Título: Abadon
Ficwriter: Kaline Bogard
Classificação: Lemon, sobrenatural, citações bíblicas, fic homenagem a Evil
Pares: YohjixKen, AyaxOmi
Resumo: De um lado estão os Weiss, de outro os cavaleiros do Apocalipse. Mas entre eles está aquele que pode aniquilar a humanidade...
Abadon
Kaline Bogard
CAPÍTULO II
Os Weiss estavam reunidos na sala, prestando muita atenção no jornal noturno. Bem, pelo menos três deles estavam, já que Ken dormia a sono solto, com a cabeça apoiada no ombro do playboy.
Yohji também cochilava, mas ainda lutava bravamente, tentando se concentrar nas manchetes exibidas.
Aya e Omi estavam no mesmo sofá, e assistiam interessados todas as notícias não apenas do Japão, mas do mundo.
(Repórter) O terremoto dessa tarde indicou 5 pontos na escala Richter, e atingiu paises no mundo todo. Inclusive da América do Sul, onde a ocorrência de tremores é extremamente rara...
(Aya) Isso foi estranho.
(Omi) Nem me diga. A cidade está um caos... morreu bastante gente.
(Aya) O que pode ter sido?
(Yohji) É culpa do efeito estufa.
O loiro resolveu dar sua opinião, pra mostrar que estava acompanhando com atenção.
(Aya) Tsc. Pra você TUDO é culpa do efeito estufa.
(Yohji)... e não é?
(Omi) Não. A pilha de vasilhas que tive que lavar na hora do almoço foi culpa do efeito Yohji.
(Yohji)...
(Aya) Eu devia proibi-lo de se aproximar do fogão.
(Yohji) Ora, não me enche!
(Repórter)... e as manifestações religiosas continuam por todo o mundo, visto que o tremor teve início na Itália, se espalhando então pelo resto do planeta. Os revoltosos mais intensos são de religião católica, que afirmam...
Aya desligou a televisão. Não soube dizer o porque, mas aquelas últimas revelações o incomodaram além da conta.
(Omi) O que foi?
(Yohji) Eu tava assistindo.
(Aya) Não seja ridículo. Você estava dormindo. Dê um jeito em Hidaka.
O loiro ainda resmungou alguma coisa, mas obedeceu, pegando Ken nos braços e indo para o quarto do moreninho adormecido.
(Aya) Hunf. Agora vão dizer que o que houve foi 'castigo' de Deus?
(Omi) É natural, Aya. As pessoas estão assustadas com esses fatos inexplicáveis e querem se proteger.
(Aya) Como se pudessem impedir de acontecer de novo.
(Omi) Eu queria que esse terremoto não se repetisse. Muitas pessoas morreram e foram feridas. Temos sorte de não ter sofrido nada.
(Aya) De qualquer maneira não tem a ver com Deus. Talvez aquele idiota esteja certo: o efeito estufa está causando coisas estranhas no planeta.
Ao ouvir isso o chibi sorriu e deu de ombros.
(Omi) Nenhuma conseqüência do efeito estufa pode ser tão terrível quanto o efeito Yohji.
Aya também sorriu e acabou passando a mão pelos cabelos macios do amante. Omi suspirou, adorando a carícia. Finalmente parecia com seu querido Aya. Provavelmente o pior havia passado. Talvez todos aqueles 'sinais' fossem apenas estresse ou algo do tipo. Desgaste...
Parecia que tudo ficaria bem...
oOo
No outro dia, Omi faltou a aula mais uma vez, para ver os resultados dos exames de Aya.
Como o médico já esperava todos os resultados foram ótimos. O ruivo não poderia estar melhor, fisicamente falando.
(Médico) Eu logo vi que se tratava de um jovem saudável. Houve algum fato estranho essa noite?
(Omi sorrindo) Não! Ele dormiu muito bem a noite inteira.
Suspirou ao lembrar da expressão relaxada do líder da Weiss. Omi passara a noite toda acordado vigiando. Felizmente não ocorrera nada. E o jovem hacker ficara apenas admirando a beleza inigualável de seu amante.
(Médico) Muito bem. Andei falando com meu amigo oftalmologista, e ele disse não conhecer nenhum fenômeno que ocasionasse mudança na cor dos olhos de modo tão singular. Mas ele se dispôs a marcar um horário especial para o senhor Fujimiya na semana que vem.
(Omi) Obrigado, doutor.
(Médico) E sobre aquele psiquiatra...?
(Omi suspirando) Vamos esperar um pouco mais.
(Médico) Se você acha que é melhor pra ele.
(Omi) Sim. Aya não vai aceitar isso tão tranqüilamente, e é melhor que eu o prepare um pouco.
(Médico) Muito bem. Me ligue quando for necessário.
O chibi balançou a cabeça e foi embora. A tranqüilidade da noite anterior havia espantado toda a urgência da situação.
Tinha que ter muita certeza do que faria, pra não correr o risco de causar uma briga desnecessária com quem tanto amava.
oOo
Masami terminou de desligar o computador em que trabalhava e levantou-se para ir embora. Era uma jovem baixinha, dona de cabelos loiros chegando aos ombros, com ondas largas, e possuía apagados olhos verdes. Não era muito bonita, mas um tanto simpática.
Trabalhava como estagiaria no escritório de uma rede de restaurantes. Vivia uma rotina estafante e monótona, e não raramente se questionava se era aquilo mesmo que desejava para si.
Passou pelo segurança do prédio e ganhou a rua. Morara em Tokyo toda a sua vida, e aos dezenove anos perdera o rumo.
Precisava sobreviver, mas... onde estava a alegria de viver?
Tomou a direção de sua casa. Faria o caminho a pé, para poder refletir como sempre fazia.
Mal deu dois passos e notou uma limusine preta estacionada quase na entrada do prédio onde trabalhava. Na frente do automóvel estavam paradas duas crianças muito parecidas, e ao mesmo tempo totalmente diferentes. Sentiu que conhecia aqueles garotos de algum lugar.
Junto deles havia um adulto, dono de belíssimos olhos cinzas.
Antes que pudessem falar algo, um rapaz moreno se aproximou, pedindo licença.
(Ken sorrindo) Masami, aqui está a sua encomenda. Desculpe se atrasei, o trânsito está uma droga hoje.
Entregou a garota um enorme buquê de rosas amarelas. A estagiaria simplesmente adorava aquelas flores e vivia encomendando-as da Koneko.
(Masami) Obrigada, Ken. Não faz mal...
Pagou o moreninho, e observou-o enquanto ele se afastava do grupo. O distraído jogador nem reparou nas pessoas que estavam com a assídua freguesa.
Finalmente Masami voltou sua atenção para as pessoas que estavam atrapalhando sua passagem.
(Amã) Olá, garota. Sabe por que estamos aqui?
Masami balançou a cabeça dizendo que não.
(Alfa) Até hoje seu nome era Kutami Masami, mas estamos aqui pra mudar isso, e fazê-la despertar para sua real identidade.
(Masami suspirando) Sei. Preciso ir embora agora.
(Ômega) Espere. Você não acha que é o momento de dar um novo sentido a sua vida?
(Masami)...
Observou os longos cabelos negros de Ômega. Depois firmou seus olhos verdes nas íris negras. Como ele podia saber como se sentia? E pensando bem, como eles podiam saber seu nome...? Abraçou o buquê em seus braços, como se as belas flores fossem lhe trazer as respostas.
(Alfa) Não pode dar as costas ao seu destino. Masami nasceu neste mundo com um objetivo. Agora é o momento de acordar, jovem.
Agora os olhos de Masami se fixaram em Alfa. Aquela garotinha abraçava um livro apertado contra o peito. Parecia ser algo importante...
(Masami) Do que estão falando?
(Ômega) Você tem um dom. Foi escolhida para fazer parte do exército divino que trará a Verdadeira Justiça a esse mundo...
Ao ouvir essas palavras, Masami começou a sorrir. Alguma coisa em seu inconsciente despertou para fazê-la sentir que deveria ir com aqueles garotos.
(Ômega) Precisamos reunir os quatro, antes de começar tudo, mas podemos despertá-la de uma vez, não é?
(Alfa) Sim. Ela não terá os poderes em sua força total, e não iniciará a missão sozinha.
(Amã) Podem fazer isso, mas acham apropriado aqui, no meio da rua?
(Ômega) Amã, você espera um show de cores e fogos de artifício? Não é nada disso!
(Alfa) Deixemos de perder tempo.
E dizendo isso, a garota de cabelos prateados se aproximou de Masami e tocou-lhe o coração com a mão direita, enquanto Amã pegava o buquê de flores amarelas com gentileza.
(Alfa) Oh, ela é um de seus soldados, Ômega. Por favor, inicie o despertar.
Ômega balançou a cabeça dizendo que sim, e esperou que Alfa tirasse a mão do coração de Masami. Logo o garoto de cabelos negros estendia o próprio braço, tocando o peito da estagiaria loira com muito cuidado.
(Ômega) Eis que surge o terceiro cavaleiro. Nascido do terceiro selo, seu caminho é negro, e você levará uma balança em sua mão. É lhe dado o poder de danificar o trigo e a cevada, e você trará uma marca de morte.
Masami virou os olhos, sentindo uma tontura. Levou a mão a cabeça, tentando recuperar a noção das coisas ao seu redor. Quando conseguiu firmar a visão, seus olhos brilhavam de forma diferente. Havia um sorriso sádico em seus lábios e uma ameaça trágica emanava de seu corpo. Os olhos verdes haviam mudado de cor, e agora eram tão negros quanto os de Ômega.
Amã suspirou. Não houvera nada do que esperara, mas se mostrara muito eficiente. Aquele fora o despertar do primeiro Cavaleiro do Apocalipse, na verdade o terceiro a ser citado nas escrituras sagradas. Fazer o que se na vida real as coisas estavam ocorrendo um tantinho fora de ordem? Nada que alterasse o resultado final, quando conseguissem encontrar e acordar todos os quatro cavaleiros.
Masami sentiu uma dorzinha em seu pulso direito. Havia ali um corte, surgido do nada, que sangrava em abundância. O liquido vermelho manchava o chão, causando uma má impressão.
(Alfa) Não se preocupe. Esse ferimento é apenas a segurança de um pacto.
(Ômega) Essa é a marca que você e os outros três escolhidos vão carregar daqui para frente.
(Alfa) É a marca de morte.
(Masami) !!
Estava meio confusa. Talvez pela metamorfose que tanto seu corpo quanto sua consciência estavam passando
(Amã) Muito bem, Masami. Porque não se apresenta?
(Masami)...
Aos poucos a confusão foi cedendo e Masami finalmente entendeu o que realmente estava acontecendo. Acabara de aceitar um pacto com a própria destruição. Assinara o contrato que selaria aniquilação de toda a humanidade.
Oras, talvez não fosse tão ruim assim... deu um passo a frente, e esticando o dedo indicador tocou o buquê de rosas que estava nas mãos de Amã. As flores murcharam no mesmo instante, morrendo como se tivessem sido dominadas por uma praga incontrolável. Amã e os gêmeos sorriram satisfeitos.
(Ômega) Eu faço isso por ela. A partir de hoje não terás mais consciência de nada, mulher. Serás conhecida apenas pelo fardo do destino que carrega em seus ombros: és aquele que semeia e colhe, e aquele que infecta e destrói. Você acaba de aceitar o futuro e recebestes a coroa para tornar a vencer.
(Alfa sorrindo) E responderás apenas ao nome de... Peste.
oOo
Aya observou-se no espelho. Sua face estava um tanto pálida, mais até que o normal. Mas esse era o único ponto visível em seu corpo que denunciava o quão cansado estava.
Suas costas doíam, e apesar da noite bem dormida estava exausto!
Jogou um pouco de água no rosto, tentando melhorar. Deixara Omi e Yohji fechando a Koneko (Ken não voltara das entregas), e saíra de fininho, dando uma desculpa esfarrapada, mas que convencera os dois Weiss.
(Aya suspirando) O que está acontecendo?
Pegou uma toalha de rosto, e secou as mãos nela. Ia pendurá-la de volta, quando seus olhos captaram algo que o deixou assustado. Havia sangue na toalha.
(Aya) !!
Olhou para as próprias mãos e surpreendeu-se ainda mais: o pulso direito, muito alvo, estava marcado por um fino corte, que não parava de sangrar.
(Aya) Mas como...?
O sangue vermelho escorria e pingava no assoalho branco formando um contraste belo e letal.
Aya não sabia o que dizer ou o que fazer. Muito menos explicar o surgimento de tal ferida em seu corpo!
Permaneceu olhando para o sangramento por um tempo, até que ouviu a voz calma de Omi chegando até ele.
(Omi) Aya, está tudo bem? Manx chegou... e ela não está sozinha...
Aya piscou e não respondeu. Sua intuição lhe deu a certeza de que a chegada de Manx tinha muito a ver com o que acontecia com ele.
oOo
O líder da Weiss entrou na sala, atraindo os olhares de todos sobre si. Omi percebeu o pulso enfaixado e franziu as sobrancelhas de modo inquisidor, mas permaneceu em silêncio.
Yohji e Ken, que já regressara, estavam sentados em uma das poltronas, em frente a Manx. Omi estava sentado num dos sofás de dois lugares, e Aya sentou-se ao lado dele.
(Yohji) Ei, pensei que tinha morrido lá dentro...
(Aya)...
Resolveu ignorar o comentário infeliz. Não estava nada disposto a trocar farpas com o companheiro. E a verdade é que se sentia muito abatido naquela noite... quando começava a achar que estava tudo bem...
Olhou para o pulso que enfaixara as pressas. Felizmente parara de sangrar, mas o corte ainda estava lá, como uma cicatriz bem feia...
(Manx) Aham, boa noite, garotos.
Os Weiss responderam ao cumprimento.
Só então o ruivo lembrou-se de que Manx estava acompanhada e resolveu espiar quem era a pessoa que viera com ela. Surpreendeu-se ao reparar que se tratava de dois homens. O mais velho aparentava ter cerca de quarenta e cinco anos, olhos negros e cabelos curtos também negros, começando a ficarem grisalhos. Tinha feições simpáticas e joviais. Parecia ser um cara legal.
O outro tinha provavelmente a metade da idade de seu companheiro, os cabelos eram negros e curtos, levemente encaracolados. Possuía olhos verdes e brilhantes. Era bonito, mas muito antipático...
Um detalhe que realmente chamava a atenção eram as roupas que ambos usavam: calças e blusas negras e... colarinhos brancos.
(Aya sussurrando) Padres...
Omi ouviu o sussurro, mas não disse nada. Também se surpreendera ao notar tão incomum presença.
(Manx) Weiss, esses são padre Hugo e padre Lucas. Eles estão aqui para tratar de um assunto muito... delicado...
A ruiva voltou os olhos para os religiosos, que permaneciam com expressões sérias, observando detalhadamente aqueles quatro rapazes de beleza tão exótica.
(Manx) Er... na verdade eles não adiantaram do que se trata essa missão, e... apesar de não se encaixar nos moldes... sei que podem se assustar...
Todos perceberam que ela estava enrolando. Yohji e Ken se entreolharam, estranhando o fato, depois voltaram os olhos para Aya, afinal ele era o líder da equipe, e deveria fazer alguma coisa.
(Aya) Se eles não disserem do que se trata não poderemos ajudar.
Foi então que o mais velho se adiantou e se inclinou de leve, fazendo um cumprimento.
(Hugo) Sou o padre Hugo. Muito prazer. Acredito que vocês são Aya, Yohji, Ken e Omi, não é?
Apontou os quatro, enquanto ia falando os nomes.
(Yohji) É bem por aí. Mas eu sou o Yohji. Omi é o baixinho ali.
(Hugo) Oh, desculpem. Acho que os cabelos loiros me confundiram...
(Yohji)...
(Omi) !!
(Hugo) Este é padre Lucas. Estamos aqui para solucionar um problema... um problema tão grave e terrível, que fez a Santa Igreja pagar uma fortuna a Kritiker para ter essa equipe a nossa disposição e em sigilo, não é, senhorita Manx?
A ruiva deu um sorriso de indulgência. Era verdade. A Igreja estava pagando uma pequena fortuna para a Kritiker, e em troca os contratantes tratariam diretamente com os assassinos. Era um fato inédito, mas a quantidade de dinheiro envolvida fora grande o bastante para que Pérsia sofresse pressões por todos os lados, e tivesse que ceder, mesmo a contra gosto.
Manx deu de ombros.
(Manx) Isso mesmo, garotos. Estão recebendo uma carta em branco. Esses dois cavalheiros vão lhes dizer do que se trata a próxima missão, e cabe a vocês decidir se aceitam ou não.
(Aya) O que é isso?
Não estava gostado nada do que ouvira. Preferia trabalhar do modo que sempre agiam. Se os padres pediam tanto sigilo, era por que deveria ser um problema muito sério mesmo.
(Omi) Tem algo podre no Reino da Dinamarca...
(Ken) O que?
(Yohji) Ai, Ken. Deixa o Omi pra lá. É de tanto usar o computador.
(Ken confuso) De tanto Omi usar o computador apodreceu a Dinamarca?
(Yohji) !!
(Manx)...
(Omi)... Ken, você andou comendo bananas escondido outra vez?
(Ken irritado) Foram apenas três, ta bom?!
(Yohji)...
(Omi) !!
(Aya) Inferno. Andem logo com isso!
Dirigiu-se aos padres. Estava cada vez mais impaciente para saber o que havia trazido aqueles homens ali. E a ferida em seu pulso começara a comichar. O ruivo tinha que fazer um esforço pra não coçar e se arriscar à um novo sangramento.
(Manx) Ok. Adeus, garotos, e tomem cuidado, seja lá com o que for...
A ruiva saiu, deixando apenas os homens.
Omi fez um gesto, indicando que os padres deveriam se sentar, mas eles recusaram a oferta.
(Hugo) Vocês são católicos?
Os Weiss se entreolharam, surpresos com a pergunta, e depois disseram que não com as cabeças. Nenhum dos quatro era dessa religião.
(Lucas irritado) São cristãos, pelo menos?
(Omi) !!
(Ken irritado) Olha aqui, eu até respeito essa sua batina aí, mas o que pensa que está fazendo? Nos interrogando?
(Yohji sorrindo) Se vieram salvar minha alma podem desistir... eu já to com um pé no inferno... posso até sentir a sola do sapato derretendo... (1)
(Lucas)...
(Omi) !!
(Ken) He, he, he...
(Aya) Cale a boca, Kudou.
(Hugo) Peço que desculpem meu jovem companheiro. Ele é impaciente demais, coisa da idade. Bom, se vocês fossem católicos, não precisaríamos explicar várias coisas, mas como não é assim...
(Yohji) Pelo jeito a coisa é seria.
(Hugo) Muito séria, rapaz. Vocês já ouviram falar em apocalipse?
(Yohji)...
(Omi) Apocalipse? Tipo fim do mundo?
(Lucas) É. Ou você conhece outro tipo de apocalipse?
Aya olhou feio para o sacerdote mais jovem, por ele ter tamanha coragem em aumentar a voz com seu amante, mas antes que dissesse algo, padre Hugo já se adiantava.
(Hugo) O que eu te disse, padres Lucas?
(Lucas) Mas a situação é grave, padre Hugo! Eles estão fazendo piadas com a nossa missão, e isso eu não admito!
(Hugo) Você não tem que admitir nada!
(Lucas)...
(Hugo) É melhor que me espere lá fora.
(Lucas) Tsc.
O rapaz torceu os lábios, mas obedeceu, saindo da sala.
(Hugo) Desculpem-no. Ele é meio sangue quente.
(Yohji) Parece com alguém que eu conheço...
(Ken irritado) Ei!!
(Yohji sorrindo) Eu não pronunciei nomes...
Disse isso meio que cantarolado, provocando o amante moreno, e fazendo-o corar envergonhado.
(Aya) Calem as bocas, idiotas! Deixem o padre falar.
(Yohji)...
(Ken) !!
(Omi) Aya... está tudo bem?
O ruivo não respondeu, suspirando de leve, e voltando a atenção para o padre Hugo. O homem balançou a cabeça em agradecimento.
(Hugo) Como eu ia dizendo, Apocalipse é um dos livros de nossa sagrada bíblia. Foi escrito pelo apóstolo João, e relata as visões que ele teve sobre o futuro da humanidade e... o fim do mundo.
(Aya) Já tive oportunidade de ver uma bíblia antes.
(Omi) Eu participei de um fórum na Internet sobre religião. Também entendo um pouco.
(Yohji) Er... passo a vez.
(Ken) Um dos caras que jogava futebol comigo era católico e sempre lia a bíblia antes de uma partida.
Menos mal, pelo menos três dos assassinos conheciam algo do sagrado livro dos cristãos.
(Hugo) A profecia nos diz que existirá uma pessoa capaz de segurar o livro dos Decretos Divinos e abrir os sete selos...
Ao ouvir isso o playboy moveu-se na poltrona de modo incomodado. Ele não tivera muita sorte com o número 'sete' da última vez... e não gostava nem um pouco do rumo que aquela conversa estava tomando.
Ken notou a expressão séria do amante e colocou uma mão sobre o joelho de Yohji, apertando com carinho.
(Yohji)...
Sem perceber o desconforto dos dois assassinos, padre Hugo continuou explicando o que o levara até ali.
(Hugo) Para os quatro primeiros selos estão reservados os executores da divina missão, aqueles que serão destinados a exterminar a humanidade. São os quatro cavaleiros do apocalipse...
(Aya)...
(Omi) Ai, céus...
(Yohji) Pode parar por aí, padre... não precisa nem terminar essa historinha! Se o senhor veio aqui pra nos dizer que nós somos esses tais de cavaleiros está completamente enganado! E que fique claro que eu nem gosto de cavalos!
(Hugo)...
(Aya) Não faltava mais nada.
(Ken) Calma, Yohji. Deixa o padre explicar...
(Hugo) Mas esse rapaz tem um pouco de razão. Ele exagerou ao dizer que os quatro seriam os cavaleiros.
(Aya) Mas então...?
O ruivo engoliu em seco. Intuía o que ouviria, mas tinha que deixar o padre continuar a falar, para matar as dúvidas de uma vez...
(Hugo) Apenas um de vocês nasceu destinado a se tornar um dos cavaleiros do apocalipse.
Ouvir isso fez Yohji saltar do sofá completamente irritado. Apontou o dedo para o visitante e exclamou com tom de voz BEM grave:
(Yohji) EU SABIA!! Caralho – com o perdão do palavrão padre – Mas sempre que tem esse tipo de problema ou sobra pro Ken ou pra mim! E gente apenas se ferra nessas histórias!!
(Ken) Yohji...
(Yohji) E vai dizer que não? Pois na última vez que fui escolhido pra algo e me envolvi com 'setes' eu até morri! E morri TRÊS VEZES se vocês não se lembram...
Omi e Ken suspiraram, tendo que dar razão ao assassino mais velho, enquanto o pobre padre não entendia nada do que Yohji dizia.
Aya, por sua vez, não prestara atenção no desabafo do playboy. Tinha os olhos fixos em seu pulso, que comichava e ardia cada vez mais. Estava quase impossível resistir àquela tortura. Foi então que ouviu a voz de padre Hugo soando séria e muito convincente.
(Hugo) Não se preocupe, Yohji. Você não é o escolhido essa vez. Eu já descobri qual de vocês é o nosso procurado... pois ele leva a terrível marca de morte em seu corpo.
Omi arregalou os olhos e fixou-os no pulso enfaixado de seu amante. Aya empalideceu um pouco, sem saber o que fazer, quando se viu observado com atenção tanto pelos três Weiss quanto pelo visitante.
Padre Hugo enfiou a mão no bolso interno da blusa negra e retirou uma pequena bíblia, visivelmente muito manuseada. Folheou-a até encontrar uma página já marcada anteriormente.
(Hugo) Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que clamava: "Vem!" E vi aparecer um cavalo esverdeado...
Aya começou respirar mais rápido, e fechou os olhos. Surpresos, os outros Weiss viram quando a faixa no pulso do espadachim se tingiu de vermelho, e o sangue começou a vazar de modo abundante e incontrolável. Aya levou a mão aos lábios, e pressionou com força, sentindo uma ânsia contorcendo seu estomago.
(Yohji surpreso) O que é isso?
(Ken confuso) Mas que porra!
(Omi assustado) Oh, Aya...!
Aya abriu os olhos, fazendo os companheiros se arrepiarem de assombro e incredulidade. As íris violetas haviam mudado de cor, se tornando verdes, de um tom tão claro e puro, que lembrava muito a cor de um louva-a-deus...
(Hugo) Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos o seguia.
Continua...
(1) T.T Acho que ele não vai sozinho nessa... então o calor que eu sentia na sola do pé era ISSO?! XP
INFORMAÇÃO: Antigamente, quando uma pessoa era condenada a morte na cruz, ela NÃO era pregada pelas palmas das mãos, como os filmes mostram. Isso porque a carne dessa região é muito fraca e se rasgaria não suportando o peso do corpo do condenado, derrubando-o da cruz. Para que tal coisa não ocorresse, as pessoas eram pregadas pelos PULSOS: a carne é mais resistente e não se rasgaria, fazendo o condenado ficar preso praticamente pelos tendões (o que segundo especialistas é muito mais doloroso).
Por isso eu fiz a 'marca de morte' aparecer nos pulsos de Masami e Aya ao invés de nas palmas, como as pessoas já estão acostumadas.
Ah, e já que o assunto é esse, digamos que Mel Gibson teve uma preocupação tão grande em fazer um filme historicamente perfeito, mas parece que ele se esqueceu desse detalhe...
Porém devo concordar que "Paixão de Cristo" superou minhas expectativas, cometendo apenas dois errinhos praticamente insignificantes, sendo a troca do pulso pela palma um deles.
Mas é claro , isso não vem ao caso.
