Stone Angel

Capítulo 4

Dois Mundos

Kaoru observava com atenção e carinho as crianças brincarem no jardim da casa de apoio a crianças carentes de onde ela era a presidente. Ajudar aqueles que não tem em quem se apoiar sempre foi a sua maior obsessão. Proteger os menos favorecidos ou dar simplesmente um teto para aqueles pequenos, esquecidos do sistema. Observava cada criança e atentamente percebia o quanto frágil elas eram, e como era fácil fazê-las sorrirem.

-Parece um sonho, não é mesmo Kaoru?-falou Yume sentada ao seu lado.-Antes éramos duas jovens diferentes, você pobre e necessitada daquela bendita bolsa, e eu rica que estava na faculdade apenas para aproveitar a vida. Agora somos iguais...

-Nunca fomos diferentes, Yume.-falou com um lindo sorriso nos lábios.-Você me ajudou quando todos me fecharam as portas... Se não fosse pela sua ajuda, minha amiga, eu e Haru estaríamos na rua.

Era doloroso lembrar daquela época. Ela ficara desesperada, não sabia para onde ir e nem a quem recorrer. Era ela por ela mesma. Não tinha ninguém no mundo para olhar por ela e pelo seu bebê... A não ser Yume e o seu querido Okki, que sem dúvida fora o anjo que caíra de pára-quedas na sua vida.

-O meu destino teria sido nebuloso,-comentou com uma angustia, uma dor profunda em seu peito.-Você me ajudou a encontrar um emprego, e em seguida me apresentou aquele seria o meu anjo de luz.

-Okki foi um bom homem.-falou Yume, pensativa.-Um homem de convicções fortes, de opiniões formadas.

-Ele era o meu mundo, agora que estou sem ele vejo o quanto a minha vida é vazia.-disse olhando para o céu.-Logo seremos duas velhas decrépitas, e o nosso único consolo será as nossas crianças.

-Eu sei.-falou Yume com um sorriso radiante na face.-E não há desígnio melhor nesse mundo.

A pureza do olhar de uma criança, o sorriso simples e leve de cada alma ali, a fazia ter a certeza de que tinha feito a coisa certa. Tinha criados os seus filhos com dignidade, dado um lar cheio de amor e compreensão. Haru, a sua filha mais velha, era ajuizada e inteligente.

-Além de tudo, a nossa menina não podia estar em melhores mãos.-Yume falou pegando a sua mão.-Não acredito que aquela menininha de três quilos e oitocentos gramas é essa mulher bonita e decidida.

-É, cada dia que passa Haru mostra que não fará a mesma loucura que cometi.

-Ela já não é mais o nosso bebê. Saiu do casulo e agora é uma borboleta.-falou sorrindo.

-A única coisa que me preocupa é o fato dela não nos apresentar a esse misterioso namorado.

-Pelo menos nós temos a certeza de que ele é um jovem da idade dela, Kaoru.-comentou tentando amenizar o mal-estar gerado por aquele relacionamento. Não conhecia o jovem, porém acreditava no bom-senso da afilhada.-Você sabe o quanto Haru é tímida, ela deve estar acanhada e com medo de que você não aprove o relacionamento.

-Não, não há motivos para temer... Sempre mostrei ser uma mãe compreensiva, nunca levantei a mão para ela ou muito menos a proibi de namorar.

-Eu sei de tudo isso, Kaoru.-falou compassiva.-Eu sei de cada segundo da vida daquela menina, por isso acho que em vez de levantar falsas idéias você devia ir conversar com Haru. Afinal, antes de mãe você é amiga.

Kaoru olhou para as suas mãos, ela ainda não sabia se tinha o direito de invadir a privacidade da filha. Sabia que ela não tinha o direito de julgar o comportamento de Haru, porém, tinha o dever de se preocupar. Afinal, ela ainda era menor de idade.

-Não sei tenho esse direito, Yume.

-Claro que você tem. Ela é a sua filha e ainda deve obediência a você.

-Depois de tantos anos ainda me sinto culpada por não ter revelado a ela a verdade.

-Ken... Aquele homem nunca seria um bom pai.-cortou a amiga, nervosa.-Eu acho que ele nunca soube o significado dessa palavra. Okki foi o melhor pai do mundo, e Himura sempre foi o mero progenitor que nunca te ajudou em nada.

-Mesmo assim, ela tem o direito de saber quem é o verdadeiro pai... Mas eu não tenho coragem.-falou levando a mão ao cabelo.-Revelar esse segredo agora seria me aproximar daquele cachorro, e eu nunca mais quero vê-lo na minha frente.

-É desnecessário contar, Kaoru.-Yume falou frustrada.-Essa revelação só faria a sua família sofrer... Pense em Haru, ela não merece sabe qual é o seu passado. Ela teve um pai que nunca, nem em sonhos, Kenshin iria ser. É pense bem... Imagine o que a víbora iria fazer com o pobre coração dela.

A víbora era ela, Sayu Himura, uma mulher vingativa e mesquinha. Kaoru não a odiava, no fundo até mesmo compreendia a sua ânsia de vingança. Certamente saber que não era mais desejada como mulher era um golpe para o orgulho de qualquer uma. Fora casada e sabia o quanto doía uma traição. Embora Okki nunca lhe desse margem à desconfiança, sabia que ele nunca a havia desejado ao ponto de perder a cabeça. O grande amor dele estava do seu lado e sempre estaria.

-Kaoru, em todos esses anos você sempre evitou falar o nome dele. Mas admita mulher, ele sempre esteve presente em seus pensamentos.

-Eu sei... Mas eu já não o amo mais, na verdade duvido que um dia o tenha amado.-falou analisando os seus sentimentos.-Hoje sei que aquele furor era apenas um sentimento passageiro... Ele era o fruto proibido, e eu jamais poderia tê-lo.

-É, e até hoje você tem um elo que ainda o uni a ele.

Haru não era nada parecida com Kenshin, o que para ela era um alivio, pois em nenhum momento fora obrigada a conviver com a dor diária que eram as recordações dos momentos lúdicos ao lado dele.

-Já parou para pensar que ele pode ser agora o professor de Haru?-falou a amiga em tom curioso.

-Eu não acredito, Yume. Kenshin era ambicioso, nunca aceitaria ser professor para o resto da vida.-comentou enquanto se levantava do banco.-Certamente deve ter sido promovido a reitor de alguma faculdade federal... Ele nunca aceitou o fato de ser um mísero professor.-falou amarga.-Mas não quero pensar nele agora. Kenshin faz parte do meu passado e infelizmente nunca poderei apagá-lo da minha vida, mas posso fingir que ele não existe mais e assim dar curso à minha vida.-pausadamente ela continuava, enquanto um menino ruivo puxava a barra da sua saia.-Já não sou mais jovem e nem tenho mais sonhos românticos. Enfim, a minha história com Kenshin se resume apenas à Haru... Nada mais me prende a ele, nem mesmo o amor que um tinha pensei sentir...–concluiu pegando o menino no colo. –A minha vida agora é apenas estender a mão para seres que nunca tiveram nada... E isso não é porque sou boa, é porque eu tenho consciência de quanto ainda devo a mim mesma.

RrrrRrrrRrrrr Kenshin olhava consternado para os inúmeros papéis que repousavam sobre a escrivaninha. E pela primeira vez em cinco anos, desde que fora promovido a reitor, queria voltar a ser professor. Admitia que era ambicioso, pois agarrou com as duas mãos e com os dois pés a chance de ser alguém quando o seu sogro, finalmente, decidira se aposentar. Não foi difícil para o conselho administrativo aceitá-lo, era perfeito para o cargo e ainda atendia a todos os requisitos da legislação da universidade. Não que lecionar não fosse a sua paixão... Era, claro que era, e fora difícil desistir da idéia de nunca mais ter os seus alunos. De nunca mais passar conhecimento... Ou aprender com os jovens, mas a vida era assim, em algum momento dela você teria que optar pelo o melhor caminho. E naquela época o melhor caminho para ele e sua família era ser reitor. Sayu com o seu ciúme e usando os filhos, o estimulara a se candidatar. Na certa tinha a esperança dele nunca mais traí-la com alguma aluna, o que na verdade nunca aconteceu. Kenshin nunca havia conseguido ser fiel a ela, e isso certamente era o que o impulsionara a seguir em frente com o seu plano mórbido de vingança. Quantas jovens ela e o ciúme já não tinham destruído? Ele não sabia, e na verdade não queria saber. A verdade era que se sentia extremamente desconfortável naquele escritório. Se não tivesse uma reunião importantíssima com a mesa administrativa não hesitaria em abandonar o ambiente de trabalho por algumas horas. Pegando os óculos de leitura, Kenshin tentava ler as fichas dos calouros bolsistas. Era uma tarefa simples se não fosse o seu mal-humor. -Hideki, Tsubasa, David, Ken, Kevin..,-ele falou alto, lendo os nomes.-Haru Okki... Então é essa a namorada de Kaito.-sussurrou olhando com desdém para a foto de Sayu.-Tenho pena dessa garota... O telefone tocou, o tirando de seus pensamentos. -Senhor Himura. -Sim, Kaia.-respondeu com voz cansada.-O que é agora? -Aqui do meu lado tem uma jovem que deseja muito falar com o senhor. -Jovem? Como assim? -A senhorita Haru Okki.-falou ela com voz rouca.-Posso mandar entrar? Ela havia atendido o seu chamado, pensou satisfeito. -Mande-a entrar.-respondeu retirando óculos e organizando as fichas em cima da escrivaninha.

AsasaasasasaasaasasasasasasaasasaA

Luta travada entre o Japão e a China, de 1894 a 1895 pelo controle da Coréia. As forças militares japonesas, mais modernas, derrotam completamente o Exército e a Marinha chineses. Além de receber as ilhas de Taiwan (Formosa) e Pescadores e uma volumosa indenização, o Japão passa a ser considerado potência mundial pelos países europeus. Até a segunda metade do século XIX, o Japão resiste ao imperialismo ocidental. Antes de começar sua própria expansão territorial, o país se moderniza com a adoção de medidas para, por exemplo, abolir o poder dos senhores feudais e centralizar a administração do Estado.

Após a segunda guerra mundial, o país novamente vê o poder, antes centralizado, se dissolver nas mãos dos tão temíveis Yankes. A destruição, a falta de infra-estrutura, crescimento mercado negro e o repatriamento de milhões de pessoas...

Kaito, cansado, olha para o monitor desanimado. Aquele texto não estava parecendo em nada com uma tese sobre a evolução do país após a destruição da segunda guerra. E só em pensar que ainda tinha vinte laudas para terminar, deixava-se abater. Não podia negar que por ser filho do reitor era mais cobrado. As pessoas tinham a tendência de olhar para as suas notas e teses com desconfiança, mesmo sendo um veterano e já ter provado a todos que podia sim ser um jornalista competente e que não estava ali porque era de uma família tradicional.

Porém, sabia que antes de tudo e de todos tinha que provar a si mesmo que era capaz, pois só assim seu sobrenome não pesaria tanto em suas costas.

Levantando da cadeira, Kaito foi até a janela, onde acendeu um cigarro. O único vício remanescente de sua adolescência rebelde, quando em um ato idiota tentara mostrar para Sayu que já não era mais uma criança que ela podia manipular. Ela sofrera, mas fora um sofrimento pequeno comparado aos tormentos psicológico que havia passado nas mãos dela.

"Bastardo... É isso que você é, Kaito... Um bastardo!", ela havia gritado num momento de fúria quando ele tinha apenas dez anos, após ter estilhaçado a vidraça da vizinha. "Um desastrado... Igual ao frouxo do seu pai... Você e ele destruíram a minha vida, mas não pense que vou deixá-los livre... Pois vocês me pertencem. "

Naquele dia a esperança de ter o amor da mãe caíra por terra. Aprendera que o amor não era apenas conquistado, mas também cultivado... E Sayu não sabia o que era instinto maternal. Duvidava muito se um dia ela saberia o que é amor.

A parti daquele dia ela fora apenas Sayu para ele, e nada mais.

-Ah, era só o que me faltava.-resmungou ao ver o Mercedes preto de Sayu parado na porta do seu prédio.

Não estava pronto para mais uma discussão com a mãe. A ultima fora difícil, Sayu tinha um forte poder de argumentação, mas o que se destacava era o fato de saber manusear bem o seu lado ardiloso. Ela jogava com a própria sorte, mas desta vez ela não iria fazê-lo desistir daquilo que queria. Haru era especial demais, e enfrentaria tudo, até a sua família, para ficar com ela.

Caminhando até a porta, a abriu, e ficou à espera da mulher que tinha o grande poder das palavras. Era uma pena que da boca dela só saíssem ameaças.

SrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsR

Ansiosa e nervosa, Haru torcia o pequeno lenço que carregava consigo. Desde que recebera o recado do reitor, era grande o seu medo. Não queria perder aquela bolsa, não porque necessitava dela, tinha a consciência de que ali no campus haviam pessoas mais necessitadas, mas pelo fato da sua própria independência. Perder a vaga seria voltar a estaca zero, voltaria a depender da mãe...E sabia que a situação financeira da família não era lá grande coisa.

Agora sentada na frente do pai de Kaito, não conseguia nem ao menos formular duas ou três palavras. E sem dizer que se sentia invadida por uma sensação estranha de que já o tinha visto antes... Além de tudo ele a encarava com assombro, como se estivesse na frente de um fantasma.

-Há quanto tempo você e o meu filho estão juntos?-perguntou ele na esperança de quebrar aquele clima ruim.

Tempo o suficiente para conhecê-lo melhor do que ninguém, pensou Haru, notando o quanto Kaito era parecido com o pai. Os mesmo cabelos ruivos, os olhos azuis violeta e a mesma estrutura física. Só que Kaito ainda conservava a beleza da juventude, enquanto aquele homem experimentava a mutação para a terceira idade.

-Há três anos. Nos conhecemos quando eu estava na escola secundária e ele foi dar uma palestra sobre os movimentos revolucionários no mundo.

-Sim, isso é interessante.-falou ele com um meio sorriso.-Logo começaram a namorar?

-Não, por um ano só nos comunicamos por e-mail, pois ele estava em Londres fazendo um curso. Só depois que ele voltou que começamos a sair.-respondeu erguendo a cabeça.-Eu quero saber o motivo do interrogatório.

-Eu sou o pai dele, senhorita...

-Okki, por favor.-falou empinando o nariz.-E eu já sei que você é o pai dele, mas já vou avisando que nada me compra, pois eu não estou atrás do seu dinheiro. E nada, absolutamente nada vai me separar de Kaito.

-Calma, calma, senhorita Okki.-falou ele, achando a atitude da garota um tanto familiar.-Eu nada tenho a ver com a vida do meu filho, mas não posso deixar de fica preocupado, afinal, Sayu quase me deixou louco.

Sempre aquela mulher! Nunca sequer ela tentou se sentar para conversar com Haru. Ela apenas julgava pela aparência, pelo nome, não se importava com o sofrimento alheio... Só se importava com o próprio bem-estar.

-Eu nada tenho contra esse namoro, ao contrário, até apoio. Afinal, você é a prova de que o meu menino gosta do sexo oposto... Teve uma época da qual me envergonho, mas cheguei a pensar que o meu filho era um pederasta.-falou sorrindo da própria ignorância.-Ele sempre que não estava estudando estava na companhia de outros homens. Fiquei com medo... Até mesmo assustado, imagina, meu filho gay.

Aquilo não tinha a mínima graça, e só mostrava o quanto os pais de Kaito eram preconceituosos. Kaito não era um pederasta, um termo velho e preconceituoso para se denominar pessoas que tinham outras preferências sexuais. Kaito não era gay, apenas era diferente do resto da família.

-Então, o que o senhor quer comigo?-perguntou impaciente.

-Avisar, ou melhor, alertá-la de que não brinque com fogo. Fique longe de Sayu, e não deixe que ela te prejudique. Ela é um ser ardiloso, cruel e mesquinho.-ele falou, sério.-Eu sei o que você deve estar pensando... Afinal, ela é a minha esposa, mas acredite: se fosse por minha vontade eu já estaria bem longe dela.

-Eu sei, Kaito já me alertou.

-Ele te alertou, mas quando ela começar a agir, nem mesmo ele poderá detê-la.-falou indo até a janela.-Eu estou casado com ela há trinta anos e sei muito bem o quanto ela pode ser destruidora quando quer...Fique longe dela, se não quiser sair machucada.

-É só isso, senhor?-perguntou em tom cínico.

-Sim... É só.-falou olhando para paisagem sombria da universidade. Naquele momento queria que houvesse um grande arbusto.-E se lembre menina, a meta de Sayu é destruir você... E quando ela quer alguma coisa, ela consegue.

AsasasasasasasasasasasasaS

-O que a senhora quer aqui?-perguntou Kaito parado no batente da porta.-Da última vez a senhora deixou bem claro que eu já não era mais o seu filho.

-Kaito, os laços de sangue são mais fortes às vezes.-falou sarcástica.-Vamos entrar. O que tenho para falar não pode ser discutido em publico.

A grande senhora entrou na sala com a cabeça erguida. Sayu Himura nunca perdia a classe, nem mesmo quando estava no cubículo no qual ele morava.

-As coisas mudaram por aqui...

-Sim, desde que Haru se mudou para cá a casa está mais organizada.-falou, não se importando em ocultar o fato.

-Então a menininha está morando aqui também?-falou passando a mão em um móvel.-Ela não perdeu tempo.

-Eu a convidei para morar comigo.-disse, preocupado em mostrar para a mãe que Haru não era uma aproveitadora.-Ela não é rica e nem tem posses como nós temos, senhora.

-Mais um motivo para desconfiar da honestidade dessa jovem.-falou colocando a pasta branca que carregava na mesa.-Pelo menos ela é uma boa pajem.

-Ela não é a minha empregada.-replicou entre os dentes.

Ela não perdia a pose, o cabelo sempre penteado para trás da orelha, os brincos de esmeralda e os caros e finos ternos. Essa era Sayu, tão bonita como uma boneca de gesso, porém no lugar do coração havia um bloco de gelo. Ela não conseguiria separá-lo de Haru... Mesmo que vivessem cem anos.

-O que a traz aqui?-perguntou curioso.

-Bem, pelo visto sou uma vista não grata aqui.-falou olhando para o quadro de Portinari.-Mas mesmo assim sinto que é o meu dever como sua mãe entregar este relatório.

-Eu não quero ler relatório nenhum.

-Porém devia, afinal, meu secretário não passou semanas investigando a vida da sua namoradinha para nada.-falou olhando para pasta.-Eu me preocupo com você, meu filho.-falou olhando para o relógio.-Não quero que você cometa uma loucura da qual irá se arrepender mais tarde.

-É só isso?-perguntou impaciente levantando do sofá.-Se for só isso, por favor, se retire, pois ainda tenho uma tese para terminar.

-Claro, meu anjo.-falou com um sorriso frio, indo até a porta.-A missão já está cumprida, agora é com você e a sua consciência. –pausadamente continuou.-Eu te amo, filho.-falou saindo do apartamento.

Kaito era um menino burro e ingênuo. Dava para perceber que tinha o mesmo sangue ruim do pai, não era como Kaio que havia puxado à sua sagacidade e inteligência. No fundo ele merecia aquela vida... Amar a própria irmã. Dormir, cometer um incesto a cada dia. Poderia até mesmo ficar quieta e não fala nada... Assim poderia ter o prazer de vê-los sofrer quando mais tarde descobrissem pelos caminhos amargos do destino que tinham o mesmo sangue. Mas era boazinha, ela pelo alertara. Agora cabia ao idiota resolver.

Entrando carro, Sayu notou o olhar curioso de seu secretario.

-Então, senhora, como foi a reação dele?

-Nenhuma até o momento.-falou mandando com um gesto para ele andasse.-Conhecendo Kaito como conheço, tenho a certeza de que ele demorará um tempo para ler aquele relatório. Ele é um trouxa sentimental, e certamente não irá trair os seus princípios agora.

-Mas eles são irmãos, senhora.

-Eu sei, Kano. E isso é um ponto a meu favor.-falou satisfeita.-Vamos, que tenho horário marcado com a minha cabeleireira.

Satisfeita, olhou para o próprio reflexo. Nunca fora capaz de perdoar a traição do marido com aquela mulher. Sabia das tantas outras amantes ele teve, mas apenas ela, Kaoru Kamiya, foi capaz de roubar o coração dele. E era isso que não admitia... Era isso que a fazia sofre.

RsrsrsrsrsrsrsrsrR

Kenshin olhava para a ficha de Haru e não conseguia discernir ao certo as afirmações que lia. Não era possível, mas o destino colocava a versão mais jovem de Kaoru no seu caminho.

A senhorita Okki, como queria ser chamada, tinha os mesmos olhos, o mesmo cabelo, tinha tudo daquela que um dia fora sua amante. Até o mesmo jeito aristocrático de falar e de se sentar. Se não fosse pela confirmação que estava à sua frente poderia dizer que aquela era a sua Kaoru, e que ela tinha voltado para os seus braços. Porém, ali estava a certeza que cortava a sua alma... A confirmação de que Kaoru havia sido feliz longe dele.

Nome: Okki Haru, Afiliação: Kaoru Kamiya Okki e Shizuko Okki.

Eram amargos o gosto do ciúme e o despeito. Aquela menina era para ser sua filha... Mas era de outro. O que mais doía era a certeza de que fora melhor assim. Se antes ainda tinha restrições contra aquele namoro, agora não tinha mais. A filha de Kaoru não sofreria o mesmo mal que ela sofrera, pois ele iria protegê-la contra tudo e contra a fúria de Sayu.

Chegara a hora do acerto de contas. RsrsrsrsrsrsrR

Haru entrava sorrateiramente no apartamento. O silêncio era o seu aliado maior já que queria pegar Kaito de surpresa. Sabia que depois de um dia desgastante precisava enfim de um descanso em seus braços. Olhando para a sala vazia, encontrara apenas os papéis da tese e uma pasta branca lacrada. Era bem possível que ele ainda estivesse na frente do computador digitando como um louco.

E lá estava ele, com um roupão azul e com o tão famoso óculos lendo as laudas. Como amava aquele ar intelectual dele. Aproximando-se sorrateiramente, o abraçou pelo pescoço dando-lhe um sonoro beijo em seus lábios.

-Como senti a sua falta, seu bobo.-falou sentando no colo dele enquanto este colocava os papéis já sem tanta importância em cima da escrivaninha.

-A cama ficou tão vazia sem você quando acordei e não a vi ao meu lado.-sussurrou, desabotoando a blusa dela.

-Eu te amo, seu bobo.-gemeu ela, sentindo os lábios dele descerem até o seu colo.-Nunca duvide desse amor.

Continua...

Olá!!!!

Bem, aqui estou eu sozinha escutando a música melancólica composta pelo o mestre Beethoven (sonata n° 14), quem conhece sabe que essa música é triste, mas ao mesmo tempo bonita. Eu amo Beethoven e não posso falar ao contrario.

O Capítulo foi normal, já que o próximo será estrondoso. Claro que tenho que prepara o terreno, pois senão a situação fica mais dramática do que uma sinfonia do Mozart.

Queria agradece a Hime Hayashi (Lia, poste a sua fic logo viu). E todos que enviaram reviews. Lili-Chan (certamente essa fic parece com Entre a cruz, mas com os Maias jamais... eu nunca escreverei como o mestre Eça de Queróis), Mana Camila que tem síndrome de Kikyou às vezes, Kurama´s Deity Girl! Eu ainda não sei...eu acho que é Kenshin mesmo, mas ainda não tenho certeza, Madam Spooky, ele é que fez a própria sorte, Spooky, aiaiai como sou dramática, Mila.Potter. Lavigne pode ficar tranqüila que Kenshin entra na linha... Ele tem que entra nem se for na marra.

Fazem uma escritora feliz!!!! Deixem reviews. É um ato tão simples e tão importante para quem escreve. Não custa nada...

Feliz Ano Novo!!!

Beijos!!!

E até mais!!!

Annah Lennox