Férias Sangrentas

Quando os marotos e as loucas saíram do Expresso de Hogwarts naquele fim de ano letivo, não sabiam se estariam vivos para se reencontrarem.

As loucas abraçaram-se apertado.

"Vou convidar vocês para irem lá em casa", disse Samara.

"E nós vamos ir!", prometeu Dorcas.

"Vamos nos escrever!"

"Todas as semanas!"

"E nada de fofocar umas das outras!"

Abraçaram-se mais uma vez e, logo depois, cada uma seguiu seu caminho.

Sirius Black saiu de dentro da barraca no pátio da casa do Sr. e da Sra. Potter e entrou na casa para tomar café da manhã.

"Bom dia!"

"Dormiu bem?", perguntou Tiago.

"Muito!"

"Tem certeza que não quer o quarto de hóspedes?", perguntou gentilmente a Sra. Potter.

"Obrigado, Sra. Potter, mas eu amei aquela barraca! De verdade!"

"Se você diz..."

Dorcas Meadowes virou-se para o pai.

"Então quer dizer que as ameaças não pararam?"

"E nem vão parar."

"Isso me dá medo!"

"Fique tranquila, estamos tomando todas as providências!"

Dorcas não disse nada, mas sabia que "todas as providências" eram inúteis diante de Voldemort.

Samara e Remo chegaram em casa discutindo.

"Vou chamar as malucas, Remo!"

"Mas eu já tinha combinado com os garotos!"

"Você trouxe eles ano passado!"

"Mas já estava combinado!"

"É minha vez!"

O Sr. Lupin achou que tava na hora de interferir.

"O que acham de tanto as malucas quanto os marotos virem?"

Os dois irmãos trocaram um olhar antes de darem-se as mãos e dizerem ao mesmo tempo:

"Eu topo!"

Era dia quinze de agosto quando Lily, Dorcas, Samara, Marlene, Alice e Amélia se encontraram no Beco Diagonal para comprar suas coisas. Elas entraram na Madame Malkin, vestes para todas as ocasiões, dando risadinhas. Aquele seria o sexto ano delas, e queriam "arrasar".

Por isso, passaram quase três horas escolhendo roupas e as vestes para o Natal e o dia das bruxas.

"Vocês preferem o rosa ou o vermelho?", perguntou Alice.

"Vermelho!", responderam todas.

"Vocês acham?"

"Sim!", repetiram todoas.

Elas riram.

Quando saíram da loja, encontraram os marotos rindo e conversando numa mesa da Florean. Lily foi categórica:

"Ainda não acredito que vou passar quinze dias na mesma casa que esse idiotas!"

"Lily, você convive com eles o ano inteiro!"

"Mas é diferente!"

"Não sei como!", disse Samara, fazendo as outras rirem.

Os marotos as viram naquele momento. Sirius levantou-se de salto.

"Sah!"

E abraçou-a, levantando-a do chão.

"Me larga, seu maluco!"

"Sentem aí com a gente!"

"Temos que passar na Farmácia!", disse Dorcas.

E saíram caminhando.

"Dorcas", disse Lily, "Você nem deu oi pro Remo."

A garota bufou.

"Estou cansada de correr atrás dele."

As amigas trocaram olhares.

"Hey, o que é? Porque vocês não perguntam porque ELE não veio falar comigo?"

Samara abraçou a amiga sem deixarem de caminhar.

"Há quanto tempo vocês estão juntos?"

"Um ano e meio!"

"Já estava na hora de dá uma pane!"

Dorcas não pode deixar de rir. E assim, as seis amigas entraram na farmácia.

"Boa tarde, queremos ingredientes para poções avançadas. Seis conjuntos."

Enquanto a atendente procurava as coisas, Dorcas disse:

"Vê se pode! O Remo nem me escreveu convidando pra ir na casa dele!"

"Fui eu, né?", disse Samara.

"Me deu até vontade de não ir, mas aí eu pensei que não ia deixar de curtir as férias com minhas amigas porque meu namorado é um idiota!"

Lily riu.

"E o Matt, Lily?"

"Vai bem. Ele foi lá em casa semana passada. Pra falar a verdade, ele tava todo estranho, tipo que... nervoso, meio desligado..."

"Ué?"

"Sei lá... tava meio aéreo e distante nas últimas cartas também..."

"É a crise pegando!", disse Dorcas, fazendo Lily rir.

"Aliás, Alice- disse Samara- E o teu namorado?"

"O Frank tá bem!- disse Alice- É perfeito!"

Lily riu:

"Ela ainda não completou um ano!"

Todas riram. Pagaram os ingredientes e saíram da loja.

"Quem anda quieta quando ao namoro é a Amélia!"

A própria riu.

"Vocês sabem que eu só continuo com o Charles porque não estou a fim de ficar solteira."

"Hogwarts está cheia de homens, amiga!"

As seis caíram na risada.

"A única que não tem jeito de querer se amarrar é a Samara."

"Garotas- disse Samara- Sou linda, leve e solta, por isso poupem-me!"

"SOLTEIRA!- berrou Lily, fazendo as outras rirem ainda mais alto.

"Solteira sim- disse Samara, alto- Sozinha nunca!"

As outras bateram palmas.

"É assim que se fala, amiga!- disse Amélia, que também estava a fim de ficar solteira.

Caíram todas na risada.

"O que vocês tanto riem?- perguntou Sirius, aproximando-se e abraçando Samara.

"Ah, da minha condição de solteira..."

Sirius riu.

"Tenho certeza que você só é solteira porque quer... tem zilhões de caras a fim de você..."

"Sem exageros- pediu Samara, rindo."

"Mas é verdade! Você é linda..."

"Leve e solta!- comlpetou Lily- Sabemos."

Tiago disse:

"E você, Lily? Não vai sair comigo?"

"Me larga, Potter! E não é Lily, é Evans!"

"Vamos, Evans, sai comigo!"

A garota revirou os olhos.

"Eu tenho namorado, para sua informação, Potter."

"Por favor, Evans, você não vai se arrepender!"

Ela encarou-o e no instante seguinte largou:

"Ui... sai daquiiiii!"

No instante seguinte as malucas caíram na risada. Sirius bateu gentilmente no ombro de Tiago, que olhava para Lily, que ria também, com uma carinha de cachorro abandonado.

"Mau jeito, Pontas..."

O grupo particularmente animado (exceto por Lily e Tiago) chegou na chácara dos Lupin quando já estava anoitecendo.

"Aí estão eles- disse o Sr. Lupin.

A sra. Lupin correr a abraçar todos.

"Já estava ficando preocupada!"

"Ai, mãe, a gente tá bem!", disse Samara, quando a mãe beijou-a.

"Mas Você-Sabe-Quem andou atacando de novo. É o que diz o profeto diário."

Remo logo perguntou:

"Onde?"

"Não sei. Podem ler o jornal... tá em algum lugar..."

Remo foi até a mesa onde achou o jornal, sentou numa cadeira e começou a ler. As garotas subiram para seu quarto. Dorcas, a última da fila, lançou um olhar triste para o namorado lá em baixo, mas ele nem chegou a ver. Porém, quando voltou-se para continuar a subir, deu um baita dum tropeção e teve que se segurar em Marlene à sua frente para não desabar escada abaixo. E isso foi o suficiente para que as loucas passassem quinze minutos rindo histericamente.

Enquanto riam, ouviram a voz de Sirius lá em baixo...

"Tá tudo bem?"

E, quando não obteve resposta, o comentário de Tiago.

"Malucas!"

Fez, assim, que elas rissem ainda mais.

"De pedra, todas elas", foi a decisão final.

Quando a porta fechada abafou as conversas e risadas histéricas das seis loucas, Sirius sentou-se e disse:

"O que tem entre você e a Dorcas?"

"Como assim?"

"Vocês não são namorados?"

Remo fez que sim com a cabeça, sem entender. Tiago logo entrou na conversa:

"Então porque você ela nem te deu oi?"

"Sei lá...- disse Remo.

"Você devia dar mais atenção pra ela- disse Tiago- Se ela não te dá oi, dá tu oi pra ela!"

Remo fechou o jornal com força:

"Querem me deixar em paz?"

Os três marotos entreolharam-se.

"O que fala aí?"

"Ninguém morreu, mas todos perderam a memória. Se querem saber a minha opinião, eu preferiria morrer a perder a memória!"

Samara e as outras estavam no quarto dela, que era pequeno, mas fora enjambrado para ser usado pelas seis. Havia a cama de Samara, um beliche e três colchões apoiados na parede.

"Cada dia três dormem no colchão- sugeriu Samara."

"Ah, tanto faz!", disse Dorcas.

"Eu apoio!"

As seis riram.

"Olhem só- disse Samara- Queria mostrar pra vocês as fotos que tiramos!"

E abriu uma caixa de sapato lotada de fotos. No instante seguinte, todas estavam rindo e se divertindo olhando as fotos.

Os marotos saíram do quarto de Remo silenciosos.

"O que será que as loucas estão fazendo?"

Eles ouviram risadas histéricas e se entreolharam.

"Será que elas estão passando bem?"

Sirius deu de ombros e abriu a porta, gritando:

"No Flagra!"

As malucas, todas emboladas no alto do beliche, cheia de fotos (algumas estavam caídas no chão), trocaram um olhar cúmplice e logo caíram na risada.

"Vocês estão bem?- perguntou Sirius, pegando uma foto no chão- Céus! Que cabelo é esse, Dorcas?"

As loucas voltaram a rir. Alice conseguiu explicar:

"Foi uma tentativa levemente mal sucedida da Dorcas de colorir o cabelo e fazer permanente!"

Remo aproximou-se silencioso e deu uma espiada na foto. Dorcas olhou atentamente a reação do namorado, e segurou-se para não rir quando ele apenas sorriu tímido.

Lily cochichou para Marlene ao seu lado:

"Olha a cara do Remo!"

E as duas caíram na risada.

Nos momentos seguintes, estavam os dez rindo das fotos. Inclusive acharam várias dos marotos nas situações mais ridículas possíveis. Tiago perguntou:

"Porque vocês tem foto deu coçando a orelha?"

"E de mim espirrando?- quis saber Sirius."

"Ah, isso foi uma tentativa frustada de convencer aquelas idiotas que vocês não são tão bons assim para merecem um fã clube!"

Sirius fez uma cara de ofendido que provocou risadas de Samara, e Tiago virou-se para Lily.

"Lily, você não acha isso, acha? Quer dizer, eu te amo!"

"Ah, poupe-me, Potter!- disse Lily- E, por favor, é Evans!"

"Certo! Evans, sai comigo! Por favor! Sai comigo!"

"Nem morta! Nem se eu tiver que escolher entre você e o Hagrid! Ou você e o Snape!"

"Hey, esculacha mas não ofende!"

"Mas é isso que você merece!"

Amélia resolveu interromper:

"Certo, certo, ótimo! Vamos trocar de assunto!"

Dorcas deitou-se na cama em silêncio. As amigas ainda estavam lá embaixo rindo e jogando cartas. Mas ela não aguentava mais ser ignorada, ser um fantasma para Remo.

Deixou que as lágrimas escorressem por seu rosto. Doía demais. Não sabia como podia gostar dele, mesmo ele tratando-o daquela forma. Queria Ter coragem para acabar, para dizer que não aguentava mais, que queria que ele mudasse ou queria ficar novamente livre. Estava cansada de Ter que semrpe correr atrás, sempre dar o primeiro passo.

Foi naquele momento que a porta do quarto de Samara abriu-se lentamente:

"Dorcas, você está aí?"

"Sai daqui, Remo", conseguiu dizer.

Ele abriu a porta e entrou. Ela apressou-se em limpar as lágrimas.

"O que você quer?- perguntou Dorcas, a voz saindo magoada e com raiva."

"Saber como você está... parecia triste..."

Ela olhou-o, observando-a daquele jeito que, antigamente, a fazia derreter-se. Mas ela não conseguiu achar aquilo bonito. Sentiu nojo. Sentiu vontade de bater nele, de machucá-lo, para ele sentir a mesma dor que ela sentia.

Quando terminou de pensar na vontade de bater nele, ela começou a falar. Lançou as palavras sem conseguir parar, lágrimas involuntárias escorrendo pelo rosto:

"Como você queria que eu tivesse? Sorrindo? Você me ignora o tempo inteiro! É sempre eu que vou falar com você! É sempre eu que tomo iniciativa pra sentar do teu lado, pra conversarmos! Até para dar bom dia sou eu quem tenho que te procurar!"

Ele olhou-a assustando, diante daquela demonstração de raiva tão direta da pessoa que mais amava naquele mundo.

"Você nunca corre atrás! Você nunca toma a iniciativa! Nunca faz a primeira ação! Estou cansada disso! Se eu passo no corredor, nem oi você me dá! Você tem vergonha de mim, é isso? Qual é o seu problema, Lupin? O que foi que eu te fiz?"

Ela levou as mãos ao rosto, cobrindo os olhos, deixando as lágrimas fluírem naturalmente. De repente, sentiu a mão dele segurando as suas.

"Me desculpe, Dorcas..."

"Não desculpo!- disse ela- Estou cansada!"

Ele suspirou:

"Dorcas, por favor... me desculpe..."

Ela encarou-o, os olhos vermelhos e inchados.

"Eu te desculpo, mas isso não adianta. Não vou te desculpar sempre, Remo. Você precisa mudar, precisa me provar que merece ser desculpado. Sou sempre eu que cedo, que perdoo, que desculpo! Você tem que fazer alguma coisa, tem que parar de fazer as mesmas besteiras de sempre! Tu sabe muito bem o quanto eu te amo, já está cansado de saber... mas cada besteira que você faz é um ponto a menos Remo... daqui a pouco não vai haver mais amor. Só ódio e mágoa."

Ele olhou-a.

"Você quer dar um tempo?"

"Não sei. Eu queria que você andasse de mãos dadas comigo pela escola, me desse bom dia, guardasse lugar pra mim na mesa da Grifinória... sei lá... qualquer coisa que me fizesse sentir especial... e não apenas mais uma!"

Ele disse:

"Vou tentar, certo? Você me ajuda?"

"Não diga "vou tentar"- disse Dorcas- Diga que vai mudar. Que não vai mais me ignorar, não vai mais fingir que eu não existo..."

"Nunca mais vou fazer isso- prometeu ele- Você me perdoa? Me dá mais uma chance pra mim mostrar o quanto de amo?"

Ela sorriu.

"Sim, Remo..."

E os dois se beijaram.

Lá embaixo, Lily passou mais uma carta para Tiago. Estavam jogando dorminhoco e Pedrinho era o que mais tinha rolhadas pelo rosto. Logo depois, Samara recebeu uma carta de Pedro, passou outra para Sirius e, em seguida, bateu. Pedro novamente "dormiu", e como não tinha mais espaço no rosto, rolharam ele no pescoço mesmo.

"Então, vocês acham que Voldemort vai matar quem?- disse Sirius."

"Façam suas apostas!- disse Samara, e riu."

"Eu aposto naquela velha que trabalha no departamento de futurologia!- disse Tiago, fazendo Marlene rir."

"É a Dolores Aquino Rego!- explicou Marlene."

Todos caíram na risada.

"Mas porque ela?- quis saber Lily.

"Porque ela anda muito desligada. Meu pai que diz. Que ela dorme enquanto tinha que estar arumando os registros de todas as previsões feitas durante a semana!"

"Você acha que Voldemort vai pegar ela dormindo?- perguntou Alice."

"Talvez...- disse Amélia- Ela é mesmo doidona."

"Mas ela pode já tá do lado de Voldemort- disse Samara."

"Mas aí não ia ficar dormindo. Ia copiar tudo duas vezes. Uma para o ministério e outra para o partido das trevas!"

Naquele momento uma coruja solitária entrou voando pela janela.

"É pra você, Potter!- disse Lily, passando a carta para ele.

O garoto abriu a carta e, à medida que lia seu conteúdo, seu rosto se enchia de prazer.

"Então, o que é?- quis saber Pedrinho.

"Pessoal, sou o capitão do time de Quadribol da Grifinória!"

Faltavam dois dias para o final das férias quando os dez foram ver um jogo de quadribol entre os Chuddley Cannons e outro time da 2ª divisão. Sentaram-se animados nas arquibancadas, exceto Lily que estava de péssimo humor, já que Tiago não parava de chamá-la para sair.

"Por favor, Evans?"

"Ai, Potter, sai de perto de mim- disse Lily- Marlene, vem pro meu lado!"

Marlene sentou-se entre Lily e Tiago, que virou-se para falar com Sirius. O jogo começou e Tiago e Sirius não paravam de comentar os passes, e planejar jogadas, agora que Tiago era o capitão e Sirius o ajudante do capitão, como se auto-denominara.

Saíram do jogo, sete horas depois, e foram imediatamente até a lanchonete mais próxima, onde devoraram baurus e torradas. Chegaram na casa de Remo o dia amanhecendo, todos rindo muito.

Não sabiam que o bar em que estavam havia explodido alguns minutos depois de saírem de lá. Não sabiam que já estavam correndo risco de vida.

Na noite do último dia antes das aulas, sentaram-se mais uma vez na sala de estar dos Lupin. Lily estava com o jornal nas mãos, vendo as atrocidades cometidas por Voldemort. De repente, em voz alta, ela disse:

"Em duas semanas, foram trinta e nove mortos, noventa e três feridos e duzentos e quarenta e três desmemoriados... eles tem que fazer alguma coisa... A Ministra está fazendo tudo o que pode, mas isso não é suficiente..."

Ela olhou para a janela.

"Eu vou deitar..."

E subiu as escadas. Samara entendeu no primeiro momento que alguma não estava bem. Saiu do colo de Sirius, que brincava com os cabelos dela, e correu atrás da amiga. Entrou no quarto e encontrou-a limpando as lágrimas, diante da janela.

"Hey, Lily, não fica assim..."

"Estou com medo- disse Lily- O Matt está aí fora... como posso ficar tranquila enquanto ele pode simplesmente ser morto? Simplesmente..."

Ela não conseguiu terminar.

"E em pensar que temos dezesseis anos, só isso, e já estamos assim por causa desse maldito Voldemort..."

Samara não soube o que dizer.

"Lily, por favor, não fica assim. Voldemort pode estar lá fora, pode estar matando Deus e o mundo, mas por Merlim! Não vamos deixar de viver por causa dele! Como você mesmo disso, temos apenas dezesseis anos! Vamos tentar viver, Lily, vamos tentar ser felizes! A maior arma dele é o desespero, a tristeza, a desvença, a inimizade... Não vamos armá-lo, Lily..."

Samara também chorava.

"Vamos continuar amigas, vamos ser felizes, não vamos nos importar. Essa é a forma mais segura de lutar contra ele. Enquanto estivermos em Hogwarts- ela limpou as lágrimas, a outra mão segurando o ombro de Lily- Estaremos seguras. Depois a gente pensa em como vai ser aqui fora..."

As duas então se abraçaram com força.

"Obrigado, Samara- disse Lily- Por ser minha amiga."

"Que droga", disse Sâmara, limpando as lágrimas, "Odeio essas malditas TPMs, eu choro o tempo inteiro..."

"Eu também...", ela teve que rir, "parecemos até duas mangueiras humanas."

"O que é mangueira?"

Lily riu e, naquele momento, Tiago abriu a porta.

"Lily? Chegou essa carta para você."

Lily virou-se para ele e, sem dizer que era Evans, pegou a carta. Tiago estava com uma vontade incontrolável de abraçá-la, consolá-la, mas sabia que um dia ainda a teria.

Com os dedos trêmulos, ela abriu a carta.

Lily

Como você vai, meu amor?

Eu não sei, mas tenho certeza que está melhor que eu.

Fui atacado, junto com uns amigos, ontem à noite. Passei a noite no hospital, mas agora já estou melhor. Não vou ficar com sequelas graves, pelo menos.

Fico feliz que tenhamos nos visto durante as férias. Acho que vou te ver amanhã na estação, senão vou enlouquecer de saudades.

Estou com saudades, espero sinceramente que você esteja bem, se cuide muito, pois eu não quero te perder, jamais.

Um beijo de quem te ama demais,

Matt Tamman

Lily suspirou.

"O que houve?- perguntou Sah.

"Alguns incidentes com o Matt... mas já está tudo bem... agora, vou responder para ele... se vocês quiserem- ela evitou olhar para Tiago- Podem descer, eu estou bem!"

Lily sentou diante da escrivaninha e escreveu:

Matt Tamman, seu maluco!

Como você não me avisa de nada?

Como você passa a noite no hospital e nem ao menos se dá ao trabalho de avisar sua namorada?

Como você pode ser tão descuidado?

E se tivesse acontecido algo mais grave com você? E se você tivesse MORRIDO?

Lily parou de escrever e limpou as lágrimas que escorriam por seu rosto. A caligrafia estava trêmula e haviam marcas de lágrimas em alguns lugares do pergaminho.

Desculpe, continuou, não devia Ter sido tão grossa...

Você está bem?

O que aconteceu de verdade?

Precisa de ajuda?

Estou muito preocupada, com muitas saudades e com muito medo que algo sério aconteça com você.

Não quero nem imaginar minha vida sem você. Você já faz parte de mim. Se você morrer, acho melhor eu morrer junto, porque não vou conseguir viver sem você...

Lily limpou novas lágrimas. O coração batia apressado.

Espero que você não tenha se machucado muito...

Te espero amanhã na estação. Estou com muita saudade. Melhore logo, amoreco. Te amo muito.

Beijos,

Lily

Ela enrolou a carta e prendeu-a na coruja.

Matt Tamman terminou de ler a carta de Lily e surpreendeu a si mesmo com lágrimas nos olhos.

"Meu Deus...- murmurou para si mesmo."

Tinha um grande machucado nas costas, pois levara sete facadas de um auror que achava ser Frank Longbotton, e todas haviam sido profundas. Ele só não ficara paraplégico porque nenhuma havia atingido nem sua coluna nem os nervos. Porém, quebrada quatro costelas e perfurara um pulmão, por isso estava deitado na cama, com um tubo de oxigênio ao seu lado. O rosto estava normal, exceto por uma grande queimadura desde do queixo, passando pela boca, atravessando o olho esquerdo e indo até parte da testa. Fora um dragão. Ele deitou-se.

Agradecia a Deus por Ter uma namorada tão linda, dedicada e carinhosa quanto Lily. Cada palavra escrita naquela carta fora como o melhor dos remédios, e seu ânimo melhorara muito. Estava até disposto a ir comer alguma coisa.

Foi quando ele pensou no malditão medalhão e no que tinha que fazer...

Releu as palavras que diziam "Não quero nem imaginar minha vida sem você. Você já faz parte de mim. Se você morrer, acho melhor eu morrer junto, porque não vou conseguir viver sem você...".

"E eu preciso que ela se apaixone pelo Potter- disse Matt, para si mesmo- Como vou acabar com ela? Como vou fazer ela entender? Como posso terminar com a única mulher que eu quero ficar para todo o sempre?"