Faltava apenas um dia para a visita a Hogsmead e todos eles estavam incrivelmente excitados. O dia foi passado tranqüilamente no salão comunal: Hermione lia um livro, Harry conversava casualmente com Ron, Meg roia timidamente as unhas e os outros permaneciam olhando para o nada. Sirius bufou algumas vezes, James pareceu não dar atenção, assim como todos os outros. Sirius levantou-se então e disse que ia dar uma volta. Após alguns minutos Meg saiu e Vicky foi para o quarto. Hermione resolveu ir até a biblioteca e foi acompanhada por Harry e Ron, que queriam ajuda na redação de História da Magia. Remus sentiu-se tentado a permanecer sentado e observar o que aconteceria entre Lily e James, mas achou mais sensato se retirar também e foi dar um passeio. Lily permaneceu sentada e olhava fixamente o braço de sua poltrona, ficando alternadamente branca como um fantasma ou extremamente vermelha. Ela sabia que a qualquer momento ele ia dizer algo, e por isso ela devia sair correndo. Mas algo a impedia. Falar com James era a coisa que ela mais queria. Se ainda tivesse a companhia de alguém poderia dar uma desculpa para sair, poderia ser forte ou algo, mas ela estava completamente sozinha. Então o inevitável aconteceu. Ele falou.

-A gente não se falou muito depois do... –ele não terminou a frase. Por mais incrível que pudesse ser, ele parecia estar tão envergonhado como ela.

-Eu sei –ela disse sem olhar para ele. Fixou ainda mais o olhar na poltrona, como se tivesse algo extremamente interessante escrito no tecido. –Eu tenho estado muito ocupada. –ela levantou os olhos, virou a cabeça para o lado e disse simplesmente –Não deu.

-Não deu pra falar comigo? –ele perguntou levemente irritado. Esperou um pouco e ficou observando-a para ver se algo mudava em sua expressão. Ele realmente não conseguia entender. Achava que o encontro tinha sido ótimo, tirando o mergulho. Ela tinha dito que eles deviam remarcar, não? Ela tinha dito que tinha havido um momento. Então por que ela parecia tão evasiva, tão fria?

-Não. –disse ela ao perceber que ele não ia responder tão cedo. –Desculpe.

-Eu achei que tivesse sido um bom encontro! –James não conseguiu se conter. Ela ia ter que explicar de uma vez por todas por que estava agindo daquele jeito.

-Eu não disse que não tinha sido... –ela novamente olhou para a poltrona.

-Eu achei que a gente tivesse conversado em paz!

-A gente conversou... –ela torcia as mãos nervosamente. Ela precisava levantar, ela tinha que se levantar... –Eu preciso...

-A gente quase se beijou! –ele estava realmente exaltado. Alguns alunos do primeiro olharam para ele e correram para os dormitórios.

-Bem... –agora ela estava realmente envergonhada. Ele não devia ter falado isso na frente de todas aquelas pessoas. O que elas iam pensar? Para completar, tinha certeza de que tinha atingido uma cor incrível de vermelho. Todos estavam olhando. –Mas...Você é James Potter e eu...

-Eu sei muito bem quem você é. Mas a gente pode dar certo. E você sabe disso. E você está com medo.

-Como é que é? –ela perdeu completamente a vergonha e começou a sentir a raiva subir rapidamente, coisa que inevitavelmente acontecia quando ela ficava muito tempo em um lugar com James. Lily Evans com medo? De Potter? Que absurdo! As palavras se embaralharam em sua mente, ela ia começar a contestar e dizer que, para começar, o tipo romântico não combinava com ele. E depois, que era melhor ele ir procurar Madame Pomfrey, pois se ele achava que Lily Evans era covarde, é porque algo estava errado em sua cabeça!

-Amanhã a gente vai pra Hogsmead –ele a interrompeu. Ela estremeceu levemente e fez um sinal de concordância com a cabeça. –Você vai querer ir comigo? Você disse que queria remarcar... –ele não terminou a frase.

-Ir com você? –ela hesitou por um instante. A raiva sumiu mais rápido do que tinha aparecido. Sair com Potter de novo? Ela só tinha pensando nisso desde aquela noite. E não podia negar que eles tinham funcionado. E bem, ela podia falar com as amigas e confessar que tinha sido um bom encontro...Ela podia confessar que gostaria muito de sair com ele de novo...E ele nem precisaria ficar sabendo que ela tinha mentido para as meninas. Afinal, era algo tão sem importância...Ele nem precisaria ficar sabendo. Mas...Será que Potter merecia mesmo essa chance? A resposta para essa pergunta veio sem que ela pudesse perceber –Claro.

Por um momento ela achou que James fosse agarrá-la no meio do Salão, o que seria extremamente inconveniente (apesar de não ser uma coisa tão ruim assim, pensou ela com um sentimento de culpa e embaraço), apesar de não ser totalmente inexplicável. Ele com certeza não estava esperando por um "sim" tão fácil. Mas ele se conteve e apenas sorriu largamente. Passou a mão pelos cabelos e disse:

-Ótimo! –ele se levantou ainda sorrindo e disse que precisava ir. Não queria que nada estragasse aquele momento, e conhecendo Lily, a qualquer minuto ela podia ter um ataque histérico e desmarcar tudo.

Ele saiu do Salão deixando Lily dividida entre um sentimento de incontrolável alegria e leve preocupação.

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-Como a gente vai fazer amanhã? –perguntou Meg com as sobrancelhas arqueadas enquanto observava Sirius, que parecia muito distraído. Ela sentia que algo estava errado, mas não conseguia descobrir o que era. Os encontros que tinha com Sirius eram ótimos e tudo, mas ele insistia demais em escondê-los, o que era uma atitude muito estranha vinda de Black, que gostava de se pavonear por aí com suas novas conquistas. Ele não tinha respondido ainda, estava observando fixamente um ponto não identificado enquanto sorria maliciosamente. Ela bufou levemente e disse do modo mais casual que conseguia –Espero que você não se importe se eu for pra Hogsmead com o Steve Bilson.

-Não, não, sem problemas... –ele disse sem prestar atenção no que ela tinha dito. Ela estava indignada! Sentiu ímpeto de cortá-lo em pedaços e jogá-los no lago para alimentar a Lula Gigante, mas se conteve e disse:

-Eu acho que a gente devia terminar. Seus dedos gordos estão me perturbando demais e um menino 9,5 me convidou para sair. Sabe, Black, você é considerado nota 8 pelas meninas da Grifinória...

A tática surtiu efeito, porque Sirius pareceu acordar de um transe e a olhou indignado. Ele parecia não encontrar as palavras adequadas para se expressar.

-Oito? Oito? –ele praticamente cuspiu as palavras, tamanho seu choque. –Eu diria que 10 é uma nota muito mais apropriada! Na verdade eu acho que essa escala é pequena demais para mim! Oito? Quem disse essa...Essa...Blasfêmia?

-Ninguém, Black. Mas eu estou caindo fora, porque você é nota 10 em canalhice e eu não te agüento mais! –ela fez menção de ir embora, mas ele a segurou pelo pulso e a puxou para mais perto. Ela, porém, virou a cara e perguntou calmamente –Em quem você estava pensando? –Era óbvio que ele estava pensando em alguém. Desde o seu primeiro encontro ela sabia que havia mais alguém no jogo, e isso a incomodava muito. Ela não devia continuar como ele, não mesmo. Só estava por causa da chantagem. Ou pelo menos era nisso que ela queria acreditar. –Responde logo, Black –Ela odiava fazer papel de idiota. E por isso tentava arrancar a verdade daquele safado.

-Em você –disse ele sorrindo inocentemente. –E pare de me chamar de Black, Meg!

-Você já foi mais convincente. E está sendo mais cafajeste do que nunca; –ela não tinha acreditado no que ele tinha dito, mas era melhor não brigar com ele e permanecer alerta para descobrir a verdade. E quando descobrisse, ele iria sofrer, e muito. –E por isso, nada de beijos hoje. Aliás, você está proibido de chegar a menos de 2 metros de mim. Só amanhã em Hogsmead.

-Por falar em Hogsmead, acho que eu não vou poder ir amanhã... –ele tentou parecer o mais triste possível, mas ela o olhou chocada.

-O que você quer dizer com isso?

-Eu vou ter que ficar pra cumprir uma detenção na sala do Filch...Sabe como é...Aparentemente ele não gostou muito das minhas Bombas Fedorentas... –ele deu um meio sorriso.

-Fedorenta é essa sua história...Não está me cheirando nada bem... –ela se afastou dele e revirou os olhos com tanta convicção que só Lily faria melhor. Mas era melhor não deixar Sirius alerta, ela devia fingir acreditar na sua história e aproveitar sua folga para investigar. Com certeza ele ia ficar no castelo com alguém. Ou mesmo ir pra Hogsmead com alguém...Isso não era nada bom...Mas ela respirou fundo e disse –Tudo bem...Você não mentiria pra mim. Você sabe o que aconteceria se mentisse, não? Certo...Eu vou indo agora, a Lily acha que eu vim só dar uma volta, não posso demorar muito. –ele se aproximou para beijá-la, mas ela disse sorrindo inocentemente –Dois metros, Black, dois metros! –e foi embora.

Sirius respirou aliviado quando ela foi embora. Por enquanto ela não representava nenhum perigo. Mas bem, nada mais óbvio do que isso. Sirius Black era um mestre na arte da dissimulação. E em MUITAS outras artes também, pensou ele sem conter um sorriso.

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Vicky observava a caixa que estava em cima de sua cama. Certificou-se de que não havia ninguém no quarto, fechou as cortinas e começou o seu trabalho. Abriu a caixa, viu os chocolates que estavam dentro dela e sorriu satisfeita. Pareciam mesmo irresistíveis. Tirou então o frasco de Poção do Intestino Solto que tinha preparado do bolso e começou a rechear os bombons com o líquido. Ela sabia muito bem que Black não gostava de chocolate branco e que por isso não comeria nenhum bombom. Os daria então para a garota ou garotas com quem estava saindo, que passariam mal e iriam para a ala hospitalar. Seria então muito fácil descobrir quem eram as safadas! E, pensou ela sorrindo, Sirius se veria livre e desimpedido, tendo apenas ela como companhia. Sim, era o plano perfeito. Era só ela dar os chocolates em Hogsmead como prova do seu afeto e como pedido de desculpas pela rudeza com que ele havia sido tratado. E ele com certeza cairia no truque! Ao guardar a caixa, Vicky pensou que talvez fossem chocolates demais e que ele fosse presentear os amigos ou outras garotas. Ela guardou metade dos bombons na caixa debaixo da cama e conjurou uma caixa menor, onde colocou os restantes. Escondeu a caixa no meio de suas roupas e saiu.

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Logo todos voltaram para o Salão Comunal. Meg fingia estar lendo, mas mantinha o olhar por cima das páginas e fuzilava Black. Ele parecia muito tranqüilo, como se ela tivesse acreditado mesmo naquela história de detenção! Sirius certamente não a achava muito inteligente e nem se deu ao trabalho de impedir que ela fosse falar com Filch. Pois bem, ela fora. E descobrira o que nunca tinha sido segredo: não havia detenção nenhuma. Aliás, ele nem sabia do fato de que Bombas Fedorentas tinham sido soltadas no castelo, e um brilho maldoso surgiu em seu olhar. Sirius com certeza seria punido, e Meg não sentiu nenhuma pena por isso acontecer. E sorriu cruelmente ao pensar que Sirius ia passar por mais que uma simples detenção. Um plano para descobrir quem era a outra começa a se arquitetar em sua cabeça, assim como um plano de vingança...

James não conseguia tirar um sorriso do rosto. Sirius já perguntara o que tinha acontecido, mas ele só sacudira a cabeça vagamente. Um segundo encontro com Lily! Ele mal conseguia acreditar! Por uns tempos todas quase todas as esperanças que ele tinha tinham sido perdidas. Afinal, ela tinha fugido constantemente dele, sem dar qualquer sinal do porquê de suas atitudes. Mas no fim tudo ocorreu como ele imaginava: ela não conseguia resistir, seu magnetismo pessoal era realmente muito intenso. E não se preocupava mais com as suas fugas, devia ser vergonha em admitir o que já era óbvio: que ela era apaixonada por ele. E se houvesse qualquer dúvida a esse respeito, acabaria no dia seguinte, pois dessa vez ele conseguiria partir para a ação.

Sirius se levantou, se espreguiçou e se sentou ao lado de Meg. Tentou estender o braço por trás dela inocentemente, mas ela se afastou e o olhou com um ar de censura. Fechou o livro bruscamente e disse que ia se deitar. Lily levantou-se depressa e disse que ia acompanhá-la. Vicky resolveu ir junto, assim como Hermione. Ron perguntou por que ela estava indo para o quarto tão cedo, ao que ela respondeu que tinha assuntos de menina para tratar, e que um ser tão desprovido de sensibilidade nunca ia conseguir entender coisas assim. Lupin assumiu que eles tinham discutido na biblioteca durante a tarde e sorriu, sacudindo a cabeça lentamente.

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Lily se jogou na cama. Era a hora de contar para as amigas que ela ia sair de novo com Potter. Era hora de assumir que o encontro tinha sido ótimo e que elas tinham estado certas o tempo todo: ela realmente não o odiava. Não dava para assumir mais do que isso, pelo menos não naquele momento. Ela tinha começado a admitir para si mesma que estava começando a gostar dele, mas botar isso em palavras exigiria um esforço sobre-humano. Aquilo estava bom para aquela noite e já a livraria de um peso enorme na consciência. Quando abriu a boca para falar, Hermione interrompeu:

-Vocês estão ouvindo isso?

-Isso o quê? –perguntou Meg que estava estirada na cama.

-Ouçam –respondeu Hermione.

Elas ficaram em silêncio por um momento e ouviram alguns gritinhos femininos vindos do Salão Comunal. Intrigadas, resolveram sair e deram de cara com uma cena que não esperavam ver: Sirius Black estava de cuecas no meio da Sala e parecia um pouco irritado apesar de contente por ouvir os gritinhos excitados de meninas de todas as idades. Meg deu um olhar fulminante para Sirius, enquanto Vicky sacudia a cabeça e botava a mão na frente dos olhos com um ar desolado. Hermione não conseguiu conter um sorriso e uma risada, o que fez Ron enrubescer e virar a cara. Já Lily olhava para James de modo muito reprovativo, enquanto ele ria, assim como Harry e Lupin. Sirius movimentou a varinha, murmurou algumas palavras e logo estava vestido de novo. Começou então a conversar com algumas meninas com um ar muito convencido enquanto elas davam algumas risadas tímidas. Hermione perguntou para Harry o que tinha acontecido, e ele respondeu que Sirius tinha feito a cabeça de James inchar feito um balão e ele, para se vingar, tirara todas as roupas de Sirius no meio do salão. Lily revirou os olhos, fuzilou James com o olhar e já ia dizer-lhe umas coisas muito feias quando Lupin resolveu intervir e levou o amigo para o dormitório. Sem saída, Lily se retirou também, acompanhada pelas amigas. Meg começou então um discurso muito irritado sobre como Black era um metido nojento, e sobre como era absurdo que as meninas ficassem tão alegres só por vê-lo quase pelado. De fato, ele era muito bonito, reconheceu ela corando, mas mesmo assim...Como ele era convencido! Estava adorando o fato de aparecer daquele jeito! Vicky concordava com a cabeça e Hermione apenas tentava conter sua risada. Lily ia se manifestar, mas Vicky, que também estava irritada por demais, disse que era bom que ela não fosse mais sair com Potter, pois ele era tão nojento quanto Sirius e infantil ao extremo. Era óbvio que ele estava achando tudo aquilo muito engraçado! Foi então que Lily perdeu a coragem de se manifestar. Ela abriu a boca, enrubesceu e teve que concordar que aquela cena tinha sido patética. Para não ter que dizer mais do que isso se enfiou debaixo das cobertas enquanto amaldiçoava Potter por ter causado toda aquela confusão bem na véspera do encontro deles! Francamente! Estava começando a se arrepender de ter aceitado o convite, talvez ele não tivesse mudado nada e fosse o mesmo idiota insuportável de sempre. E poderia ter continuado a xingá-lo se não fosse o sono e a lembrança tímida do encontro anterior...

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O dia começou tranqüilamente. O tempo estava ótimo e Meg e Vicky conseguiram controlar a sua raiva e tratar Sirius apenas friamente. Esse acabou o café antes que todo mundo e se retirou, sendo seguido por Meg, que disse que precisava resolver algumas coisas na Torre da Grifinória. Lily estranhou o fato de a amiga sair tão rápido da mesa do café, que era a sua refeição preferida, mas não se preocupou com isso, pois já tinha que cuidar do próprio nervosismo. Como não tinha falado ainda com as amigas, resolveu se encontrar às escondidas com Potter e falar com elas depois. Vicky conversava com Lupin e então ela aproveitou para mandar um bilhete para Potter por debaixo da mesa. Ele abriu curioso e leu:

"A gente se encontra no fundo dos Três Vassouras. Não conte para ninguém desse encontro. Não me pergunte por que, depois eu te explico. Lily".

Ele a olhou curiosamente, mas ela olhava fixamente para o prato e ele não conseguiu descobrir nada. Deu de ombros, afinal, não devia ser nada importante. Garotas...

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-Eu gostaria de saber que cena foi aquela que eu presenciei ontem à noite, senhor Black –disse Meg fitando Sirius com um olhar que ela com certeza tinha aprendido com McGonagall. Eles estavam escondidos em uma passagem muito estreita e por isso estavam muito próximos. Sirius achou que ela ia querer beijá-lo ou coisa do tipo, mas ela se afastou o máximo que pôde e o olhava com repulsa.

-Você já sabe, não foi culpa minha, Megzinha... –disse ele usando sua mais clássica expressão de desculpas. Poucas tinham resistido, mas aparentemente as meninas daquele ano na Grifinória eram duras demais. Ela revirou os olhos e enfiou a varinha na barriga dele com força. Abriu a boca como se fosse pronunciar um feitiço, mas desistiu e colocou de volta a varinha no bolso.

-Não me chame assim. –disse ela com o tom mais sério que conseguia fazer –Você não está me convencendo, Black, não mesmo...Tudo bem, pode ser que o fato de ter ficado quase nu –ela corou com a lembrança –na frente de todo mundo não seja culpa sua. Mas você bem que gostou. Eu vi como você estava rindo e olhando para aquelas meninas do quinto ano. E depois você foi conversar com elas. Não negue, canalha!

-Eu não vou negar, –disse ele sem deixar de observar que ela ficava muito bem quando estava nervosa –mas era tudo parte do disfarce. Você não quer que todos descubram a verdade sobre a gente, quer?

-E se eu quiser? –Sirius gelou. –Eu acho que a Lily ia encarar tudo muito bem, afinal eu acho que ela e Potter estão se entendendo...E eu não agüento mais esconder isso! –Oh, não. Até agora tudo tinha dado certo porque as duas meninas queriam esconder a verdade de Lily. Mas se elas quisessem revelar tudo, ele estaria encurralado. Teria que terminar com uma das duas, e nem assim as coisas se resolveriam bem...Seria melhor do que nada, mas ele não se sentia capaz de escolher! O que teria a fazer era convencê-las e esconder tudo por mais um tempo enquanto ele se decidia. Meg ou Vicky? Era uma decisão realmente difícil.

-É melhor não, só por enquanto... –disse ele tentando deixar a voz calma –Você sabe que eu, mais do que ninguém, não agüento mais essa situação. Mas eu me preocupo demais com você e com a sua amizade com a Lily. É melhor esperar que ela e o James se resolvam de uma vez por todas...Acho que você também sabe que o encontro deles não foi tão decisivo assim...

Ela pensou um pouco. Talvez fosse melhor deixar as coisas escondidas por mais um tempo. Mas só por um mais um tempo. E curto.

-Está certo...Por mais um tempo...Você consegue esperar?

-Com toda a certeza –disse ele sorrindo e se aproximando perigosamente dela, que virou o rosto e o empurrou.

-E sem strip até lá, entendido?

-Claro, claro...

-Você não vai mesmo poder ir até Hogsmead? – "Olhe lá, Black, sua última chance de desmarcar com a outra... Você não vai querer experimentar a minha fúria, vai?", pensou ela. Mas ele disse com convicção:

-Não, infelizmente...Mas bom passeio pra você! Divirta-se!

-Ah, pode ter certeza de que vou me divertir... –disse ela sorrindo maliciosamente –Seamus Finnigan vai me fazer companhia! E ele é muito divertido!

Sirius abriu a boca para retrucar, indignado, mas ela já tinha saído da passagem, deixando-o sozinho. Ele deu de ombros e decidiu que cuidaria disso depois. Agora tinha que encontrar Vicky para marcar o lugar do encontro. Tinha que ser em um local totalmente isolado para que ninguém os descobrisse.

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Vicky tinha recebido o bilhete de Sirius e o esperava. Era um lugar realmente isolado, ela nem sabia de sua existência. Perguntava-se por que ele queria tanta discrição, mas como ela também não tinha interesse em que descobrissem que eles estavam se encontrando, resolveu deixar isso de lado. Ele logo apareceu com um sorriso no rosto. Seu coração bateu mais rápido, como se fosse sair pela boca, mas ela tentou parecer o mais calma possível. A primeira coisa que ele tentou fazer foi, é claro, beijá-la. Mas ela pôs a mão na boca dele e sacudiu a cabeça negativamente. Ele cuspiu: a mão dela estava cheia de terra. Ela sorriu timidamente e disse:

-Eu estava sentada no chão, na terra... –ele grunhiu alguma coisa e limpou a boca com a manga da camisa. –Mas para melhorar o seu humor... –ela tirou uma caixa de dentro da bolsa. –Tome!

Ele a observou curioso e abriu a caixa. Por uma fração de segundo sua expressão de desapontamento foi visível. Ele realmente ODIAVA chocolate branco, e ela sabia muito bem disso. A muito custo reprimiu o sorriso e o olhou curiosa. Ele sorriu, guardou a caixa e a agradeceu. Ela sorriu de volta e quando ele foi se aproximar de novo, ela se abaixou e se sentou. Ele revirou os olhos, murmurou alguma coisa e se sentou também. Seu humor não estava dos melhores graças a Meg. Será que ela estava mesmo com Seamus? Tentou tirar isso da cabeça e se concentrou em Vicky, que o olhava atentamente.

-Em que você está pensando?

-Nada –disse ele evasivamente.

-Olha, se a gente for ter um relacionamento sério, é bom que você seja sincero –disse ela, escolhendo bem as palavras. Ele tremeu ao ouvir as palavras "relacionamento sério" e ela soube que tinha atingido o ponto que queria. Continuou –Esse é o nosso primeiro encontro oficial e você não pode começar com uma atitude Sirius Black.

-E o que seria uma atitude Sirius Black? –disse ele. Ela o estava olhando do modo mais provocante que conseguia. E estava funcionando, pois ele estava tendo que cravar as unhas na terra para permanecer quieto onde estava e terminar de ouvi-la.

-Não acredito que você ainda não tenha ouvido os "10 princípios de Sirius Black"! –disse ela parecendo chocada –Eles são um sucesso entre as meninas com quem você já saiu, o que convenhamos, não é um número pequeno. Mas eu vou recitá-los para você: O primeiro princípio de Sirius Black é mentir, negar, fingir, esconder, tapear e nunca ser sincero com uma garota para que ninguém o conheça direito e consiga fisgá-lo. O segundo é nunca ouvir o que nenhuma menina tem para dizer e também não falar nada. Se você quiser terminar com Sirius Black, peça para discutir a relação!

-Chega, chega, acho que já sei o resto... –lembrou-se então de Kitty Hamilton, que tinha recitado todos esses mandamentos entre lágrimas quando ele disse que ia ter que terminar com ela –Pode deixar, vou ser o menos Sirius Black possível, seja lá o que isso quer dizer...Só uma exceção...

-Qual?

-Me permita usar essa atitude Sirius Black –e então ele a beijou. Ela sorriu e disse:

-Tudo bem, acho que isso pode ser permitido... –Para ela, o encontro estava indo mesmo às mil maravilhas! Para ele, tudo estava indo muito bem, mas a lembrança de Meg ainda estava lá e ele não podia deixar de se sentir culpado por estar traindo-a. Mas nada que mais um beijo não resolvesse. E então ele se aproximou novamente de Vicky.

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Lily não parava de se surpreender com James Potter. Ele até que era uma pessoa bem interessante. É claro, tinha alguns momentos em que ele não se controlava e soltava alguma pérola. Tinha seus momentos arrogantes, continuava passando a mão insistentemente no cabelo, se exibia com alguns feitos no Quadribol e falava mal de Snape em alguns momentos. Mas nem isso a irritava mais, pois tê-lo como professor de poções a fez perceber que ele tinha feito por merecer todos aqueles feitiços no passado. Eles estavam conversando em paz, novamente, e isso fazia com que ela se sentisse culpada por estar escondendo isso das amigas por orgulho. E enquanto pensava nisso, ele perguntou:

-Você está pensando no tanto de tempo que perdeu enquanto cismava em não sair comigo sendo que era óbvio que isso era o que você mais queria?

-Não, eu não estava pensando nisso, até mesmo porque não é verdade. –disse ela sacudindo a cabeça

-Você não sabe mentir, Lily –disse ele sorrindo, o que a irritou um pouco. Tinha algumas coisas que certamente não mudavam nunca. E o fato de Potter ser metido e estúpido era uma delas.

-E você não sabe aceitar uma derrota.

-Isso é porque eu nunca perco. –disse ele rindo –E a prova disso é que eu estou aqui com você!

-Sim, mas... –ela não tinha resposta para essa.

-Então você não reconhece que eu sou o par perfeito pra você? –sem se irritar com o tom ácido que ela estava começando a usar.

-Mas é claro que não! Nós estamos simplesmente...

-Então eu vou ter que te provar –e antes que ela terminasse de responder, ele a beijou e mais uma vez todo sinal de raiva desapareceu como mágica. E se ela tinha alguma dúvida de que estava começando a gostar dele, não tinha mais, pois aquele tinha sido o momento perfeito.

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O dia em Hogsmead terminou de maneira satisfatória para todos. Vicky tinha conseguido botar o plano em prática e tinha passado uma tarde ótima com Sirius, que por sua vez estava dividido entre alegria e culpa. Esse último sentimento o assustou, pois ele nunca se sentira mal por trair ninguém. Talvez estivesse se comprometendo demais com essas meninas, e o pensamento fez com que ele se arrepiasse e decidisse não pensar mais nisso. Lily e James também estavam muito felizes, pois tudo parecia dar certo. E Meg, por mais suspeitas que tivesse em relação a Sirius, aproveitara a tarde para comprar alguns doces pensar em como resolver a situação. Sim, o dia em Hogsmead tinha terminado de maneira satisfatória para todos.

N/A: Mais uma vez, desculpas pela demora! Eu tinha meio que desistido de escrever, mas ler HP 6 me trouxe de volta um pouco da inspiração! Por falar em HP 6, eu sei que a fic está se passando no 6 ano deles e tal, mas eu não vou usar nenhuma das informações que estão dadas no livro pra não dar spoilers nem nada. Então, pessoas que já leram o 6, simplesmente ignorem toda informação nova e finjam não saber de nada, como se a fic estivesse se passando de modo independente ao livro, ok?