Desde o final da apresentação até os últimos minutos da festa, Draco não avistou Gina, um minuto sequer. Fingiu estar despreocupado, e como já eram 4:30h AM, resolveu voltar ao dormitório, mesmo estando sem sono.
¬Galera, to indo nessa... morrendo de sono! Essa noite já me encheu o saco.
¬Claro né? – Pansy argumentou irritada. – Ter beijado uma grifinoriana pobretona deve ter enchido muito o seu saco... como qualquer menina... não é mesmo?
Draco nem se deu o trabalho de respondê-la, apenas lançou aquele habitual olhar de desprezo e deu-lhe as costas. Assim que chegou no dormitório, despiu sua roupa e somente de calção, dormiu.
Domingo amanheceu, e ninguém havia despertado, porém as horas começaram a voar numa velocidade inacreditável, e logo já era 12:00h. Os alunos começaram a acordar e foram até o Salão Principal almoçar, já Draco, não iria descer sem antes tomar um bom banho.
Depois de já estar pronto, o loiro, ainda com os cabelos pingando, desceu. Quando chegou no Salão, viu que estava relativamente vazio, e ainda por cima, Gina não estava lá. Resolveu procurá-la. Não agüentava mais ficar levando "foras".
Passou primeiro na biblioteca, e lá encontrou Emilia e Pansy, porém fingiu não tê-las visto cochichando.
¬Não encare muito. – Emilia sussurrava para a amiga, que encarava o loiro.
¬Acho que ele não quer ficar conosco hoje. – Pansy falou.
Gina estava sozinha no Salão de Inverno, perto da lareira, lendo um livro. Sentiu que alguém estava se aproximando, porém nem se deu o trabalho de olhar. Esse "alguém" sentou justamente ao seu lado, e timidamente começou a puxar assunto.
¬Ah... oi Gina. – Draco a cumprimentou. Sem muita mudança de expressão, recebeu uma resposta fria.
¬Ah, oi Draco...
¬O que você está lendo? – Insistiu. Ela apenas levantou um pouco mais o livro para que a capa ficasse visível. – Ah... o famoso Gilderoy Lockhart... "o meu eu mágico"...
¬Sim. – Respondeu automaticamente. – Ele é um ótimo escritor, sabe expor suas idéias de maneira clara e interessante. Esse já é o 38º livro que estou lendo dele.
¬Uau... legal, mas por que você não está lá fora com suas amigas? Por que está aqui sozinha lendo esse livro?
¬Eu prefiro ficar com a leitura... é uma das coisas que mais gosto de fazer!
¬Coisas? Que coisas? A única vez que a vi se divertindo, foi quando foi pela primeira vez para Hogsmeade, depois nunca mais...
Ela levantou uma sobrancelha, fechou o livro, e o largou na mesa, olhando profundamente nos olhos gelados de Draco, porém dessa vez, não estava gelado. Ele parecia estar sendo sincero, embora Gina fazia de tudo para não acreditar.
¬O que você ta fazendo aqui, Draco?
Ele começou a olhá-la de outro jeito. Não era mais aquele olhar de nojo, rancor, desprezo, ou qualquer outro sentimento ruim. Pela primeira vez, estava sentindo uma vontade indubitável de beijá-la, de amá-la, e de ser sincero. Coisa que nunca conseguiu fazer com ninguém, muito menos com sua mãe, a quem pensava que o sentimento era amor. Desligou-se do tempo, porém não por muito tempo, já que Gina o chamara de novo.
¬Draco, eu te fiz uma pergunta.
¬Ahn? O quê? Ah Gina... desculpe estar ocupando seu tempo...
¬Draco? Você está bem mesmo? Você nunca se deu o trabalho de me pedir desculpas em nada, pelo contrário...
¬Exato! – Exclamou sorrindo. Ela o olhou confusa e perguntou.
¬O que?
¬Sim... "Pelo contrário", essa palavra é boa... quero dizer... o que eu realmente quero te dizer... é difícil, você não vai acreditar... mas... eu estou "ao contrário".
Gina enrugou a testa. Olhou para os lados como se alguém tivesse presenciando a cena. Queria rir, porém estava muito irritada. Devolveu a pergunta.
¬O que você quer dizer com isso?
"Droga, como eu sou idiota... estou fazendo papel de bobo... na frente da Weas... digo, Gina"
¬Calma... você... é que... bem, eu só queria te dizer... que acho, que você me inspira... que eu sinto falta de ensaiar com você, de passar a manhã ao seu lado...
Ela riu. Não ficou corada, nem sem graça. Logo lhe devolveu uma resposta fria.
¬Isso parece besteira.
Draco agora se irritou.
¬Mas não é.
¬Prove então!
Gina se levantou, e saiu do Salão. Estava indo a direção à torre da Grifinória, com Draco logo atrás. De repente, ele a alcança, pega na sua mão e a segura firme.
¬Gina, por favor me ouça. Você precisa aproveitar melhor a vida. Não pode ficar se escondendo atrás de livros, estudos ou sei lá o que...
¬O que você sabe por aproveitar a vida? – Gritou morrendo de raiva.
¬Com certeza sei mais do que você! – Disse levantando uma sobrancelha e lançando um sorriso, na intenção de melhorar a situação, porém não deu muito certo. – Gina, eu não quero apenas ser seu amigo.
Olhando firmemente para ele, sem chorar nem nada, respondeu.
¬Você não sabe nem quem realmente você é, quanto mais o que você quer. Aposto que quando for maior de idade, será pior que seu pai. Você é muito falso. Detesto isso!
Nesse momento, uma onda de raiva cobriu o lugar onde os dois estavam. Por sorte estavam sozinhos. Draco realmente havia se irritado, e nisso soltou-a, porém antes de a deixar ir, avisou.
¬Você ainda não sabe nada sobre mim, sobre o que eu penso, sobre o que eu quero... porém eu tenho a certeza de uma coisa... eu quero estar com você e sinto que você quer o mesmo... por que não facilita?
¬Aprendi isso com você... nunca facilitei nada a ninguém.
E saiu. Entrou na torre da grifinória sem olhar para trás, deixando-o novamente sozinho, abalado.
