-CAPÍTULO TRÊS-

A Volta de Rita Skeeter

A mesa da Grifinória parecia que ia se chocar: alguns alunos subiram em cima das cadeiras e vibraram fazendo muito barulho. Draco estava bufando de raiva e se retirou do Salão Principal. Harry andou até aonde se encontrávamos outros jogadores.

"e um último aviso antes de nos dirigirmos aos nossos dormitórios. – continuou Dumbledore – Devo avisar-lhes que a primeira visita a aldeia de Hogsmeade deste ano acontecerá neste fim de semana. Mas este ano os alunos poderão passar o dia no povoado, se quiserem. A visita começará às nove da manhã de sábado e terminará às seis da tarde. Obrigado"

Madame Hooch guiou os jogadores até uma pequena sala ao lado da mesa principal; a mesma sala que Harry estivera quando fora escolhido como campeão de Hogwarts.

Quando todos já estavam dentro da pequena sala, madame Hooch começou a falar.

- Bom... Vocês foram escolhidos como o time de Hogwarts e por isso vão treinar três vezes por semana quando o treinador de vocês chegar. Devo informar-lhes que vocês não irão dormir em seus dormitórios habituais, pois precisam de descanso para os jogos que se seguirão. Quando a Copa escolar de quadribol terminar, vocês poderão voltar aos seus dormitórios habituais. – ela pegou um pergaminho em seu bolso, leu-o e recomeçou a falar - Queria dizer também que todos os jogadores não terão as últimas aulas nos dias de treino. – ela desviou o olhar do pergaminho – Alguma pergunta?

- Ahn... – interrompeu Jess – aonde vamos dormir afinal?

Madame Hooch não respondeu a pergunta. Somente disse para arrumarem seus pertences e esperarem por ela no saguão de entrada dali a meia hora.

Quando os jogadores saíram da sala, o Salão Principal já estava vazio. Cada um tomou seu rumo e Harry e Wendy subiram as escadarias de mármore em direção à sala comunal.

- Aonde será que vamos dormir? – perguntou a menina excitada.

Harry não fazia idéia que existia outra sala comunal, outro dormitório. E ele nem queria pensar nisso no momento. Estava feliz demais comemorando secretamente que iria participar da Copa escolar de quadribol que nem sabia onde seus pés o estavam levando, e quando viu, eles já estavam na frente do quadro da mulher gorda.

- Espírito Agourento.

Harry subiu a escada correndo, entrou no dormitório, arrumou o malão e quando desceu encontrou os amigos sentados perto da lareira. Harry se despediu de Rony e Hermione e saiu para o saguão de entrada juntamente com Wendy.

Chegando no saguão, Madame Hooch enfeitiçou todos os malões e os guiou para o lado sul do castelo. Eles subiram as escadarias de mármore principais e entraram em um longo corredor. Foram na última porta, a mais larga, onde havia uma escada de caracol; Harry nunca estivera ali antes. No alto da escada, se encontrava um pequeno Hall. Havia vários quadros nas paredes; Madame Hooch foi direto para o maior quadro: o brasão de Hogwarts.

- pomo de ouro – disse ela

O quadro se abriu em uma passagem, igual ao da passagem da Mulher gorda da Grifinória. Dentro, uma sala comunal, menor do que de costume com uma escada que levava ao andar superior onde se encontravam os dormitórios.

Hooch se postou ao lado da lareira.

- Muito bem. Agora que todos já estão aqui, quero avisar-lhes: os dormitórios têm duas camas cada. Não é preciso que separem meninos de meninas pois os próprios quartos têm uma divisória. Escolham seus companheiros de quarto e vão pra cama. Boa noite a todos.

Ela saiu pela passagem e foi-se embora.

Harry ficou admirando o fogo crepitando na lareira por alguns segundos, e reparou que Wendy o olhava com o olhar meio perdido.

- O que foi? – perguntou ele rindo-se.

- Nada não! – disse ela sorrindo – anh... Vamos subir? Ou você vai ficar aqui embaixo mais um pouco?

- Não... Vamos!

Harry e Wendy subiram a escada e foram até o final do corredor onde se achava o único dormitório vago, o de número 4. Eles ajeitaram suas coisas e dividiram com as cortinas vermelhas a parte de cada um do dormitório. O menino se despiu, e vestiu seus trajes de dormir; sentou-se ao lado da janela, e enquanto Wendy pegava no sono ele ficou olhando o lago lá fora.

De repente, uma coruja entrou pela janela oposta do dormitório. Harry levantou-se e cautelosamente desamarrou o pergaminho que ela levava. Abriu-o e leu:

Harry,

Parabéns! É apanhador do time!Espero ver a vitória para Hogwarts!

Bom, mandei-lhe este bilhete por coruja, pois estava receoso que se conversasse com você na hora do jantar, outros alunos pudessem ouvir o que vou lhe dizer agora.

Sirius me pediu que lhe avisasse para que você estivesse na base do morro de pedra ao lado da Casa Dos Gritos às quatro e meia da tarde de Sábado. Não se preocupe, ele ficará bem. Esteja lá.

R.J. Lupin.

Harry acordou meio sonolento aquela manhã e alguns ainda estavam dormindo. Ele se levantou, e vestiu as tradicionais vestes de Hogwarts. Pé ante pé ele se dirigiu ao Grande Salão, onde já se encontravam algumas pessoas; dentre elas Wendy e Hermione que cochichavam sem parar e quando ele foi visto entrando no Salão, as duas deram-se olhares esquivados e pararam a conversa.

- Alô, Harry! Dormiu bem?

- Perfeitamente – mentiu ele enquanto pegava um pouco de bacon – Quais são as aulas de hoje?

- Trato de criaturas mágicas, - disse Rony olhando seu horário - Adivinhação, e mais tarde Futurologia e História da Magia.

- Pelo menos não vamos ter a última aula. – disse Wendy pegando uma torrada amanteigada do lado de Harry.

O menino virou-se para terminar seu dever de casa de Adivinhação.

- Sinceramente Harry, acho que desistir dessa matéria é a melhor opção. – disse Hermione observando-o terminar a previsão em gráficos.

Ele pensou por um momento. Se ele desistisse, não teria que aturar a profª Sibila predizendo sua morte toda aula, nem teria que agüentar Hermione falando pra ele que era melhor desistir como ela já havia feito há dois anos. Ele fitou seu dever com atenção e deu uma resposta a Hermione.

- Também acho! Vou falar com a profª Minerva agora mesmo.

Harry atravessou o saguão, subiu a escadaria de mármore e foi até a sala da professora. Antes de abrir a porta, ele escutou uma conversa vindo de dentro da sala.

- Minerva, é meu dever ficar por aqui e tomar notas sobre a Copa. Fudge me mandou para cá. Não posso voltar até a Copa acabar.

Harry entreouvia atentamente a conversa. Conhecia aquela voz, tinha certeza disso, embora não conseguisse identificá-la. Estava pensando de onde conhecia aquela irritante voz feminina, quando a profª McGonagall se referiu à ela.

- Srta. Skeeter. A senhorita deve entender que o nosso diretor não a quer aqui dentro da propriedade. Não depois dos últimos...acontecimentos.

Harry ouvira direito? Skeeter? Rita Skeeter? Em Hogwarts?

- Bom, o que eu posso fazer para a senhora me fazer a gentileza de fazer o meu trabalho? – ela retorquiu com uma certa insolência na voz.

- Diria que se você me deixasse com sua adorável pena mágica eu possa permitir.

- Minha pena?

- Sim. A sua pena. Algum problema?

- Não. Aqui está. – disse à contragosto – então posso me estabelecer aqui?

- Suponho que sim. Vamos, eu lhe mostro onde irá ficar.

- Beleza – disse ela.

Ao ouvir isso, Harry se escondeu atrás de uma gárgula de pedra perto da escada. Alguns minutos depois as duas iam saindo porta afora, e antes que elas pudessem descer as escadarias, ele saiu de trás da gárgula.

- Profª McGonagall! Poderia falar com a senhora um instante?

- Harryzinho, que prazer em revê-lo! – disse Rita quando o avistou – como vai sua grande força, hein? È apanhador do time não é? Ah... Que bom... Que tal uma entrevist...

- Ah... Sr. Potter, por favor me acompanhe – retorquiu a professora cortando o entusiasmo de Rita – por favor, a senhorita poderia esperar um segundo aqui fora, Rita?

- Oh, claro!

A professora empurrou Harry para dentro da sala e o fez sentar-se em frente a ela.

- Sim Potter, diga-me.

- Professora, eu gostaria de desistir das minhas aulas de Adivinhação.

- Potter, você deveria ter desistido antes. – disse ela – Receio que agora você não possa mais desistir.

- Mas por que?- indagou o menino.

- Porque estamos no ano dos N.O.M.'s e você não poderá trocar de disciplina sem se prejudicar.

- Mas, professora...

- Nada de mas, Potter...Essa é a minha última palavra. Agora vamos. A aula já vai começar.

Harry e a professora saíram da sala, e Rita os esperava sentada na escadaria de mármore. Harry desceu sozinho sem virar o rosto para não ter que dizer tchau para Rita , e foi correndo para sua aula de Trato das Criaturas Mágicas que começaria em dez minutos.

Quando chegou à orla da floresta, onde se encontravam todos os alunos, ele se posicionou ao lado de Hermione, Rony e Wendy.

- Péssimas novidades.

- O que aconteceu? – perguntaram todos juntos.

- Rita Skeeter está em Hogwarts. – murmurou ele baixinho.

Houve um estranho momento de silêncio. A profª Hill mandou-os pegar as caixas do Farosutil e alimentá-los, em grupos.

-O quê? Não acredito! – disse Hermione ficando roxa de raiva – se aquelazinha se atrever a escrever da gente, eu... – ela abaixou a cabeça.

- Eu não sei como a McGonagall permitiu isso – interveio Rony.

- Eu ainda não estou acreditando! Aquela mosca morta voltou a Hogwarts! Como é que Dumbledore permitiu uma coisa dessas? – disse Hermione indignada sentando-se à mesa da Grifinória. – mas pelo menos, a profª Minerva pegou a pena de repetição rápida dela.

- Hermione, ela ainda não fez nada contra nós, como pode saber se ela vai fazer algo ou não? – Wendy virou-se para seu prato colocando na boca um pedaço de costeleta de cordeiro - E como você mesma disse, a McGonagall está com a pena dela.

- Isso não a impede se escrever coisas ruins sobre as pessoas.- respondeu Mione com um ar superior.

Naquele momento, os professores entraram no Salão Principal e se sentaram à mesa, Rita em seu encalço.

- Olha lá... lá vai ela. – Hermione tremia de raiva.

- Já vi essa mulher no Ministério da Magia. Meu pai trabalha lá e o escritório dele é do lado do dela. – disse Wendy se virando para Harry e Rony - vocês precisam ver como é o escritório dela! É todo rosa e os pergaminhos em que ela escreve são verdes.

- Que coisa brega! – exclamou Rony - bem a cara dela.

Os garotos terminaram seu almoço e foram direto para a aula de Futurologia. Harry se sentou no cantinho da sala junto com Wendy e Rony. Hermione se sentou bem na frente "para poder aprender mais", como sempre fazia.

O Professor entrou em sala com os braços cruzados, e começou a falar.

- Boa tarde, alunos. Vamos deixar de papo furado e começar a trabalhar: peguem seus livros e pergaminho. Anotem o que vou escrever na lousa.

- Esse cara me dá arrepios – sussurrou Rony.

- Nossa... Ele está estranho... – disse Wendy em voz baixa curvando-se para o seu pergaminho e começando a escrever. Martin passeou pela sala olhando todos os alunos de perto e parou em Wendy.

- Wendy Langlie! Linda como sempre!

- O senhor poderia me dar licença, professor? – disse Wendy olhando para a lousa.

Sem graça, Martin continuou andando pela sala e um tempo depois a sineta tocou informando o término da aula.

Logo escureceu e Harry e Wendy foram para o campo treinar com o time. Ela fazia rodopios fantásticos e um enorme número de gols em muito pouco tempo que deixava todos muito excitados.

Naquele momento, Harry sentiu uma forte admiração por Wendy, e quis estar perto dela. Para ele, era uma sensação estranha, pois a última vez que ele sentiu isso foi no quarto ano por uma menina chamada Cho Chang.

No dia seguinte, Harry acordou cedo, mas Wendy já estava de pé penteando seus lindos cabelos vermelhos. A menina não havia visto que Harry acordara e continuava a dançar graciosamente pelo quarto.

- Oh, oi Harry! Não sabia que havia acordado.

- Bom dia, Wen.

- Bom, Harry, - disse ela colocando rapidamente seus pertences na mochila - eu vou descendo, tenho que ir à biblioteca antes da aula. Vejo você mais tarde, tchau.

- Tchau – Harry ainda estava sonolento. Ele se arrumou e desceu para o café da manhã.

Estava tão cansado que nem reparou onde andava e trombou com uma menina, fazendo sua mochila cair no chão e rasgar.

-Me desculpe! – disse ele sem jeito, ajudando-a a pegar suas coisas, que foram espalhadas pelo chão.

- Não, tudo bem, ah... – disse a menina levantando-se – Eu conserto isso. Reparo!

A mochila já não estava mais rasgada. Harry levantou-se e entregou os livros nas mãos da garota.

- Você é Harry Potter, não é? – perguntou ela interessada.

- Sim, sou eu. E qual é o seu nome? – perguntou Harry de volta.

- Emily Stratford. Sou da Grifinória também.

Os dois caminharam até o Salão Principal e Emily se sentou com Harry, Wendy, Rony e Hermione.

- Bom dia! – disse Harry acomodando-se ao lado de Mione.

- Bom dia... Ahn... Quem é ela? – perguntou Rony.

- Ela? – disse Harry apontando – ah sim... Me desculpem... Essa é Emily. Estava passando pelo corredor e esbarrei nela.

- Muito prazer. – disse Wendy, simpática.

– Você não era daqui, era? – indagou Mione.

- Não... Eu era de Winningham, mas aquela escola só estava ensinando magia negra, e então meus pais descobriram que o diretor de lá era Comensal. – respondeu a menina – Meus pais me tiraram de lá por causa disso.

- Nossa... – disse Mione.

Wendy abaixou sua cabeça e se concentrou no seu mingau de aveia.

- E você sabe se tinha muita gente saindo da escola? – perguntou Rony.

- Não muitas, mas tinha gente sim.

- Como pode? – Hermione largou o garfo – Não estou entendendo o Dumbledore...

- O que Dumbledore tem a ver com isso? – perguntou Harry distraído.

- O colégio Winningham vai vir pra Copa, Harry. – respondeu Wendy.

- Realmente, muito estranho... – disse Emily – Sempre ouvi dizer que Dumbledore é um homem sensato.

- E é...mas desta vez não sei se ele está bem – disse Rony voltando aos seus pãezinhos fritos.

Harry começou a se preocupar. O diretor dessa escola poderia influenciar os pais e até os próprios estudantes a virarem Comensais da Morte. Isso já estava indo longe demais. A cada dia Voldemort conseguia mais seguidores, e ele estava ali, parado, sem fazer nada. A preocupação de Harry ficou atordoando-o durante todo o dia.

Logo os cinco estavam se dirigindo para a última aula do dia: Tranfiguração, com a profª Minerva. Eles já estavam começando a aprender a transformar pequenos caixotes de papelão em lesmas, o que não deixou Rony muito contente, lembrando-se do dia em que vomitou lesmas no segundo ano.

- Não é esse tipo de lesma que eu quero, sr. Longbotton. – disse a Professora quando Neville conseguiu transformar a caixa em lesma de papelão. – Muito bem, agora chega de praticar... copiem o que vou colocar na lousa, agora!

Harry ainda estava distraído. Não estava prestando muita atenção nas aulas ultimamente.

- O que você tem, Harry? – perguntou Wendy ao seu lado.

- Nada – mentiu ele.

- Todos nós estamos preocupados com o diretor de Winningham, Harry.

Harry olhou para a garota.

- Como sabe que estou preocupado com isso?

- Vi que está assim desde que Emily tocou no assunto. – disse ela.

- Ah...sim – respondeu Harry ainda olhando para ela. Ficou olhando-a escrever caprichosamente durante alguns segundos, perdido em pensamentos.

- O que foi? - Perguntou Wendy.

- Nada, nada.

A sineta soou pelo castelo. Harry, Wendy, Rony, Hermione e Emily desceram as escadas e viram o antigo capitão do time da Grifinória, Olívio Wood, chegando carregando sua mala.

- Olívio, como vai? – perguntou Harry apertando sua mão – O que faz aqui?

- Oh, olá Harry! Fui convidado para ser treinador do time para a Copa! Estou tão animado! E por falar nisso, hoje, às sete no campo, entendido?

- Claro! – respondeu o garoto.

- Quem é esse? – perguntou Emily quando Harry se juntou novamente a eles.

- Olívio Wood. Era o capitão da Grifinória há dois anos. Ele vai treinar o time de Hogwarts.

- Caramba! Com Wood de treinador, vocês ganham essa copa! – disse Rony entusiasmado.

Depois do jantar, Harry e Wendy vestiram seus uniformes e atravessaram a grama rumo ao vestiário. Ao entrar, viram Fred e Jorge cochichando num canto; Jess e Dean sentados ao lado de Flint que parecia emburrado.

- Ah... Que bom. Harry chegou. – disse Olívio levantando-se – Quem é ela?

- Wendy Langlie, artilheira central. – respondeu Harry.

- Ah, sim. Muito prazer Wendy. Bom, como todos vocês sabem, eu sou o seu treinador e para as pessoas que não me conhecem como tal, devo informar que o treino vai ser duro.

Flint amarrou a cara mais ainda. Wendy olhou para Harry, um sorriso estampado no rosto.

"Mas... – continuou Wood – vamos ao trabalho! Estive pensando em táticas novas para o ataque, que são infalíveis".

- Ah... Olívio!

- Sim, Fred!

- Acho que não vamos precisar de táticas de ataque! – disse ele olhando para Wendy – Nós temos Wendy no time.

- Hum... então vamos ver como se saem sem instruções. Para o campo, agora.

O time se dirigiu ao estádio onde puderam ver, sentados nas arquibancadas, a profa McGonagall, Snape, Hooch e Chase.

- Ai, não! – disse Wendy estremecendo.

Logo as sete vassouras já haviam saído do chão e subido ao céu.

- Muito bem, Harry... Quando eu mandar, solte o pomo!

- Ok!

- Preparar... e... Agora!

Harry soltou o pomo enquanto Wendy agarrava a goles e fazia seu primeiro gol. Wood olhava para Wendy com um ar de excitação.

- Por Merlin! Por que você não entrou para Hogwarts antes! – disse ele.

- É isso aí, Wen! Mostre como é que se faz! – berrou Jorge do outro lado da quadra livrando Jess de um balaço.

O time continuou jogando com a mesma intensidade. A leve brisa começou a vir mais e mais forte e logo sentia-se os respingos da chuva pelo corpo.

Harry já havia capturado o pomo umas quinze vezes. O garoto soltou a pequena bolinha mais uma vez e esperou para tentar achá-la novamente.

Ele viu que Martin o olhava com o mesmo olhar de desprezo de sempre. Só desviou o olhar quando Wendy fez seu trigésimo gol.

Depois de uma hora de treino, os jogadores desmontaram, cansados e molhados. Voltaram ao vestiário e Wood já os estava esperando para algumas dicas. Harry se sentou no canto do aposento, pensando no tanto de deveres de casa que ainda teria de terminar nesse fim de semana.

- Vocês jogaram muito bem, para o primeiro treino! Estão realmente fantásticos! Um ritmo muito bom, e...

- Sr. Wood, não alimente esperanças nesse time – Snape irrompeu a sala com McGonagall e Hooch – pois na minha opinião, o único que se salva é Flint. A srta. Langlie poderia melhorar muito mais. E... por falar nela... onde ela está?

- O prof. Chase queria dar uma palavrinha com ela lá fora. – disse Minerva Mcgonagall – E creio que você está sendo muito rude com o time, Severo, eles jogaram maravilhosamente hoje!

- Bom, - disse Wood finalizando a discussão – acho que próximo treino vamos poder melhorar. Boa noite a todos.

A pequena saleta foi se esvaziando aos poucos. Harry pegou sua vassoura e saiu do vestiário.

- Não adianta, Martin... – Harry viu Wendy discutindo com Martin ao lado das arquibancadas. Pensou se deveria interromper, mas decidiu que não por mais que lhe desse vontade.

O menino ficou observando-os por um breve momento quando Wendy o viu.

- Anh... Preciso ir. – disse ela ao professor e indo em direção a Harry.

- O que ele queria? – perguntou o garoto.

- Nada...Vamos?

Os dois caminharam até a Torre Sul em silêncio. Harry percebeu que Wendy não queria falar sobre Chase, mas sua curiosidade o estava incomodando. O que ela tinha com ele?

- Boa noite, Harry – disse ela quando entraram pelo buraco do brasão de Hogwarts.

- Noite.

Harry se largou na poltrona ao lado da janela, todo molhado. Via a casa de Hagrid ao fundo, apagada.

Onde você está, Hagrid?- pensou ele virando-se para admirar o teto. Seus olhos foram fechando lentamente...

- Harry...Harry!

- Ahn... o... que... – Harry abriu os olhos. Pelo visto ele havia adormecido na poltrona em que se sentara noite passada – ahn... eu dormi aqui?

- Sim... – respondeu Wendy – Eu acho melhor você ir tomar um banho, trocar essa roupa... suas roupas estão úmidas ainda.

- Ok. – respondeu ele.

Fazia frio e o sol estava alto quando Harry atravessava os corredores em direção ao saguão.

- Harry!

Rony, Hermione, Wendy e Emily o esperavam ao lado da grande porta que levava aos jardins.

- Guardei algumas rosquinhas e pãezinhos fritos para você. – disse Wendy entregando-lhe um pacotinho. – Achei que poderia estar com fome. Não comeu nada desde o treino.

- Ah... obrigado. – respondeu Harry agradecido. Ele estava realmente com fome.

Os amigos foram andando pelos jardins e entraram no povoado.

- Onde iremos primeiro? – perguntou Rony.

- Não sei... talvez pudéssemos ir ao Três Vassouras tomar uma cerveja amanteigada. Estou com um pouco de sede. – respondeu Harry e eles se dirigiram para lá.

O bar estava lotado, principalmente com os alunos de Hogwarts que aproveitavam o dia livre, mas também com uma variedade de gente mágica que Harry raramente via em outro lugar.

Hogsmeade, por ser o único povoado totalmente mágico da Grã-Bretanha, era o refúgio para os bruxos que não gostavam de se disfarçar de trouxas.

Eles se dirigiram a uma mesa vazia a um canto e Hermione foi comprar as bebidas. Quando atravessava o bar, viu Cho Chang sentada com suas amigas. Nem se importou muito, achando até estranho de sua parte, mas não fazia diferença. Ele costumava suar frio, ficar nervoso quando a via, mas isso não aconteceu.

Hermione não demorou a se juntar a eles com as cervejas amanteigadas, mas ela nem deu atenção à sua. Tirou um comprido pergaminho do bolso e leu-o.

- Gente, tenho que comprar penas e pergaminhos para mim! – disse Emily – vou lá comprar antes que eu esqueça... Vejo vocês mais tarde!

- Tchau – disseram Harry e Hermione.

- Bom... Como foi o treino de Quadribol, Wendy? – perguntou Rony.

- Foi bom! Adorei Olívio como treinador... ele é ótimo!

- Olívio elogiou Wendy pela sua performance no treino, mas Snape começou a botar o time pra baixo. – comentou Harry.

- Idiota. – rosnou Rony – O que você tem aí, Mione?

- Uma carta – disse ela dobrando o pergaminho e colocando-o em um envelope.

- Para quem?

- Vítor

- Krum? Vítor Krum? – Rony parecia espantado – você ainda se comunica com ele desde o ano passado?

- Sim... Algum problema? – perguntou a garota secamente.

- Ele por acaso já te mandou alguma carta? Ele nem deve ter tempo de ler isso tudo que você escreveu! – berrou Rony.

Harry estava assustado. Pelo visto, Wendy também. Eles olhavam perplexos para Rony e Hermione e logo o bar inteiro prestava atenção na discussão.

- Rony! Não acredito que está fazendo esse escândalo todo por causa de uma carta! Isso é ridículo!

- Ridículo é você perder tempo com esse imbecil! Ele não te merece!

Hermione parecia ofendida.

- E quem é você para decidir o que é melhor pra mim? – disse ela levantando-se enfurecida e saindo do aposento, Wendy a seguiu. Todas as cabeças se viraram para encará-la e quando ela deixou o bar, as mesmas se viraram para Rony.

- O que foi isso? – perguntou Harry abobado.

- Sei lá. – disse Rony abaixando a cabeça – simplesmente saiu.

- Mas...

- Ah, Harry, não pergunte! – interrompeu o amigo, agora vermelho de raiva.

- Ok.

Harry passou um bom tempo pensando se aquilo realmente havia acontecido. Não entendera o porquê da discussão. E com certeza Hermione estaria furiosa.

As pessoas do bar não paravam de olhar para Rony e cochichavam sem parar.

- Vamos. – disse Rony levantando-se – Vamos sair daqui.

Harry acompanhou-o. Estava se sentindo extremamente incomodado. Rony estava enfurecido porque Hermione insistia em continuar sua amizade com Krum. Pessoalmente, Harry achava que aquilo era muito estranho. Rony sempre ficava emburrado por causa daquela amizade, mas nunca havia ficado naquele estado.

- Que ótimo. – rosnava Rony – Escrevendo cartas para o Vitinho. Será que ela não percebe que ele nem liga pra ela? Quer dizer, ele ligava ano passado, mas agora não! O que ela tem na cabeça? Hein, Harry? Você não concorda comigo?

- Ham... Eu? – disse Harry hesitando – ah... Rony, acho que está sendo radical demais, não?

- Ah, Harry...

- Potter! Weasley! Brigando pela namorada, é?

Draco Malfoy acabara de sair do Três Vassouras. Como sempre seguido de seus capangas Crabbe, Goyle e Pansy Parkinson.

- Cala essa boca, Malfoy! – Rony já estava perdendo a paciência.

- Calminha, Weasley! – Malfoy dizia enquanto os outros se dobravam de rir - Desse jeito vai perder a sangue-ruim pro Krum, hein! Aliás, Granger está me surpreendendo! Está ficando espertinha querendo o Krum. Jogador famoso... que menina inteligente!

Rony estava ficando cada vez mais vermelho.

- Vai-cuidar-da-sua-vida. – disse ele.

- Oh, Weasley. Você vai ter que se conformar, elas sabem escolher o melhor e...

Antes que Harry pudesse segurar Rony, ele já tinha pulado em cima de Draco que cambaleou e caiu de costas no chão. Rony pulou em cima dele dando socos no seu rosto.Harry puxou o amigo.

Draco estava num estado lamentável. Escorria sangue do seu nariz e seus olhos estavam roxos. As alunas da Sonserina gritavam e esperneavam vendo Malfoy se levantar com a ajuda de Pansy.

- Vamos embora. – disse Harry – Acalme-se Rony, você tem de se controlar.

- Imbecil do Malfoy. – resmungou Rony ajeitando suas vestes.

Eles deram inúmeras voltas por todo o povoado, e não viram nem sinal de Hermione, Wendy ou Emily. Provavelmente, elas devem ter se encontrado e Emy decidiu se juntar a elas.

O sol estava baixando lentamente. Harry e Rony se dirigiram para a Casa dos Gritos. O grande cão preto já os esperava aos pés do morro. Os garotos o seguiram e subiram o morro. Já dava pra ver o povoado inteiro lá embaixo.

- Ah... Sirius... já...não está...bom...aqui não? – disse Rony ofegante.

Entraram por uma longa caverna de pedra e andaram pelo que parecia meia hora. A cada hora a caverna ia baixando numa descida íngreme, agora de terra. Logo Harry começou a identificar o lugar. Viu um espaçamento mal iluminado por meio de uma pequena abertura.

Sirius subiu pelo buraco, depois Rony e por fim, Harry. Eles se achavam na Casa dos Gritos; O mesmo lugar em que conheceu Sirius e ali ficou sabendo que ele era seu padrinho.

- E aí? Como vão vocês? – o padrinho assumira novamente a forma humana. Ele tinha a aparência diferente da que Harry vira nas férias de verão. Parecia estar um pouco mais cansado.

- Normal. – disse Rony largando-se no chão.

- Onde estão Hermione e Wendy? – perguntou ele.

- Ahn...Bom... Rony e Hermione tiveram uma briga... – informou Harry cauteloso.

- Mas... Por quê?

Rony começou a corar de novo. Estava quase bufando de raiva.

- A Hermione estava escrevendo uma carta para o Krum, sabe, eles se conheceram ano passado... e Rony não gosta dele.

- Não é que eu não goste dele, Harry! – disse Rony em defesa - Eu... Eu só acho que ele não merece a Mione. Ele nem escreve pra ela!

Sirius deu uma risada abafada e olhou para Harry de esguelha.

- Do que está rindo? – perguntou Rony franzindo a testa.

- Me parece que você está gostando da Hermione, Rony... Esse tipo de ciúme é normal... – disse ele sorrindo.

- Ah, não diga besteiras, Sirius! – Rony parecia um grande tomate agora.

Sirius novamente olhou para Harry, que retribuiu o olhar.

- Hum... Por que me chamou aqui? Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele ao padrinho.

- Não... não aconteceu nada. Só aproveitei que estava por perto e resolvi saber de novidades – respondeu ele virando-se para Rony -...e pelo visto... há muitas mais do que eu imaginava! Bom, mas Harry, agora falando de você... como está o quinto ano?

- Ah... ótimo. – disse ele.

- Harry entrou para o time de Hogwarts! – disse Rony parecendo esquecer da sua raiva finalmente.- Wendy também!

Sirius ficou a par de tudo que havia acontecido em Hogwarts naquela tarde, até ficou sabendo de como foi o treino de quadribol.

- Ah, Harry. Temos que ir... – disse Rony examinando o relógio de pulso - já está tarde.

- Vocês sabem voltar, não? Creio que conhecem essa passagem. – disse Sirius sorrindo.

- Ah, se conhecemos! – respondeu Rony.

Os garotos desceram pelo alçapão e foram caminhando rapidamente até onde havia o buraco da passagem para Hogsmeade.

- Você tem mais alguma coisa pra fazer em Hogsmeade? – perguntou Harry a Rony.

- Não... vamos logo.

Eles foram andando em direção ao túnel que dava ao Salgueiro Lutador, em Hogwarts. Saíram pelo buraco entre as raízes da grande árvore e correram direto para o Salão principal para jantar.

Hermione estava com os olhos vermelhos, Harry pôde ver, sentada ao lado de Wendy e Emily no meio da mesa da Grifinória. Rony se sentou bem na ponta da mesa, corando de raiva ou de vergonha - Harry não saberia explicar - quando viu Mione.

- Você não acha que Sirius tem razão, né Harry? – perguntou Rony sem levantar a cabeça.

Harry largou o garfo, olhou para o amigo, mas não disse nada. Pensando bem, tudo fazia sentido: A implicância excessiva de Rony com Vítor... Ele poderia estar realmente gostando de Hermione.

- Sinceramente... – disse Harry corajoso – Acho que isso possa ser verdade.

- Acha? – perguntou Rony espantado.

- Ahn, acho.

- É... seria possível... mas NÃO é verdade! – disse ele.

Eles se levantaram e rumaram para a Torre Sul, e ao chegar aos pés da escada de mármore encontraram Olívio e um cachecol turquesa nas mãos.

- Há! Que cachecol mais fofo o seu, Olívio! – disse Rony sarcástico.

- Muito engraçado, Rony. Anh... Vocês por acaso viram a Emily por aí?

- Emily? – Harry parecia confuso. Ele nem conhecia Emy direito – ah, ela está no Salão. Por que?

- Ah, obrigado. – disse Wood apressando-se – vejo você no treino amanhã, Harry!

Eles observaram Olívio dobrar o corredor. Rony sacudiu os ombros e eles continuaram a subir as escadas.

Harry se concentrara com tanto empenho para aprender o Feitiço Planctos naquela noite com Rony, que mal percebera que duas horas haviam se passado.

- Caramba! – disse Rony – já são nove e meia!

- Pois é, e eu ainda nem sei fazer esse feitiço direito! – disse Harry sentando-se no sofá.

Nesse momento, ouviram passos vindos do hall de entrada. Wendy e Emily irromperam o aposento.

- Ah. Oi. – disse Wendy.

- Oi. – disse Rony – Ahn... c...como está Hermione?

- Ah... – Wendy se sentou ao lado de Harry. – Ela chorou muito, sabem. Ela ficou muito chateada com você, Rony. Ela não entende essa sua implicância com Vítor e... para ser sincera, nem eu.

- Não foi por querer, eu... – disse Rony distraindo-se vendo Emily parada com um cachecol em mãos – O que você está fazendo com o cachecol do Olívio?

Wendy olhou discretamente para Emy e abaixou a cabeça.

- Ah... ele é meu.

- Então o que Olívio fazia com ele?

- Ah... eu... deixei ele cair no chão em...em Hogsmeade. Ele veio me devolver.

- Ele me pareceu bem sem graça quando me perguntou de você...

- Ah, não seja bobo, Rony... impressão sua... mas... o que vocês estavam estudando?

- Feitiço de Herbologia. – respondeu Harry – mas eu ainda não aprendi ele direito.

- Eu te ajudo. – disse Wendy atenciosa.

- Ah... tudo bem então. – disse Harry corando.

As horas foram se passando e quando Harry e Wendy terminaram de praticar, Emily dormia no sofá e Rony no tapete.

- É... acho que demoramos... – disse Wendy.

- Pois é... e ainda tenho dever de Adivinhação. – disse Harry desanimado.

- E eu de Aritmancia.

Os dois se sentaram no sofá desocupado e começaram a fazer os deveres. Pouco depois, eles já estavam adormecidos no sofá da sala comunal.