Título: Abadon
Ficwriter
: Kaline Bogard
Classificação
: Lemon, sobrenatural, citações bíblicas, fic homenagem a Evil
Pares
: YohjixKen, AyaxOmi
Resumo:
De um lado estão os Weiss, de outro os cavaleiros do Apocalipse. Mas entre eles está aquele que pode aniquilar a humanidade...


Abadon
Kaline Bogard

Prólogo

Cidade de Joensuu – Finlândia

Aqeel estava sentada sobre o carpete que cobria todo o chão do quarto. Segurava um grande livro de histórias infantis. Ao redor dela, estavam reunidas cinco pequenas crianças, seus irmãozinhos adotivos.

Os olhinhos brilhantes permaneciam fixos na garota, aguardando que a irmã mais velha começasse a história.

Aqeel era de estatura mediana, corpo magro, cabelos curtos prateados, sempre parecendo despenteados. Os olhos eram azuis tão claros que de longe pareciam brancos.

Tinha apenas treze anos, mas o olhar experiente mostrava que já vivenciara muita coisa, nesse pouco tempo de vida.

Aqeel realmente adorava crianças. Gostava de estar sempre cercada pelos pequenos irmãos, e cuidava deles como se fossem seus filhos. Observou-os durante um segundo, vendo se estavam todos preparados para dormir.

Os seis dividiam o mesmo quarto, sem os atritos ou os ciúmes tão rotineiros entre irmãos. Eram uma bela família.

A jovenzinha sabia que era adotada. Sabia que seus pais não eram biológicos, mas não se importava, correspondia ao amor deles de forma intensa, da melhor maneira possível.

Suspirando, Aqeel fechou os olhos, se concentrando para começar a história. Foi então que algo aconteceu... sentiu um calor intenso, obrigando-a a abrir o olhos. Ficou em pé, tendo uma sensação estranha.

Os irmãozinhos arregalaram os olhos, notando que tinha algo errado com Aqeel. Os olhos azuis antes tão gentis e generosos estavam tomados por uma súbita e inexplicável frieza.

Para aumentar o pânico dos pequeninos, o tapete ao redor de Aqeel começou a pegar fogo. As altas e quentes labaredas quase alcançavam o teto.

(Crianças) Mamãe! Papai!!

Saíram correndo do quarto, indo em busca de ajuda.

Aqeel olhou para as próprias mãos, sentindo um poder estranho e maravilhoso correndo por seu sangue. Havia sido preparada para aquilo a sua vida toda, agora o momento finalmente chegara.

Sorriu de modo maldoso, fazendo as labaredas aumentarem.

Nesse instante a porta do quarto se abriu e uma senhora entrou.

(Mãe) Aqeel! O que acont...

Observou a face da filha. Notou que havia acontecido o que tanto esperava. Sua filha despertara.

A mãe caiu de joelhos no chão fazendo uma reverência. As costas se curvaram até que a testa encostou no chão, em sinal de obediência e serventia.

(Mãe) Louvado seja meu Senhor. É o tempo de colher...

Seu marido chegou em seguida, tentando entender aquilo tudo. Arregalou os olhos sem saber se ria de alegria ou chorava de medo...

(Pai) Aqeel... Aqeel, minha filha.

Aqeel fixou os olhos azuis naquele homem, fazendo-o se arrepiar.

(Aqeel) Aqeel não existe mais. Eu sou o Alfa, sou a Primeira palavra de fúria, e o Início de todas as coisas.

Ao ouvir isso o homem também se ajoelhou.

(Aqeel) Em verdade eu vos digo, sou aquele que nasceu para criar um novo tempo, sou aquele que comandará a fome e a guerra... sou o único que pode empunhar o Livro dos Decretos Divinos...

Nesse exato momento uma limusine preta estacionou em frente a casa. Vinham buscar aquela criança.

Cidade de Tokyo – Japão

Omi acordou meio sobressaltado. Olhou para o lado, observando o amante. Aya parecia estar tendo um terrível pesadelo, debatendo-se muito sobre a cama.

(Omi) Aya... Aya, acorde!

Balançou o ruivo de um lado para o outro.

Aya suava frio, tinha as mãos fortemente cerradas, parecendo sofrer horrores. Tal visão fez com que Omi se desesperasse. Porque não conseguia acordar o amante?!

(Omi) AYA!! Por favor, acorde!!

Colocou as duas mãos sobre os ombros do espadachim e sacudiu com força. Finalmente o líder da Weiss abriu os olhos e fitou Omi.

(Omi)...

O jovem arqueiro abriu a boca e sentiu um calafrio de terror percorrendo seu corpo de alto a baixo. Apesar da penumbra do quarto, Omi pode ver que os olhos de Aya haviam mudado de cor: estavam verdes. De um tom tão claro e límpido, semelhante ao verde de um louva-deus...

(Aya) Eu... fim...

(Omi assustado) Aya...

Não parecia ser o seu amante. Aqueles olhos verdes estavam carregados de uma ameaça de morte tão profunda que quase partiu o coração de Omi. Por um segundo o arqueiro achou que Aya sairia da cama pronto para assassiná-lo.

Mas nada aconteceu. O líder da Weiss apenas fechou os olhos, caindo em um sono pesado, mas tranqüilo.

O loirinho observou o ruivo por um instante, tentando saber se aquilo fora real, ou sua imaginação pregando uma peça.

(Omi) Aya... será que voce está doente?

Decidiu ir a cozinha tomar um copo de água. Seu coração ainda estava disparado de susto...

Cidade de Trento – Itália

Tratava-se de uma pequena e simples igreja, mas era aconchegante, e recebia a todos os fiéis como o coração caloroso de uma mãe.

Atrás do salão paroquial havia um grande jardim, que era o orgulho secreto de padre Joaquim.

Era nesse jardim que Ogden passava a maior parte de seu dia. Cuidavas das dezenas de roseiras com carinho e devoção, como se fossem mais do que apenas plantas. O garoto simplesmente adorava a natureza.

Ogden era de estatura mediana. Tinha corpo esbelto. O rostinho delicado e pálido era emoldurado por longos cabelos lisos, de fios tão negros quanto as asas de um corvo, ou uma noite sem lua. Os olhos eram grandes e negros, brilhantes como a primeira estrela que surge na noite.

O jovem italiano tinha gênio muito afável, conquistando todos da pequena cidade com seu jeitinho carinhoso e amigo.

Apesar de ter apenas treze anos, Ogden entendia praticamente tudo de plantas, por esse motivo muitas pessoas vinham se 'consultar' com ele, questionando sobre que qualidade de planta cultivar nas épocas certas do ano, qual o melhor adubo usar em rosas ou violetas.

E Ogden respondia a todas as dúvidas com um sorriso no rosto. Adorava plantas.

Era órfão de pai e mãe, e fora criado pelo generoso e paciente padre Joaquim, sendo preparado para um momento de glória. Ogden sabia que sua vida tinha um propósito, ainda não sabia qual era esse propósito, mas esperava com paciência que o momento do despertar chegasse.

Naquele fim de tarde, o garoto estava como sempre entre as flores de seu jardim, mais exatamente entre as belas rosas de pétalas vermelhas, macias como veludo e magníficas como uma obra de arte.

Enquanto cantarolava uma canção infantil, Ogden ia arrancando as ervas daninhas que começavam a nascer entre as roseiras.

Passou a costa da mão sobre a testa, enxugando o suor, mas acabou sujando-se com um pouco de terra.

Então de repente, o céu escureceu, como se uma terrível tempestade fosse cair sem qualquer anúncio. O jovem de cabelos negros ficou em pé, entre as flores.

Notou estarrecido que todo o jardim começava a murchar e a morrer, como se as plantinhas estivessem se contaminando por uma poderosa peste. As rosas antes tão belas e sedutoras estavam murchas e apodrecidas, caídas no chão.

Ogden entendeu que aquele era o sinal que estava esperando. O momento chegara.

Padre Joaquim abriu a porta do jardim, observando tudo com olhos incrédulos e assustados. Estendeu o olhar para Ogden, que mantinha um sorriso maléfico nos lábios. Os antes belos e piedosos olhos negros estavam dominados por um brilho de crueldade e malícia.

(Padre) Ogden... meu pobre Ogden...

(Ogden) Ogden acaba de morrer. Eu sou o Ômega, sou a Última palavra de fúria e o Fim de todas as coisas.

Após essa apresentação, o padre caiu de joelhos no chão e estendeu as mãos para o céu negro. Segurava um rosário de contas brancas.

(Padre) Senhor... não ouviu minhas preces?

(Ogden) Em verdade eu vos digo, sou aquele que nasceu para destruir o tempo antigo, sou aquele que comandará o fogo e a peste... sou o único que pode quebrar os Sete Selos...

Padre Joaquim arrebentou o rosário, fazendo as pedrinhas brancas se espalharem por todo chão.

(Padre) Meu Deus... por que nos traíste? Não estávamos preparados!!

Ogden sorriu, e estendeu o pé com intenção de pisotear e destruir a última folhinha verde que existia no que restara do jardim.

Foi nesse momento que uma limusine negra estacionou em frente a pequena igreja.

Cidade de Tokyo – Japão

Omi terminou de encher o copo com água gelada e bebeu-o de um gole só. Estava nervoso e assustado, confuso com o que acontecera no quarto de Aya a momentos atrás.

Como os olhos dele poderiam ter mudado de cor? E aquela ameaça de morte que brilhara perigosamente nas íris verdes?

(Omi) O que está havendo?

Foi então que sentiu que não estava mais sozinho. Olhou em direção a porta e deu de cara com Aya.

(Omi) Aya...

O ruivo deu um passo, saindo da penumbra. Novamente os olhos violeta haviam mudado de cor. Estavam verdes. O jovem arqueiro sentia como se não estivesse na frente de seu amante, e sim de uma pessoa completamente diferente. Deu um passou pra trás.

Aya sorriu com malícia e maldade, saboreando o medo que Omi demonstrava no olhar. Avançou dando outro passo.

(Aya) Vocês... não estão preparados...

Mais um passo. Esticou o braço quase tocando na face do amante.

(Omi) O que...

O hacker sentiu o pânico se apossar de seu corpo. Arregalou os grandes olhos azuis enquanto suas pernas começaram a tremer. Aya estava chorando. Seu querido Aya estava chorando uma lágrima de sangue.

(Aya) Pobre criança...

Sem dizer mais nada caiu desmaiado aos pés de Omi.

O chibi começou a chorar também. O pequeno corpo balançando com os soluços doloridos. O que estaria acontecendo com Aya?

(Omi) Oh, Aya!!

Caiu de joelhos no chão e encostou a cabeça nas costas do ruivo, continuando a chorar. Sua mão tocou no braço do líder da Weiss, e mais uma vez o jovenzinho se arrepiou de medo: o corpo do amante estava tão gelado quanto o de uma pessoa sem vida...

Era o anúncio de que algo ruim estava prestes a acontecer.

Continua...