Só queria deixar avisada uma coisa. Essa história já está pronta na minha cabeça a muito tempo. Antes de eu ler o mangá X ou ver a série. Quando eu vi, percebi que a cena em que Subaru tenta resgatar Kamui dentro da sua alma ficou muito igual a esse capítulo. Por isso, este capítulo é APENAS mera coincidência, ok? Boa leitura!

Capítulo 13: Refém da dor

Por uns momentos, o youko ficou paralisado, sem saber o que fazer. Seu corpo se movia com dificuldade naquela densa escuridão e depois da última lembrança ele não vira mais nada.

- Como posso ajudar Meiling preso neste lugar? – murmurou para si mesmo.

- Me siga. – uma voz sibilou.

A menina que simbolizava a esperança surgiu envolta em luz. Então ela estendeu a mão.

- Me siga. – repetiu.

Não tendo outra alternativa, o ruivo segurou aquela mão delicada.

Para sua surpresa, a criatura puxou-o com grande facilidade através daquele mar. Eles se deslocavam rapidamente na escuridão, alguns feixes de luz podendo ser vistos agora.

- A alma dela está presa. – murmurou esperança após um longo tempo de silêncio.

- Nani? Aonde?

- Ela se tornou prisioneira da própria dor.

Kurama iria perguntar o que aquilo significava, mas uma luz azulada lhe chamou atenção. Foi quando ele viu.

A chinesa estava presa num emaranhado de fios de um tom azul-metálico. Ela parecia dormir tranqüilamente se não fosse pela imagem mórbida que aquilo aparentava.

- Meiling... – sussurrou o youko abismado.

- Cada fio representa um sentimento ruim, um momento de dor em sua existência.

O ruivo observava cada detalhe, cada fio que se conectava ao corpo da mulher.

- Ela...está dormindo?

- Ela está desacordada, envolta na própria dor.

- E como vou ajuda-la?

- Eu darei minha força a você. – respondeu esperança sorrindo. Mas seu semblante ficou sério – Só aviso que tome cuidado. Entrar nas memórias de alguém pode ser perigoso.

- Eu vou arriscar.

A criatura fechou os olhos e entrou no corpo de Kurama, que agora estava envolto pela luz.

Respirando fundo, ele se aproximou da jovem, tocando num fio que entrava em seu braço esquerdo.

Quando ele tocou no fio, seu corpo imediatamente parecia se movimentar a milhares de quilômetros por segundo. Quando se deu conta estava no meio de um imenso jardim com uma mansão imperial a sua frente.

"Onde estou?", pensava enquanto olhava a sua volta.

- Tia Yeran! – um grito lhe despertou do estado de torpor.

Ele viu Meiling bem mais jovem, quase uma menina se a abraçar a mesma mulher que havia visto antes, com o mesmo traje chinês tradicional.

Kurama se aproximou e percebeu que a garota chorava copiosamente.

- Acabou! Acabou tudo tia! – disse Meiling fungando.

- Como assim minha querida?

- Eu e Shaoran! Ele...ele...escolheu a Sakura...

A mulher sorriu ternamente enquanto abraçava a garota. Então ela encarou-o e ficou séria.

- Saia daqui. – sibilou.

Kurama recuou alarmado. Ela conseguia vê-lo?

- Já disse para sair daqui. – continuou Yeran escondendo Meiling atrás de si.

De repente tudo à volta deles desapareceu, deixando apenas os três num mar de escuridão. O ruivo encarou a chinesa com firmeza.

- Como consegue me ver?

- Deixe minha sobrinha em paz...youko.

Kurama se assustou ainda mais, se é que isso era possível. Alguma coisa estava errada...

- Não pretendo fazer mal a Meiling.

- Tia...quem é ele? – falou a menina observando o ruivo com um pouco de receio.

- Não é ninguém. – Yeran virou-se para falar com a sobrinha.

Então o youko percebeu, por uns segundos apenas, a forma da mulher virar uma sombra, para depois voltar ao normal. Definitivamente havia algo errado!

- Meiling! Preciso tirar você daqui agora! – falou o jovem num tom sério se aproximando.

Então a chinesa tirou um leque de dentro das suas roupas, abrindo-o. Uma insígnia apareceu em volta das duas, impedindo do ruivo de se aproximar mais.

- Não chegue mais perto, estou lhe avisando!

O youko ia invocar seu chicote quando ouviu uma voz ecoar na sua cabeça. "Você é o único que Meiling confia. E será o único que ela irá ouvir no final". Aquelas eram as palavras que Sakura tinha lhe dito em seu sonho.

Seu corpo começou a brilhar novamente. Ele então sorriu confiante, sabendo o que deveria fazer.

- Meiling...essa não é sua tia Yeran. Ela está morta.

- Mentiroso! – exclamou a menina por trás da mulher.

- Meiling...lembre-se do que aconteceu. Fugir não vai adiantar nada. Se continuar aqui, tudo será destruído. Você quer perder tudo? Todas suas lembranças?

- Eu...

- Vá embora agora mesmo! – gritou Yeran, brandindo o leque. Um redemoinho foi lançado em direção ao youko.

Kurama pulou, tentando se desviar do ataque. Ele então gritou:

- Lembre-se do Shaoran! E da Sakura!

A menina arregalou os olhos. Então se afastou lentamente da mulher, como se o vilão malvado agora fosse ela.

- Meiling...o que foi?

- Você...não é minha tia Yeran! Não...não é...

O ruivo caiu no chão de joelhos, uma parte da sua roupa rasgada devido ao impacto do golpe.

- Meiling...temos que sair daqui...

A chinesa olhava para Kurama ainda um pouco temerosa.

- Conhece o Shaoran? E a Sakura?

- Sim...eles querem que você viva feliz...esquecendo a dor de tudo que aconteceu...

- Eles...querem?

Yeran raivosa deu um rugido. Então mostrou sua verdadeira forma, uma pantera negra de olhos vermelhos. Ela avançou na menina, disposta a rasgar sua garganta.

- Meiling cuidado! – Kurama entrou na frente, invocando rapidamente seu chicote. Numa fração de segundo, ele cortou a fera em duas.

A besta deu um rugido agonizante, enquanto seu corpo de dissolvia. A chinesa encarou o youko e deu um sorriso tímido.

- Seus olhos...

- Nani? – inquiriu Kurama se aproximando dela. Era estranho vê-la nessa idade.

- São iguais ao da Sakura. Verdes...sua aparência é calma, mas seus olhos revelam seu poder escondido...

Kurama sorriu com ternura. Então se ajoelhou, ficando da altura da menina.

- Você sabe o que aconteceu não é? Sabe...que todos morreram?

Meiling começou a chorar baixinho. Então sussurrou fracamente:

- Sei...todos...inclusive meu querido Shaoran... – ela então encarou-o – Kurama...eu não quero voltar! Não quero sentir toda aquela angústia novamente!

- Se você não voltar...todos terão morrido em vão. E... – ele desviou o olhar, levemente envergonhado por seu egoísmo – Aqueles que eu amo também.

O corpo da chinesa começou a brilhar fortemente. O ruivo tampou os olhos com as mãos. Quando os abriu, viu que ela virara mulher novamente. Os fios que a prendiam começavam a cair um a um de seu corpo.

- Não é vergonha defender aqueles que se ama...doutor Kurama. – disse a mulher, num meio sorriso.

- Só você...pode impedir essa tal de Shiva...segundo Sakura disse.

Pela primeira vez desde que se conheceram o youko viu um sorriso límpido e sincero surgir no rosto de Meiling.

- Mesmo sendo uma deusa...ela não devia se meter com o clã Li. Ela será punida por isso.

Kurama sorriu. Mas algo o intrigava. Como sairiam de l�?

- Vamos sair daqui? – sussurrou a chinesa, enquanto estendia a mão.

O doutor segurou-a firmemente, mas falou, receoso:

- Sabe...como sair daqui?

- Não se preocupe...Sakura está conosco.

- Es-tá...?

- Ela lhe deu a carta da esperança, não foi? – falou a chinesa, recebendo uma resposta afirmativa – Então. Sabe porque essa carta conseguiu ser criada por Sakura? Porque ela sempre teve esperança em tudo. Como ela dizia, não importa o que acontecerá...vai dar tudo certo!

Seus corpos começaram a flutuar, iluminando a escuridão que os envolvia. Logo, uma ínfima luz surgia acima deles.


Kurama e Meiling observaram a sua volta. Tudo parecia congelado, como se a carta do tempo tivesse sido usada. Mas era impossível, já que todas as cartas criadas por Clow haviam sido destruídas.

- Vocês demoraram.

A voz desconhecida alarmou os dois. Eles então observaram um rapaz da idade da Meiling. Ele tinha os cabelos azul-escuros, e os olhos também. Mas seu corpo era pálido, como se ele fosse...um espírito.

- Quem é você? – perguntou o youko.

- Eriol Hiragizawa, mais conhecido com reencarnação de Clow.

Aquilo realmente chocou os outros dois.

- Mas...como?

- Ela poderia ter matado seu querido koorime, Kurama. Eu só parei o tempo para dar oportunidade de você salvar a minha descendente...já que não posso fazer muita coisa.

- Você...está morto? – disse a chinesa se aproximando do inglês.

- Em coma. Mas logo me juntarei a Sakura e os outros...por isso...Meiling, sabe o que fazer não é?

- Sei sim. – disse a mulher num tom firme.

Ótimo. Você continua me surpreendendo youko, mesmo após todos esses anos. – o espírito do rapaz começou a se dissolver – Só não fique triste se tudo não sair como espera.

O ruivo encarou o outro confuso. Do que ele estava falando?

Aos poucos, o tempo pareceu voltar a seu percurso normal. Ele então viu a chinesa se aproximar do corpo da deusa, que de certa forma era seu. Ela então sussurrou:

- Só há um jeito de par�-la.

- No que está pensando Meiling? – perguntou o outro indo em direção ao demônio de fogo. Yusuke estava congelado ao lado dele.

A mulher pegou o pingente que usava e transformou-a em espada.

- Ela precisava do meu corpo...então só preciso destruí-lo. Depois é com você.

- Comigo? Espera aí, você não está pensando em...

- Use a esperança...doutor. – disse num tom sarcástico a última palavra, embora uma lágrima solitária descesse por seu rosto.

Logo o feitiço desaparecera. Hiei caiu de joelhos com sérias queimaduras em seu pequeno corpo. Yusuke não estava muito melhor.

- Kitsune...você voltou...

Mas Kurama estava longe. Ele observava aterrorizado a chinesa erguer a espada.

- Como? Como saíste de seu confinamento? – gritou a deusa lançando seu poder, mas não conseguindo afetar Meiling.

- Vamos juntas para o inferno...Shiva. – num golpe rápido ela decepou a cabeça da deusa, sentindo seu corpo inteiro começar a doer de forma horrível. Ela virou-se e encarou Kurama, seus olhos derramando lágrimas de sangue.

- Meiling! – o youko tentou ampara-la, mas o ex-detetive o impediu.

- Já é tarde. – sibilou Urameshi.

Logo eles viram a forma de Shi se erguer e flutuar, encarando-os com raiva.

- Destruíram meu corpo. Malditos!

O ruivo sentiu sua vista turvar devido a raiva. Seu corpo começou a brilhar e logo a carta da esperança saiu dentro de si.

- Vamos acabar com isso. De uma vez...por todas. – sibilou o youko.

A criatura mágica voou em direção à Shi, envolvendo-a com sua luz. Um grito de dor foi ouvido enquanto o brilho aumentava cada vez mais. Meiling observava tudo inerte.

A luz era cegante, parecia sugar todas as forças deles. Kurama sentiu seu corpo pesar e cair no chão e tudo que pensou antes de ser engolfado pela escuridão foi nas lágrimas de Meiling.

Fim da décima terceira parte

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Mystik