Capítulo II

Debaixo do sol causticante do meio-dia no Egito, um rapaz de compridos cabelos vermelhos, preso em um rabo de cavalo, caminhava de forma quase que descansada em direção a uma das pirâmides com as mão nos bolsos. Gui Weasley , como era chamado por migos e familiares, seguia rumo a mais uma parte da sua jornada diária de trabalho.

Trabalhara para o Banco Gringotes como desfazedor de feitiços; atuava no Egito em busca das riquezas escondidas pelos magos faraós da antiguidade... sua experiência dizia que ele estava cada vez mais perto de um tesouro muito maior que qualquer um de seus colegas jamais havia encontrado antes. Embora ele tivesse todo o direito de por as mãos no ouro e sumir, seu senso do dever fazia com que ele cumprisse suas missões até o fim. Assim como ele já havia feito antes ao entregar ao Gringotes o tesouro do faraó Nefreti-Ite...

Pensando nisso, ele se aproximou da porta lacrada da tumba na pirâmide, olhou para os lados e para trás para ter certeza de que nenhum trouxa o veria. Sinal verde.

- Alorromora! - e a porta, antes lacrada, se abre para o bruxo, deixando-o passar.

 Quando Gui atravessa o umbral da porta, ele sente o vento às suas costas antes da tumba se fechar atrás de si. Sem se preocupar muito, ele, com a varinha em mãos murmura, Lumus! A claridade emitida da ponta de sua varinha ilumina o longo corredor à sua frente... Sabendo que, assim como em Hogwarts, não era possível a aparatação, Gui se conformara com a caminhada e com a varinha em punho para iluminar o caminho à sua frente, iniciou o trajeto já conhecido, pois já estivera examinado aquela tumba antes. No fim do corredor decorado com hieroglifos, Gui finalmente encontra seu objetivo: a ante sala da tumba. Porém, ao invés de a encontrar vazia apenas com a esfinge e com o enigma a ser desfeito, encontrou um outro bruxo parado diante da esfinge. Tampouco parecia um outro funcionário de Gringotes também.

O homem à sua frente trajava vestes cinza-chumbo e tinha os cabelos curtos e arrepiados . Tinha no olhar uma expressão marota de quem pensa em fazer alguma travessura pesada com qualquer um que cruze seu caminho; expressão essa ainda mais ressaltada pela forma como ele cofiara sua barba rala. Magro e de estatura mediana, com a outra mão segurava displicentemente sua varinha.

- Quem é você e o que faz aqui? - perguntou Gui.

- Ei, abaixe as armas companheiro... é assim que se trata os desconhecidos? Ai ai ai, "Sr. Weasley"... que coisa mais feia! - traçou o bruxo numa fingida expressão de decepção...

- Essa tumba é um lugar perigoso! É melhor que se afaste desse lugar, pois não sabe o que podes encontrar aqui...

- Por mais perigoso que possa ser (e acredite, ela não me assusta) ainda se trata de um lugar público! - cortou o bruxo, virando-se agora para Gui com uma expressão indecifrável no rosto - A menos, é claro... - agora com expressão de desprezo - que você possa me provar que o Gringotes comprou esta tumba!

- É realmente impressão minha ou você está desafiando a um desfazedor de feitiços habilitado do Banco de Gringotes? - perguntou Gui, erguendo sua varinha para o desconhecido...

- Acho incrível a arrogância com que vocês agem por aqui... Entenda como quiser, frangote, sinta-se em casa! - respondeu o desconhecido também erguendo sua varinha- Mas não espere muita clemência de minha parte... estou de mau humor hoje!

Com mais força Gui aponta a varinha para o bruxo:

- Você ainda não me disse o seu nome... Expelliarmus!

- Protego! - respondeu o desconhecido, mantendo assim sua varinha em mãos - Curioso, ruivinho? Essa história nem começou... Estupefaça!

Correndo para um canto, Gui desviou do raio vermelho que vinha em sua direção e notou que o feitiço ricocheteara na parede acertando uma estátua e despedaçando-a.

- Seu imprudente! Vai acabar demolindo a pirâmide dessa forma!

- E você acha mesmo que eu me importo? Reducto! - com um raio culminante, o pilar onde Gui se escondera teve um pedaço de bom tamanho destruído por conta do Feitiço Redutor - Sabe Weasley, eu sinceramente não estou a fim de brincar de gato e rato aqui... que tal aparecer e lutar que nem homem?

- Atonos! - bradou Gui apontando a varinha para o desconhecido liberando um raio amplo de cor roxa que o teria atingido se ele não tivesse desaparecido de repente no ar. Mas calma aí... não era possível aparatar dentro da tumba! Como ele fizera aquilo?

- É o melhor que pode fazer Weasleyzinho? Ora, vou ter que te dar uma lição do que é um duelo entre homens, não é verdade?

Gui não conseguia distinguir de onde vinha a voz do bruxo, de forma que não era seguro lançar um feitiço a esmo e se arriscar a demolir a tumba. "Mas que grande merda, pensou Gui, logo hoje tinha que me aparecer esse bastardo? Logo hoje que eu estava tão perto?"

De repente, sem aviso, um raio de cor azul passou bem rente à sua cabeça, obrigando-o a se jogar no chão e procurar fazer um Feitiço Escudo de qualquer jeito. Após mais alguns feitiços trocados pelos dois e desviando-se dos raios saídos da varinha adversária, Gui se abrigou atrás de uma saliência da tumba e começou a analisar a situação... se o duelo continuar, vamos desmoronar a tumba, pois ela não resistiria ao impacto de tantos feitiços lançados ao mesmo tempo. Se preciso pensar em algo a fazer e bem depressa; o cara é realmente bom, portanto não cairia com um feitiço simples... mas... cadê ele?

Guilherme saiu de trás da pilastra apontando varinha para o ponto onde vira o bruxo da última vez, mas não o vira. Olhou para ambos os lados e não o encontrara tampouco. Nesse momento ele ouve a voz do desconhecido que ecoa na tumba de um ponto que ele não conseguia distingüir:

- Lumus Solem!

Uma claridade intensa percorreu o interior da tumba cegando-o. De repente ele se viu sem sua varinha e quando conseguiu enxergar de novo, ele viu sua varinha embaixo da pata da esfinge, que o observara com sua habitual expressão de desafio e também duas frases marcadas a fogo numa das paredes (provavelmante escrita com o Feitiço Flagrate): "Você foi um adversário de valor... boa sorte com a esfinge pois vai precisar!"

Nesse ponto, ao olhar para a varinha atrás da esfinge e entendera... o bruxo lacrara a tumba pelo lado de fora e para abrir ele precisava da varinha, que estava agora sob a guarda da esfinge... o que estava em jogo não era mais o tesouro e sim sua vida. Se não decifrasse o enigma da esfinge morreria lá dentro, pois precisaria da varinha para abrir a porta lacrada pelo lado de fora pelo bruxo desconhecido, deixando assim para sempre o tesouro que ele tanto almejava, que poderia fazer com que ele fosse promovido.

Ele sabia que estava ferrado. Aliás, mais do que ferrado!