Capitulo 13 – Mais sintomas

Vários dias se passaram. Draco estava começando a ficar mais aliviado e aproveitando melhor o namoro. Estavam no mês de março, numa sexta-feira. As aulas fluíam normalmente, e por sorte, ou azar, passavam rápidas demais. Já era 17h, e o loiro foi treinar quadribol com a equipe. Ele havia melhorado muito nos últimos anos.

Gina foi com suas amigas para assisti-lo jogando.

- Nossa Gina... – Luna comentou olhando para os jogadores. – Você é incrível... está namorando o Draco há uns 5 meses não é?

- Quase isso.

- Uau, como você conseguiu fazê-lo mudar desse jeito?

Sorriu e respondeu com a maior simplicidade do mundo.

- Não fui eu quem o mudou.

- Há... então quem o mudou? – Riu ironicamente. - Ele é um Malfoy. Era detestado por todos...

- Falou certo. – Gina continuou seguindo seu amor com o olhar. – Ele foi detestado por todos, mas agora, todos querem ser amigos dele.

- Verdade... mas você ainda não me respondeu... como ele mudou assim, repentinamente?

Gina sorriu para a amiga e pegou na sua mão.

- O amor transforma as pessoas. Não existe alguém tão forte para evitar esse sentimento, nem alguém tão fraco que se torna vulnerável a isso. Eu sempre o tratei da mesma forma com que trato todos. Ele se sentia bem ao meu lado, e mesmo sendo arrogante, alguma coisa me ligava a ele, eu me sentia atraída, mas não podia me vulgarizar nem nada do tipo. Mas agora o amo, por tudo o que ele é e faz por mim.

- Que bom. Espero que continue sendo sempre assim. É muito bom estar apaixonada, não é?

- Com certeza. O melhor é quando amamos e somos amadas pela mesma pessoa.

- Verdade. Acredito que vocês dois sejam almas gêmeas.

- Será? Não acredito muito nisso.

- Confie em mim, amiga. Quando amamos muito uma pessoa e realmente sentimos como é bom estar ao lado dela e desejar fazer tudo de bom... a possibilidade de serem almas gêmeas é muito grande.

- Mas o que é, na verdade, alma gêmea? – Gina perguntou vendo Draco descer da vassoura, todo suado e vindo na sua direção.

- Alma gêmea é aquela alma, no caso terreno, pessoas, que nos completam, que são a nossa outra metade. O amor que sentem um pelo outro é tão grande que são capazes de ultrapassar barreiras e enfrentar qualquer empecilho.

- Gina! – Draco chegou. Luna e Gina se levantaram. Ela despediu do casal e saiu, indo para dentro do castelo.

- Draco! – Sorriu e o beijou.

- Hoje é sexta-feira!

- Sim! Hehehe.

- Vamos sair hoje à noite?

- Não sei, vamos ver! Bom... acho que você está precisando de um banho primeiramente, não é?

- Preciso? – Brincou. Sorriram e voltaram para o castelo de mãos dadas.

Assim que chegaram, se despediram e cada um foi para seu devido salão comunal para se arrumarem. Depois de uma hora de lerdeza, ou melhor, de banho e mais banho, finalmente se encontraram no Salão Principal para a janta. Draco foi ao seu encontro perto da porta principal.

- Gina, vai querer jantar por aqui, ou quer dar uma volta por Hogsmeade?

- A velha e boa Hogsmeade.. virou a nossa segunda, ou melhor, terceira casa, não é?

- Ah... é que lá temos mais privacidade... então, que tal?

- Vamos pra lá! O que importa é que vou estar com você!

- Ok.

Deram as mãos e foram para o bom e velho esconderijo, cujo destino era uma das lojas da pequena vila.

Assim que chegaram, foram no bar da Madame Rosmerta para comerem algo. Jantaram e foram passear pela bela floresta. Caminharam por uma hora, mais ou menos, e então pararam para descansar.

- Ai ai. – A ruiva suspirou pousando sua cabeça no ombro de Draco.

- Que foi, linda?

- Como está perfeito o nosso namoro não é?

- Pois é. Estou muito feliz, muito mesmo.

- Eu também.

Draco começou a acariciar o rosto dela e sentiu que estava mais quentinha que de costume.

- Gina, como você está?

- Ah... feliz. – Respondeu simplesmente.

- Não, digo, fisicamente. Não se sentiu mal, não é? Está com frio?

- Um pouquinho.

- Quer voltar? Já está ficando tarde.

- Vamos.

Draco levantou primeiro. Estendeu a mão para puxá-la. Ela também levantou, porém quando olhou para ele, começou a se sentir tonta.

- Gina... Gi.. você ta branca... mas... o que?

Nesse mesmo momento, sem conseguir responder qualquer coisa, Gina desmaiou.

- Meu Deus! Ginaaa! Gina, acorda, por favor! Não faça isso comigo. Socorro!

Draco começou a ficar desesperado. Por sorte sua varinha acabara de cair no chão então lançou o feitiço "sonorus" para conseguir gritar mais alto.

- SOCORRO! POR FAVOR ALGUÉM ME AJUDE!

Não havia ninguém por perto, então deixou tudo o que havia trazido no mesmo local, pegou Gina no colo e começou a correr em direção à Hogsmeade. De repente ele avista dois homens enormes, e barbudos correndo em sua direção. Um deles, de cabelos meio azulado, perguntou a Draco.

- O que aconteceu com a garota? Foi você quem pediu socorro?

- SIM, FUI EU! – Draco falava alto pois esqueceu de desativar o feitiço. – ESPEREM UM POUCO. QUIETUS. Ufa... desculpe, eu estava desesperado, e ninguém por perto.

- Sim, sim, mas o que aconteceu? – Um dos barbudos perguntou.

- Não ta vendo? Ela desmaiou! Não sei o que aconteceu, ela simplesmente caiu em meus braços. Tem alguma enfermaria ou hospital por aqui?

- Sim, siga-nos.

Os três começaram a correr. Em menos de cinco minutos conseguiram chegar a uma pequena enfermaria que tinha ao lado de uma loja de doces. Draco entrou rapidamente e deitou a garota numa maca. Logo em seguida, um bruxo aproximou-se e começou a examiná-la. Estava com muita febre.

- Quem é o responsável por esta garota? – Perguntou.

- Bom, no momento, eu sou o responsável, doutor. – Draco respondeu num tom quase inaudível.

- Aham... e o senhor sabe me dizer se ela já passou mal assim antes ou tem alguma doença?

- Sim, há uns três meses ela teve um desmaio enquanto estávamos de férias em Natal. Levei-a até St. Mungos, e um dos médicos disse que ela tinha um tumor mágico no pulmão, porém não sabia dizer qual era a doença...

- Hmmm... – Exclamou enquanto ouvia o coração de Gina. Draco demonstrava profunda ansiedade e nervosismo. – Sua respiração parece um pouco alterada. Seu coração está batendo fora de ritmo...

- O senhor sabe me dizer que doença é essa? Sabe dizer se tem cura?

O médico olhou profundamente nos olhos cinzas do loiro, abaixou a cabeça e respondeu.

- Essa doença é um tipo raro. Nunca deram um nome especifico, mas infelizmente uma coisa eu posso garantir. O tumor é maligno, e está para se aproximar do estado terminal. Uma espécie de câncer, porém é pior. Ele alcança até o nível 9 e ela está passando do nível 6 para o 7.

Os olhos de Draco começaram a se encher d'água. Uma tremedeira começou a se apossar de seu corpo. Sentia uma vontade indubitável de gritar e quebrar tudo o que via pela frente, porém apenas se sentou num pequeno divã, colocou as mãos sobre o rosto e começou a chorar.

- Por que... por que? Justo com ela... como que... se formou esse tumor?

- É realmente algo muito impossível de se saber. Como o caso dela é quase terminal, provavelmente tenha sido alguma falha genética e com isso, ter formado um tumor desde antes de nascer. Acho melhor encaminharmos sua namorada ao hospital novamente. Talvez, ficando alguns dias de observação, possam descobrir algo.

- Eu vou com ela! – Draco levantou da cadeira. O médico também.

- É melhor não. Fique calmo. Você poderá visitá-la. Infelizmente você não tem permissão, pois sei que estuda em Hogwarts e é contra as regras. Por favor, volte a Hogwarts. Eu me encarrego de levá-la.

- Não! – Draco retrucou. – Ela não irá a lugar nenhum sem mim.

O médico calmamente aproximou-se do loiro e o abraçou.

- Fique calmo. Volte até Hogwarts e converse com Dumbledore.

- Conversar o que? A vida da minha namorada está correndo risco e...

- E não tem mais nada o que fazer.

Draco calou-se e várias lágrimas caiam de uma só vez. "Realmente... não há nada que eu possa fazer... nem ninguém..."

- Vá até Hogwarts e converse com Dumbledore. Com certeza ele já sabe o que aconteceu com Gina e já deve estar esperando sua visita.

O loiro levantou a cabeça, enxugou as lágrimas e perguntou calmamente.

- Quem é você?

- Eu? Você já me viu várias vezes quando pequeno... sou o seu padrinho, Michael Malfoy, irmão de seu pai.

- Eu sabia que te conhecia de algum lugar... mas o que você está fazendo aqui, e principalmente ajudando as pessoas?

Michael sorriu e respondeu simplesmente com um sorriso.

- Acredito que cansei de ser quem eu era. Acho que me transformei pelo mesmo motivo que o seu. E acredito também que sei pai também está querendo mudar. Ele me pergunta muito sobre você, mas como eu nunca conseguia vê-lo, não tinha como responder.

- Há... meu pai... impossível. Ele é um comensal... um Malfoy... e ele é...

- Igual você...

Draco olhou intrigado e ao mesmo tempo irritado.

- Escute... todos temos a chance de mudar, de querer recomeçar do zero, de cansarmos de fazer sempre as mesmas besteiras. Todos temos a chance de encontrar uma verdadeira razão para viver e lutar por algo que valha a pena... até mesmo um Malfoy. Você é a prova viva disso... então, por que seu pai não pode ser igual?

- Porque... porque... ele gosta de ser mau...

O médico continuava a sorrir. As lágrimas de Draco começaram a parar.

- Não... ele já gostou disso e já pensou que poderia viver disso... porém vocês dois têm uma ligação muito forte. Quando você era mais novo, ou até mesmo um tempo atrás, você queria ser igualzinho ao seu pai, popular, bonito... e mau. Porém descobriu que a vida não é pra ser gasta dessa maneira, e conseguiu arranjar uma verdadeira razão.

- É...

- Pois é, e como eu falei sobre a ligação de vocês, Lucius também sentiu que precisava mudar e que estava cansado de fazer sempre as mesmas maldades. Ele agora se inspira em você. Tente entendê-lo... Ele até chamou Narcisa para viajarem só os dois. Pela primeira vez, ele disse que a amava desde o inicio.

Draco assentiu com a cabeça. Olhou para sua namorada que agora dormia tranqüila, beijou-lhe a testa e voltou a conversar com o médico.

- Será... será que o amor... consegue salvar as pessoas?

- Não sei... mas, agora acho que está na hora de partir. Levarei-a para o hospital. Vá até Dumbledore, ok?

- Ok... mas depois eu vou para o hospital logo em seguida.

- Tudo bem, mas parta logo, antes que seja tarde demais.

Sem se despedir, Draco deu-lhe as costas e começou a correr.