonne nuit, Miro. Pensei que não viria aqui hoje. – Kamus cumprimentou-o, colocando o livro que estava lendo em seu colo. Porém, não se levantou da poltrona, nem descruzou as pernas.
– Na verdade eu estou mesmo saindo, Kamus. Vim aqui te chamar para ir comigo.
Kamus não passou batido o comigo. Não fora um conosco. Refletiu por alguns instantes, notando que uma parte da sua mente estava tentada a acompanhá-lo. Estava absurdamente acostumado com a presença de Miro na maior parte de suas noites. Mas logo se lembrou de como detestava locais lotados, e de como sempre achava desagradável sair com os outros que acompanhariam o grego. E, afinal, uma noite sozinho obviamente não faria mal nenhum.
– Agradeço o convite, Miro, mas prefiro ficar aqui.
Se Miro ficou surpreso? Claro que não. Apenas um pouco... decepcionado. Mas conseguiu o que queria. Kamus jamais o acompanharia, aceitaria suas vontades, entenderia seus desejos. Acabava ali. Definitivamente, o 'plano' acabava ali.
"Bom, queridos, Miro de Escorpião está de volta!" – Pensou, enquanto jogava seus cabelos para trás, num tique, e abria o sorriso sedutor que há muito tempo não bailava em seu rosto.
– Tudo bem, Kamus. Bom, fui-me, pois os caras estão me esperando. E saiba que você irá perder 'a' balada.
O francês sorriu enviesado, pensando consigo mesmo em como não iria perder nada, apesar de culpar-se por não ter notado em todos aqueles meses como Miro podia ter um sorriso tão encantador.
Talvez, se o francês soubesse o que a sua negativa iria desencadear, teria pensado duas vezes.
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Ah, a música. Ah, a noite. Miro era, sem dúvida nenhuma, uma criatura da noite, da festa, da alegria. Ler jamais daria o mesmo prazer que dançar ao som contagiante daquela música, ao lado de corpos tão empolgados quanto o dele.
Vestia um jeans escuro, justo, camisa negra, aberta nos dois botões de cima, e sapatos da mesma cor, esportes.
Assim que chegou, acomodou-se em uma mesa próxima ao bar do local com os outros, mas não conseguiu ficar ali por muito tempo. Bastou um convite de Saga para ir para a pista de dança, e ele levantou-se. Tomou uma tequila no balcão, fazendo em seguida um lembrete mental para ir devagar. Estava desacostumado, não podia encher a cara e dar trabalho para os outros.
Mas foi cair na 'balada' e seus problemas ficaram para trás. Por que tanta gente gasta fortunas em terapia? Nada melhor do que a dança para abstrair da sua mente aquilo que estava fazendo mal.
Voltou à Terra quando o insinuante Saga colou-se em suas costas e rodeou sua cintura com o braço direito. Péra, péra, péra. O geminiano fazia-se de bobo nessas horas, mas de bobo não tinha nada, e Miro sabia muito bem disso. Virou o corpo, desvencilhando-se do carinho, sorrindo cínico.
– Saga, nem pense nisso. Kamus não está aqui. Creia, eu não vou ficar sem graça.
– Oras, se então você não vai ficar sem graça, por que eu não posso tentar nada?
– Mas você pode! Quem sou eu para te negar a tentativa? – Saga então se aproximou de Miro, com a óbvia intenção de agarrá-lo. Mas o escorpiano colocou a mão no peito do cavaleiro de Gêmeos, o empurrando. – Porém, quem te disse que basta tentar para conseguir algo? – E riu. – Somente no seu mais doce sonho que você conseguiria alguma coisa de mim com uma investida tão boba como essa.
O geminiano ficou emburrado e se afastou de Miro, que voltou a dançar. Mas logo o riso irônico do escorpião desfez sua cara feia.
Ficaram estupefatos quando Mu uniu-se a eles, munido de uma desenvoltura originada nos três 'Alexanders' bebidos pelo tibetano. Máscara, Aioria e Shura continuaram na mesa, em meio a vinho e cerveja, já que não gostavam mesmo de dançar.
Miro sentia-se em seu habitat natural. A música o deixava livre; desligou-se de tudo e todos à sua volta, imerso em seu prazer. Não se sentia tão bem há meses, e nada arrancaria dele aquela sensação maravilhosa.
Por estar tão concentrado, não notou quando um Mu cansado voltou à mesa. Nem deu muita atenção quando Saga tocou seu braço, e murmurou que estava indo beber alguma coisa. Continuou a dançar sozinho, sabendo que atraía olhares sobre si, mas sem se importar com isso.
Não ligou quanto tocaram sua mão. Dançava de olhos fechados; achou que era Saga, que voltara com o tal whisky. Quando seguraram-na insistentemente, com a óbvia intenção de chamar sua atenção, ele já transmitiu à sua língua uma piadinha sarcástica destinada à insistente tentativa de Saga em seduzi-lo.
Mas a piada morreu nos seus lábios quando abriu os olhos e encarou o ruivo que carinhosamente segurava sua mão.
Alekos. Ou seria o Alexandros? Talvez Petros... Um ex. Sim, Miro sabia que era um ex. Mas qual ex? Xingou-se mentalmente por ser tão estúpido. Aquele homem era lindo de morrer! Como podia ter esquecido o nome dele?
– Olá Miro! Sou o Andréas, se lembra de mim?
"O Andréas, claro!"
– Lógico que eu lembro! Como te esquecer?
Sim, Miro se lembrou. Andréas foi um enrosco que dera trabalho no ano anterior. Apaixonado, dedicado, carinhoso. Além de culto, razoavelmente bem de vida, e lindo. Um furacão na cama. E o Escorpião sequer se lembrava se realmente tivera um motivo palpável para dar um fora nele. Provavelmente tinha se cansado. Sempre se cansava.
– Que bom. Achei que não lembraria!
– Impossível esquecer seus olhos verdes... – Segurou uma mecha dos cabelos vermelhos escuros, que estavam acima do ombro. – Seu cabelo está lindo, sempre achei que deveria mesmo deixar ele crescer. Nossa, há quanto tempo a gente não se vê! – Concluiu.
– Você desapareceu! – Riu, vaidoso com o elogio. – Chegou-se a comentar que o furacão Miro sumiu das pistas de danças da Grécia.
– Bom... Eu andei ocupado. – Desconversou, levemente sem graça.
– Mas que bom que voltou.
– É... Concordo com você.
Um breve silêncio incômodo pairou. Miro não sabia como agir, e o outro aparentemente estava numa briga interna. Até que tomou coragem.
– Miro, posso lhe pagar uma bebida?
Miro olhou então para a mesa dos caras. Viu um discreto Mu lhe dar um olhar de incentivo, e um Saga cara-de-pau, um de censura.
– Andréas, não sei... Eu estou com meus amigos, não tenho como voltar para casa sozinho.
– Não há problemas. Eu te levo.
O escorpiano pensou um pouco... Bom, não poderia deixar ele levá-lo até o Santuário, mas até aí ele podia dar uma carona até algum lugar próximo. Porém, refletiu melhor, e achou que deveria ir com calma. Era um novo Miro, e o novo Miro seria mais difícil.
– Aceito a bebida – Respondeu, alegre. –, mas vou embora com os meus amigos.
– Você é quem sabe. – Andréas acrescentou, simpático, e abriu caminho para que Miro e ele se dirigissem ao bar.
Encostaram-se no balcão, e o ruivo não hesitou ao pedir duas doses de Black Label. O escorpiano sentiu-se lisonjeado ao notar que o outro ainda se lembrava do que ele gostava de beber. Acomodaram-se em banquetas altas num dos cantos do balcão, razoavelmente afastados tanto das mesas como da pista, e logo Miro engatou uma conversa.
– O que tem feito, Andréas?
– Ah, Miro, o de sempre. E você?
O escorpiano forçou-se a lembrar o que seria o tal 'de sempre', mas não conseguiu. Sabia que o ruivo trabalhava, e ganhava muito bem. Senão se enganava, tinha um negócio próprio. Mas o quê? E outra... ele sempre inventara histórias ao seu respeito, pois não podia gritar a altos brados que era defensor da deusa Athena, e que dominava o sétimo sentido, certo? Só que ele não conseguia se lembrar de qual versão usara para o Andréas.
Xingou-se mentalmente. Como ele podia ter achado graça do fato de criar 'personagens' para interagir com os outros?
– Também continuo na mesma. – Respondeu, tentando caminhar em terreno neutro.
– Sério? Achei que a essa altura você já teria arranjado outro emprego, afinal, vivia reclamando!
"Ótimo, reclamava do quê?" – Pensou Miro, e engatou:
– É, mas eu acabei ficando por lá mesmo.
– E as viagens?
– Que viagens? – Questionou, automático.
– Oras, Mi, as suas viagens!
"Grande! Viagens agora... Tô lascado."
O escorpião deu um gole no whisky, tentando tomar tempo. Mas nem clamando pela ajuda de todos os deuses conseguiu lembrar-se do que o outro estava falando.
– Ah, também continuo viajando.
– Continua? Miro, realmente, não há como te entender! – Andréas deu uma risada alta, gostosa, e o grego o acompanhou. Afinal, aquilo deveria ter alguma graça. Tinha que dar um jeito de arrancar do ruivo pelo menos qual era a sua suposta profissão, ou o papo ia ficar rodando vazio desse jeito, até a hora em que ele desse uma gafe de verdade.
– Você está muito mais sério. Eu te disse que essa sua decepção com a carreira de jornalista ainda o deprimiria. – Andréas soltou, e Miro ficou sem saber se ele notou sua patética tentativa de interação e procurou ajudá-lo sem constrangê-lo, ou se realmente aquilo saiu espontâneo.
– Andréas, eu, me deprimir? – Miro tentou novamente fugir do assunto, irônico.
– É verdade... Acho que no pouco tempo em que ficamos juntos jamais o vi desanimado.
– Pois esse sou eu! – Bradou, sorrindo.
– Como se eu não te conhecesse! Não vou esquecer nunca o que você já aprontou por causa de toda a sua empolgação!
– O que eu aprontei? – Pronto. Agora ia começar a sessão 'gafes do Miro'. Sempre que seus amigos se reuniam gastavam até horas falando dos foras que ele sempre dava.
– Ah, Miro, vai dizer que não se lembra da sua tentativa de strip naquela festa chique, no Kolonaki²? Você subiu em cima da mesa e não ficou nem um pouco encabulado quando todos pararam pra olhar o tal 'deus grego' se despir!
O grego ficou boquiaberto.
– Como assim? – "Strip?" Só esperava não ter tirado a roupa toda...
– Ah, aposto que você estava bêbado demais pra se lembrar! Você só aprontava! E quando pegaram nós dois no banheiro do shopping?
Miro ficou vermelho. Dessa ele se lembrava muito bem...
— Andréas, não acredito que você se lembra disso... — Retrucou, escondendo seu rosto entre as mãos, mas rindo.
— E como esquecer? Acho que se não fosse a sua lábia nós dois seriamos presos por atentado ao pudor! E era sempre você que me convencia a fazer essas loucuras...
— Verdade...
Continuaram um bom tempo falando sobre cenas divertidas, muitas das quais Miro não se lembrava até que Andréas comentasse.
As horas passaram sem que o cavaleiro de Escorpião percebesse. Andréas era muito parecido consigo mesmo, apesar de não ter tido a fase irresponsável pela qual Miro atravessara. O papo fluiu sem a necessidade de escolherem temas, afinal, a vida pessoal do cavaleiro não estava mais em pauta. Um completava a frase do outro, numa sintonia incrível; os risos espontâneos eram ouvidos até pelos cavaleiros que estavam à mesa.
Ainda dançaram mais um pouco, tanto juntos como separados, fazendo com que olhares de cobiça caíssem sobre eles. O clima perfeito para um beijo apareceu várias vezes: tanto durante uma música mais lenta, uma dança mais sexy, ou enquanto estavam conversando, relembrando o 'relacionamento' que eles tiveram. Mas o espevitado Miro fazia de conta que não era com ele, deixando Andréas ainda mais desejoso de um beijo dos lábios carnudos.
O local começou a esvaziar, e um desajeitado Mu foi até a pista falar com Miro.
– Miro, já são cinco horas. Você vai embora conosco?
Miro parou de dançar para dar atenção ao tibetano. Retirou os fios de cabelo que grudavam na testa suada, e, sempre sorrindo, respondeu.
– Vou sim, Mu.
– Tem certeza?
– Tenho! – Retrucou rápido, sem dar oportunidade para um comentário do Andréas.
– Bom, nós já pagamos as nossas comandas, vamos saindo. Esperamos você lá no estacionamento, ok?
– Tudo bem, eu não demoro.
Miro não precisou falar nada ao outro. Os dois caminharam mudos até o caixa. A única discussão leve foi que o ruivo queria pagar a conta do cavaleiro de Escorpião, mas ele não deixou, apesar de ficar lisonjeado.
Saíram do lugar distraidamente de mãos dadas, e em poucos minutos alcançaram o estacionamento.
– Meu carro está parado lá perto da balada. – Disse Andréas, encostando Miro delicadamente no muro do estacionamento.
– Oras, e por que não ficou por lá? – Sorriu, notando a aproximação, pensando se deixava ela acontecer ou não.
– Porque queria te acompanhar até aqui! Algum problema nisso? – O ruivo aproximou ainda mais seu rosto do de Miro, sem quebrar o contato visual. Ambos perderam-se por alguns segundos encarando-se, até que Miro desceu o olhar para os lábios finos do ruivo. Andréas notou, e decidiu-se por não permitir que aquela noite terminasse sem o beijo de boa noite. Chegou ainda mais perto de Miro.
– Não, nenhum... – O escorpiano murmurou, sem conseguir – nem querer – fugir do beijo.
Houve o leve tocar dos lábios, mas logo o beijo tornou-se profundo, desejoso. Discretamente o escorpiano riu entre o ósculo, deliciado com a sensação que há muito não provava. Seu corpo rapidamente rendeu-se ao instinto, ainda mais quando Andréas prensou-o na parede, mostrando que ele também estava excitado com o beijo.
Miro pousou a mão direita no peito do ruivo, interrompendo-o, mas com um ar de ironia nos lábios.
– Eu... preciso mesmo ir embora. – Disse, um pouco sem graça, sorrindo adoravelmente aos olhos do ruivo, que hesitou por um momento. Mas em seguida acompanhou o sorriso dele, apesar do seu não ser tão iluminado quanto o de Miro.
– E eu posso te ligar?
– Ligar? Ahn... Sim, pode. Você tem meu número?
– Sim, tenho. – Assumiu, encabulado por ter guardado o telefone de Miro mesmo após o fora. – Amanhã, tudo bem?
– Tudo...
Beijaram-se mais uma vez, dessa interrompidos pela insistente buzina de Saga, que dirigia o Porsche Cayenne da Fundação. Shura saiu com pressa do estacionamento, em sua moto, deixando os outros para trás.
Miro entrou no carro, ao som de assovios e comentários maldosos, enquanto o ruivo dava um tchauzinho discreto e voltava pelo caminho por onde eles vieram.
– Marcou ponto, hein, Miro! Prova de que no fundo você ainda é o mesmo!
– Nem comece, Aioria. Ele é um ex... – Miro tentou cortar o assunto.
– Boa chance pra um recomeço, não acha? – Incentivou Mu.
– Nem tente dar uma de cupido. Esse é o serviço do Afrodite! – Retrucou mais uma vez Miro, mostrando bom humor, mas sem querer levar esse assunto adiante. Começou a achar que errara em deixar os outros verem ele beijar Andréas.
– E você Saga, tá mudo por que?
– Ah, não é óbvio, Leão burro? – Máscara cutucou. – Tá mordido porque o ruivinho tomou o Miro dele...
– Cale-se, Máscara, ou desça do carro! – Saga disse, ríspido.
– Ih, o encalhado ficou nervoso! – O leonino observou.
Foi nesse clima de tiração de sarro que a volta para o Santuário ocorreu. Miro era o mais calado, sentado no bando de trás, com a cabeça colada no vidro do carro, olhando as casas passando. Tocou os lábios com os dedos, e esboçou um sorriso, mas logo se entristeceu, pensando que era outro o beijo que ele queria provar.
Continua...
1 – Referência ao final da fic Ciúmes II.
2 – Kolonaki é um bairro chique da Grécia; residencial, é onde se encontram as embaixadas, as lojas elegantes, as grifes famosas, com largas avenidas, ruas arborizadas, bons restaurantes e prédios modernos.
Por que o Miro dança de olhos fechados? Porque a Lili dança de olhos fechados, oras! E, atendendo ao pedido feito pela Calíope, aceito quaisquer tentativas de réplicas dos amantes de literatura russa e não admiradores de pistas lotadas e barulhentas! Hauhauhauhauahuahua
