Título: Abadon
Ficwriter
: Kaline Bogard
Classificação
: Lemon, sobrenatural, citações bíblicas, fic homenagem a Evil
Pares
: YohjixKen, AyaxOmi
Resumo:
De um lado estão os Weiss, de outro os cavaleiros do Apocalipse. Mas entre eles está aquele que pode aniquilar a humanidade...


Abadon
Kaline Bogard

CAPÍTULO III

(Omi) AYA!!

Fez menção de aproximar-se do amante, mas a voz grave do sacerdote o impediu no mesmo instante.

(Hugo) Não o toque!!

O chibi parou sua tentativa de se aproximar. Padre Hugo sondava Aya, sendo também observado pelos sinistros olhos verdes do ruivo que permanecia em silêncio, analisando todos com esperteza anormal.

(Omi) O que está acontecendo com ele?

(Hugo) Eu me preparo para isso a mais de vinte anos. Tudo o que fiz foi despertar uma pequena consciência que existia na mente desse garoto, desde que ele nasceu... mas não tenho o poder para despertá-lo totalmente.

(Yohji) Como... a cor dos olhos dele pode mudar assim?!

(Ken) Oh, isso é sinistro...

(Omi) Não é a primeira vez...

O padre foi até o sofá onde Aya estava sentado, emudecido, apenas observando o que acontecia, sem dar a certeza de que estava entendendo ou não... apesar da quietude, o ruivo exalava uma ameaça de morte tão forte, que era impossível ignorar.

Omi correu para buscar faixas limpas e trocar o curativo que protegia o corte no pulso do ruivo. Felizmente não sangrava mais. Com a volta do chibi, o padre continuou as explicações.

(Hugo) Vejam, nesse momento ele não é nem Aya nem o Cavaleiro. Está dividido entre ambos. Mas assim que os escolhidos o encontrarem... será terrível.

(Yohji) Vamos começar do princípio. Como o senhor sabia que Aya era o escolhido?

(Ken) E como conseguiu chegar até nós?

(Yohji) Será que a igreja conta com alguns padres "Crawford" entre os religiosos?

(Hugo)...

Não entendeu as piadinhas, e sem responder, colocou a mão dentro da blusa novamente, tirando um vidrinho com óleo santo. Besuntou o polegar direito, e passou-o pela testa de Aya, traçando o sinal da cruz.

(Hugo) Eu te selo, criatura do abismo, até que aquele que é o Alfa e o Ômega venha reclamar o que lhe pertence.

Aya fechou os olhos e desmaiou, ao ouvir a frase, assustando Omi e preocupando os outros Weiss.

(Omi) O que o senhor fez com ele?

(Hugo) Nada. Isso vai impedir que sua personalidade se manifeste outra vez, pelo menos enquanto Aquele que pode segurar o livro dos Decretos Divinos não vier procurá-lo.

(Ken) Ele vai ficar bem?

(Hugo) Sim, por hora sim.

(Yohji) Ótimo, então porque o senhor não vai se explicando?

O padre suspirou, e sentou-se no lugar que antes era de Manx. Seria uma longa conversa.

(Omi) Oh, porque isso agora?

O loirinho estava inconformado. Pelo jeito seu amante fora metido em um rolo sobrenatural, que poderia ser muito perigoso... estava acostumado a ajudar Yohji e Ken... mas era a primeira vez que a confusão era com alguém que amava tanto!

(Hugo) Foi tudo previsto pelo apostolo Pedro, que é a pedra fundamental e o pilar que sustenta toda a igreja católica. Padres e teólogos fieis vêm estudando o evangelho de São Pedro a séculos, tentando desvendar a verdade por trás do apocalipse.

(Omi) Espera um pouco... posso não ser católico, mas eu disse que conheço a bíblia. Não existe evangelho de São Pedro.

(Ken) Ei... eu não ouvi falar mesmo...

(Yohji) He, eu nem imagino se existe ou não...

(Hugo) Você está enganado, Omi. O evangelho de São Pedro existe... apenas não foi divulgado.

(Omi) Oh!

(Ken) Por que não?

(Yohji) O que tem de tão terrível nele?

(Hugo) Existem doze evangelhos, pois cada um dos doze apóstolos escreveu o seu livro. Porém apenas quatro foram divulgados, porque os outros contêm... verdades que poderiam ser extremamente comprometedoras...

(Omi) A Igreja escondeu esses livros?

(Hugo) Correto. Mas apenas o evangelho de São Pedro nos interessa pra este caso. Os outros não dizem respeito ao apocalipse.

(Omi) Ei... existem evangelhos não publicados...

(Yohji) Isso não é uma jogada suja? Esconder informações dos adeptos?

(Hugo suspirando) É para a própria proteção das pessoas. Se elas descobrissem as coisas terríveis que são descritas nesses livros... seria o caos!

Os olhos negros brilharam, animados pela fé e crença em sua missão. Os três Weiss se entreolharam, intrigados com tudo aquilo.

(Yohji) Bom, vocês que se entendam... quero saber mais sobre essa história.

(Hugo) Em meados do século XV uma das duas únicas cópias do evangelho de São Pedro foi roubada dos cofres da igreja, por um sacerdote corrupto, que servia aos nicolaítas.

(Ken) Nicolaítas?

(Hugo) São pessoas que procuram estabelecer concordância entre as exigências da Igreja e as exigências da vida mundana, principalmente dos ritos pagões... são uma praga criada pela própria igreja.

(Ken) E eles roubaram o livro...

(Hugo) Nesse evangelho existe uma descrição detalhada sobre a vinda de um 'mensageiro' que abrirá o livro dos Decretos Divinos, e tentará trazer a Verdade ao mundo, através dos quatro cavaleiros.

(Yohji) O "mensageiro" já está agindo, pelo que posso perceber...

(Hugo) Sim, na verdade os teólogos descobriram que existirão duas crianças capazes de executar essa tarefa. Um é o Alfa e o outro é o Ômega, gêmeos idênticos, nascidos no mesmo dia, na mesma hora, porém de ventres diferentes. Foram criados em locais diferentes, mas cremos que ontem eles foram reunidos.

(Omi)...

Havia mesmo uma ligação. Fora ontem que seus problemas começaram...

(Ken) Você tem a outra cópia do evangelho?

(Hugo) Não é permitida a retirada do Vaticano. Mas o livro dos Decretos Divinos que estava escondido na Itália foi roubado, e um dos padres que o guardava foi assassinado, enquanto o outro enlouqueceu.

(Ken) Caralho!

(Yohji) Isso é mesmo sério...

(Hugo) No evangelho de São Pedro existem descrições detalhadas sobre cada um dos cavaleiros do apocalipse. Claro que não é falado tão explicitamente assim, digamos que o simbolismo é usado ao extremo, e chegamos a conclusão de que um dos escolhidos é um estudante do ginásio, é praticamente impossível descobri-lo aqui no Japão. Outro é um estagiário, e também seria difícil identificá-lo. O terceiro é descrito muito superficialmente e chegamos a conclusão de que pode ser tanto um policial quanto um jornalista.

(Omi) Todos aqui no Japão?

(Hugo) Este país possui grande fluência de energias positivas e negativas, a fé que domina os japoneses também é muito forte. Este é o cenário perfeito para o fim do mundo.

(Yohji) Então vocês não sabem quem são os outros três... escolhidos?

(Hugo) Não. A referência a Aya era muito óbvia. "Aquele que coloca um preço sobre a vida de seus semelhantes e cobra a lei de Abadon em nome de uma forma de justiça".

(Omi)...

(Ken) Merda. Isso não é tão evidente assim.

(Yohji) Ken tem razão. Como chegaram até nós?

(Hugo suspirando) Crianças... vocês acham que existem muitos grupos de justiceiros em Tokyo? Asseguro que não são tantos assim... Lucas e eu entrevistamos uma equipe antes de chegar a vocês.

(Omi) Estão se empenhando.

(Hugo sério) Claro. Acho que você não entendeu as dimensões do problema, Omi. Eu falo sobre o fim do mundo. Esses quatro escolhidos serão aqueles que exterminarão a raça humana, eliminando-nos por meio do fogo, da peste da guerra e da fome. Temos que impedir isso de qualquer maneira.

(Yohji sorrindo) Hã. Mas não é o que está escrito na sua bíblia? Não é a vontade do seu Deus? Porque quer impedir?

(Hugo) Por que é um alarme falso.

Os Weiss se surpreenderam com aquela revelação.

(Omi) Como assim?

(Hugo) Esse 'apocalipse' está sendo promovido pelos nicolaítas, antes do tempo previsto. Eles estão tentando adiantar tudo, mas a humanidade não está preparada para o que virá. Muitas almas serão condenadas ao abismo, caindo no domínio de Abadon.

(Yohji) Mas quem diabos é esse tal de Abadon?

(Omi pensativo) É uma palavra hebraica. Significa destruidor.

(Hugo) E na bíblia era usado para descrever e se referir à Lúcifer.

(Yohji)...

(Hugo) Existe o tempo certo pra tudo. E esse não é o momento de promover o apocalipse. A função da igreja é proteger as almas das ovelhas de seu rebanho, a todo custo.

(Omi) E como pretende impedir esse apocalipse?

(Hugo) Encontrando o Alfa e o Ômega... por isso precisamos de Aya, e felizmente o temos agora. Vamos vigiá-lo até que os nicolaítas venham atrás desse garoto e aí tudo terá um fim.

(Omi) Seja mais específico.

(Hugo) Não tema. Aya ainda não foi tocado pelo mal, mas sinto muito que um dos garotos já tenha sido.

(Yohji) Como pode ter certeza?

(Hugo) Pela marca no pulso de Aya. A cada cavaleiro despertado uma nova marca de morte aparecerá, primeiro no pulso direito para o primeiro cavaleiro, depois no pulso esquerdo, pé direito e finalmente pé esquerdo para o último de todos.

(Ken) Mas isso é...

(Hugo) São chamados de estigmas, como as chagas de Cristo. O sinal supremo da salvação e redenção dos homens.

(Omi pensativo) Você disse que Aya ainda não foi tocado pelo mal, mas... e esses sinais?

(Hugo) Oh, são apenas sintomas. Para que ele perca a salvação, o Alfa e o Ômega devem tocá-lo fisicamente, e aí sim tudo estará perdido. Todos os que foram tocados pelo mal perecerão.

(Omi surpreso) Então se Aya for tocado ele vai...

(Hugo) Vai morrer.

Omi empalideceu e fechou os olhos. Não iria sair do lado do líder da Weiss em nenhum momento a partir de agora.

(Ken) Não vamos deixar isso acontecer.

(Hugo) Eu sei. Nós também não permitiremos que essa coisa horrível aconteça. Mas... vocês aceitaram isso com muita mais calma do que eu esperava. Imaginei que não acreditariam em mim.

(Ken) Tsc. Essa é boa. Já vimos tanta coisa que o senhor não imagina.

(Yohji) Pois o que o padre acharia se eu dissesse que já morri três vezes?

(Hugo)...

(Omi) Aprendemos a não brincar com coisas sérias. As vezes tudo parece escapar de nossa compreensão, mas sei que desafiar a situação pode trazer conseqüências terríveis.

O padre sorriu e levantou-se.

(Hugo) Aya vai dormir um pouco, e o óleo que eu usei em sua testa vai protegê-lo até que os gêmeos cheguem aqui. Preciso comunicar meus superiores sobre o sucesso de minha missão. Mas logo estarei de volta e ficarei vigiando com vocês.

(Yohji) Não se preocupe. O mal não vai tocar em Aya.

(Omi) Eu morreria para impedir isso.

(Hugo) Fico tranqüilo ao ouvir tais declarações. Se o mal chegar aqui, não apenas Aya, mas todos morrerão.

(Omi)...

(Ken) Temos sorte que o padre tenha localizado Aya antes dos nossos inimigos.

(Hugo) Sim, muita sorte. Preciso ir.

(Yohji) Eu o acompanho...

(Hugo) Não é necessário. Pegue... esse é o número de meu celular. Qualquer coisa entrem em contato comigo. Voltarei amanhã pela manhã.

E saiu, indo embora.

Os Weiss se entreolharam. Aquela não era uma missão que pudessem recusar. Mesmo que não acreditassem naquela história de apocalipse, isso não mudava o fato de um dos companheiros estar com uma espécie de ameaça de morte sobre si.

Morte...

(Omi) Oh, Aya...

(Ken pensativo) Droga. Nos envolvemos com o apocalipse dessa vez... eu podia jurar que seriam alienígenas...

(Yohji) Ken... pode parar por aí...

(Omi sorrindo) Yohji, você... leva o Aya lá pra cima por favor?

(Yohji) Claro.

Começava ali a vigilância sobre o ruivo. Nenhum mal se aproximaria dele.

oOo

Padre Hugo saiu da Koneko, e encontrou padre Lucas parado do outro lado da rua, embaixo de um poste elétrico.

(Hugo) Ei, jovem, vamos?

(Lucas) Tsc. E como foi?

(Hugo) Fique tranqüilo. Eles acreditaram e vão nos ajudar.

(Lucas) Ainda acho mais fácil matar aquele ruivo. Assim o apocalipse não aconteceria sem o quarto cavaleiro.

(Hugo) Mas isso não resolveria o nosso problema maior.

(Lucas) Amã...

(Hugo) Esse maldito nicolaíta. Ele é a raiz de males que tentamos evitar.

Padre Hugo tirou um maço de cigarros de dentro da camisa e acendeu um para si. Ofereceu para seu companheiro, mas padre Lucas recusou.

(Lucas) Isso ainda vai te matar.

(Hugo) Não se preocupe. Se o mal tocar aquele garoto todos nós nos ferramos de qualquer jeito.

(Lucas)...

(Hugo) Mas isso não vai acontecer. Vamos permitir que Aya viva até o momento em que Amã e os gêmeos se revelem. Quando descobrirmos a localização deles... faremos uma mudança nos planos.

(Lucas) Você vai matar Aya.

(Hugo suspirando) Qualquer coisa para impedir o apocalipse.

(Lucas) Então o destino desse ruivo é morrer, de qualquer jeito.

Padre Hugo deu uma longa tragada em seu cigarro, e ergueu a cabeça, observando o céu escuro de Tokyo. Era uma visão muito sombria, típica de grandes cidades.

(Hugo) Algumas pessoas nascem com seus caminhos bem definidos. Pena que aquele garoto tão bonito precisa morrer, para que outros sobrevivam.

Padre Lucas sorriu, passando a mão pelos cabelos ondulados.

(Lucas) Está se arrependendo de suas escolhas? Você conhece o futuro da humanidade... se sua fé começar a fraquejar seus ideais podem se alterar.

(Hugo) Não. Tenho pessoas que gostaria de ver crescer. Meus sobrinhos e primos... e no fim, essa vida não é tão ruim assim. Eliminar Aya é um preço pequeno, se pudermos proteger a vida das pessoas.

(Lucas) Então não tenha pensamentos pessimistas. Tudo vai ficar bem, você verá.

(Hugo) Prioridades mudam...

(Lucas) Eu sei. E se for o caso, eu saberei como agir. Não tenho nada contra esses quatro. Nosso objetivo é Amã.

Padre Hugo jogou o cigarro fora, sem terminar de fumá-lo. Depois fez um sinal para um táxi que passava por ali.

(Hugo) Vamos relatar ao cardeal. Ele dirá o que deve ser feito.

oOo

Aya estava parado atrás do balcão, com ar distante e pensativo. Acordara com uma disposição muito boa, sentindo-se bem como a vários dias não se sentia...

Não se lembrava de muita coisa da noite anterior, mas Omi tratara de pô-lo a par das coisas durante o café da manhã... e agora ele estava ali, perdido em pensamentos, enquanto os outros Weiss trabalhavam.

Yohji estava encarregado das entregas, Ken atendia as freguesas e Omi ainda não voltara da escola.

Tudo podia parecer normal, não fosse o fato de padre Hugo estar sentado entre as prateleiras cheias de flores, meio encoberto pelas plantinhas, apenas vigiando o movimento, e padre Lucas estar de tocaia na rua, parado em frente a Koneko, alerta a qualquer sinal de perigo.

Aquela vigilância toda incomodava um pouco o líder da Weiss, mas estava fora de seu alcance impedi-la. Sabia que algo sobrenatural estava acontecendo consigo, e isso o preocupava e ao mesmo tempo o aliviava.

Pelo menos não estava ficando louco, e não precisaria procurar por um psiquiatra. Imaginar tal fato o deixara muito assustado... a simples possibilidade de que pudesse estar enlouquecendo tirava sua vontade de viver.

Graças a Kami sama não era assim.

Não que a outra opção fosse melhor, mas... céus. Então ele era a reencarnação da morte?

Reencarnação não, por que segundo Omi lhe explicara, a doutrina católica pregava contra o conceito de reencarnação. Trocando por miúdos, Aya era a própria morte...

Talvez fosse a ironia da vida: afinal o ruivo era mesmo um assassino de aluguel... e matava em nome de uma justiça da qual as vezes desconfiava e questionava, mas se parasse pra pensar nessas questões filosóficas aí sim acabaria louco ou extremamente arrependido pelos inimigos eliminados.

O espadachim suspirou e fixou as íris de ametista na faixa que protegia o estigma em seu pulso.

Gostaria muito de saber porque ele fora escolhido... qual o conceito de seleção daquele tal de evangelho... seria a data de nascimento? Alguma marcação das estrelas? Ou simplesmente um caso do acaso sem explicação?

Poderia ser qualquer um dos Weiss? Pelo que Aya entendera, não. Tinha que ser única e exclusivamente o ruivo, para assumir aquele papel tão nefasto.

Yohji chegou das entregas e aproximou-se do espadachim, interrompendo-lhe os pensamentos.

(Yohji) Ei, eu vou preparar o almoço no seu lugar, Aya. Relaxa...

O moreninho que passava por perto e ouviu a oferta do playboy quase caiu pra trás.

(Ken) NÃO!

(Yohji)...

(Aya)...

(Ken) Deixa que EU cuido do almoço, Yohji... ninguém quer morrer de indigestão e azia por aqui...

(Yohji) Ora, Ken. Eu ia fazer um lamen instantâneo...

(Ken) He, e aposto que ia deixar com gosto de meia usada... pode ficar tranqüilo. Eu vou cozinhar algo.

O loiro fez uma careta e cruzou os braços de modo afetado.

(Yohji) Você é quem sabe. Pode ir que eu não me importo.

O ruivo suspirou exasperado, mas no fundo agradeceu pela preocupação dos dois. Com certeza estava tendo problemas de concentração e seria bem provável que pusesse fogo na cozinha com sua distração.

Yohji notou o brilho estranho nos olhos do Weiss ruivo, e deu um tapinha amigável nas costas de Aya.

(Yohji sorrindo) Sossega, rapaz. Você tem sorte de ser a "Morte"... se fosse a "Peste" eu ia tirar sarro da sua cara até o fim dos tempos! Há, há, há...

Esperou receber um dos famosos olhares 'shine', mas não aconteceu nada disso. Aya apenas se afastou, dando uma olhadinha em direção ao padre Hugo, que apesar de parcialmente encoberto pelas folhagens acompanhava a conversa com muito interesse.

Aya não gostou nem um pouco do olhar que o sacerdote dirigia a sua pessoa...

oOo

Hiroki sorriu aliviado ao ouvir o sinal tocando. Finalmente estava na hora de ir embora.

(Hiroki pensando) Hoje as aulas foram muito exigentes.

Hiroki cursava o primeiro ano do ginásio. Era um jovem muito alto, e um tanto esbelto, sem ser magro. Possuía cabelos claros muito lisos e curtos, e olhos azuis extremamente calmos.

Era um dos melhores alunos do colégio e sem dúvidas o mais famoso. Todos conheciam seu bom humor e sua disposição em ajudar aos outros. Tinha muita paciência e força de vontade.

Todos queriam se aproximar daquele garoto tão jovial. Sem contar que era um dos rapazes mais bonitos da escola.

Olhou para o pulso direito. A única coisa que nublava sua vida perfeita era aquela ferida que surgira em seu corpo sem explicação aparente. Não se lembrava de ter feito nada que gerasse aquele machucado...

Suspirou confuso e resolveu ir embora, pois ficar na sala de aula não o ajudaria a entender o novo mistério.

Antes que Hiroki levantasse da carteira, um grupinho de garotas chegou até ele, sorrindo encabuladas e com as faces coradas.

(Garota1) Ei, Hiroki... é verdade que ainda não escolheu par para o baile?

(Garota2) Er... já pensou em alguém?

O menino sorriu de modo afável, já acostumado com aquele assédio.

(Hiroki) Tenho muitos compromissos, não sei se poderei ir...

(Garotas) Ohhhhhh...

Todas ficaram decepcionadas, mas antes que falassem mais alguma coisa um rapaz chegou até elas, e fazendo uma careta espantou-as rapidinho dali. Era Yuri, o baderneiro bad boy da classe.

(Yuri) Ei, Hiroki... que tal me emprestar suas anotações... eu não pude escrever durante a explicação do professor.

Apesar da fama de Yuri, eles eram bons colegas de classe.

Hiroki passou a mão pelo cabelo.

(Hiroki) Você dormiu durante a aula outra vez?

(Yuri)...

(Hiroki) Não vou lhe emprestar minhas anotações. Passa em casa depois das cinco que eu lhe dou umas dicas, tudo bem?

Yuri assentiu mais que depressa. Ele que não seria bobo de perder a chance de ficar ao lado daquele garoto tão bonito por um tempo.

(Yuri) Valeu, Hiroki!!

Mal Yuri se afastou, e um menino loiro, com aparência angelical chegou correndo na sala de Hiroki e parou embaixo do batente.

(Omi) Ei, Hiroki, vamos cancelar o grupo de estudos de hoje a tarde, está bem? Não poderei ir a sua casa.

O outro ficou um tanto surpreso. Omi era mais velho, e cursava o último ano, mas era muito responsável, e nunca desmarcava um compromisso. Mas devia ser por uma causa justa. Acabou dando um sorriso e fazendo o sinal de vitória com os dedos. Omi acenou um tchau e saiu correndo outra vez.

Só então o garoto conseguiu levantar-se de sua carteira e sair da sala de aula. Ia caminhando por um corredor, quando encontrou com um dos professores.

(Professor sorrindo) Hiroki, aqui estão as decisões que tomamos para o final do segundo semestre, referentes ao festival anual. Sua classe ficou responsável pela feira de curiosidades culturais.

Hiroki pegou a pilha de papel e balançou a cabeça.

(Hiroki) Pode deixar com a gente.

(Professor) Se esforcem!

Hiroki continuou caminhando, quando cruzou com dois colegas de uma outra classe. Não se esqueceu de guardar a pilha de papeis em sua mochila.

(Colega1) Ei, Hiroki, nosso time de basquete vai treinar hoje a noite, você pode nos ajudar?

O jovem olhou para o próprio pulso, que estava enfaixado. Será que poderia fazer exercícios com aquela ferida? Achou melhor não arriscar.

(Hiroki) Sinto muito. Vou acompanhar a turma de xadrez hoje.

Os outros fizeram uma cara tão desanimada que Hiroki se condoeu, não permitiria que aquele machucado misterioso o impedisse de seguir com as orientações que sempre dava aos colegas.

(Hiroki) Não podem mudar para amanhã a noite? Seria perfeito...

Os garotos sorriram e balançaram as cabeças.

(Colegas) Obrigado, Hiroki! Está combinado!!

Hiroki observou os dois se afastando e suspirou. As vezes não queria ser tão bondoso, mas era seu jeito, e não mudaria... então era melhor se conformar.

Quando o menino saiu na rua, a maioria dos estudantes já havia ido embora. Era assim todos os dias.

Hiroki ergueu a cabeça, sentindo o calor dos raios de sol aquecendo sua bela face. Adorava aquela vida, adorava estar vivo, e agradecia por tudo ser do jeito que era.

Olhou para frente novamente, e foi então que percebeu a limusine preta estacionada no outro lado da rua.

(Hiroki)...

Observou as pessoas que desceram do automóvel. Havia um homem muito alto, mais alto do que si próprio, de profundos olhos cinzas, vestindo um magnífico terno bem cortado. O outro era um garoto baixinho, com hipnóticos olhos negros e cabelos negros, lisos e longos. As roupas eram negras.

Tinha uma garota muito parecida com esse menino: ela possuía a mesma estatura e peso, mas era o oposto exato a ele em tudo: olhos muito claros, cabelos muito curtos e prateados... e roupas todas brancas. Tal garota apertava fortemente uma espécie de livro entre os braços. Pela preocupação da jovem devia ser algo importante...

Pra terminar havia uma outra garota. Parecia ter quase vinte anos, os olhos eram verde-escuros e inexpressivos, combinando com as roupas verde musgo.

(Hiroki)...

Sem saber o porque não gostou nada daqueles quatro. Estranhamente o machucado em seu pulso começou a comichar, incomodando muito. Teve que fazer um esforço pra não coçá-lo.

(Alfa) Hiroki Misaki... viemos anunciar o seu despertar...

(Ômega) Não parece preparado pra isso...

Hiroki olhou para ambos os lados da rua, pensando em fugir dali urgentemente. Mas antes que fizesse alguma coisa Amã apontou uma arma em sua direção.

(Amã) É melhor que venha com a gente, garoto.

Hiroki soube no mesmo instante que tudo estava perdido...

Continua...


T.T Não era pra terminar assim! O Hiroki devia ser tocado pelo mal antes do fim do capítulo, mas... ç.ç eu gostei muito dele e não quero que ele morra!!

DROGA!!

¬¬ Preciso achar um jeito de salvá-lo da morte! i.i

Essa fic é um presente de aniversário para minha mestra Evil, apesar disso gostaria de dedicar esse capítluo especialmente a Myleny Mymy! Obrigada pelos e-mails e por todo o incentivo! n.n