Capítulo 16 – O medo

A noite passou rápida. Draco acordou totalmente restaurado da viagem, porém perdera a hora. Já eram 10h da manhã. Levantou assustado. "Droga, será que Yuki não está aqui? Ele disse para usar o telefone... mas nunca usei isso na minha vida!" Pensou enquanto penteava rapidamente seus belos fios dourados e vestia sua roupa.

Assim que terminou de se vestir, alguém bateu em sua porta.

- Quem é?

- Ah, Sr. Malfoy, o senhor já está de pé. Quer tomar café da manhã?

- Pode ser, mas vou querer só um suco com torradas.

- Torradas... pães queimados?

- Tostados.

- Ah sim... vou mandar preparar.

- Valeu!

Draco saiu rapidamente de seu quarto. Não deixou nada que pudesse denunciar sua bruxaria. Acompanhou Yuki até o restaurante, tomou café e então, saíram para conhecer Tókio.

- Muito bem. O que quer conhecer primeiro?

- O Monte Fuji.

- Ok, mas não poderemos chegar muito perto dele. É muito perigoso.

- Não tem problema.

Começaram a caminhar rumo à enorme montanha e Yuki sendo muito simpático com o loiro. Contando história de seus ancestrais, de sua cultura. Draco quase não prestava atenção, mas balanceava sempre a cabeça num sinal afirmativo.

- Pronto, Sr. Malfoy, É o máximo que posso aproximá-lo do local.

Draco começou a analisar o Monte Fuji nos mínimos detalhes. De repente, percebeu que havia uma caverna dentro, então arriscou perguntar.

- O que é aquele buraco logo ali?

Yuki apertou os olhos e tentou focalizar o local que o loiro apontava.

- Buraco? Não estou vendo nada.

- Como não?

- Ué, não há buraco ali onde o senhor aponta. Está tudo liso, não tem nada.

Draco enrugou a testa. "Oxi... como ele não ta vendo? O buraco é enorme! Ops... como eu sou burro mesmo... ele é um trouxa... e é igualzinho lá em Londres... eles não podem passar pela plataforma 9 ¾".

- Desculpe Yuki, acho que estou vendo coisas. Eu gostaria de ficar um pouco sozinho por aqui, se não se importa. Qualquer coisa, eu ligo para o senhor. Eu quero meditar.

- Claro. Sayonara.

Yuki se retirou. Draco estava completamente sozinho, e não havia pessoas por perto, então arriscou por a capa de invisibilidade que levava consigo. "Com certeza Dultan Flamel está lá". Pensou confiante. Começou a andar para dentro do Monte Fuji.

"Que estranho... ao mesmo tempo em que é frio de rachar aqui dentro... é quente igual o inferno". Depois de andar vários minutos dentro da caverna, finalmente encontra alguém. Um homem de uns 40 anos aparentemente. Ele sente a presença de Draco, então pergunta.

- O que faz aqui, jovem?

- Eu sou Draco Malfoy. O senhor é Dultan Flamel? – Perguntou tirando a capa.

O senhor lançou um sorriso simpático.

- Como você sabe da minha existência?

Draco estava louco para pular de alegria, mas se conteve em apenas lançar um largo sorriso.

- Isso não importa agora. O que importa é que Dumbledore me disse que o senhor é filho de Nicolau Flamel e com certeza poderá me ajudar.

- Dumbledore? – Perguntou aproximando-se do loiro. – Por favor, sente-se nesta rocha.

Draco obedeceu. Queria logo ir ao que interessava, mas manteve a calma. Sentou-se e continuava a sorrir.

- Nenhum outro bruxo a não ser Dumbledore sabia da minha existência. Alguém mais sabe?

- Que eu saiba não, mas por que vive nesse lugar tão isolado? – Draco percebeu que Dultan estava preocupado, porém ignorou.

- Há muito tempo, ninguém me deixava em paz. Todos queriam que eu desse minhas fórmulas mágicas para salvar pessoas de doenças incuráveis, ou então, para que eu fizesse outra pedra filosofal e transformasse qualquer mortal em imortal... principalmente Você-sabe-quem.

- Fique tranqüilo... Você-sabe-quem foi destruído... mas o motivo que me traz aqui... é a vida da minha namorada. Você é a minha única esperança.

- Hum... graças a Merlim ele foi destruído. Finalmente! Bom... o que sua namorada tem? É uma doença rara?

- Sim.

- Hum... deixe-me adivinhar... tumor?

- Sim.

- No pulmão?

Draco arregalou os olhos e ao mesmo tempo, enrugou a testa. Dultan começou a andar de um lado para o outro, nervoso. O loiro começou a ficar com medo. Estava demorando demais para receber uma resposta, então resolveu arriscar.

- Então?

Dultan olhou ansioso o garoto.

- Sinto muito, não posso ajudá-lo.

Draco gritou.

- O que? Mas o senhor é a minha única chance! Por favor, a vida dela é mais importante que a minha. Eu vim aqui, porque ninguém mais que ela merece viver. Ela é a melhor pessoa que qualquer um pode conhecer. Ela... é uma deusa. Ajuda todos, se preocupa com todos... uma raridade... por favor! Eu faço o que o senhor quiser!

Draco começou a agir desesperadamente. Não sabia pra que lado andar, para onde olhar, então Dultan pousou sua mão suavemente no ombro do loiro e acalmou-o.

- Calma. Vou ver o que eu posso fazer. Qual a gravidade?

- Nível 7. E só vai até o nível 9. Por favor. – O sonserino novamente se encontrava chorando.

Dultan começou a pensar. Olhava para Draco, olhava para seu reflexo numa poça de água que tinha no chão, olhava para seus equipamentos. Então decidiu.

- Você não foi muito convincente... mas vou te ajudar... com uma única condição.

- Claro... quantas condições quiser! Eu faço qualquer coisa.

- Prometa que não vai deixar sua namorada. Nunca irão terminar o namoro... pois eu estou dando minha vida para salvá-la e deixá-los juntos.

- Não se preocupe. – Draco sorria e gritava de felicidade. – Assim que ela estiver curada, vou pedi-la em casamento.

- Ótimo. E mais uma coisa... nunca mais volte aqui.

- Pode ficar tranqüilo. Agora me dê logo a cura! Preciso voltar urgentemente.

- Claro, espere aqui.

Draco pulava e gritava. "Gina, eu te amo! Eu consegui!".

- Aqui. – Dultan voltara com um saquinho nas mãos.

- Como que eu faço agora? O que tem aqui dentro? Vai funcionar?

- Calma, garoto! Uma pergunta de cada vez! Aí dentro tem um pó de rubi com uns ingredientes mágicos. Alguns deles fizeram parte da Pedra Filosofal. Assim que você chegar, misture todo o pó no soro ou num copo com água e a faça beber por completo. E bom... com certeza vai funcionar.

Draco pulou nos braços de Dultan e o beijou várias vezes na bochecha, gritando "obrigado" a todo o momento. Antes de sair, olhou mais uma vez para o Feiticeiro, agradeceu, vestiu a capa de invisibilidade e voltou para o Hotel.

Chegando lá, arrumou sua mala, almoçou tudo o que tinha direito e perguntou se podia levar alguma coisa congelada para a viagem. Yuki entregou alguns saquinhos com os ingredientes e um papel com a receita. Despediram-se e então, num lugar isolado, Draco levantou vôo.

Draco segurava com muita força o pequeno saquinho com o pó mágico. Não dormiu um segundo sequer. Os dois dias de volta passaram muito mais rápido que os de ida. Assim que chegou no hospital, todo suado, exausto e morto de fome, correu até o quarto de Gina, porém quando entrou, teve uma surpresa. Molly e toda a família Weasley choravam compulsivamente. Lucius derramou uma lágrima.

- O que... que houve, gente?

Lucius veio até o filho, abraçou-o forte e disse.

- Sinto muito, filho. Ela não conseguiu.

Uma onda de raiva invadiu o coração de Draco. Este começou a gritar.

- Do que vocês estão falando? Saiam todos da minha frente.

Draco sem querer querendo, empurrava todos. Queria ver Gina. Ela estava muito pálida. Pousou sua mão sobre seu rosto, e sentiu que estava fria.

- Os médicos... disseram que o tumor se espalhou pelo corpo. Afetou o coração. Ela está considerada como morta, filho. – Lucius tentou consolá-lo. Draco só chorava.

- Por favor. Me dêem um copo cheio d'água e me deixem sozinho com ela. Por favor.

Molly alcançou o copo para Draco e foi levando todos para fora do quarto. Finalmente o loiro estava sozinho com sua amada. Não do jeito que queria, mas estava. Sentou-se ao seu lado e começou a conversar com o leito de Gina.

- Você já ouviu falar que não há empecilhos para o amor? Já ouviu falar que eu nunca vou te deixar? Já ouviu falar que por você, eu renuncio a tudo?

As lágrimas começaram a cessar. Uma fagulha de esperança começou a aparecer no coração de Draco. Olhou novamente para o saquinho e despejou todo o pó no copo.

- Gina... eu fui até o inferno, até o paraíso, até o fim do mundo para conseguir salvá-la. Se você me deixar, nunca mais a perdoarei. Por favor, colabora comigo.

O loiro colocou a mão nas costas de Gina, levantou seu rosto, abriu sua boca, e bem lentamente começou a despejar o liquido nela. Demorou quase 5 minutos para fazer com que ela "bebesse" toda a água. Não havia sobrado nada mais no copo. Draco deitou-a novamente, apertou a mão de Gina, abaixou a cabeça e começou a chorar.

- Gina, você é a pessoa mais importante para mim. Eu não conseguiria viver sem você, jamais. Uma vez, fui salvo por uma anjinha de cabelos ruivos em Hogwarts, sabia? Pensei que ela fosse imortal, mas ela me impressionou quando descobri sua seriíssima doença. Fiquei desesperado. Aprendi a rezar. Aprendi a ter fé... tudo para salvá-la. Agora peço a Deus, a Merlim para que te salve, para que eu não perca meus sonhos, para que você continue fazendo todos muito felizes. É tudo o que eu peço. Por favor.

Draco começou a chorar. Lembrava-se das cenas mais românticas que passaram juntos, do coral, da ida à Hogsmeade, da viagem à Natal. De repente, ele ouve um suspiro. Depois do suspiro, começou a sentir a respiração e a circulação de Gina estava voltando ao normal.

Levantou a cabeça e viu que seu rosto estava ficando mais corado. Num impulso de alegria, gritou o mais alto que pôde.

- Ela está vivaaaaaaa! VIVA! GINA ESTÁ VIVA!

Todos que estavam do lado de fora, incluindo médicos, entraram correndo no quarto e exclamavam: "Mas como? Impossível". Os familiares e amigos não se importaram com comentários, apenas começaram a comemorar. Draco continuava perto de Gina que continuava adormecida.

- Silêncio todos! – O loiro pediu. – Ela está exausta.

Todos continuaram sorrindo, um de cada vez aproximou-se da ruiva, e deram um beijo na testa. Molly puxou rapidamente Draco para um canto e o abraçou.

- Muito obrigada por ter se arriscado tanto pela vida de minha filha. Você é a melhor pessoa que eu conheço. Mil vezes, obrigada Draco.

Sorriram e se abraçaram novamente. Lucius veio ao encontro do filho. Draco não agüentou e chorou.

- Obrigado por confiar em mim, pai. Eu... eu te amo.

Lucius começou a chorar também.

- Eu sempre acreditei em você, em tudo! Eu... também te amo muito, meu filho. Seria muito tarde pedir para que você voltasse a morar conosco?

Draco assentiu com a cabeça, porém falou algo antes de Lucius se retirar.

- Pai... eu quero um lugar para morar... com Gina. O senhor... pode arranjar um local só para nós dois?

Lucius sorriu e respondeu.

- Veremos como sairão suas notas no final do semestre.

- Ok. Valeu pai. Tchau.

Finalmente e novamente Draco voltou a ficar sozinho com Gina. Como estava exausto, puxou uma cadeira para perto da cama dela, pousou seus braços e cabeça na cama e dormiu. No meio da noite, Gina começa a abrir os olhos. Ainda estava morrendo de sono, porém assim que viu Draco, sorriu e pensou "Agora eu entendi o verdadeiro significado das palavras 'alma-gêmea' do amor". Acariciou o belo rosto pálido e voltou a dormir.

No dia seguinte, Draco acordou, chamou a enfermeira e pediu dois sucos de laranja com torradas para o café da manhã. Enquanto tomava o suco, olhava para Gina e sentia-se aliviado ao perceber que estava respirando normalmente. De repente, e bem lentamente, a ruiva começa a abrir os olhos.

Draco deixa o suco na mesinha, sorri para sua amada e a abraça.

- Que saudades, minha linda. Não sei o que seria de mim sem você. Como está se sentindo?

- Agora estou melhor. – Respondeu numa voz bem rouca. Draco levantou-se e pegou o copo com suco para Gina tomar. Ajudou-a se levantar e começaram a comerem juntos.

Não conseguiam desviar o olhar e a todo o momento sorriam. Gina então perguntou.

- Como eu estou?

- Ah meu amor... você está curada! – Respondeu animado.

- Não... digo, meu cabelo... ta muito bagunçado? Oleoso? E meu rosto? Muitas olheiras?

Começaram a rir. Draco começou a acariciá-la e respondeu.

- Você é linda de qualquer jeito. Ninguém vai conseguir ser melhor que você nunca!

Deram então um selinho e voltaram a comer. Alguns minutos haviam se passado, e de repente, um médico entra no quarto com uma prancheta e sorri para ambos.

- Vejo que os dois estão muito bem hoje, han? Pois bem, devido ao seu progresso incrivelmente rápido, exames detectaram que... não há mais tumor algum em Virginia Weasley.

Todos sorriam. O médico prosseguiu com o que estava escrito na prancheta.

- Você está de alta, Srta. Weasley. Pode ir para casa e aproveitar sua vida. Meus parabéns.

- Obrigada, doutor. Draco me ajuda a levantar?

- Claro. Vem.

Draco ajudou em tudo. Arrumaram-se em poucos minutos, e assim que saíram do hospital, de mãos-dadas, encontraram suas famílias, amigos do lado de fora, todos de braços abertos gritando.

- Viva Gina! Viva Draco! Viva!

Gina e Draco cumprimentaram todos, felizes com a vitória. Dumbledore veio pessoalmente cumprimentá-los com um tubo na mão.

- Meus parabéns Draco, você realmente conseguiu lutar contra tudo para ganhar a vida de Virginia. Seu nome será sempre lembrado em Hogwarts e por toda a comunidade bruxo, pela sua coragem e bravura.

- Obrigado diretor.

- E meus parabéns também para dona Virginia, que mesmo com todos os problemas que tinha, era sempre boa e generosa com todos em Hogwarts. Seu nome também será lembrado por todos da nossa comunidade, como a garota mais forte, pura e sincera de todos os tempos.

- Obrigada diretor.

- Ah sim... aqui está um presentinho... mas somente para Draco. – Dumbledore anunciou em voz alta olhando para todos os alunos que estavam presentes.

- O que é isso? – Draco perguntou enquanto chacoalhava um tubo que acabara de receber.

- Isso... parece um... diploma?

- Sim. – Dumbledore respondeu. – Draco não precisa provar mais nada a ninguém. Tem até proposta para vários empregos.

- Nossa... obrigado, Dumbledore! Muito obrigado mesmo. Amanhã mesmo já vou procurar alguma coisa pra fazer.

- Parabéns Draco. E Gina, não me esqueci de você não. Se você aceita isso como presente, não precisa fazer os testes finais desse ano. Já está liberada. Agora só falta mais um ano para você se formar.

- Serio? Que legal diretor. Obrigada mesmo.

- Muito bem. Agora ao restante... vamos todos voltar para o trem. Todos ainda têm mais algum tempo de aula.

- Harry, espere. – Draco gritou. – Aqui, sua capa. Valeu cara. Salvou duas vidas essa capa!

- Não há de quê! Bom, boa sorte para vocês. Tchau

E todos se foram. A família Weasley aparatou para voltarem a trabalhar e alguns para estudar, e Lucius também havia ido embora. Draco ficou de frente para Gina, abraçou-a e logo em seguida, beijou-a.

- Gina, você é o amor da minha vida. Eu te amo muito.

- Eu também Draco. Eu te amo muito mais que qualquer coisa nesse mundo.

- Ama mesmo?

- Amo! Mesmo, mesmo!

Draco então se ajoelhou, continuou segurando a mão da ruiva e perguntou.

- Você aceitaria se casar comigo?

Gina abriu a boca para responder, mas nada saía, nenhuma palavra, então sorriu e gritou.

- EU TE AMO.

E pulou em cima do colo do loiro no momento que este se levantou.

- O que eu mais quero é viver com você para sempre! Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo!

Draco a girava enquanto a abraçava.

- Vamos comemorar em algum lugar? – Perguntou.

- Que tal... o nosso velho e bom cantinho de Hogsmeade?

- Perfeito! Vamos.

- Vamos!

Deram as mãos e começaram a andar rumo à bela floresta, finalmente sem nenhum medo, nem preocupação, muito menos com algum sentimento ruim.