Assim que os encontrou, falou sobre o primeiro dia de detenção. Todos riram e Crabbe sacaneou.
¬Viu no que dá, ficar cantando embaixo do chuveiro?
¬Não tenho culpa se descobriram meu enorme talento justamente quando estou tomando banho. Algum dia, alguma garota conhecerá meu enorme talento também.
Riram. Perceberam que já estava escurecendo, então voltaram para o Salão Principal jantarem. No momento que Draco e seu grupo sentaram-se na mesa, avistaram uma bela coruja cinza se aproximando do loiro.
¬Droga, deve ser uma carta de Lucius. Estou me sentindo um completo idiota aqui, levando bronca por carta...
Tirou da pata de Pandora, sua coruja, e leu o pedaço de pergaminho.
"Draco, seu inútil, como ousa levar duas detenções ao mesmo tempo? Bom, depois discutiremos isso... mas devo dar-lhes os parabéns, afinal demonstrou ser um verdadeiro Malfoy. Dumbledore disse que o feitiço foi lançado perfeitamente. Você é muito frio e antipático. Nunca se esqueça que somente assim se ganha o respeito. Seja sempre você mesmo. Até logo, Lucius"
Terminando de ler, rasgou no mesmo momento em vários pedaços, o pergaminho, e depois foi dar comida à Pandora. Pansy perguntou preocupada.
¬Ele brigou com você? É por isso que você está com essa cara?
¬Que cara? – olhou irritado para ela. – É a única cara que tenho, aliás... ele não brigou comigo... Elogiou-me pois foi a primeira vez que lancei uma maldição em alguém.
¬Serio? Mas foi tão perfeito!
¬Claro, né? Eu sou um Malfoy!
Riram e então começaram a comer. Terminado o jantar, todos se dirigiram para seus respectivos dormitórios. O loiro já se encontrava num sono profundo. Neste sonho, começaram a aparecer coisas e pessoas estranhas, dentre elas, Gina Weasley.
Ele não conseguia entender por que a ruiva o acariciava enquanto dormia. Estava consciente de que estava sonhando, porém conseguia sentir o suave toque das mãos da garota sobre seu rosto. Ao seu ouvido, ecoava varias vezes o sussurro: "Estou tão feliz ao seu lado."
Seu coração pareceu mais leve ao ouvir e sentir o carinho que nunca recebera na vida. Acordou e sentiu uma vontade indubitável de chorar. Foi até ao banheiro, despiu suas roupas para tomar banho.
Pela primeira vez, desde seu primeiro ano em Hogwarts, chorou. A água que escorria pelo seu corpo, levava de seu belo e fino rosto, todas as lágrimas que teimavam em sair.
Um tempo depois, já mais calmo, desceu sozinho até o Salão Principal, tomou café lentamente e logo foi para a aula de canto. Sentou na cadeira que havia na sala vazia. Esperou por, aproximadamente 10 minutos por Beth e Gina.
¬Bom dia, Sr. Malfoy. – A professora cumprimentou-o animada.
¬Bom dia. – Respondeu automaticamente. Beth percebeu seu mal-estar, e o abraçou.
¬O que houve, Draco? Está passando mal?
¬Não! É só... foi só... um sonho! – Respondeu atordoado e sem graça.
¬Quer conversar?
Gina o observava ao lado da professora. Seu olhar encontrou-se com o dele por uns segundos, fazendo-o sentir novamente o calor do seu carinho. Incomodado, olhou para outro lado e perguntou.
¬Vamos começar logo, professora... por favor?
Ela sorriu e respondeu serenamente.
¬Muito bem, claro! Bom, com a minha varinha, farei o instrumental... Aqui está a letra da musica... E ao lado de cada trecho, estão as iniciais de seus nomes. Tentem seguir o ritmo, ok? Draco, você começa primeiro. Espera a musica iniciar e então, tente seguir com a letra.
Draco começou a cantar. Errava um pouco o ritmo, porém era afinado. Gina parecia enfeitiçada. "Nossa... nunca pensei que esse asqueroso cantasse tão bem... Uau, como a voz dele é linda" pensava. Perdida em pensamento, não havia se tocado que sua hora havia chegado. Beth a alertou.
¬Preste mais atenção Virginia, se não será uma péssima apresentação.
¬Desculpe professora... pode começar novamente?
¬Ok, novamente, viu Draco? 1, 2, 3 e...
Continuaram a ensaiar durante toda a manhã. Nesse período nenhum aluno iria ter aula, em função dos preparativos da festa.
Três dias de ensaio já havia se passado, sem contar com o dia anterior. Já estavam na sexta feira. Draco e Gina pegaram o jeito bem rápido.
¬Perfeito. – Beth os elogiou. – Agora é só vocês improvisarem ou talvez ensaiarem hoje alguma coreografia e estarão perfeitos. Não se esqueçam que amanhã exige traje de gala!
Empalideceram. "Amanhã?" Pela primeira vez, trocaram olhares confusos e lançaram um sorriso amarelo para a professora, que perguntou.
¬Vocês não esqueceram... não é?
¬Não!
¬Hum... Bom, vocês estão ótimos e preparadíssimos para amanhã! Boa sorte! Estão dispensados. E novamente... meus parabéns!
Os dois acenaram e saíram. Andaram no mesmo ritmo lento pelo longo corredor, sem abrirem a boca, até que Draco quebrou o silêncio.
¬Que saco... já é amanhã!
¬Por que está reclamando?
¬Ah... to nervoso, só isso… vou gaguejar e não quero que zoem de mim! Vou arranjar um jeito de ficar doente e faltar.
Gina riu e apenas comentou.
¬Faça como quiser, só não se esqueça de umas coisinhas: 1º,Você está cumprindo detenção; 2º , sua atuação só funciona para uma platéia; e 3º exatamente desse jeito infantil, você será zoado.
Draco parou pensativo e Gina continuou andando sozinha.
¬Espere!
A ruiva parou, porém sem virar para trás.
¬O que foi agora?
¬O que você vai fazer hoje à tarde?
Gina congelou. Sentiu um frio na espinha.
¬Estudar... por quê?
¬Ah... bem, queria passar a tarde com você...
Ruborizou. "Querendo passar a tarde comigo? Como assim?"
¬O quê? – Gaguejou.
ƒ... para ensaiarmos...
O sangue voltou a percorrer novamente no corpo de Gina. Desapontada pela resposta, olhou para o chão e logo em seguida para ele.
¬Ok. Encontre-me no Salão de Inverno depois do almoço.
Draco fez uma careta e sugeriu.
¬Que tal a antiga câmara secreta?
Gina começou a ficar desconfiada e perguntou.
¬Por quê?
¬Ah... bem... lá ninguém saberá que estamos juntos... e poderemos ensaiar em paz.
¬Ahn... você não quer que ninguém saiba que vamos nos encontrar e para sermos... amigos secretos, não é?
Draco sorriu e afirmou.
¬Exatamente! Como você é esperta. É como se você estivesse lendo minha mente.
¬Certo... talvez você também consiga ler a minha?
Olharam profundamente dentro de seus olhos, e ficaram parados por cerca de 5 segundos, até que Gina novamente deu-lhe as costas e continuou andando. Draco abaixou a cabeça e falou.
¬Gina... Gina por favor espere... você não entende! Eu... eu não posso ser seu amigo...
Ela parou novamente e se virou para olhar nos belos olhos cinzas do loiro.
¬Olha Draco... pensei ter visto algo bom em você... mas eu estava enganada... muito enganada.
Abaixou a cabeça, deu meia-volta, e continuou seu caminho sozinha, deixando-o parado no mesmo lugar onde estava.
