Nos braços do amor

cap3

Cavalgando pelas colinas, o marquês sentia uma liberdade indescritível. Sempre adorou cavalgar, aprendera quando criança e desde então não parara mais. Se sentia livre enquanto cavalgava, parecia que todos os seus problemas evaporavam só de sentir o vento tocando o seu rosto, era uma sensação única. Adorava tanto isso que era um dos melhores atletas nessa modalidade, já participara de várias competições, saindo na sua grande maioria das vezes vitorioso. Além do mais tinha uma grande fissura por corridas, chegando até a ser um dos maiores proprietários de cavalos da região. Descendo das colinas o marquês se embrenhou em uma densa floresta, saindo horas após e dando de cara com uma majestosa mansão, não que as suas não fossem mas aquela tinha uma aura estranha, meio que corrompida, com certeza graças aos tipos de atrocidades que se cometiam lá dentro.

Deixou seu cavalo com um dos cocheiros, e se dirigiu a porta para tocar a campainha, mas antes pudesse fazer isso a porta é aberta e por ela aparece o mordomo.

Ao entrar no grande hall de mármore, um lacaio pegou suas luvas, chapéu e chicote. O mordomo o conduziu a uma enorme e belíssima sala de estar, e em alguns minutos a duquesa de Thame veio lhe atender.

Sr. marquês, estou tão feliz que tenha aceito meu convite!

Sua Graça foi muito gentil em me convidar.

Ora, não foi nada. Os negócios são sempre tão chatos porque não transform�-los em algo mais prazeroso? Espero que se sinta muito à vontade esta noite.

Também espero o mesmo.

Uma criada entrou com uma taça de champanhe e a ofereceu ao marquês, este a aceitou prontamente. Ao prov�-lo, descobriu que Miroku estava enganado ao afirmar que as mulheres não sabiam escolher bons vinhos. O champanhe era excepcional.

Estou oferecendo uma festa em minha mansão hoje , mas alguns de meus convidados ainda não chegaram, se quiser posso lhe apresentar os que estão aqui, ou se preferir posso lhe mostrar seus aposentos?

Preferiria ver meus aposentos antes, se não se importa.

De jeito nenhum!

Durante todo o trajeto o conversa transcorreu normalmente, ou melhor se seguiu em um monólogo por parte da duquesa. Inuyasha estranhou que em nenhuma hora a duquesa mencionou o assunto que o levara l�, mas achou por bem não mencionar nada.

Foi conduzido à um belo quarto em diferentes tonalidades de verde e lilás. Com certeza era um belíssimo aposento, suas paredes eram de um tom claro com toques de verde que dava um contraste muito elegante ao ambiente. Suas cortinas eram de um tom escuro e esverdeados com detalhes lilases que combinavam com a colcha da cama que era dessa mesma tonalidade com flores bordadas em verde, os móveis eram escuros e finos.

Gostou do quarto? – perguntou a duquesa.

Sim, é muito aconchegante.

Bem, acho que está na hora de descermos, os convidados já devem ter chego e o jantar já será servido!

Inuyasha acompanhou a duquesa até um amplo salão onde se encontrava inúmeros homens, todas devidamente acompanhados.

Ah! Esqueci de lhe dizer. Fiz questão de arranjar acompanhantes para cada um de meus convidados, assim ninguém fica sozinho. Espero que goste da sua. Ela lhe dará diversão e estará ansiosa para fazer qualquer coisa que o senhor mandar.

Disse dando ênfase ao "qualquer coisa", não deixando dúvidas quanto ao significado das palavras

"Ai não acredito nisso, onde eu fui me meter"- pensava Inuyasha – "Não acredito que vou ter que ficar agüentando uma puta tagarelar no meu ouvido sobre futilidades a noite toda!"


Kagome descia as escadas, temerosa, e se o seu acompanhante fosse um mala, ou pior um pervertido, Ai! Não queria nem pensar nessa hipótese! Foi trazida de volta a terra por um beliscão de Yume. Revoltada, ia exigir explicação para aquela atrevida quando percebe que não estavam sozinhas e sim em frente a duquesa e um de seus convidados.

Está é Kagome Higurashi, Senhor marquês. Espero que tenham uma noite agradável juntos. – disse a duquesa empurrando-a para a frente, apertando-lhe o braço energicamente como se quisesse lembr�-la do acordo.

Apesar de assustada. Kagome conseguiu fazer uma reverência graciosa, enquanto olhava o marquês com ansiedade.

Tinham lhe dito diversas vezes que deveria agradar o cavalheiro que lhe fosse apresentado. Teria que diverti-lo, entrete-lo e fazer tudo que ele mandasse, assim a duquesa os ajudaria, mas olhando para homem a sua frente, tão sério e certo de si, achava quase impossível conseguir entrete-lo.

O marquês era uma figura dominadora, forte, o homem mais bonito e elegante que já conhecera.

Jovem, extremamente bonito e atraente, Inuyasha Miamoto, ou marquês de Ryde (mesmo caso da duquesa! Ryde é o cidade em que ele mora.), como era chamado por todos, tinha lindos olhos liláses, ombros largos porte atlético, cabelos longos e negros, que se encontravam presos em um rabo baixo. Trajava uma elegante roupa de inverno em tons escuros, e o que mais perturbava Kagome era que ele não tirava o sorriso cínico dos lábios. Atitude nem um pouco cavalheiresca, parecia olh�-la com desdém...

Resolveu aceitar uma taça de champanhe que lhe ofereceram, achando que seria indelicado de sua parte recus�-la. Além disso, não sabia onde colocar as mãos que estavam tremendo muito.

Assim que a duquesa os deixou a sós, Inuyasha virou-se para ela...

Bem, Srta. Higurashi, já que esta é a minha primeira noite na mansão, gostaria de saber o que teremos pela frente.

Eu...eu mesma não seu Sr. marquês. Esta é a primeira vez que venho na mansão. – disse um pouco tímida.

Veio de Londres, suponho? – perguntou indiferente.

"Ai, meu Deus! O que eu faço! Não posso contar nada sobre a minha vida por ordens da duquesa, se eu contar é capaz de ela romper o acordo... "

Tomou um gole do champanhe e se decepcionou. Nunca havia tomado aquela bebida em toda a sua vida e sempre achara que fosse algo doce e cristalino...Não gostou, mas nem por isso largou a taça, precisava de um pouco de estabilidade, pois suas mãos não paravam de tremer.

E então Srta. Higurashi, veio de Londres?

Bem...eu acho que... preferiria falar do senhor. Poderia...poderia me dizer o seu nome?

Mas é claro! Fomos apresentados de uma maneira um tanto inadequada eu suponho. Sou o marquês de Ryde.

Oh! Então, o senhor é o proprietário de cavalos magníficos!

Já ouviu falar deles? – disse erguendo uma sobrancelha.

Claro! – falou animada.

Seu pai tinha um grande fascínio por cavalos e corridas, e foi através dele que Kagome aprendeu a conhecê-los e am�-los. Embora sua mãe não aprovasse que ela fosse às corridas. Algumas vezes ainda ia, mesmo que seu tio não gostasse nadinha. Essas idas até o estádio faziam-na lembrar muito de seu pai, e isso a deixava muito feliz. Nas raras vezes que ia, via sempre os cavalos do marquês levarem o prêmio, o que gerou um grande fascínio por eles.

Você realmente gosta de corridas? Ou será apenas as generosas quantias que seus admiradores apostam por você, no chamado "esporte dos reis", que tanto te excitam?

Kagome estava tão feliz que nem escutou.

Aquela corrida em que seu cavalo Rubens tirou o primeiro lugar foi o espetáculo mais emocionante de toda a minha vida!

Você estava l�? – arqueando uma sobrancelha.

Sim! Lembro-me que num dado momento o seu cavalo foi jogado contra a cerca, mas o senhor foi esperto e conseguiu conduzi-lo de volta a pista e ainda por cima venceu por apenas meio corpo, eu quase morri de aflição! – disse empolgada sentando-se em uma das cadeiras da luxuosa mesa de jantar, sendo acompanhada pelo marquês.

Havia um entusiasmo tão sincero em sua voz, que Inuyasha admitiu que ela não estava fingindo, ela realmente gostava de cavalos, e esse foi o assunto que se seguiu durante todo o jantar.

Os criados passavam de quinze em quinze minutos oferecendo-lhes bebidas, e por tal motivo era possível se ver muitos homens e mulheres alcoolizados.

Deseja alguma coisa Srta.? – era a quarta vez em menos de meia hora que o garçom lhe oferecia bebida. Também pudera, era a única pessoa na mesa que não estava tomando nada, tudo bem que estava com sede, mas não queria nenhuma daquelas bebidas...

Não, obrigada. – respondeu com um sorriso a mesma frase pela quarta vez consecutiva.

O marquês se virou para Kagome, com um sorriso cínico nos lábios. Ela realmente sabia fingir muito bem. Parecia uma donzela virgem e inocente, o contrário de todas as mulheres sofisticadas que o entediavam em Londres. Sem dúvida uma atriz de primeira.

O nervosismo quando foram apresentados, os olhos grandes e assustados como se tivesse medo dele como homem, tudo era tão convincente, mas não podia se deixar enganar, nunca mais ia se deixar enganar novamente. Podia até ser uma boa atriz, mas escolhera uma profissão bem mais antiga para exercer...Lá no final da noite, revelaria sua verdadeira identidade e já não seria tão pura e inocente quanto queria parecer.

Não está com sede?

Oh, sim, mas acho que seria indelicado pedir água.

Não preferiria uma limonada?

Adoraria... mas será que não achariam estranho?

Traga um copo de limonada para esta moça. – disse ao criado, pensando que ela, mais uma vez, representava a moça ingênua.

Não creio que aja limonada na casa, senhor.

Então, encontre alguma!

O empregado imediatamente curvou-se e saiu, apressado, mas Kagome ficou receosa.

Oh, talvez a duquesa fique zangada.

Deixe que fique! – disse fazendo pouco caso.

Não...não devo deix�-la zangada.

Por quê?

Ela olha para a cabeceira da mesa receosa.

Por favor, não me pergunte essas coisas pois não estou apta a responder.

Inuyasha ficou meio intrigado, mas achou melhor por hora deixar o assunto de lado.

Por favor, vamos voltar a falar de cavalos. – pediu ela de repente, parecia querer mudar de assunto logo antes que dissesse algo que a comprometeria.

Tenho a impressão que acabamos esse assunto. Me diga Srta. Higurashi o que mais lhe interessa?

Os quadros da casa. Logo que cheguei vi um Van Gogh, e me impressionei, nunca pensei que pudesse ser tão bonito.

Quem lhe disse que era um Van Gogh?

Eu sabia, mas também estava assinado embaixo.

Ora, confesse que leu o nome do artista antes.

Imagine, seria muito burra se não fosse capaz de reconhecer um Van Gogh. O estilo dele é completamente diferente dos outros, as cores fortes, o fascínio pelo amarelo, as pinceladas interrompidas. Ora, qualquer um saberia diferenci�-lo de outros artistas assim que visse. Sua arte é muito original. Ocorreu-me a mesma facilidade quando vi o Turner. Seu jeito romântico de pintar também é fácil de ser identificado, não só pelo seu inovador jeito de pintar, mas sim pelo seu grande fascínio pelas forças da natureza. Ninguém pinta uma tempestade como ele! – diz ultrajada, quem ele pensa que é para duvidar da sua palavra.

Você me impressiona.

Ao notar o som de secura e descrença do marquês, Kagome lembrou que não deveria estar falando de si mesma...

Tem muitos quadros, marquês?

Sim, muitos.

Oh, adoraria vê-los!

Ele deu um sorriso cínico, julgando que aquele comentário fosse, na verdade uma armadilha para faze-lo convid�-la a ir a sua casa.

Algum dia quem sabe?

Vi muitos quadros no museu de Thame, cada um mais lindo que o outro!

Disse-me que era a primeira vez que veio a cidade?

Não eu disse que era a primeira vez que vinha a mansão dos Stanton.

Era muito difícil peg�-la numa mentira, e parecia estar sendo sincera ao dizer que nunca estivera ali. Mas até o fim da noite ela mesma se desmascararia.

Ao final do jantar, Inuyasha, mais uma vez, olhou em torno.

Quase todos os convidados estavam bêbados, barulhentos e escandalosos, o que já o estava deixando extremamente nervoso.( Inu nervoso, bah! Imagina...)

Os dois homens sentados ao lado da duquesa, sussurravam-lhe intimidades ao ouvido, acariciando-na nos ombros e braços.

Ela era sem dúvida a única mulher que estava sendo seduzida naquela sala, pois as outras tinham como função tomar a iniciativa. Ao pensar nisso, seus olhos caíram sobre Kagome, que até aquele momento, não tentara seduzi-lo explicitamente. Ela estava fazendo seu joguinho de menina ingênua muito bem, pois olhava para os outros convidados chocadas como se não esperasse isso. Foi tirado de seus devaneios pela voz de um dos criados...

Sua Graça lhe oferece esse vinho, senhor. – disse entregando-lhe uma taça.

Olhou para a taça e depois para a duquesa, alguma coisa estava muito errada ali. Seu sexto sentido nunca falhara, e este o estava avisando, embora não soubesse explicar, que correria um grande risco caso tomasse a bebida oferecida pela duquesa. Além do mais seu faro nunca o deixara na mão, e com certeza aquela bebida tinha um cheiro muito estranho, só não sabia identificar que tipo de substância tinha naquele vinho. Deu um leve aceno a duquesa, como se agradecesse pelo vinho. Esta em troca lhe ofereceu um sorriso encorajador e ergueu sua taça para beber, como se quisesse que o marquês fizesse o mesmo.

Inuyasha fez como quem beberia também, mas antes, virou-se para Kagome e disse erguendo a taça em sua direção.

A esse belo anjo que se encontra ao meu lado, que me presenteou com sua linda voz a noite toda!

Disse isso em claro e bom som para que a duquesa ouvisse, e em seguida disse num sussurro para só Kagomo ouvir...

Jogue seu lenço no chão!

Ela o fitou confusa, o que o deixou irritado...

Um brinde a você, Kagome! – disse novamente

Só faça o que estou mandando, entendeu? – sussurou novamente

Seguindo ordens ela o fez. Pegou o lencinho bordado que se encontrava em seu colo e o jogou no chão, exatamente entre ela e o marquês.

Deixou cair o lenço? Deixe que o pego para você!

Botando um gole do vinho a boca, Inuyasha se abaixou para pegar o lenço, não antes de cuspir fora todo o vinho que se encontrava em sua boca. Ajeitando-se na cadeira fez um gesto com a cabeça para trás, como se estivesse engolindo a bebida, entregou o lenço a dona e ergueu a taça vazia em direção à duquesa, como se completasse o brinde. Esta sorriu malévolamente e inclinou a cabeça em sinal de aprovação.

Encostou-se relaxadamente para trás. Que tipos de efeitos o vinho faria? Foi interrompido pelo som de uma orquestra escondida, que inundou o ambiente com uma música animada. As luzes foram apagadas, e por alguns segundos, a sala mergulhou na escuridão.

Continua...