Capítulo 5
Stone Angel
Presságios de uma tormenta
Será que estava fazendo a coisa certa? Seria que tinha o direito de voltar para a vida de Kaoru assim? Quase vinte anos depois tinha uma pista sobre o paradeiro dela... Um endereço tão esperado por ele. Mas a bendita dúvida o fazia ficar ali, olhando para casa simples com medo de bater na porta, pois tinha certeza de que não seria bem recebido.
Kaoru não nutria bons sentimentos por ele, e com a mais absoluta certeza já o tinha esquecido. A conhecia, e sabia o quanto era determinada e teimosa , quando tinha uma idéia fixa dificilmente mudava de idéia. E ele não lhe trazia boas recordações... Por causa dele e dos ciúmes doentio de sua mulher ela perdera a única chance de ser alguém na vida.
Se ao menos tivesse sido forte e enfrentado Sayu em nome do seu sentimento por ela, talvez a sua vida fosse um pouco mais feliz.
Não, definitivamente não era feliz. Nunca fora em todos aqueles anos de união com Sayu. Ela sugava a sua energia, o fazendo desistir dos seus sonhos, anulando a sua personalidade. Ele não tinha mais entidade quando estava ao lado dela.
Tinha que admitir que sua ambição fora sua maior inimiga. A ânsia por poder e a fome por status o transformava num ser infeliz que hoje vivia em função das vontades de seu maior algoz: O medo.
O medo de perder tudo o que conquistara pelos meios de Sayu. Que certamente não era motivo para ter orgulho, e sim vergonha do ser interesseiro e mesquinho que se tornara.
Não tinha o direito de entrar na vida de Kaoru novamente, mas não conseguia coordenar os seus sentimentos, que priorizavam na hora do balanço final. Sua razão o impedia de cometer essa loucura, mas o seu coração dizia outra coisa.
Sabia que era uma questão de tudo ou nada. Não poderia retroceder no tempo e mudar o passado, mas podia fazer daquele momento algo único e especial. A libertação da sua alma ou o fim de uma obsessão.
Bateu na porta por três vezes. Sabia que a partir daquele momento não podia mais fugir. Teria que encarar o seu problema de anos como um homem, que apesar de seus defeitos havia amado muito uma mulher, mas não ao ponto de deixar tudo por aquele sentimento.
A moradia em que Kaoru morava era simples, com a mesma fachada das casas na vizinhança. O jardim era repleto de flores silvestres raras, ainda mais no inverno rigoroso de Tókio. Mas nas mãos de Kaoru nada padecia, nada acabava. Ela era milagrosa.
-Olá.-falou a mocinha com os expressivos olhos azuis.-O que deseja, senhor?
Com as mãos trêmulas de nervoso, Kenshin não conseguiu articular as palavras corretamente. Estava fazendo o papel de palhaço.
-O senhor está bem?-perguntou a garota visivelmente constrangida.-Posso ajudá-lo?
-Não, não eu estou bem.-falou rapidamente, sabendo que aquele era o seu momento de reagir.
-Então o que deseja?-perguntou ela novamente sem muita paciência.
-Eu precisava e muito conversar com... a senhora da casa. Ela está?-era agora ou nunca mais, pensou tentando controlar o forte sentimento.
-Sim, ela está.-informou olhando de maneira desconfiada para ele.-Mas receio de que ela esteja muito ocupada para falar com o senhor.
-Eu realmente necessito em falar com ela, mocinha...
-Eu vou falar com ela, mas primeiro preciso saber o seu nome.-falou compassiva, vendo a aflição do pobre homem.
-Fala que sou um velho amigo dela...
-Minha mãe tem vários amigos, senhor. Isso não ajuda.-respondeu em tom cínico.
-Kenshin, fala para ela que sou Kenshin Himura.
A expressão da menina não se alterou em nada, ao contrário sorriu com simpatia. Talvez Kaoru não tivesse feito a sua caveira perante a família... Talvez ela nunca o tivesse citado. Afinal não deixara nada para ela a não ser a dor e arrependimento.
-Certo...eu vou chamá-la.-disse saindo da sala.
A única certeza que tinha no momento era de que estava pronto para dar um passo importante na sua vida. Não esperava que fosse recebido com um sorriso no rosto por Kaoru, ou muito menos que ela aceitasse a sua desculpas, mas pelo menos mataria aquela saudade louca que o perseguia há anos.
PppppP
Sayu se deleitava na sua grande banheira de hidromassagem. Era um luxo que ela julgava a ter o direito de usufruir como bem entendesse. Era uma mulher rica com muitas posses, não era uma qualquer, por isso se cuidava com esmero. Chegando ao limite da obsessão.
-Pelo o visto hoje, minha amiga, está feliz.-falou Ai, em tom cínico e invejoso.-Quem você perseguiu hoje, Sayu?
-Eu não estou feliz, querida, eu estou saboreando antecipadamente o gosto da vitória eminente.-replicou com um meio-sorriso.
-Você é mestre na matéria de destruir a vida alheia.
-Como você pode julgar as minhas atitudes?-perguntou concisa.-Você não é a pessoa mais virtuosa que conheço.
Ai Kaze, era mulher de um dos homens mais ricos do Japão. Era bonita e jovem, porém burra, nunca soubera esconder que tinha um caso com Kenshin. Não dava a devida importância a esse fato, pois ela era uma em uma lista de várias laudas. A única que chegara perto de roubar Kenshin dela estava completamente eliminada do seu caminho. E ficaria mais longe ainda quando o escândalo do incesto for explodir na imprensa. Ai não era um risco para integridade da sua família. Era burra, mas não idiota a ponto de largar o marido milionário para ficar com um mero reitor. Além do mais Kenshin nunca iria deixá-la... Ele devia muito para ela. Nunca o deixaria ir enquanto sua dívida não fosse quitada.
-Não sou pura, mas nunca seria capaz de tramar contra o meu próprio filho.-falou a mulher.-Eu tenho honra...
-Honra? Essa é boa Ai.-cortou gargalhando.-Desde quando uma mulher como você tem honra... Vive do dinheiro público, do qual o seu marido ajuda a roubar todos os anos, pois sonega impostos. Eu sei que não presto, que sou uma víbora, uma cobra peçonhenta e nojenta, mas o meu dinheiro é limpo. Nunca roubei ninguém, o meu único mal é amar demais a minha família a ponto de fazer de tudo para que meus filhos não cometam a mesma loucura que cometi quando era jovem.
-Você é amarga, Sayu. Tão amarga, que não sei se alguém é capaz de amá-la.-respondeu Ai, nervosa.-Você não sabe o que é amar...aliás, você nunca soube.
-Realmente, acho que eu não sei o que é amar.-concordou ela com a expressão fria.-Sei o que é obsessão, ódio e rancor. Acredite, não era assim, o tempo me ensinou que não vale a pena amar... Amar é apenas uma metáfora.-pausadamente continuou, quando pegava Ai pelos cabelos.-Olhe para o seu reflexo e me diga: Você ama o seu marido?
Agarrava os cabelos dela com força desnecessária, via que lágrimas de dor escorriam pela face de Ai. Não soltando a mulher, apertou mais os cabelos fazendo-a olhar para o espelho d'água que refletia a situação nada confortável da amante do seu marido.
-Por favor, solte-me Sayu....senão vou gritar.-ameaçou.
-Você que abra essa boca, que eu conto para o mundo que você e meu marido são amantes.-falou Sayu, arranhando a face da mulher com as suas unhas longas e afiadas.-Vamos, fale...responda.
-Você é louca, Sayu.
-Sim, eu sou uma maluca, que sou capaz até de matar para ver uma pedra fora do meu caminho.
-E eu sou a pedra?
-Não, claro que não.-respondeu gargalhando.-Você nunca foi uma ameaça. Até sou agradecida a você, afinal me livrei daqueles momentos frustrantes ao lado de Kenshin quando estávamos na cama.-apertando os cabelos dela com mais intensidade ameaçou.-Não quero vê-la morta, mas posso muito bem deixá-la na miséria.
-Deus vai castigá-la...
-Eu sei.-falou olhando para o reflexo.-Fale...logo, antes que arranque a unhadas todo o seu cabelo.
Ai,estava desesperada...não estava suportando a dor que estava sentindo. Além da humilhação...
-Não, eu não amo meu marido.-gritou.-Como posso amar aquele gordo fedorento. Ele não me faz gozar como o seu marido, querida Sayu. Ele nunca me deu prazer como o seu marido... e sabe, tenho orgasmo só pelo o fato de está transando com ele. Justo ele, o virtuoso e fiel como você dizia para mim no começo...-Ai estava histérica.-Sabe querida, o que faz desse momento mais especial para ambas?
Sayu estava pálida. Mesmo odiando o marido e não ligando para a infidelidade. Não podia deixar de sentir ciúmes. Mas não era só esse sentimento que sobressaia...o ódio e tédio vinham juntos e inundavam a sua alma com força total. De tal maneira que seria capaz de arrancar os cabelos daquela cadela a unhada.
-Sim querida, vai me bata, me espanque.-Ai gritava a pleno pulmão.-Não será a ultima e nem a primeira vez que você age como uma qualquer, Sayu.
Era o que queria fazer: Espancá-la até tirar a última gota de sangue daquela mulher, mas seu sentimento nunca havia sobreposto a razão, e não seria agora que deixaria tal anseio domar a sua alma. Seu orgulho só não era maior do que o seu autocontrole.
-Sua desgraçada.-esbravejou ela diminuindo a força do seu punho.-Você tem sorte de eu ser uma dama que odeia sujar as mãos com sangue impuro.-completo soltando-a definitivamente.
Sayu notou com descaso o brilho assassino os olhos da sua ex-amiga. Sabia que aquele pedaço de estrume não teria força o suficiente para enfrentá-la, muito menos para feri-la. Indo até a escada, pegou o roupão e logo saiu da banheira. Não queria mais ficar ali ao lado de um ser tão inferior.
-Nada tenho contra você Ai-falou com um sorriso de desdém.-Mas não fique na frente do meu caminho, pois você não sabe o quanto cruel eu posso ser quando eu realmente quero.
PppppP
Como era estressante não ter nada para fazer, pensou Haru olhando desanimada para o controle da televisão, tentando em vão encontrar algum programa decente em algum canal público, pois ali no campus não tinha antenas por assinatura...antes tivesse, quem sabe não estaria entretida com algum filme em vez de assistir aquela droga de programa chamado "Ai no tamashii".
-Não agüento mais essa vida, Inauro.-falou ela, ninando o gato de Kaito.-Como queria matar aquele professor irresponsável, por causa dele estou aqui engordando mais três quilos e assistindo uma droga de programa. Logo, logo o seu dono não vai mais me querer...
-Mesmo que fosse uma baleia, querida, mesmo assim iria te amar.-falou a voz masculina ao pé do ouvido.
-Kaitooooo ...-gritou ela assustada jogando o pobre Inauro para o alto.
-Calma querida.-falou ele sorrindo.-Não precisa ficar alterada.
-Como não? Isso não se faz, Kai.-resmungou pondo-se de pé.-Pensei que fosse um ladrão ou coisa pior.
Olhando para o contorno do corpo dela, Kaito sentiu uma onda de desejo viajar pelo o corpo todo. Era inevitável, quase involuntário e já não lutava mais consigo mesmo pra sucumbi atroz paixão. Sim era uma paixão cruel que não trazia alívio e era constante, necessitava de Haru como o ar que respirava. Não havia vida sem ela.
- Eu não sabia que chegaria cedo em casa.
-Eu estava louco pra te ver novamente, Haru.-falou maliciosamente para o seu quadril.
-Você abandonou as aulas?-perguntou surpresa.
-Sim...
-Inauro hoje vai chover.-falou Haru gargalhando olhando para o gato que se espreguiçava no sofá.-Eu não acredito isso é um milagre.
-Não goze da minha cara, pequena.-falou caminhando lentamente até ela.-Eu tenho culpa se ontem você me viciou em seu corpo, a ponto de não pensar mais em nada a não ser está dentro de si novamente.
Sorrindo como uma criança, Haru deixou ser beijada com paixão. Não teria carinho muito menos ternura...teria sexo e prazer e nada mais.
-Quer dizer que sou uma droga, Himura?-perguntou a pé do ouvido.-E que posso finalmente te fazer de gato e sapato?
Ele se limitou a tocá-la. Queria senti cada contorno do corpo dela entre os seus dedos, fazê-la gemer de paixão sobre os seus lábios.
Carregando-a até o quarto, onde teriam a paz tão almejada.
UuuuuuU
-Ela descobriu, isso foi acontecer, Ai?-perguntou o senhor visivelmente nervoso.
-Já estava mais do que na hora de esfregar na cara daquela emproada de que eu sou mais mulher do que ela.
Ai tremia não de medo mais de ódio e ira. Queria a todo custo se vingar de Sayu, fazê-la pagar por todos os seus pegados.
-Você não tinha o direito de fazer isso.
-Tinha e tenho, não vou mais agüentar quieta as palavras ofensivas e caluniosas que aquela mulher faz a minha pessoa.
-E o seu marido?
-O que tem ele?
-E se ela por despeito revelar o seu segredo.
-Não me importa...
-Mas importa a mim.-falou o senhor nervoso.-Eu dependo dele, e não quero ficar novamente pobre.
-Sayu jamais abriria a boca para falar nada...
-Essa mulher é sórdida.-falou cínico.
-Disso eu sei, pai.-levando a mãos ao queixo falou.-Por isso tenho um plano...
-Plano?-perguntou confuso.
-Sim, um plano perfeito que calará para sempre a boca nojenta daquela cascavel.
Ai sorriu para a própria esperteza. Vingaria-se de Sayu sem precisar sujar as suas lindas mãos. O poço de vaidade sofreria em suas mãos, até que a última gota de vida esvaziasse ralo a baixo.
Tramaria o crime perfeito...Sayu estava com a vida em suas mãos. Era ela (finalmente) que deveria fugir de seu caminho.
Continua...
Primeiramente queria agradece em muito a Lí, que como sempre tem muita paciência para os meus erros bobos. Concordo com você, Lili, eu não tenho costumo de ler o que escrevo. Rsrsr Esse é uma das manias que tenho que modificar.
Bem, vamos a fic. Eu mudei completamente o rumo da historia, pois não queria que ela entrasse em Hiatus. Queria dar um toque de mistério a ela, já que estou pensando seriamente... Não vou falar agora. Esperem pelo o próximo capítulo. XD
Agradecimentos: Madam Spooky, Obaa Camila, Sachi, Julia Yuri, Hime Hayashi, Lan Ayath e a Letícia que me agüentou no MSN ontem.
Por favor, não se esqueçam de mim, e façam uma humilde humana feliz...Então deixem reviews. Please!!!
Beijos!!
Até mais!!!
Anna
