Santa Madalena – II
Capítulo Três
Especial Thanks: Kiki, minha miguxa do colaxaum que ajudou Dona Soledad e a mim com o cardápio, rs... Beijokaxxx prucê!
Sorry Guys... : Ao invés do convencional "Thanks" que estaria aqui, eu preferi colocar um "Sorry" porque esse verdadeiramente vocês merecem.Me desculpem, mas me desculpem mesmo por ter cancelado a Fic temporariamente.Eu estive viajando, e até tentei publicar novos capítulos, mas tive vários impecílios, então só agora eu estou podendo publicá-la.
NOTA IMPORTANTE: Como eu já havia dito, chamei algumas pessoas para participarem desta Fanfiction.Somente os nomes vão ser usados em personagens, evitando assim qualquer tipo de calúnia, ofensa, dados pessoais e outras séries de trivialidades que não convém dizer aqui.Os personagens já foram criados, sendo assim apenas os nomes participantes, com finalidade de proteger a integridade, a intimidade e dar privacidade aos demais.
Qualquer fator coincidente pode ser retirado, se assim desejar o(a) o indivíduo(a), apenas tendo que informar a autora sobre o assunto devido.
Grata pela compreensão, Lady F.
Boa leitura! ;-)
Acordaram cedo no dia seguinte, mal podiam esperar para darem uma volta pela cidade simpática, com destino final a John's Tequila.
José foi antes de todos até lá, queria checar se tudo estava em ordem para recebe-los.Teria tempo para isso até o almoço.
Marguerite e John estavam entusiasmados com a idéia. Eles queriam chegar lá o mais depressa possível, mas antes tinham que aproveitar Santa Madalena, revivendo muitos lugares e emoções, com antigos amigos.
E, claro, apresentar a cidade para a pequena Maribel.
Soledad acompanhou os quatro meninos de Vera e José até a lanchonete.Ele estaria sem Vera, com certeza precisaria de ajuda, por mais que negasse.
A cada rua, a cada esquina, um reencontro emocionante. A cada abraço, sentiam a falta que aquela gente os fez.
Algumas lojas novas, uma outra lanchonete perto da de John, com um café de quinta categoria, e uma nova delegacia eram as únicas novidades por lá.Sem contar os primogênitos que pareciam surgir de todas as casas, muitos deles.
"Controle de natalidade, aqui ninguém sabe o que significa, não é mesmo Vera?". Marguerite pensou e sorriu, olhando a amiga, com as três meninas agarradas a ela.
"Então filha, está gostando?". John perguntou a menina, que distraída atravessava a última ponte, onde já avistavam ao longe a lanchonete.
A menina apenas meneou a cabeça, logo Pilar a puxou para o lado para dizer alguma coisa, e as duas riram. Vera sorriu, ao ver que suas filhas e filhos estavam gostando dos tios e da prima.
"Lá está ela John.." Marguerite se aproximou dele sem tirar os olhos da lanchonete no outro lado da rua. "..Preparado?" O encarou, vendo seu sorriso crescer.
John hesitou até que encostou as mãos na porta da entrada, fechando os olhos e respirando fundo. Entrou, e ficou surpreso com o que viu.
O trabalho havia ficado excelente, e o lugar estava muito aconchegante.Os tons pastéis, as cortinas alaranjadas, e a pintura azul celeste nas paredes predominavam o ambiente, decorado com algumas bandeirolas e uma bandeira enorme do México atrás do balcão, logo de frente para a entrada.E lá estava ela, polida perfeitamente, e a todo vapor, a cafeteira de expressos.
Olhou a sua volta mais uma vez, e viu o aparelho de som, o velho aparelho de som, que agora provavelmente mais velho ainda, servindo apenas de enfeite.
Seu olhar foi atraído até cruzar-se com o de Marguerite, olhando-o serenamente, encostada ao balcão de braços cruzados. Presumiu que ela devia estar pensando a mesma coisa que ele. Ela sorriu e, mesmo depois de viverem a alguns anos juntos, ainda ficava arrepiada, ao relembrar o vendaval de sensualidade, que foi fatal, ali naquele exato lugar alguns anos atrás. John sorriu de volta.
Aquilo tudo mexeu com ele. Muito.
Um filme de tudo o que havia passado ali, desde sua infância até Marguerite aparecer como uma louca, subindo no balcão, passou em sua mente numa fração de segundos.Fora emocionante, seus olhos encheram-se d'água. Marguerite o abraçou.
John foi tirado do transe das cores pela saudação sonora de José. "O que achou amigo?".
"Ficou muito bom José, meus parabéns! E obrigado por mantê-la". José ficou com o sorriso de orelha a orelha.
"Meu Deus, está maravilhosa!" Marguerite exclamou encantada. "Primo, você leva jeito pra decoração".
"Ê, sai pra lá, não começa não.." Disse ele meio encabulado, enquanto Vera chegava perto do casal.
"Fui eu quem escolheu as cortinas, gostaram?". Ficaram algum tempo ali conversando sobre a lanchonete, que estava fechada naquele dia.
O olhar de John dirigiu-se para de trás do balcão.Sentiu a presença de José ao lado.
"Eu sei que você está muito mais curioso por saber o que tem atrás daquela porta..". O homem disse calmamente em um tom baixo. "O único jeito de matar essa curiosidade, é indo lá..". E se afastou.
A porta, que dava para o antigo trailer, antiga casa de John, onde a maioria de suas lembranças estavam guardadas.
O som das crianças brincando ao redor das mesas, a voz de Vera e Marguerite conversando, e até as piadinhas de José, mais pareciam zumbidos aos seus ouvidos.
O coração acelerou, e ele deu um passo, mas foi obrigado a voltar. Soledad já aparecia com uma panela enorme vindo em direção a mesa.
"O almoço está pronto!".
Olhou para a senhora, e mais uma vez para a porta. "Você também John".
"Vamos?". Marguerite tocou em seu braço.
Logo se sentaram em duas mesas que foram unidas e almoçaram deliciosos Tacos, com a melhor das Tequilas.
Logo após o almoço, as crianças foram brincar com José na rua, enquanto Vera e Soledad davam um jeito nas vasilhas sujas.
"Não, e não, façam o que têm que fazer aqui tranqüilamente deixe isso aqui conosco!" Soledad repeliu a tentativa de Marguerite e de John ajudarem. Elas sabiam que tinham mais coisas para verem ali.
Marguerite respirou profundamente. "Você primeiro". Deu passagem a ele, que logo abriu sem hesitar a pequena porta que ligava a lanchonete ao velho trailer.
O lugar estava escuro e tinha cheiro de mobília antiga.
Marguerite acendeu a luz e como John, constatou que o local estava como haviam deixado, há sete anos atrás.Algumas roupas e sapatos espalhados pelos cantos, como exatamente deixaram, assim que decidiram sair de Santa Madalena.
John percorreu o pequeno trailer, com Marguerite o seguindo, parecendo demorar-se um século em cada detalhe, sentido o aroma do ambiente, voltando ainda mais nos dias passados.
"O que acha de vendermos isto?". Os dois estavam sentados no sofá frente a frente, aproveitando o silêncio gostoso que repousava sobre o local.
"Vender? Por que?". Replicou Marguerite.
"Precisamos de dinheiro, não podemos viver as custas da madre à vida toda. Temos uma filha, e também, temos um casamento a ser realizado".
"Já somos casados John".
"Não no papel".
"Pra mim não faz tanta diferença, com papel, ou sem papel... vai ser apenas um papel.. Um papel não diz o quanto alguém ama outrem..".
"... Mas que garantirá tudo o que é meu para ser seu também, na lei, se algo me acontecer. Eu não sei, a vida nos dá muitas surpresas".
"Quer minha opinião?". Marguerite soou séria, e John meneou a cabeça.Ela prosseguiu calmamente. "Vale a pena se desfazer de algo que lhe pertenceu à vida toda, por dinheiro? As boas lembranças valem mais que qualquer tesouro meu amor... o dinheiro é preciso, mas deve haver algum outro jeito de melhorar as coisas, sem desfazer de outras".
"Marguerite, tenho muitas incertezas sobre nosso futuro, precisamos agir, na lei, e rápido... E esse trailer não me traz muitas boas lembranças, você sabe... exceto as de meu pai e minha infância".
"Tudo bem, tudo bem... mas não por impulso, você sabe que estando juntos podemos conseguir muito. Agora que voltamos tudo será mais fácil, você vai ver".
"Tenho certeza que sim". Ele sorriu. "Vamos deixar esta discussão para depois".
Marguerite repousou no sofá, pondo a cabeça levemente no colo de John.
"Ainda cansada?". Ele acariciou seus cachos.
"Um pouco...". Murmurou.
"Descanse meu bem... descanse..". John lhe deu um beijo.
Instantes depois Maribel entrou correndo no local, pulando em cima da mãe radiante, interrompendo os dois.
"Hei, calminha mocinha!". A menina riu.
"Aqui é lanchonete também, papá?". Disse a menina olhando ao redor. "Cadê o garçom?". Os dois riram.
"Não meu anjo, aqui é a antiga casa do papá".
"Hmm.." A menininha suada encostou-se ao sofá, sentada em cima de Marguerite, que a observava divertida. "..Tem cheilinho de doce de leite".
"Doce de leite??". Os dois perguntaram ao mesmo tempo, fazendo Maribel sorrir.
Logo depois, ouviram a voz de José da rua. "Ah eu desisto, sou muito burro".
"Tio Zé é ingaçado!" Maribel saltou do sofá, ou melhor, de cima da mãe e correu de volta para a brincadeira.
Um mês cheio de adaptações se passou.
John trabalhava com José na lanchonete, enquanto Marguerite ajudava Vera com as encomendas da lavagem de roupas, e pela manhã, Soledad a arrumar a casa.
As crianças se entendiam bem com Maribel, e vice e versa.A menina estava gostando do lugar.
John queria o mais rápido possível juntar algum dinheiro para o aluguel ou quem sabe, comprar uma casa, estava trabalhando duro por isto.Logo, ele e Marguerite iriam se casar oficialmente, e não mais queriam ocupar a casa que agora era de Soledad. Mas claro, ela preferiria que eles ficassem lá, perto dela.
"Essa coisa de ir morar em outro lugar é bobagem, podem ficar aqui... Por que não guardam o dinheiro para o casamento?".
"Madre, o 'casamento' será uma coisa muito simples, no cartório de Mérida, não haverá festa, apenas um almoço entre nós na casa de Vera, já conversamos sobre isto..".
"Tem certeza?!".
"Sim, por este, e por outros motivos queremos guardar o dinheiro".
Soledad decidiu não insistir mais no assunto, sabia que era difícil que ela voltasse atrás.
"José, troque os copos da mesa dois".
"Pra já, amigão".
Era segunda-feira de tarde, os dois trabalhavam sem parar na lanchonete.
"Zé, pega aquelas toalhas verdes que eu..." Num instante, John perdeu a fala, quando viu a porta da lanchonete se abrir.Primeiro ouviu o som do sino que toca quando a porta se abre, e depois olhou, para ficar branco como cera.
Uma mulher diferente das figuras locais na vestimenta entrava porta adentro.
"Olá, pode me ajudar?".
John Cortez parecia estático.
"Por favor, o senhor me entende?". Perguntou a mulher aflita. "É urgente".
Os olhos de gueixa, o rosto arredondado, os cabelos castanho-escuros, a pele cor creme e corpo magro e esbelto... Aquilo tudo era demais para ele.
A tal mulher era a "figura viva" da falecida Luzia Cortez, sua ex-esposa.Apenas aparentava mais idade.
"John? Hey, a mulher está…" José logo mudou suas desanimadas feições para a maliciosa, olhando a mulher. ".. Olá, eu posso ajudar?".
A mulher olhou confusa. "Sim, pode" Sorriu "Pensei que fossem estrangeiros...". Olhou confusa para John. "Meu carro quebrou".
"Moça, a senhorita está diante de um mecânico profissional!" José exclamou em alto e bom som.
Eles ficaram trocando olhares durante algum tempo, até que a mulher se adiantou. " Garciaz... Taiza Garciaz..." Estendeu a mão para José que imediatamente pegou-a e a beijou.
"Zé, ao seu dispor".
John estava estático, nunca vira alguém tão idêntico à Luzia, nem lembrava se algum parente da falecida era assim tão, tão igual a ela.
"John, ta fazendo feio.." José disse entre os dentes e sorriu para a mulher. "Só um minutinho senhorita".
José carregou John pelo braço até os fundos da lanchonete.
"Homem, o que te deu?!".
"Minha Santa Madalena, ela... ela é...".
"Ela é o que?! Fala logo, ta me deixando estressado, cara!!!".
"Luzia... ela é igual a Luzia!".
José botou a mão na boca de surpresa. "Bem que eu achava que conhecia ela de algum lugar... Ai!!!".
"O que foi?!" John estava nervoso.
"Será que ela é a encarnação da..." Apontou para cima e se benzeu umas noventa vezes.
"Não é hora pra brincadeira Zé! O que vamos fazer?!".
Continua...
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