Título: Abadon
Ficwriter
: Kaline Bogard
Classificação
: Lemon, sobrenatural, citações bíblicas, fic homenagem a Evil
Pares
: YohjixKen, AyaxOmi
Resumo:
De um lado estão os Weiss, de outro os cavaleiros do Apocalipse. Mas entre eles está aquele que pode aniquilar a humanidade...


Abadon
Kaline Bogard

CAPÍTULO I

Aya suspirou, enquanto terminava de fechar os botões de sua camisa branca. Estava realmente aborrecido por tudo aquilo, mas para acalmar o amante faria qualquer coisa. Inclusive aquela série de exames...

(Médico) Aqui estão as radiografias, senhor Fujimiya.

O ruivo aproximou-se do velho médico, parando ao lado de Omi. Ambos observavam os resultados do Raio X que o doutor estava pendurando contra uma luz muito brilhante.

(Médico) Veja, essas chapas foram tiradas de seu cérebro. Procuramos por uma marca, um sinal... talvez proveniente de uma cicatriz causada em uma queda.

(Aya) Não bati a cabeça.

(Omi)...

(Médico) Oh, não se trata apenas disso. Talvez uma queda na infância... ferimentos sofridos pelo cérebro podem levar anos para mostrar as conseqüências... nem sempre o mal é imediato.

(Aya) Eu não estou louco.

A declaração pegou tanto Omi quanto o médico de surpresa. No entanto o doutor disfarçou muito bem.

(Omi) Aya!! Ninguém disse que você estava. Só me preocupei.

(Médico) Estranho... pode ficar feliz, senhor Fujimiya. Ambos os hemisférios estão perfeitos. Sem marcas ou nódoas.

(Aya) E o que isso quer dizer?

(Médico) Voltamos ao ponto de partida.

(Aya)...

(Omi) Oh.

(Médico) Os sintomas descritos pelo seu amigo não parecem se encaixar em nenhuma patologia que eu conheça. Talvez sonambulismo, mas isso não explicaria o sangramento do globo ocular. Já o encaminhei para um ótimo oftalmologista. Depois minha secretária lhe passará o agendamento dos exames.

(Omi) Mas Aya nunca foi sonâmbulo antes... e como o senhor explica a mudança na cor dos olhos?

(Médico) Bem, não posso dizer com certeza. Estamos apenas no começo dos exames. Afirmo eu nunca ouvi falar em uma mudança dessas proporções... mesmo que a lágrima de sangue tenha sido auto sugestão, não creio que essa hipótese se aplique a alteração da cor dos olhos. Mas, não sou especialista nisso...

(Omi) Talvez possa nos recomendar um tratamento?

(Médico) Recomendo que esgotem todas as probabilidades referentes a fisiologia.

(Aya) Não estou doente.

(Omi) Quando os outros exames ficam prontos?

(Médico) O EEG fica hoje a tarde. Os exames de sangue amanhã. Vou prescrever Ritalim para qualquer eventualidade, mas doses fracas, é claro.

(Omi) Obrigado, doutor.

O médico ficou sério, e observou os dois Weiss parados a sua frente. No início imaginara que aquela história de 'mudança de cor dos olhos' e lágrimas de sangue era apenas pra lhe pregar uma peça, mas percebia que não se tratava de brincadeira. Talvez estivesse frente a frente com uma nova enfermidade...

(Médico) Senhor Fujimiya me parece extremamente saudável, pelo que vi até agora, e pelo resultado dos exames posso arriscar que tem uma saúde de ferro. E não creio que se descuide de si próprio.

(Omi) Nesse caso...

(Médico) Talvez devessem procurar um psiquiatra. Conheço um muito...

Mas Aya lhe deu as costas, muito irritado e começou a se afastar. Procurar psiquiatras? Essa era muito boa mesmo! Até parece que ele era um louco!

(Omi) Ei, Aya!!

(Médico) Entenda. Ele deve estar confuso. Fique de olho nele.

(Omi) Obrigado, doutor!

O médico sorriu, balançando a cabeça. Observou os dois saírem da sala, tendo uma sensação estranha. Havia algo errado com o jovem ruivo... mas não podia explicar o que...

Voltou-se para guardar as chapas tiradas do cérebro de Aya. Ia recolhendo-as distraidamente, até que estendeu a mão para pegar a última, e seus olhos captaram algo surpreendente, que com certeza não estava ali antes.

A chapa em questão mostrava uma imagem cerebral vista de cima, e bem no cantinho esquerdo havia um borrão. Uma mancha semelhante a uma pequena cruz.

(Médico surpreso) O que é isso?

Aproximou o rosto para observar melhor, mas a chapa começou a pegar fogo, e ele teve que se afastar pra não ser chamuscado.

Totalmente surpreso, ele assistiu a radiografia se consumir em chamas.

Decididamente algo estava errado.

oOo

Aya ia muito irritado, sem saber como se metera em tudo aquilo. Com certeza não se lembrava de estar tendo pesadelos, nem de falar coisas sem sentido durante a madrugada.

Muito menos se lembrava de ficar chorando sangue às três horas da manhã!

Talvez fosse seu pequeno amante que estivesse com distúrbios.

(Omi) Ei, Aya! Espera!!

Alcançou o ruivo e tocou no braço dele.

(Aya) Omi, eu não vou à um psiquiatra.

(Omi) Não lhe pediria isso, Aya. Só estou preocupado.

(Aya)...

Ambos voltaram a andar devagar. De mãos dadas, sem se incomodar se chamavam a atenção de outras pessoas.

(Omi) Foi assustador o que aconteceu ontem a noite.

(Aya) Eu não me lembro.

(Omi) Não parecia você, Aya. Parecia uma outra pessoa! E... me olhava de um jeito...

O chibi apertou os olhos com força, sentindo um calafrio.

(Aya) Omi, eu nunca lhe faria mal.

(Omi suspirando) Eu sei... mas... desculpa, fiquei com medo.

As palavras do loirinho magoaram o líder da Weiss, que soltou-lhe a mão e parou de andar. Estavam em frente a uma igreja católica. O sino começou a tocar, anunciando que era meio dia.

(Aya) Medo? Medo de mim?

(Omi)... sinto muito...

Aya não respondeu, e voltou a andar. Omi permaneceu parado, vendo seu amante se afastar. Estavam passando por um momento delicado.

(Aya) Não devia ter medo de mim, Omi.

O sino bateu a décima segunda badalada. Então uma mulher gritou horrorizada, enquanto um transeunte dava o sinal de alarme.

CUIDADO!!

As pessoas ao redor olharam pra cima. O sino da igreja havia arrebentado ao dar a última badalada, e despencava rapidamente em direção a Omi!

(Omi)...

Não conseguiu mover as pernas... os assustados olhos azuis estavam presos no sino dourado que vinha mortalmente em sua direção.

(Aya) OMMMIII!!

Voltou sobre os próprios passos, correndo desesperado. Sorte que se afastara apenas poucos metros. Parando de correr, Aya jogou o corpo sobre o chibi, fazendo com que ambos mergulhassem em direção ao chão, rolando para o lado esquerdo.

O sino se espatifou no chão, mas felizmente sem atingir a ninguém.

Os transeuntes se aproximaram dos Weiss, curiosos e surpresos, indagando se estava tudo bem com eles.

(Aya) Omi...

Observou um pequeno corte na testa do loirinho, que sangrava um pouco. Mas apesar do susto Omi estava bem.

(Omi) Aya... isso foi...

(Aya) Um acidente. Um acidente... nada mais.

O chibi escondeu a face no peito do amante e começou a chorar. O corpo todo tremia só agora saindo da tensão e entendendo as proporções do que quase lhe ocorrera: poderia ter morrido, se tivesse sido atingido pelo sino.

Aya apertou o amante com força, também digerindo o acidente. A partir desse momento a pequena chama da desconfiança se instalou em sua mente, e Aya começou a sentir que algo estava mesmo errado...

oOo

Quando chegaram na Koneko, encontraram o moreninho cercado de fãs, tentando trabalhar. Omi tratou de ir ajudá-lo, enquanto recomendava que o ruivo fosse descansar um pouco.

(Aya) Estou bem.

(Omi) Oh, Aya... por favor.

(Aya) Tsc...

Apesar do resmungo o ruivo deu as costas disposto a seguir a recomendação do amante. Tudo para tranqüilizá-lo.

O chibi observou o espadachim se afastando e suspirou. Depois voltou os olhos na direção de Ken e sorriu, tentando espantar as preocupações. Mas Ken franziu as sobrancelhas, olhando preocupado para o pequeno curativo na testa do chibi.

(Ken) O que foi isso, Omi? Onde se feriu?

(Omi)...

(Ken) Você caiu?

(Omi sorrindo) Não foi nada, Ken...

Aya havia levado o loirinho a uma farmácia, onde lhe fizeram um curativo, e o jovem pôde recuperar a calma, por isso demoraram um pouco mais para chegar.

(Ken) Como...

(Omi) Onde está Yohji?

O hacker desconversou, não querendo entrar em detalhes confusos, que nem ele mesmo compreendia. Mudou o rumo da conversa descaradamente, e Ken não insistiu.

(Ken) Ele já voltou das entregas e está preparando o almoço.

(Omi)...

(Ken sorrindo) É verdade, Omi. Ele está tentando cozinhar.

(Omi) Você quer dizer que Yohji está brigando com as panelas de novo? Ele não disse que ia desistir da última vez?

(Ken) Naquela que Yohji deixou o miojo queimar?

(Omi sorrindo) Esquece. Vamos todos ter uma indigestão hoje...

(Ken) Er... Omi...

(Omi) O que foi?

(Ken) Como o Aya está?

O chibi desviou os olhos e não respondeu. O que ele poderia dizer?

Entendendo a mensagem, Ken silenciou e tratou de se concentrar no serviço. Omi só apresentava aquela expressão quando a coisa era muito grave.

(Omi) Temos que esperar os resultados dos exames, mas o médico tem quase certeza que Aya não sofre nada... fisicamente...

(Ken confuso) Fisicamente? Como assim?

(Omi) Não sei, Ken...

Como Omi poderia confessar que o médico recomendara que procurassem um psiquiatra? Podia não ser nada, mas poderia ser tudo... o coração do jovem hacker se apertou de tristeza. Ele não queria passar por aquela provação, mas tinha que ser realista: talvez Aya estivesse doente... muito doente...

(Omi pensando) Céus... por favor, que nada aconteça a ele... por favor...

De um jeito ou de outro ele pediria ao médico o nome de um bom psiquiatra...

Cidade de Padova – Itália

A limusine preta estacionou silenciosamente a frente da grande catedral. Dela desceu um homem muito alto, de feições distintas e porte elegante. Tinha cabelos curtos e loiros, levemente encaracolados. Os olhos estreitos eram cinzas, espertos, mostrando-se sempre alertas. Seu nome era Amã, e apesar da juventude, era o atual líder dos Nicolaítas. Sua fé e devoção eram lendas entre os seguidores da seita.

Amã desceu do carro e observou a bela construção erguida como templo de Deus. Torceu os lábios em sinal de desagrado.

(Amã) Tentam esconder os próprios pecados com a ostentação e a soberba, mas eu vejo como vocês realmente são: podres.

Observou uma segunda limusine que se aproximava. Amã abriu a porta do próprio automóvel e permitiu que um garoto saísse.

(Amã) Bem vindo à Padova, Ômega.

(Ômega) Eu já conhecia.

(Amã) Criado por padres, nem poderia ser diferente. Sabe quem vem naquela outra limusine?

O jovem italiano abriu um sorriso cheio de escárnio, enquanto fitava Amã com os grandes olhos negros.

(Ômega) Claro. É Alfa, minha irmã gêmea.

(Amã sorrindo) Muito bem. Está na hora, não é?

(Ômega) Sim.

Voltou os olhos para a garota loira que descia do carro. Ficou fascinado pelos cabelos prateados, achando engraçada a maneira como os fios macios pareciam despenteados. Adorou os olhos azuis como águas límpidas cujas íris revelavam uma sabedoria milenar recebida como a herança da suprema missão... soube no mesmo instante que era a metade que lhe completava.

Por sua vez, Alfa também observava o gêmeo. Notou que tinham a mesma estatura e praticamente o mesmo peso. Analisou os cabelos negros de fios extremamente lisos. Ômega era lindo! Mas foi ao encarar os grandes olhos escuros que Alfa se rendeu. As íris refletiam tanta inocência e ao mesmo tempo tanta malícia, que a jovem finlandesa soube que estaria presa pra sempre ao lado dele.

Amã acompanhava cada atitude com interesse e curiosidade. Aquelas crianças eram a chave para o que tanto desejava: fosse chamado de Apocalipse, Juízo Final ou Jyhad... ou simplesmente fim do mundo.

(Amã) Alfa e Ômega venham comigo.

Os gêmeos pararam de se observar e fixaram o olhar na catedral.

(Alfa) Eu posso sentir. Está aqui, não é?

(Amã) Por séculos e séculos a Igreja tentou esconder aqui, a chave que abrirá as portas para o futuro...

Os três avançaram.

Não havia ninguém na catedral orando, apenas um sacerdote que varria o longo corredor.

Amã observou o interior do templo. Nunca entrara ali, mas sabia que todas as igrejas eram iguais: enfeitadas de santos, repletas de luxo e badulaques. Tanta parafernália impedia o que era realmente importante de entrar: a fé...

O homem voltou os olhos para os recém chegados, e ia desejar as boas vindas quando os analisou bem.

(Sacerdote sério) O que vocês querem aqui?

(Amã) Deixe-me nos apresentar, padre. Sou Amã, o guia dessas crianças. Esses são os filhos da fé. Aqueles que receberam a mais bela e a mais terrível de todas as missões: trazer a Justiça aos homens.

O sacerdote começou a suar frio. Passou uma das mãos pela batina escura, enquanto com a outra segurava o cabo da vassoura. Conhecia aquelas pessoas muito bem, mesmo que nunca as tivesse visto pessoalmente. Havia descrições demais delas na bíblia, para que não soubesse. E agora estava frente a frente com as terríveis crianças, portadoras da mensagem...

(Sacerdote) Nunca imaginei que viriam tão cedo, Alfa e Ômega...

(Ômega) Ninguém está preparado.

(Alfa) Mas esse é o tempo.

(Sacerdote) Se é realmente a vontade do Senhor...

E sem terminar de completar a frase, o homem saiu correndo, largando a vassoura e indo em direção a sacristia.

(Amã) Foi dar o alarme...

(Alfa) Não importa. Aquilo que está no cofre é nosso por direito.

(Ômega) Só viemos buscar a nossa herança.

Os três começaram a caminhar atrás do padre. Entraram na sacristia, e perceberam uma porta entreaberta. Seguiram pela mesma, saindo em um longo corredor. Ao final do corredor havia uma escada que levava para o sub solo.

(Amã) Tsc. Por que esconder aqui?

(Ômega) Pela localização. Supostamente Padova é um dos suportes da fé, uma das pedras que sustentam a milícia da Igreja.

(Alfa) Os servos de Deus realmente acreditam que esse local lhes dará força.

(Ômega) Melhor para nós.

Desceram as escadas, saindo em outro corredor. O mesmo era um tanto estreito, mas o teto ficava muito alto. Ele terminava bruscamente em uma espécie de salão, com piso branco, e paredes também pintadas de branco. Havia uma grande porta dominando todo o local, nenhum móvel ou janela. Do lado direito estava o sacerdote trêmulo e assustado, segurando uma pequena pistola de calibre trinta e oito. Em frente a porta estava ajoelhado um outro padre, mais velho que o primeiro. Este último tinha os olhos fechados, e segurava um grande rosário de pedras negras. Estava muito concentrado e movia os lábios em uma prece fervorosa.

Amã torceu os lábios de modo irritado. Não contava com aquilo. Mas Alfa e Ômega se adiantaram, e pararam em frente ao sacerdote ajoelhado.

(Alfa) Você sabe quem nós somos?

(Ômega) Afaste-se, homem herege.

(Alfa) Acha que sua fé vai nos impedir de pegar a nossa herança?

Mas o homem não respondeu, não abriu os olhos, nem mesmo interrompeu a oração. Ele estava ali há muitos anos. Permanecia ajoelhado orando em oblação durante horas e horas, se guardando para aquele momento. Estava preparado para servir de tranca viva, colocando-se entre os mensageiros e o tesouro que guardava com a própria vida.

(Amã) Levante-se, padre. Seu lugar não é aí. Acredita mesmo que sua crença é forte o bastante?

(Ômega) Que tipo de crença é essa que o obriga a desperdiçar sua vida ajoelhado a frente de uma porta, impedindo o que não pode ser impedido?

Mas o homem não prestava atenção. Estava em estado perfeito de meditação, nada faria sua fé tremular.

(Amã) Esse homem é incorruptível.

(Alfa sorrindo) Ainda bem que nem todos são...

E os gêmeos voltaram os olhos para o padre que permanecia assustado no canto oposto.

(Sacerdote)...

(Alfa) Você sabe quem nós somos.

(Ômega) E nós sabemos quem você é.

Imediatamente o homem levou a arma a própria têmpora, ameaçando cometer suicídio. Mas não foi adiante. Não pode puxar o gatilho.

(Amã) É um covarde.

(Alfa) Não. Apenas um incrédulo. A fé que o protege é fraca e pequena. Por isso não consegue se matar.

(Ômega) E por isso se tornará um de nossos servos.

O sacerdote ouviu uma voz ecoando em sua mente, ordenando que puxasse o gatilho. Era uma voz tão sedutora e macia, que não podia resistir... e o homem atendeu, disparando a pequena pistola.

Mas quando o fez, não estava mirando a si próprio, e sim ao padre que orava ajoelhado. Acertou um tiro perfeito contra o peito do sacerdote.

O homem arregalou os olhos, demonstrando incredulidade, e tombou já morto. Ao ver o corpo do outro, o assustado sacerdote largou a arma, não acreditando em si mesmo: rendera-se a tentação.

(Sacerdote) Ohhhh... o que foi que eu fiz?

(Alfa sorrindo) Você destrancou a porta.

(Ômega) Se não fosse você, nós nunca conseguiríamos entrar.

O pobre sacerdote levou as mãos a cabeça e caiu de joelhos no chão. Falhara na sua missão mais importante, e tirara a vida de um de seus companheiros. Aquele era mesmo o sinal dos tempos.

Ignorando o homem que se lamentava, em prantos, Amã, Alfa e Ômega abriram a porta e entraram num dos salões mais secretos da Igreja Católica. No meio do salão havia um cofre quadrado, todo feito de ouro. Uma única palavra estava gravada sobre o metal amarelo e brilhante: Abadon.

(Alfa) Finalmente!

(Ômega) É isso que viemos buscar.

(Amã sorrindo) Por favor...

Fez um sinal para que os dois se adiantassem. Eles obedeceram imediatamente.

Alfa e Ômega se aproximaram, e tocaram o cofre com as mãos direitas. Depois recitaram ao mesmo tempo, como se já fosse combinado:

(Alfa e Ômega) Sou aquele que traz a Verdade e o Santo... aquele que vem buscar a chave de Davi – que abre e ninguém pode fechar; que fecha e ninguém pode abrir. Sou o Alfa e o Ômega, aquele que é, que era e que vem, o Dominador.

Imediatamente o cofre se abriu, revelando o seu conteúdo: um pergaminho meio envelhecido, escrito por fora e por dentro, selado com sete selos. Parecia brilhar com a áurea de um anjo e emanava calor, como um ser vivo. Era belo e horrendo, forte e fraco, perfeito e imperfeito. Era como deveria ser: a marca da criação suprema.

Amã deu um passo a frente e exclamou com voz tremula de emoção:

(Amã) O Leão da tribo de Judá encontrou o meio de abrir os sete selos. Tu és digno de receber o livro e abrir-lhe os selos, porque foste imolado ao preço de teu sangue.

Alfa adiantou-se e tomou o pergaminho entre as mãos delicadas. O livro balançou um pouco, e no mesmo instante a Terra tremeu, sacudida por um terremoto de indignação, e o tremor se espalhou pelos quatro cantos do planeta.

O líder dos Nicolaítas perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos no chão, mantendo-se hipnotizado pela beleza rústica do pergaminho que Alfa segurava. Os gêmeos resistiram ao tremor, continuando em pé, permanecendo firmes e inabaláveis.

(Alfa) Eis que lhes revelo o Livro dos Decretos Divinos. Que diz respeito ao mundo, ao qual nada se pode ajuntar, e dos quais nada se pode saber antes de desatar os sete selos.

(Ômega) Sairemos em busca de nossos servos. São a Peste, a Guerra, a Fome e... a Morte. Eis que chega o momento da abertura dos selos, pois a Terra clama o sangue dos inocentes.

(Alfa) Amã. Qual é o nosso destino?

Amã saiu do estado hipnótico em que se encontrava e ficou de pé, tirando um caderno de anotações de um dos bolsos.

(Amã) De acordo com nossos estudos, os Quatro Cavaleiros nasceram no Japão.

(Ômega surpreso) Japão? Pensei que fosse aqui mesmo na Itália.

(Alfa) Obstáculos, sempre obstáculos.

(Amã) Não se preocupem crianças. Já está tudo preparado. Vamos para o Japão no próximo vôo.

Ao ouvir isso, Alfa apertou o livro dos Divinos Decretos nos braços. Ela era a única pessoa da face da Terra que podia segurá-lo.

(Alfa) É o momento de despertar a Peste...

(Ômega) Vamos para o Japão.

Continua...


Notas: Sei que já trabalhei com esse número "sete" antes, mas dessa vez não coube a mim decidir: estou usando citações reais da bíblia católica, traduzida do grego.

Não tenho intenção de ofender ninguém.

Espero que gostem. n.n/

Obrigada pelos comentários e e-mails!! O apoio dos leitores é muito importante.

Só queria comentar mais uma coisinha, quem acompanha minhas fics deve ter notado que minha antipatia pelo ruivo não se evidência mais nas histórias. Acho que nós dois caímos em um profundo respeito mútuo no melhor estilo do "viva e deixe morrer".

No entanto isso não significa em absoluto que eu gosto mais dele ou vice versa.