Capítulo 7 – Pais, mães e penseiras
Draco foi empurrado pelos corredores frios e escuros de Azkaban pelo o que pareceu uma eternidade. Seus passos sempre acompanhados pelo som da respiração gelada de dementadores. Sabia que estavam escondidos, nas sombras, mesmo que não pudesse vê–los. Tinha certeza pois começava sentir o desespero, ouvir os gritos...
Seus gritos.
Parecia séculos desde que se deixara lembrar daquilo sem ficar completamente bêbado para impedir que aquele dia voltasse. Ali, no entanto, não teria como destruir os neurônios com álcool. Era como sentir na pele tudo novamente. E sabia que não agüentaria passar aquilo mais uma vez.
O som cavernoso de uma porta pesada se abrindo afastou felizmente memórias que se preparavam para ressurgir.
– Entre Malfoy – mandou a voz grossa de um dos guardas. – O diretor da prisão o espera.
O auror não esperou que Draco obedecesse e empurrou "gentilmente" o corpo do loiro dentro da sala, fechando a porta de ferro atrás de si.
O prisioneiro deu de cara com um escritório improvisado. Parecia que um homem civilizado estava ocupando uma caverna pré–histórica por algum tempo. Parecia não, era o que acontecia. Os móveis de madeira se confundiam entre as paredes de pedra e o tapete caro não combinava com o chão cinza.
– Ora, ora... Quem diria... – uma voz familiar demais para seu gosto lhe chamou. – Bem–vindo a Azkaban, Malfoy.
Draco encarou o dono da voz. Sua primeira reação foi de total choque, a segunda de revolta e a terceira de ódio.
A lareira da sala comunal sonserina tentava aquecer as mãos de Draco. Essas estavam geladas mas não graças ao inverno que caía do lado de fora do castelo.
Malfoy estava nervoso. Ninguém nunca contestara sua liderança, todos na Sonserina sabiam que quem mandava era o filho de Lúcio Malfoy, nunca houvera dúvida quanto a isso. Até Voldemort se revelar e seu pai ser preso.
A partir do quinto ano teve início a separação. E momentos antes o resultado daquele processo se revelara, enfim.
Há poucos minutos Malfoy reunira todos de sua confiança para anunciar a oferta do Lorde das Trevas. Aqueles que a aceitassem se tornariam Comensais da Morte, os que não o fizessem seriam marcados como inimigos.
Sem volta, sem retorno. Era agora a hora para escolha.
Para Draco, no entanto, era mais do que isso. Era sua oportunidade para trazer mais aliados, para trazer poder ao Lorde das Trevas, ganhar prestigio perante a todos os outros Comensais e, principalmente, orgulhar seu pai.
Chamara todos com plena confiança que o seguiriam cegamente, como sempre fizeram, mas estava errado. Muito errado.
Sem que percebesse perdeu seu posto de líder. E aquela reunião finalmente mostrou isso.
Estava de pé, no centro da sala, e terminara seu discurso triunfal sobre a grandiosidade de Voldemort, o poder que teriam e todas as diversões que o esperavam quando Theodore Nott o interrompeu.
Nott, seu melhor amigo de infância, era a concorrência mais próxima de Draco, sempre à espreita, esperando o momento certo para tirá–lo da posição de mais influência na Sonserina. E, finalmente, depois de tanto tempo, a oportunidade aparecera.
– ...O Lorde das Trevas dará incrível poder em nossas mãos. Eu já senti isso. Meu pai me mostrou. Chega de feitiços ridículos que aprendemos aqui, chega de regras e sangue–ruins. Teremos o poder. Seremos o poder – concluiu o discurso Draco, olhando para os outros sonserinos. – O que me dizem?
Silêncio.
Nenhum aceno de cabeça em concordância, muito menos ovações fanáticas. Nada. Apenas um sorriso tímido de Pansy e alguns grunhidos de Goyle e Crabbe.
– O que há com vocês? Essa é a chance que estávamos esperando! O momento para finalmente acabar com todos os impuros! O Lorde das Trevas está mais forte do que nunca e...
– Na verdade, Draco – interrompeu Nott –, não estamos interessados.
Draco se virou para o sonserino de nariz fino, confusão em sua face.
– Não... Estão... Interessados? – soltou uma risada fraca. – Nott, não é hora para a suas piadas sem graça.
– Não é piada – rosnou a trasgo chamada Millicent Bulstrode.
Ficou mais confuso e agora um tanto irritado.
– Estão cheirando pó de doxy! Vocês nasceram para isso! São sangue–puros!
– Sim, somos. Mas não vamos atrás de um bando de loucos que não conseguem nem matar um garoto idiota – disse Nott, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
– Loucos! – cuspiu Draco, incrédulo. – Loucos! Quem é insano aqui é você, Nott!
– Veja, Malfoy, a questão é bem simples – continuou o arrogante. – Concluímos que Voldemort vai perder. E quando isso acontecer não queremos estar do lado errado. Existem outras maneiras mais inteligentes para se exterminar sangue–ruins. E nós, legítimos sangue–puros, vamos utilizá–las. Eu formulei alguns planos e...
– Desde quando você manda em alguma coisa aqui, Nott? Acha que você é o quê? – gritou. – Eu sou o líder e eu digo que seu plano, seja lá qual for, é idiota. Lord Voldemort possui o poder, e isso é o que importa.
Theodore revirou os olhos para cima e sorriu:
– Não sei se você reparou, Malfoy, mas para ser um líder é preciso ter apoio popular. E ninguém está te apoiando no momento.
Draco arregalou os olhos, encarando cada membro daquela reunião.
– Isso é verdade?
À exceção de Pansy, Goyle, Crabbe e outros dois sonserinos, todos assentiram. Seu sangue gelou e teve que se sentar para não cair de traseiro no chão.
– Mas... – disse fracamente para Nott. – Seu pai... Ele...
– Nossas opiniões diferem. Ao contrário de você, eu sei diferenciar família e negócios. Não vou seguir cegamente meu pai, não sou um cachorrinho de estimação, como outros.
– E o que isso quer dizer, Nott? – rugiu, sabendo bem a resposta.
– Se a carapuça serve – sorriu Theodore.
Goyle e Crabbe se levantaram mas Draco indicou com a cabeça para que parassem. Esmagar a cabeça de Nott no chão era uma idéia deliciosa, porém não traria vitória. Aquela era uma luta de argumentos e influência, não de força bruta. E Draco sabia que já a tinha perdido.
– Dane–se você, Theodore. Dane–se todos vocês! Covardes e traidores! Vocês vão ver! Quando o Lorde das Trevas ganhar, vão pagar por serem idiotas. E quando pedirem socorro para mim, eu vou é rir.
Pansy, os gorilas e ele próprio se levantaram, indo em direção aos dormitórios. Não antes de Nott irritá–lo mais uma vez:
– Uma visão bem mais realista do futuro seria você acompanhando seu pai na prisão, Malfoy. Quando isso acontecer estarei lá na primeira fila para ver.
Draco encarava Nott como se o ex–melhor amigo fosse um fantasma. Quem sabe não passasse de uma miragem causada pela má alimentação e a influência dos dementadores, porque o destino não podia ser tão filho de uma hipogrifa assim. Sabia que o universo estava contra ele mas aquela era a gota d'água.
– Theodore?
– Que bom que ainda lembra de mim. Vai tornar as coisas muito mais divertidas – sorriu.
Se Draco não estivesse com as mãos atadas firmemente teria se lançado na garganta daquele desgraçado com o maior prazer. Infelizmente só tinha a escolha de ficar parado com cara de irritado.
– Merlin, o que você está fazendo aqui, seu traidor filho de uma...
– Eu estou aqui porque trabalho na prisão... E para de dizer: "Eu não disse"? – riu da própria piada sem graça, como sempre. – Adoro quando estou certo.
– Continua o pomposo gordo de sempre.
– E você continua o perdedor eterno. Sente–se, por favor – falou em um falso tom cordial, indicando a cadeira à frente de sua mesa.
Draco continuou onde estava. Pelo que parecia a única forma de contrariar seus inimigos era se recusar a sentar. Deprimente.
– Não quer? Tem certeza? Vai ser a sua última chance de sentar em uma cadeira.
O pior de tudo é que aquilo era verdade. Mesmo assim não se moveu. Afinal, era pessoal. Se sentasse admitiria que Nott estava certo e isso não faria nunca.
– Ora vamos, Draco. Seja razoável.
– Eu estou em Azkaban, Nott. Pelo menos tenho o direito de não ser razoável.
– Que seja então. Fique de pé, como preferir – disse mais uma vez, abrindo o sorriso amarelo. – Sabe, gosto de pensar que ainda somos amigos.
– Então você é mais pirado do que já era.
– Não foi pessoal. Eu fiz o que acreditava ser o melhor para mim. Você fez o que achou que era certo. Essas coisas acontecem e não devíamos deixar uma amizade de mais de dez anos terminar assim.
– O seu discursinho estúpido vai demorar?
– Por quê? Vai a algum lugar? – sorriu maliciosamente. – Eu sabia que você chegaria eventualmente aqui. Como todos os outros. É inevitável e completamente patético.
– O que aconteceu com você, Nott? Comeu abóbora estragada? – suspirou Draco. – Você traiu tudo que acreditava. Sua família... Amigos... Pra quê? Morar em Azkaban de livre e espontânea vontade?
Nott soltou uma risadinha baixa, passando uma das mãos pelo topete loiro oxigenado.
– Você sempre falhou em ver as sutilezas da política. Seu falecido pai tinha certa noção disso mas parece que preferiu te ensinar a torturar ao invés de pensar – fez uma pausa, garantindo tempo suficiente para Draco relembrar os fatos. Depois seu tom ficou sério, deixando o escárnio comum para trás. – Eu não traí ninguém, Draco. Simplesmente sabia que existe hora certa para tudo. E nosso momento ainda não chegou. Mas vai, em breve.
– Em breve? Nott, olhe a sua volta! Não sobrou ninguém! Estão todos aqui, presos na sua Azkaban!
– Tsc, tsc, Draco. Ainda não entende, não? A sociedade está sempre se modificando. Valores que há séculos eram comuns agora são anomalias. Compreende? Antigamente lobisomens eram caçados como troféus de heroísmo, hoje são quase tratados como gente e ninguém questiona mais isso. Por quê? Simples: a mudança ocorreu gradualmente. Bruxos que apoiavam as criaturas subiram no poder devagar. Não foi algo imposto por força bruta e sim com inteligência. Conquiste a confiança do bruxo comum e ele vai pular da ponte por você.
– E você está conquistando essa confiança daqui de dentro é? Puxa... Agora tudo faz sentido! Os dementadores realmente chuparam o teu cérebro de vez.
– É por esse tipo de pensamento limitado que você está aqui. Mas não importa, é mais divertido dessa forma. Adoro quando eu acerto e você faz essa cara de lufo. Foi assim desde que éramos crianças... Eu te avisava que você ia cair da vassoura de brinquedo e você ia mesmo assim, caindo logo em seguida.
– Sabe o que eu acho de todo esse discurso pomposo? – sorriu Draco, tinha ainda uma carta na manga.
– Estou curiosíssimo para saber.
– Acho que é um monte de bosta de dragão. Você fez tudo isso só para se vingar do seu pai. Para fazer ele pagar por ter te...
– Eu aconselho você parar aí, Malfoy – ameaçou Nott. – Os dementadores estão loucos para conhecer você de perto.
Draco abriu seu sorriso mais ainda. Não ia parar porque agora que a diversão ia começar. Depois daquela noite fatídica na sala comunal da Sonserina tinha aprendido muitas informações interessantes sobre Nott e seu pai.
– ...dado surras até seus ossos quebrarem. Patético. Você fala de mim, Nott, mas você sempre foi pior. Se escondendo por trás de sutilezas quando na verdade você só morria de medo do pai. E tinha inveja de mim porque sabia que preferia ter eu como filho e não um impotente como você.
Como um animal raivoso Nott bateu na mesa com seu punho, fazendo vários papéis se espalharem. Demorou um pouco até recobrar seu estilo sarcástico de sempre. O que deixou Draco satisfeito, atingira o ponto fraco do traidor.
– Meu pai, Malfoy, não tem nada a ver com isso. Mas não tema,você vai logo se unir a ele. Acho que vou colocar você na cela ao lado, para poder ouvir os gritos e uivos que ele dá. É divertidíssimo – seu rosto sério escondia uma loucura que Draco conhecia bem. – Aliás, devo agradecer à Srta. Weasley mais uma vez. Se não fosse ela a minha coleção não estaria completa. Além do meu pai, trouxe você para me divertir.
– Os dementadores derreteram seu cérebro de verdade, Nott. Você está agradecendo Weasels agora?
– Ela é uma ferramenta para meus planos. Nada mais.
Draco estava oficialmente cansado de ficar ouvindo aquela ladainha. Agora começava a ansiar pelo silêncio de uma cela. Longe de ex–conhecidos psicóticos com problemas de frustrações carnais.
– Não quer saber quais são meus planos?
– Sinceramente? Eu não dou a mínima. Quem provavelmente está louco para ouvir é o Potter. Vai encher o saco dele, vai?
– Ah, Harry Potter.
– Não, Henry Trotter.
– A Ordem da Fênix é algo realmente interessante – Nott riu. – Irônico até.
– Que se dane. Só me mande para a minha cela, ok?
– Você não quer saber por que é irônico? – o idiota perguntou, decepção em sua voz.
– Por Merlin, NÃO!
– Talvez queria saber da sua mãe? – sorriu malicioso.
Draco soltou um suspiro cansado. Por que insistiam nessa história? De que adiantava saber sobre sua mãe se não poderia fazer nada para ajudá–la?
– Eu não...
– Sua mãe está em St.Mungus – fez uma breve pausa. – Pansy a visita freqüentemente, mesmo depois que eu disse para não fazer isso.
– E por que Pansy ia escutar você, seu palerma?
– Obviamente porque estamos casados.
"Filho de uma hipogrifa no cio."
O desgraçado! Invejoso maldito! Está certo que Pansy não era a coisa mais linda do mundo (longe, muito longe disso), mas ela era território dele. Como Sonserina tinha sido. Nott fora tão longe assim para tomar tudo de Draco?
E para que ele queria Pansy quando estava óbvio que tinha outras "preferências"?
– Casados, é? Minhas condolências.
– Sinto muito por não ter mandado o convite mas não sabíamos onde você estava se escondendo na época.
– Quem foi o padrinho? Millicent?
Nott riu.
– Ela foi a madrinha, claro. Marcus Flint foi meu padrinho, na sua ausência.
– Que gracinha. Reunião dos traidores. Aposto que Potter foi quem casou vocês. Quem substituiu Pansy na lua de mel?
Theodore obviamente preferiu ignorar os comentários do ex–colega.
– Sua mãe está catatônica, Draco. Completamente louca. Não consegue nem comer mais sem ajuda. Presa numa cama do hospital.
Draco sentiu como se tivesse sido atingido por um crucio no peito.
Não podia ser.
– Do que você está falando, Nott? Minha mãe não ficaria presa a uma cama, muito menos dependeria de alguém para comer... Só a noção de tal coisa é ridícula. É isso que você chama de piada?
– Não é piada, Draco. Temos nossas diferenças mas eu ainda respeito os Malfoy. Sua mãe em particular. Foi na mesma época da morte de seu pai, logo depois que você fugiu.
Sua mãe... A mulher mais independente do mundo bruxo... Aquela que desafiava qualquer homem, qualquer bruxo... Que nunca deixava ser rebaixada, que se vingava com uma ferocidade inspiradora...
– Não... Não pode ser verdade – murmurou para si mesmo. – O que aconteceu com ela?
– Foi a Ordem, Draco. Eles fizeram isso.
– Quim! Me ouça, Quim!
– Ginevra, não há mais o que discutir.
– Eu não posso simplesmente largar a...
– Não fale disso agora. Não aqui.
– Dane–se!
– É exatamente por essa atitude que você acabou nessa situação.
– Me dê uma chance!
– Já dei dúzias delas! Escolha. Agora.
Gina cruzou os braços, olhando para Shackebolt com ódio. Às vezes parecia pior que Harry! Se isso era possível.
Era o momento de mudar de tática.
– Por favor... Eu preciso disso, Quim. A minha vida é o que eu faço. Se largar para trabalhar só aqui vou ficar louca! Você vai ter mais um pepino nas mãos porque vou me suicidar comendo os formulários que você me faz preencher todo santo dia!
– Não há mais o que falar sobre o assunto. Escolha ou eu escolherei por você.
Shackebolt continuou irredutível e estava começando a ficar desesperada.
– Pelo menos me dê mais uma chance! – sugeriu, frenética.
– Por que eu deveria lhe dar mais uma? Você quase foi presa pelo Departamento de Execução das Leis Magias. Foi há muito custo que consegui convencer o Ministro que você estava lá apenas para visitar seu irmão doente e foi tudo uma coincidência infeliz, um erro na fonte de informações do Ministério.
– Eu não estava preparada para um bando de capangas do Ministro atrás de mim. Agora eu estou. Você sabe que eu sou boa no que faço, Quim. Tudo bem que acha que eu sou explosiva demais... E por isso não me dá nenhuma missão de campo... Mas você sabe do que eu sou capaz. Eu mereço outra chance.
O auror soltou um suspiro mas deixou que continuasse.
– Digamos eu concorde... Hipoteticamente falando, que acordo você teria em mente?
– Você me passa uma última missão para ambas as organizações. E se eu me der bem, não preciso escolher.
– E que missão seria essa, Srta. Ginevra?
"Boa pergunta, eu não tenho idéia."
Era hora de blefar. E torcer para acertar, porque essa seria sua última chance. Sua mente percorreu uma lista improvisada de assuntos mais priorizados pelos aurores naquele momento e felizmente não demorou a encontrar uma perfeita para seu problema.
– Bellatrix.
As sobrancelhas grossas do homem se levantaram em sinal de interesse.
– Continue.
– Nós todos estamos atrás da dita cuja. Posso ser o elo, trocar informações úteis para ambos os lados. Ninguém vai saber. E se eu conseguir pegar Bellatrix você e Harry precisam prometer que não me perturbarão nunca mais. Mas se não conseguir então você pode me jogar no cargo mais idiota e burocrático de todo o departamento e eu não vou reclamar.
– Como você vai capturar Bellatrix, Ginevra? Ninguém sabe onde ela está. Ela é completamente imprevisível. Não existe uma única pessoa que possa nos dizer o que se passa na cabeça dela.
– Existem várias pessoas. E todas estão no mesmo lugar.
– Azkaban? – perguntou, surpreso. – Quer questionar prisioneiros que estão clinicamente perturbados? Eles não responderiam suas perguntas mesmo se fossem capazes disso.
– Talvez... Mas vale a pena tentar. Me dê essa chance, Quim.
Shacklebolt não respondeu a principio mas pelo menos mostrava sinais que não achava a idéia totalmente absurda.
– Você está pedindo algo arriscado demais para ambos. Quer que eu a coloque dentro de Azkaban com algum falso pretexto para que questione prisioneiros sem ordem do Ministro ou julgamento. Além do fato que organizações "justiceiras" estão na mira das autoridades e que se essas conseguirem provas dos métodos que você utilizou...
– Eu sei de tudo isso. Sei que há muita coisa em jogo mas eu sou posso provar que sou capaz!
– Não sei...
– Você não quer ver todos aqueles assassinos impunes, quer? Bellatrix vai continuar matando e o Ministério não consegue enxergar além das heranças dos Comensais. Pelo meu pai, Quim. Uma retribuição por tudo que ele fez por você. Só peço uma última chance.
O auror–chefe soltou um longo suspiro.
– Está bem, Ginevra. Você venceu. Temos um acordo, não me decepcione.
Gina sorriu, aliviada. A tática de mencionar seu pai sempre funcionava com os amigos funcionários do Ministério, todos se sentiam culpados demais pela demissão de Arthur.
– Eu não vou.
– Você receberá refeições em sua cela três vezes por dia, sempre no mesmo horário. Às cinco e meia da manhã, meio–dia e finalmente às seis da tarde. Alguns prisioneiros usam isso como referência para seus calendários de palitinhos... – riu Nott. – Mas a maioria perde o interesse pelo tempo rapidamente.
Theodore caminhava satisfeito alguns passos à frente de Draco e os dois aurores que o vigiavam. O ex–colega de escola insistiu em pessoalmente apresentar Draco ao sistema da prisão e à sua cela.
– Banhos são raros. Quando o cheiro começa a incomodar ao pessoal então alguém dá um balde d'água para você. Mas não espere de pé, nós temos grande resistência a cheiros. Existe uma filosofia muito sonserina aqui em Azkaban, Draco. É extremamente engraçado o fato que apesar do Ministério manter uma fachada grifinória, enquanto em suas raízes ele continua sonserino.
– Desde quando cheirar mal é filosofia da Sonserina? – grunhiu Draco mas Nott o ignorou.
– Os inúteis que foram pegos merecem sofrer. Simples assim.
– Por que têm aurores aqui, Nott? Os dementadores não são suficientes?
– Parece que foram finalmente vistos como realmente são: incontroláveis. Depois de Voldemort ocorreram alguns acidentes nada agradáveis: os dementadores tomaram gosto pela liberdade e deram o beijo sem autorização. Portanto, estamos aqui para vigiá–los.
– Agora sim me sinto seguro – disse, sarcástico.
Finalmente o "tour" tão interessante chegou a uma sala escura, dominada por uma luz esverdeada que parecia emanar de uma prateleira no centro do lugar. Não havia mais nada a não ser aquele móvel sinistro.
Nott chegou perto da prateleira e indicou com a cabeça que Draco o seguisse.
Ao se aproximar o loiro viu que a luz era gerada por dúzias de penseiras. Arqueou as sobrancelhas, confuso.
– Essa é a sala do suicídio.
– Como é?
– Ou melhor é a sala anti–suicídio. Veja bem... Para o desgosto da sociedade, nossos prisioneiros resolveram começar a... Parar de comer? Se enforcar? Enfim, começaram a terminar suas desgraças por conta própria... E qual é a graça nisso? A diversão termina – Nott limpou a garganta antes de continuar. – Quer dizer, o Ministério e os bruxos comuns acharam que Azkaban estava sendo cruel demais com os criminosos e resolveram criar algumas medidas para evitar novos suicídios. Ou para tentar amenizar suas consciências pesadas.
– E as penseiras servem para quê, exatamente?
– Os dementadores fazem você rever suas piores memórias. Seus piores momentos eternamente. Depois da Segunda Guerra a fome deles aumentou, sugam muito mais felicidade, o que intensifica mais ainda o desespero dos prisioneiros e por conseqüência os leva ao suicídio. Para tentar amenizar isso mas não completamente anular o efeito das criaturas, cada prisioneiro tem direito a deixar para trás uma única memória. Colocar sua pior lembrança dentro de uma penseira. Você tem a sua também.
Draco olhou fixamente para os objetos cheios de líquidos prateados.
– Qualquer lembrança?
Nott assentiu.
Era um sistema idiota, um conceito de piedade ridículo que não tinha serventia nenhuma, mas quem era ele para reclamar se os imbecis achavam que encher Azkaban de penseiras ajudava a aliviar suas consciências?
– Escolha sabiamente, Malfoy.
Draco era tudo menos sábio, por mais que odiasse admitir. Podia ser considerado esperto, inteligente, ambicioso, cruel, egoísta ou até, se dependesse de sua própria opinião, bonito. Mas não sábio. Era um adjetivo para gente velha e com problemas de queda de dentes (queda de tudo pensando melhor).
E no entanto, lá estava ele, fazendo sua primeira escolha verdadeiramente sábia depois ter ido no pinico ao invés de deixar por conta da frauda.
FANARTS DA FIC
Fiz três fanarts para a fic, mas não consigo colocar o endereço aqui, então quem quiser ver deixe um racado nas reviews e eu mando o end por email.
N/A: Eu resolvi me concentrar mais nessa fic por duas razões: viciei na narrativa do Draco (hehehe). E segundo: "Draco's Detour", capítulo 6 do Príncipe Mestiço. Só de pensar no que vai acontecer nesse capítulo me deixa arrepiada. E ansiosa para terminar essa fic antes que o livro 6 chegue em Julho. Por quê? Bem, é óbvio que alguma coisa vai acontecer com o Draco no próximo livro e o quer que seja provavelmente vai entrar em conflito com essa fic. Não acho que essa fic seja cannon, mas eu odeio contradizer os livros e fico com eles até onde posso. Minhas duas outras fics em progresso (De Braços Bem Abertos e Rising Moon Setting Sun) já estão fora do contexto dos livros totalmente e portanto o quer que aconteça no 6 vai ter pouca influência nelas (a não ser que Hermione, Rony, Harry ou Gina morressem, mas aí... Bem aí já é outra história). E por isso vou me concentrar mais nessa fic do que nas outras, sorry para quem está ansioso para os capítulos novos dessas. Não parei de escrevê–las, mas me foquei mais nessa. Tenho 100 dias para terminá–la!
Ah, sim (eita que N/A mais longa!), o que acharam do queridinho Nott? Risos. Se ele estiver um mala, ótimo! Era para ser um mesmo, risos. E perdoem se ele estiver podre, ele é praticamente um Personagem Original e eu não tenho experiência com eles.
PS. Acho que depois desse capítulo ficou óbvia a resposta para a minha dica ;P
miaka: Uhh vocês chegam perto demais! Hahaha. Não vai ser H/G, cruz credo! hahaha. Nada contra, mas eu não sei escrever H/G. O negócio do Ministério que irrita a Gina é que eles não estão interessados em pegar comensais, todos que estão em Azkaban foram capturados pela Ordem.
Ronnie: Thanks pela review :)
Dark-Bride: Pansy está ocupada no momento, hauahuahua. Mas existe outra possibilidade de beijo para o Draco ;)
Pat: Well, a resposta está nesse cap, hhehehehe. O Draco que se cuide.
Pichi: Assim não vale! Eu não resisto o olhar do gato de botas! Risos. E eu tenho que agradecer si, huahauhau THANKS ;)
Diana: Hahahha, ah pelo menos fingi que é surpresa vai? Huahauhaua
Rachel: Acho que se a Gina e Draco ficassem na mesma cena é capaz de se matarem huahahauahuahua. Ah não fique brava com o Harry, ele só tá tentando fazer o que ele acha que é certo, mesmo errado risos.
Mel: Ai Mel, não odeie o Harryzinho hahaha, ele é cego coitado. E eu adoro o Draco justamente por que ele tem esse humor bem seco hehehe. Thanks pela review, huahuahau.
