Capitulo 1:

Reúno toda minha força interior para não fechar meus olhos. Papai fala sem parar. A voz monótona castigando meus ouvidos. Não faço o mínimo esforço para prestar atenção. É sempre a mesma ladainha. Finjo interesse, tentando ao máximo não dormir. Não seria prudente.

Xingo mentalmente todas as gerações de minha família, enquanto meus olhos passeiam pelas pessoas ali presentes. As costas eretas, as pernas de lado e as mãos no colo. Mamãe sentava elegantemente no sofá de couro preto. Assistia o discurso cansativo de papai com as sobrancelhas arqueadas. Os cabelos loiros presos em um coque, o vestido preto contrastava com a pele pálida, os olhos castanhos acompanhavam cada paço do marido. Admiro-a com sua beleza fria e seu jeito calmo de lidar com as coisas. Sempre controlada. Consegue sorrir, quando na verdade sua vontade émandar alguém ir a merda. Narcisa se parecia tanto com ela, os mesmos cabelos loiros, a mesma submissão, a mesma elegância, o mesmo temperamento, a mesma delicadeza que tanto me irrita. Não sou assim. Diferente delas eu não nasci para agüentar tudo calada. Não gosto de ser tratada como se pudesse quebrar a qualquer instante, detesto depender dos outros. De acordo com Andrômeda...Tenho o gênio forte de papai.

Olho significativamente para ele. Continua falando sem parar enquanto anda de um lado para o outro. Os fios negros que herdei, um pouco maiores que o normal. Os olhos azulados vagavam sem direção pelo cômodo. A capa negra esvoaçava as suas costas com as voltas que dava. Lembrou-me momentaneamente do meu antigo professor de poções. Não posso evitar a careta que toma conta de meu rosto. Reviro meus olhos em completo tédio voltando minha atenção para Narcisa, que suspirava sonhadoramente. Provavelmente pensando no traste do Malfoy. Ela possui um brilho diferente nos olhos claros. Um brilho que não consigo entender, mas que a torna mais pulsante. Patético na minha opinião. A saia creme combinava perfeitamente com a blusa branca de gola alta, e o, sobretudo no mesmo tom caramelo da bota. A cascata loira estava presa caprichosamente em uma trança, refletindo o bom gosto e as horas passadas na frente do espelho.

Abro um sorriso cínico. Não tenho paciência para esse tipo de coisa. Havia enfiado um jeans desbotado, tênis Nike prateados, um suéter de malha branca e meus óculos Gucci. E ainda consegui chegar 45 minutos atrasada. Merda. Agora me encontrava largada na poltrona, tentando por tudo não dormir com o discurso monótono que eu já havia decorado. Mamãe provavelmente já havia desistido de me repreender por meus modos tão pouco elegantes e dignos de uma Black. E como eu sou uma filha da puta azarada, o assunto se foca em mim.

- Você deveria começar esse ano com um pouco de seriedade. Por Merlin Bellatrix, faz dois anos que você se formou. Não se esqueça de que é o seu futuro que esta em jogo, e você pode fazer o favor de tirar esses óculos escuros enquanto estou falando?

Balanço a cabeça em negativa antes de dizer a papai que não penso de maneira alguma em fazer qualquer coisa este ano que não seja a serviço do lorde. O trabalho como comensal me deixava exausta, era a única coisa de que não enjoava. Não vou fazer porra nenhuma de faculdade bruxa, já que o quadro docente é uma real merda, e o sistema escolar não presta para mim. Eu preciso experimentar o vazio de não fazer porra nenhuma para ter vontade de verdade de fazer alguma coisa.

Papai esta arrasado, ele protesta. E daí?

Apesar de toda linhagem da família apoiar o lado das trevas, e papai ser um comensal também, ele continua insistindo que devo me especializar em alguma área assim como Narcisa. Moda bruxa é sem duvida algo realmente memoravel.

Mamãe ao contrario de papai, não desiste tão facilmente e começa ao invés de tentar me fazer entrar para uma faculdade, cogitar a hipótese de me casar. Ela me cansa, não estou em condições de me esforçar...De forma que me torno desagradável. E a tempestade estoura, meus pais dão finalmente rédea solta a sua histeria inútil (via de regra, eles são por demais educados para explodirem, mas neste caso faltei com as regras mais elementares de educação, eu disse a minha mamãe para, por favor, para de me encher o saco!). No momento estou com dor de cabeça. Prefiro engolir tudo em silencio, até que a coisa fica insuportável. Levanto a voz e grito.

- Então é isso?Vão me cortar minha ração e eu vou ter de rodar bolsinha para sustentar minhas necessidades e vocês ficarem contentes?

Pego minha varinha e vou embora sem me despedir, aparatando na Londres Bruxa. Sinto o vento gélido bater em meu rosto fazendo algumas mechas negras caírem por sobre meus olhos. Jogo-as para trás com um único gesto de minhas mãos. Um sorriso diabólico se forma em meu rosto. Num instante, estarei sentada em algum dos restaurantes mais caros da cidade torrando a grana de papai como vingança. Vou jantar um folheado de caranguejo e, é claro, um vinho suave, ou então não janto e bebo uma cerveja amanteigada, ou uma vodca pura, fumando um cigarro atrás do outro e dizendo "como vai" às pessoas.

Sibbylle esta dos pés a cabeça de Courrèges e Diane me mostra excitada a sua nova bolsa Dior. As duas são minhas amigas desde que estudávamos em Hogwarts. Poderia dizer-se que somos melhores amigas, mas só nos consideramos amigas intimas. Ascendo um cigarro e conto para elas sobre a idéia absurda de minha mãe em querer me casar.

Chegam o firewhisk de Sibbylle, o Evian de Diane e a minha vodca. Interrompo-me para apreciar o sabor forte da bebida. Olho novamente para a loira em minha frente, e vejo uma lagrima escorrer por sua face avermelhada. Sibbylle di Sanseverini. Perdera a mãe aos três anos. Suicídio. Mora sozinha com o pai, o arquétipo do paquerador de cinqüenta anos, show-off, drogado, fodido. Pobre coitada da pequena Sibbylle, bonita demais, rica demais, e para a qual todo mundo está se lixando. Eu não posso fazer nada, ela que se dane. Já tenho problemas demais para me preocupar, não preciso que uma maníaca depressiva faça parte deles.

Está na hora de irmos ao The Mill. Uma boate, obviamente bruxa. Nunca me misturaria com aqueles trouxas nojentos.

Quando estávamos saindo, acabamos encontrando dois conhecidos de Hogwarts, Zabini e o Lestrange mais novo. Eles estão indo para o mesmo lugar que a gente, e perguntam se gostaríamos de companhia. Minha vontade era de dizer um sonoro não, mas ao ver os olhares maliciosos que Sibbylle e Diane trocavam com os dois idiotas, limitei-me a suspirar em completo desagrado.

Percebo, parado na frente da boate, um rapaz alto e esguio. Usava os cabelos castanho escuros espetados para cima. E tinha um ar cafajeste com seu jeans moldado no corpo e a blusa de manga comprida preta com os primeiros botões abertos desleixadamente. Sorria maliciosamente na direção de um grupo de garotas, enquanto levava calmamente um dos cigarros a boca. Como que sentindo meu olhar sobre si ele vira suas pupilas negras na minha direção. E é com certo prazer que sinto minha respiração falhar.

Não tenho noção de quanto tempo ficamos a nos fitar. Mas Sibbylle pareceu perceber o meu súbito interesse, e tratou de muito discretamente me dar uma cotovelada, fazendo com que eu quebrasse o contato visual. Levanto uma das sobrancelhas na direção dela questionando o porque da agressão. Ao que ela responde com um leve chacoalhar de ombros, e começa a me arrastar para dentro da boate. Me pergunto se não estaria melhor na minha cama terminando de ler algum livro estúpido, ou escutando a radio bruxa. Mas essa pergunta me parece inútil uma vez que sei a resposta.


Bom...desculpem a demora...

É que ultimamente eu ando toda enrolada...

Mas tah ai finalmente o primeiro capitulo...espero que gostem...tah um pouco pequeno...mas o proximo vai tah maior...

E mandem reviews plx!