Santa Madalena – II

ÚltimoCapítulo

SPECIAL THANKS:Para não cometer o erro(mais um) de esquecer alguém, agradeço a todos, sem exceções, que me ajudaram e que deram suas sinceras opiniões, e claro, aos que respeitaram e tiveram 'paciência' de esperar pelo seu tão esperado desfecho.Espero, não que agrade a todos – pois é impossível – mas mais do que me sentir com o dever cumprido, satisfaze-los, nessa trama final e pagar a dívida que tenho com vocês.

Novamente, minhas sinceras desculpas.

Lady F.

PS.: Essa provavelmente será a última FanFiction que escreverei este ano, ou quem sabe a última por si só.Senti-me mal por não ter cumprido as exigências sobre as datas exatas de publicação aqui no site, por motivos pessoais, e que para não correr o risco de falhar novamente, gostaria de encerrar as publicações.

Boa Leitura! )


"Como se sente?". John perguntou a moça estendida sobre a mesa.

"Tonta.." Fez menção de levantar-se mas não conseguiu. "Não devia ter me ajudado".

"Mas o fiz. Não sou um animal para ver alguém quase morrer na minha frente e não fazer nada".

"O senhor é bom. Não têm o direito..".

"O que aconteceu com você?".

"Problemas com meu marido, nada mais."A moça estava meio zonza mas conseguia raciocinar bem. "Há quanto tempo estou aqui?".

"Faz duas horas, mais ou menos".

A moça se assustou com o tempo em que estava ali que se levantou bruscamente, e se não fosse pelos braços fortes de John, teria caído novamente. "Eii, vá com calma aí!".

"Me chamo Jesus.. Carolita Jesus.. apenas Carol" A moça admirava tanto John que o deixou um pouco sem graça. "Obrigada por ter salvado minha vida".

John sorriu. Taiza olhava os dois com ar enfadado. "Já acabaram as apresentações? Ótimo, porque eu quero ir embora!". Disse um pouco irritada fazendo com que os dois a olhassem.

No que disse isso, a moça conseguiu se levantar e caminhando até a porta desviou dos dois.Já ia saindo, quando John pediu que esperasse.Ela voltou-se para trás a espera da continuação. "Têm que nos ajudar também!".

A moça olhou para os dois várias vezes, visivelmente angustiada e saiu batendo a porta atrás de si. "Não!" Gritou John.

"Lá se vão nossas esperanças!" Disse Taiza jogando-se ao chão furiosa.

"Lá se vai a passagem para sair desse lugar!". Disse John desanimado. "Mas espere aí! Ela irá voltar mais tarde! Ou melhor, daqui a pouco para recolher as tigelas!".

Taiza levantou-se e o encarou. "Conte-me seu plano".


"Boa noite Bel" Marguerite deu um doce beijo em sua filha, já preparada para dormir. "Está confortável?".

"Sim" a menina virou para o canto e fechou os olhos.

Marguerite ainda permaneceu alguns instantes sentada ali na beira da cama, pensando.Seu coração doía cada vez mais com essa situação.

Foi para o quarto, vestiu-se e ascendeu uma vela, colocando-a em cima da porta.E antes de fechar os olhos, teve um ultimo pensamento. "A levarei na procissão. Creio na minha santinha Madalena, ela há de fazer um milagre para a minha pequena. Amém".

Uma leve brisa soprou no quarto fazendo as cortinas se mexerem e o sono de Marguerite cair sobre ela com leveza.Os anjos estavam ali.


A moça, como era de se esperar, voltou mais tarde, e com ela trouxe dois ponches limpos.Entrou pé por pé, tudo estava escuro, eles estavam dormindo.Recolheu as vasilhas e deixou as peças sobre a mesa.Quando virou-se a fim de ir, deu de cara com Taiza, parada como uma estátua, olhando fundo em seus olhos.

"Me diga um jeito de sair daqui".

"Não posso senhora" ainda um pouco assustada, respondeu à pergunta.

"Vocês nos deve um favor!".

"Devo ao homem, não a você!".

"Atrevida!".

"Carolita.." John a chamou pelo nome, e ela olhou juntamente com Taiza para o breu perto da janela, de onde vinha a voz. "Nos ajude.. você é nossa única esperança". John apareceu.

A jovem olhou para baixo e suspirou. "Para entrar no castelo hoje não é preciso uma senha. Sai quando a luz iluminar o céu".

"Como é?" Taiza a indagou.

"Desculpem-me, mas é só o que posso fazer por vocês" A moça saiu correndo deixando Taiza mais irritada ainda. John estava pensativo.

"Ajudar nos dando uma charada! Ah se for assim eu também tenho uma para você! 'CAROLITA BOA É CAROLITA ENFORCADA!'".

"Shh silêncio!".

"Você não ouviu o que aquela idiota disse? Zombou de nós!".

"Não! Não zombou.. ela.. ela nos ajudou!Não entende?". Taiza balançou a cabeça negativamente.John prosseguiu. "É simples. Queremos sair, e não entrar. Estamos em um casebre, não um castelo é só inverter as coisas!"

"Continue".


Dia dos mortos.

Todos fazem suas homenagens a quem já se foi, e pedem luz para quando chegarem suas horas.

Nas procissões em todos os cantos do México, não foi diferente em Santa Madalena, que este ano usaria o azul.Todos preparavam suas melhores vestimentas da cor azul, para logo saírem às ruas e se encontrarem, começando a caminhada espiritual, cantando e fazendo suas orações.

Marguerite estava acabando de se vestir, quando viu Maribel entrar pela porta de seu quarto. "Já estou pronta mama".

Marguerite ficou surpresa ao saber que a menina já podia arrumar-se sem sua ajuda.Só precisava acertar-lhe a roupa ao corpo, mas mesmo assim ficou muito contente.

"Você já é uma mocinha Bel, já sabe se vestir!".

A menina sorriu quase que imperceptível, mas Marguerite conseguiu notar. "Só lhe faltam os sapatos, e pronto. Ah, e os meus também".

Soledad estava do lado de fora com Maribel à espera de Marguerite. "Já peguei as velas filha".

"Então vamos!".

No caminho para o centro, já podiam ver as outras pessoas caminhando juntas. "Madre, tive um sonho tão esquisito esta noite".

A senhora olhou para a filha curiosa. "Sonhei que havia encontrado o cordão da minha avó, que a senhora me deu e, perdi há muito tempo. O coloquei no bolso e fiquei muito feliz."

"Só?".

"Isso. O que será?".

"Devem ser os espíritos de nossos familiares querendo se comunicar com você querida!".

"Sonhei com papa".

Marguerite olhou para a filha. "Verdade? Nos conte!".Marguerite e Soledad se animaram com a quebra do silêncio da menininha.

"Sonhei que o papa veio me buscar pa viaja outa vez com ele".

As duas mulheres se olharam.

"Já sei qual espírito tentou se comunicar madre..".Zombou.

"Marguerite!" Soledad fez menção à menina e Marguerite fez o sinal da cruz, com um ar de sarcasmo.


A cidade logo ficou cheia de visitantes além dos fiéis.Havia muita gente estranha, fazendo com que Marguerite pedisse a filha que andasse junto dela e não a largasse.A menina meneou a cabeça positivamente.


"Vamos!" John chamou Taiza e os dois saíram do casebre antes do sol nascer.Estava deserto do lado de fora.Os dois deram a volta pela casa cuidadosamente atentos a qualquer barulho, pois sabiam que se fossem pegos, poderiam ser mortos.

Ao chegar na parte de trás, depararam-se com um dos guardas noturnos, sentado na cadeira, mas adormecido.

"Meu coração quase saiu pela boca!"

"O meu também. Agora temos que achar.. Carolita".

"Onde está aquela sirigaita?".

Logo depois a jovem mulher veio de encontro a eles.Eles não poderiam chegar em casa sozinhos, já que não sabiam o caminho, muito menos passar pelo deserto sem reservas, além das próprias roupas que vestiam.

"Aqui está, fiz um mapa do caminho mais curto para longe daqui". Cochichou a menina entregando um papel cuidadosamente dobrado a John.

"Muito obrigado".

"É pouco, por ter salvado minha vida".

"Vamos logo, antes que acordem". Taiza puxou John.

Os dois começaram a caminhar, quando Carolita veio correndo ao encontro de John.Jogou-se em seus braços e o beijou.Depois se soltou e voltou por onde havia entrado.

Depois de algum tempo seguindo uma estradinha, os dois analisaram bem o mapa.

"Oras..". Disse John analisando o mapa.

"O que foi? O mapa é falso?" Perguntou Taiza quase tendo um ataque.

"..Estamos voltando.. voltando direto pra Santa Madalena!". John sorriu.

Ele e Taiza comemoraram muito e recomeçaram a caminhada.


"..Santa Madalena.. santinha que nos conduz.. mostre aos seus filhinhos o caminho para a luz.."

Assim seguia pela tarde a procissão.Vera, José e seus sete filhinhos faziam uma espécie de trenzinho para não se perderam no meio da multidão.Marguerite, Soledad e Maribel andavam juntas por perto deles.

Aquilo não fazia muito sentido para Maribel.Marguerite havia lhe dito que precisava ir para que santinha continuasse a protege-la, e somente assim sabia por que estava ali.E claro, por causa da promessa de um sorvete de sua avó no fim do dia.

Olhava para todos os lados, e realmente, era muita gente junta.Nunca tinha visto tanta gente assim em Madalena.Olhava para cima, mais precisamente, porque todos eram bem mais altos que ela.E ela não via ninguém de conhecido.

Virando a esquina, um espaço abriu-se entre as pessoas de modo que podiam ver a saída da cidade.

"Nossa, já estamos aqui!". Exclamou uma mulher.

De repente a menina saiu em disparada, deixando Marguerite para trás.Marguerite viu por acaso a filha correr para longe.

"Maribel! Volte aqui!" Gritava ela multidão.Quando percebeu que a menina não respondia ao chamado, foi obrigada a sair do trajeto.

"Encontro-a no cemitério!".

"Tudo bem filha!" Gritavam para se comunicar, pois a cantoria estava a todo vapor.

Marguerite saiu pisando em pés, e empurrando muita gente, quando perdeu Maribel de vista.Finalmente, depois de algum esforço conseguiu se livrar do grande grupo.

Olhava para todas as direções, chamando por ela.A multidão aos poucos sumiu dali, e só se ouvia seu canto, bem de longe.O nome da menina ecoava agora pelas ruas desertas, e além da poeira, ela estava só.

"Onde você está menina!".

Marguerite sentou-se já exausta num bloco de concreto perto de uma casinha, onde havia sombra.Precisava pensar, botas as idéias para funcionar.Já estava achando que a menina estava louca.

Olhando para o horizonte, perdida nos pensamentos, sentiu uma grande vontade de chorar.Mas viu suas lágrimas se conterem quando percebeu que vinha alguém pela saída da cidade.O calor do asfalto distorcia a visão, mas mesmo assim levantou-se com a esperança de que seria alguém para ajuda-la.

Minutos depois apareceram não só uma, mas duas figuras.

Aquelas duas pessoas estavam se aproximando, de forma que Marguerite também caminhava em suas direções sem sentir.De repente parou bruscamente, percebendo que era sua filha.

"Maribel.." o nome saiu quase como um suspiro de alívio.Aquele estranho havia encontrado sua menina.

Marguerite foi tomada de uma emoção tão grande, que começou a sorrir, correndo em direção a eles.Mas novamente parou.

"Não pode ser, é uma miragem!". Balançou cabeça incrédula no que via.

Seus olhos custaram a crer que não era uma miragem, que era John quem estava segurando a menina.

Ficou estarrecida, não podia mover nenhuma parte de seu corpo. "Meu Deus..". Pensou.

John caminhava agora com certa se já não bastasse as lágrimas em seus olhos quando viu sua filha, também não acreditava em quem estava vendo.

Tinha grandes chances de chegar em Santa Madalena.Tudo estava indo bem com ele e Taiza, quando viram um caminho para Acapulco.Dali, John seguiu sozinho.

"Mama!" John colocou a menina no chão que correu para os braços da mãe, a abraçando-a, sorrindo.

"Viu mama! Viu mama!" Dizia eufórica, até sem fôlego "Papa voltou!".

"Sim.." Disse depois de alguns segundos olhando John chegar mais perto. "Ele voltou".

Marguerite não sabia o que estava sentindo naquele momento.Não sabia se era alegria, frustração, tristeza.Nem mesmo sabia como estava de pé até agora.John sim sabia que o que sentia naquele momento era tão forte que não era somente alegria.Sentiu-se aliviado por estar finalmente em casa, e principalmente, por ver a mulher de sua vida.Não por muito tempo, pois sabia que iria ter que sair de lá, para não ser encontrado pelos capangas. Parecia que sua vida de viagens iria recomeçar.

"Marguerite.." Sussurrou John aparentemente abatido pela longa caminhada. "Eu nem sei o que... o que dizer".

Abraçou-a emocionado, a segurando forte contra si. Marguerite estava ainda paralisada, nem conseguindo devolver o carinho no momento.

"Depois de todo o sofrimento que me fez passar, fugindo com aquela estranha...". As lágrimas começaram a rolar silenciosas.

"Fugir? Não nunca!"

"Não acredito em mais nada".

" Marguerite" Ela o encarou. "Nem a morte seria capaz de me separar da mulher que amo."

Marguerite estava tão confusa e apática que sua cabeça doía.Os dois ali, juntos depois de tanto tempo, Maribel não se cabendo de felicidade.Todos ali naquele cenário tema de toda as suas vidas. Tinham medo de estarem num sonho ou num pesadelo.

"Por que voltou?". Finalmente a pergunta conseguiu sair.

Os dois se olharam por alguns instantes que pareciam eternos.John segurou suas mãos entre eles e sorriu. "Eu conto quando chegarmos em casa".

FIM

Review!