NOTA DAS AUTORAS:
Ju:
Antes de tudo, obrigada pelos comentários. Adorei recebê-los, adorei mesmo.
Gostaria de dizer à Pipe e à Daphne Peçanha que eu tive espasmos ao receber comentários de ambas, duas das minhas ídolas aqui do (Eu quero autógrafo) Muitíssimo obrigada, meninas!
Tenho alguns avisos pra colocar:
Vamos postar um capítulo por semana. Todo domingo, um novo capítulo. SEM FALTA.
Críticas construtivas são muito importantes, e adoramos recebê-las. Se puderem, por favor, nos mandem algumas.
Vai haver lemon em capítulos futuros. Acho que é bom avisar...
Bom, é isso.
Estou muito feliz em saber que vocês estão acompanhando o nosso fic... Eu e a Celly estamos trabalhando pra caramba nele... É maravilhoso saber que ele está sendo apreciado.
Muitíssimo obrigada, novamente.
BOA LEITURA!
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Celly:
Pois é, segundo capítulo sendo publicado e vocês não imaginam o quanto isso me deixa feliz. Saber que uma idéia, a princípio tão louca, foi bem recebida por todos. As reviews estão aí pra provar e nos impulsionar a continuar.
Nala, Pipe, Daphne e Shining Light: obrigada pelos comentários e incentivos. Esperamos estar à altura das expectativas de vocês neste e nos próximos capítulos também.
Os recados já foram dados pela Ju e faço delas minhas palavras. Uma idéia nos juntou e descobrimos que uma grande amizade está nascendo a partir dela. Então, eu também agradeço à minha companheira de AIM nas madrugadas diárias!
Boa leitura!
Capítulo Dois
As duas semanas que se seguiram passaram como um furacão para Afrodite. Ele passou de desempregado à empregado, com direito a vários amigos diferentes, um novo apartamento (cortesia e sorte, já que Milo estava procurando alguém para dividir o aluguel, desde que o último garçom de Inferno havia se mudado para outra cidade) e uma habilidade incrível com garrafas e copos, graças à Kamus, que superficialmente era o "Iceman", como Milo costumava dizer, mas uma vez íntimo do cara, não tinha como não gostar dele.
Eram sete da noite e o bar ainda não tinha aberto. Sexta feira era o dia que mais lotavam e com certeza tinham que estar preparados para qualquer coisa. Todos estavam curiosos e por que não dizer, ansiosos, porque desde que Afrodite havia sido efetivado no emprego o sócio-problema Carlo não tinha dado sinal de vida e Diana havia saído para visitar um parente doente. Kamus havia sido nomeado o supervisor do estabelecimento, então tudo parecia estar correndo às mil maravilhas. Até que....
- June, atende ao telefone que eu estou ocupado!! -Kamus pediu dos fundos do bar à loira, que estava deitada no balcão, comendo uma cereja.
- Inferno, boa noite! -ela falou com uma voz sensual.
Uma voz que pingava sensualidade arrepiou até o último fio de cabelo dela, que suspirou profundamente.
- Sexy June...quanto tempo eu não te vai essa sua beleza?
- Carlo. Boa noite. -ela disse, mecanicamente. - Vou passar para o Kamus, espere um minuto.
- Peraí, peraí, gatinha.... -Carlo começou a dizer, mas ninguém respondeu. Alguns minutos depois, ele foi recepcionado pela voz fria de Kamus.
- Oi, Carlo. Aconteceu alguma coisa?
- Não. Só queria falar com a Di. Ela tá por aí, porque eu liguei pra casa dela e ninguém atendeu.
- A Diana foi até Mikonos para visitar uma tia, que está doente. Só volta na segunda feira.
- E quem está tomando conta desse lugar?
- Eu fiquei encarregado, algum problema?
Do outro lado do bar, em uma das mesas, Afrodite conversava animadamente com Milo e Aldebaran, o segurança da boate. Não demorou muito e uma abalada June juntou-se à eles.
- O que aconteceu, menina?
- Carlo ao telefone. Detesto aquele carcamano sedutor.
Milo apenas riu e ignorou o comentário da garota. Voltou-se para Afrodite novamente.
- Olha, amanhã a gente tem aquele jantar lá na casa do Mu e do Shaka. Eles estão curiosíssimos pra saber quem é o vizinho novo.
- E quem são esses? Amigos seus?
- É o casal mais romanticamente apaixonado que eu conheço...muito chatos às vezes, mas são pessoas maravilhosas.
- Gente, preparem-se. -era a voz de Kamus. A expressão no rosto dele não era das melhores.
- O que aconteceu? -Aldebaran perguntou, já preocupado.
- Carlo vem nos visitar hoje.
Afrodite não se afetou, mas Milo e Aldebaran perderam a cor. O rapaz de cabelos azuis apenas encarou-os, sem entender o porquê de tanta aflição.
-Gente, qual é o problema? Eu sei que ele é meio garanhão e tudo o mais... Mas isso não é tão ruim assim, né? - E os dois olharam para Afrodite, que suspirou. - Tudo bem, é sim, mas não é nada com o qual não possamos lidar, certo?
-Acho bom você não dançar essa noite, Dite. - Falou Milo, pensativo.
-Nem pensar! Eu e as meninas preparamos uma coreografia ótima hoje... - E fez beicinho. Aldebaran apenas rolou os olhos, mas Milo acabou rindo.
-Quem pode dizer não pra você? - E deu um sorrisinho. Ouviram alguns murmúrios altos e olharam para a porta, não se surpreendendo ao ver Carlo se aproximando, trajando um charmoso terno branco e piscando para a maioria das jovens que lhe sorriam, mandavam beijinhos ou simplesmente lançavam um olhar à ele.
-Vai se arrumar, Dite. Vocês entram em dez minutos. - Falou Kamus, olhando pro relógio. - Deba, vai pra porta, okay? Milo, vai trabalhar, vagabundo.
-Ai, picolé, que estressado que você é... - Falou, se levantando, enquanto fazia uma careta. - Você precisa dar uns beijos na boca pra relaxar.
-CALA A BOCA, MILO! - E o garçom saiu correndo, rindo, escapando da bofetada que iria tomar.
Do outro lado, Carlo se aproximava do bar, ficando à pouco mais de dois metros, buscando uma visão privilegiada, esperando as belíssimas dançarinas de sempre.
Do lado de dentro, Shina ensaiava, rebolando na frente do espelho, de calcinha e tomara-que-caia.
-Menina, que acha de poupar energia para o showzinho, hein? - Perguntou Afrodite, passando delineador nos olhos, enfatizando-os ainda mais.
-Eu tenho energia de sobra para isso e para muito mais, amorzinho. - Falou ela, pegando um saiote, com estampa de pele de onça. Virou-se, à procura de uma pequena tomara-que-caia, com a mesma estampa.
-Jesus Cristo, você realmente vai usar isso? - June perguntou, terminando de colocar a blusinha de um ombro só, de cor vermelha. Colocou, também, uma calça de couro branca e sapatos de bico fino.
-Meninas, vocês vão me apagar... - Marin disse, colocando as mãos na cintura. Usava uma calça jeans rasgadinha e uma blusa preta, justa e levemente transparente na barriga. Nos pés, scarpins pretos.
-Tenho que tomar cuidado. - Afrodite falou, sorridente. Usava uma calça de couro preta, justa, blusa azul-clara, justinha, bem colada na cintura feminina, e sapatos fechados, escuros, de bico fino.
-E então? - Ouviram a voz de Kamus. Correram rapidamente, chegando ao local de destino em poucos milésimos. - Atenção....se os anjos ou os demônios estão na casa, apareçam agora!
E vieram. June chegou mandando beijos, Shina aproveitou a deixa para pisar nos dedinhos de um de seus admiradores.
Marin, mais discreta, sorriu e acenou. Afrodite, porém, surpreendeu. Parou na borda e foi descendo, ficando quase de joelhos no chão. Com o dedo, fez um movimento lento e ensaiado para Milo, travado no meio do público.
-Lindinho... - Chamou-o, fazendo uma voz muito felina. Carlo cerrou os olhos.
"Deus do céu!" - Pensou, olhando fixamente para Afrodite.
-EU NÃO VOU! - Berrou Milo, tentando fugir. Mas algumas moças o agarraram e o obrigaram a ir para o palco. Afrodite puxou-o, fazendo-o ficar ao seu lado. Com um movimento sensual, puxou-lhe pela blusa, juntando-se à ele.
-QUE COMECE O SHOW!
E a conhecida 'Satisfaction' começou a tocar. Shina, Marin e June dançaram belamente, como sempre. Mas os que mais chamavam a atenção, eram Afrodite e Milo.
Deslizando a mão até o peito do rapaz de cabelos azul escuros, Afrodite sorriu-lhe felinamente. Milo pegou-o pela mão, trazendo-o mais para perto. Abraçando-lhe pela cintura, conduziu-o numa dança quente, até que o rapaz de cabelos claros soltou-se e deixou-se conduzir sozinho, com Milo dançando à sua frente. Os quadris mexiam-se com muita leveza, apesar do ritmo ser frenético. As mãos viajavam por entre os corpos, em leves carícias, ora ousadas, ora brincalhonas. Os cabelos colavam-se nas bordas do rosto belo, seduzindo à quem olhasse.
Kamus parou por um momento, admirando o amigo garçom. Pegou-se admirando o movimento sensual dos quadris e da cintura do rapaz, assim como o pequeno joguinho que ele e Afrodite estavam fazendo, com o intuito de deixarem os clientes loucos - o que realmente estavam conseguindo.
Carlo parecia hipnotizado. Nunca, em toda a sua vida, havia visto algo como aquilo. Que olhos! Que cabelos! Que rosto! E que boca! Aquela 'moça' era a coisa mais linda e mais altamente desejável que ele já conhecera. Desejou imensamente ser Milo, que parecia realmente estar se divertindo com aquilo.
-Vem cá, Dite... - Murmurou, sensual. Afrodite riu, notando que a música estava quase acabando.
Oferecendo a mão à Milo, não relutou quando foi puxado com suavidade, para cair nos braços dele e sentir lábios serem colados aos seus, no fim. Os aplausos foram ensurdecedores, assim como os assobios e os gritinhos de 'gostosa!' e coisas parecidas. Milo soltou Afrodite, ambos rindo muito.
-Obrigado, Milo. - Agradeceu Afrodite quando o rapaz desceu, esperando poder continuar à servir os drinques.
-Eu que agradeço, Dite. Beijos na boca são sempre bem vindos. - Disse, rindo, saindo.
Carlo mexeu no cabelo, respirou fundo e se aproximou do bar, sorrindo sedutoramente para Afrodite, que gelou e engoliu em seco ao vê-lo se aproximar.
- Dirty sex, gatinha. - ele disse lentamente, olhando-o de cima a baixo, parando nos lábios sedutores.
- Hein? -Afrodite fez-se de surdo.
- O drinque, Dirty Sex. Pode fazer um bem gostoso pra mim? - Carlo continuou com cara de safado, fingindo-se de inocente, mas escolhendo bem as palavras, para que soassem em duplo sentido.
Afrodite balançou a cabeça negativamente, virando-se de costas para Carlo, procurando as bebidas que compunham o tal drinque. Ao mesmo tempo que achava o italiano perigoso, cafajeste e insensível, não podia negar que ele era altamente sexy quando o queria. Seus olhos pareciam queimar toda vez que o fitavam e aquilo estava começando a incomodar-lhe. Resolveu dar um basta naquilo tudo.
- Kamus, pode servir o drinque ao Carlo?
- Está sentindo alguma coisa? -Kamus pareceu preocupado. Era a primeira vez desde que Afrodite tinha começado a trabalhar, que ele se recusava a atender um cliente, por mais que fosse o famigerado sócio de Diana.
- Um pouco tonto, vou lá atrás lavar meu rosto.
Kamus assentiu e observou atentamente quando Afrodite foi meio que cambaleando para os fundos do bar. Resolveu não preocupar-se muito com aquilo. Foi atender o patrão, que o recebeu com cara de poucos amigos.
- Ué, cadê a gatinha? Kamus, você só serve pra cortar o barato de todo mundo! - Carlo disse, tomando o drinque das mãos do francês e virando de uma vez só.
- Carlo, eu acho melhor você saber....
- Esquece francês chato! O Milo tem toda a razão! - Carlo disse, levantando-se ainda meio tonto pelo efeito da bebida e saindo do bar, caminhando na direção na qual Afrodite havia ido. Ele pensou em acompanhar o italiano, mas ao ver que Shina, que servia algumas bebidas a dois clientes estava em apuros, achou melhor deixar para lá.
Milo estava caminhando lentamente para o bar, na sua natural pose de conquistador, procurando qual seria a companhia da noite, quando viu Afrodite indo para os fundos. Achou esquisito, mas não se preocupou. Aliás, só teve essa sensação quando viu Carlo indo na mesma direção. Aquilo não iria terminar bem, ele tinha certeza. Correu o mais rápido que pôde até o balcão, onde encontrou um apreensivo Kamus.
- Que bom que você veio rápido. Tentei falar pro Carlo que o Afrodite não é uma mulher, mas ele me ignorou. Agora ele foi lá pros fundos e o Dite está lá, você precisa fazer alguma coisa.
- Tá, tá, não me apressa, estou indo!
Milo correu para os fundos mas por uma porta oposta à qual Afrodite e Carlo haviam passado. Aquilo lhe daria tempo de cortar caminho e chegar primeiro ao amigo e não encontrarem com o italiano. Ele só não contava por cruzar com Carlo já tentando "bater um papo" mais íntimo com Dite.
- Dite, meu amor! -Milo disse, mais alto, surpreendendo os dois. Afrodite percebeu a mudança no comportamento do amigo e resolveu entrar naquele jogo. Desvencilhou-se facilmente de Carlo e correu para os braços do amigo.
- Qual é a tua, Milo? -Carlo perguntou, aborrecido. Agora que tinha conseguido ficar a sós com a garota mais bonita que já havia visto, não conseguia acreditar que era Milo quem o interrompia.
- Dite está comigo. Será que você não pode respeitar? -Milo perguntou, desafiador.
- Isso é verdade? -Carlo perguntou, dessa vez, olhando para Afrodite, que apenas assentiu.
Milo, para assegurar ainda mais toda aquela encenação, puxou Afrodite para mais perto e beijou-lhe novamente, enlaçando-o pela cintura, abraçando-o fortemente. Pela segunda vez naquela noite, Carlo ansiou por ser Milo.
-Seus despudorados. Se a Diana souber disso, despede vocês dois. -ele disse, ameaçadoramente, passando pelo "casal", esbarrando de propósito em Milo.
-Essa foi por pouco, Dite! - Milo disse, tocando a ponta do nariz do amigo com um dos dedos. Afrodite apenas sorriu, um tanto quanto mexido com aquilo tudo.
-Estou com medo, Milo... - Confessou o rapaz, abaixando os olhos. Milo suavizou a expressão e envolveu-o em seus braços, acariciando a nuca do rapaz.
-Não fica assim, Dite. Vai dar tudo certo.
-...Vai mesmo? - Pareceu tão inocente, tão desprotegido... Embora Milo bem soubesse que ele era bem saidinho. Beijou a testa do amigo andrógino, dando-lhe um último afago antes de soltar-lhe e pegar sua mão.
-Sim. Eu prometo. - E Afrodite sorriu. Ambos saíram, de mãos dadas, passeando pela boate.
Mais tarde...
-Até, Dite. - Despediu-se Kamus, fechando a boate. Milo bateu o pé.
-Não vai se despedir de mim, não? - Cruzou os braços, ficando emburrado, enquanto seu pé ainda era batido com força no chão.
-Eu não, seu tarado. - Falou Kamus, lançando-lhe um olhar de lado.
-Ahhh, que foi? - Sua voz soou maliciosa. - Ficou assim porque eu beijei o Dite? Não se preocupa, amore, ainda tem Milo pra você. - Jogou-se nos braços de Kamus, tentando alcançar sua boca. O francês virou a cabeça, e Milo acabou por beijar-lhe a bochecha.
-SEU IDIOTA! - E empurrou Milo imediatamente, ficando de uma cor vermelha-viva impressionante. Um mixto de raiva e vergonha. Deu as costas e saiu andando de volta para sua casa, pisando com tanta força que seus passos puderam ser ouvidos até que ele cruzasse a esquina.
-Milo... Acho que você não devia ter feito isso... - Afrodite falou, antes de se encolher de frio. Mesmo com sobretudo e calça de couro, não pôde evitar de tremer. Milo apenas sorriu marotamente.
-Liga não, ele esquece. - Deu os ombros. - Sabe, eu tive uma idéia bem legal...
-Ah, é? - Piscou os olhos. - Qual?
-Já que você está com frio, o amigo aqui se oferece para aquecê-lo gratuitamente. - E passou os braços ao redor de Afrodite, trazendo-o para perto. Este apenas riu, beijando Milo nos lábios. Isso iria acabar se tornando corriqueiro, pela freqüência com a qual eles o estavam fazendo ultimamente. Mas os beijos nunca passavam de um encostar de lábios ou um movimento aqui e acolá. Nada muito 'profundo'.
-Obrigado, mas eu dispenso, querido. - Falou, rindo, desvencilhando-se dos braços de Milo.
-Ah, tudo bem... - Milo abraçou-lhe pelo ombro. - Vamos pra casa...
-Eu vou dar uma volta, se importa? - Perguntou Afrodite, olhando para o rapaz com um olhar de súplica. Milo apenas suspirou.
-Dite, é perigoso...
-Ah, Milo, eu sei... Mas eu sei umas lutinhas, lembra? E minhas pernas são fortes. Posso correr! - Riu-se, mas o rapaz não acompanhou o riso.
-E Carlo?
-Já deve ter ido, Mi... É bobeira, viu? Posso me cuidar sozinho! - Falou Afrodite, ainda com o rosto alegre e sutil. Milo apenas suspirou, resignado.
-Tudo bem, se você diz... Mas não demora, ok? Estou te esperando. - Beijou a testa do rapaz e saiu andando, sumindo rapidamente. Ao ter certeza que ele estava longe, a expressão de Afrodite mudou completamente, tornando-se angustiada.
-Eu precisava de um tempo sozinho... - Suspirou, murmurando. O vento soprou ainda mais forte, e ele se encolheu ainda mais, começando a caminhar na direção contrária.
-Te achei!
E ao virar-se, sentiu braços o envolverem. Foi puxado para dentro de um beco e notou que mãos seguravam seus ombros, encostando-o na parede de tijolos desgastados. Assustado, Afrodite tremeu, arregalando as orbes azuis, em pânico. Mesmo não conseguindo identificar a figura, sabia que boa coisa não podia ser.
-Shh, calma... - A voz de Carlo, sensual, tentava acalmar um trêmulo rapaz. - Eu não mordo...
-OH, MEU DEUS! CARLO! - Reconheceu-o, tentando desvencilhar-se dele, mas agora o outro o prendia com força, admirando suas tentativas de libertação. Todas mal sucedidas, é claro.
-Calma, amor... - Falou, aproximando seu rosto do face bela do outro. - Milo não precisa saber.
E, debruçando-se levemente, conseguiu alcançar os lábios do rapaz menor. Surpreendeu-se ao ver o quão sutis e macios eles eram, e como era deliciosa a sensação de poder senti-los, trêmulos e quentes (mesmo que a temperatura tivesse baixado tanto em tão pouco tempo), contra os seus, impetuosos e provavelmente frios. As mãos de Afrodite, que relutavam, tentavam soltá-lo, pareceram perder as forças, e ele se viu correspondendo ao beijo, mesmo que, na sua cabeça, uma vozinha gritasse 'Fuja!' desesperadamente.
"Milo! Socorro!" - Pensou, mas sentiu-se tolo ao fazê-lo. Milo não poderia ouvi-lo, não poderia vir correndo para salvá-lo mais uma vez... Principalmente porque, por menos que quisesse admitir, ele estava gostando.
Carlo, deliciado e hipnotizado, deixou uma mão escorregar do pescoço para a cintura delicada. Afrodite, parecendo recuperar milagrosamente as forças, interrompeu bruscamente o beijo e empurrou-o, ofegante e trêmulo.
-Seu... Seu...
-Não me diga que não gostou, amor... - Falou, a voz irônica.
-Canalha! - Empurrou mais uma vez, antes de ajeitar o sobretudo, passar a mão nos cabelos e rumar para sua casa.
De dentro do beco, Carlo sorriu, para soltar uma divertida risada depois.
- Que cara é essa? -Milo perguntou, vendo Afrodite cobrindo os lábios com as mãos, como se tentasse esquentar as mesmas.
- Humm...nada não. -ele mentiu. -Aquele lado tinham uns caras esquisitos, achei melhor voltar.
- Tem certeza de que não aconteceu nada?
- Credo, Milo! Vai ficar me interrogando agora? -Afrodite detestava ser grosso com o amigo, mas naquele momento não queria pensar muito no que havia acontecido e em sua própria reação.
- Desculpa, não está mais aqui quem perguntou. -um Milo cabisbaixo respondeu.
Fizeram o percurso até o apartamento que dividiam em silêncio, ambos pensando em coisas diferentes. Era impossível para Afrodite não deixar os pensamentos vagarem até o beco onde ficara preso por alguns instantes com Carlo. Era verdade que o outro era insensível, homofóbico e galinha, mas não podia negar que era um poço de sensualidade, bonito e ainda por cima beijava bem.
"Afrodite, pare de pensar nisso. Ele acha que você é uma mulher, se descobre a verdade, vai no mínimo te despedir. Isso se você sair vivo do bar".
Já Milo sabia que havia algo de errado com o amigo e não eram os tais homens estranhos que ele havia mencionado. Pensou se era Carlo, mas desfez-se mentalmente daquela possibilidade. Sabia que Dite não estaria vivo naquele instante, caso tivesse cruzado com o italiano.
- Ih, é o Milo, olha lá, Shaka!! Acho que é o nosso novo vizinho também! -uma voz tranqüila disse, da sacada do segundo andar do prédio, vendo Milo aproximar-se da entrada junto com Afrodite.
Quando já estavam na porta principal do prédio depararam-se com duas figuras que os recepcionaram com sorrisos pra lá de amigáveis. O louro de olhos azuis abraçou Milo como se não o visse há muito tempo. O outro, de cabelos lavanda e olhos quase no mesmo tom, não repetiu o gesto, mas apertou a mão de Milo carinhosamente. Não repetiram o gesto com o Afrodite, que os olhava com admiração. Aqueles deveriam ser os tais amigos e vizinhos que viviam viajando e que Milo falava tanto.
- Vocês dois! Quanto tempo! Aquele gato assassino de vocês quase não me dava sossego! Da próxima vez, levem-no com vocês. -Milo reclamou, olhando para Shaka, que sorria.
- Não fale assim de Shiva, oras! E tem outra coisa, caso você não perceba, nossas viagens são como lua-de-mel, não dá pra levar as crianças. -Mu justificou-se olhando para Afrodite pela primeira vez.
-Sorte de vocês que Afrodite tem um talento enorme com animais. Shiva o adorou.
- Ah, esse é o famoso Afrodite! -Shaka disse, estendendo a mão para o rapaz de cabelos azuis, que retribuiu, fazendo o mesmo. -Você faz jus a seu nome, é muito bonito mesmo.
Afrodite corou com o comentário. Só não foi pior porque um sonoro tapa no ombro de Shaka foi ouvido. Veio, é claro, de Mu.
- E este é minha metade ciumenta, o Mu. -ele completou, alisando o lugar onde Mu havia batido.
- Desculpa, às vezes alguém tem que colocá-lo em seu devido lugar. Eu sou o Mu, muito prazer! -ele disse, sorrindo ligeiramente, deixando transparecer que não havia nenhum tipo de inimizade entre eles.
- Muito prazer! Vocês são muito divertidos. Eu lamento não ser uma companhia boa hoje, estou muito cansado. Mas muito prazer mesmo em conhecê-los. Milo me avisou do jantar, estarei lá com certeza e levarei a sobremesa. -Afrodite disse, precipitando-se para a porta de entrada, deixando os três amigos sozinhos, ainda conversando.
- Vocês brigaram? -Shaka perguntou, sem fazer muitos rodeios.
- Shaka! Pelo amor de Deus, pára de se meter na vida dos outros!! Mas vocês brigaram? -Mu também perguntou.
Milo contou brevemente o que havia acontecido naquelas últimas semanas, incluindo toda a história com Carlo. No fim, já estavam sentados nos banquinhos que haviam na frente do prédio, Shaka sentado no colo de Mu, ouvindo a tudo atentamente.
- Milo, querido....eu acho que você deve cuidar muito bem do Dite, como você mesmo o chama. Pelo visto o Carlo vai pegar no pé dele.... -Mu começou.
- Isso se não pegar em outro lugar.... -Shaka completou e levou outro tapa de Mu. Milo apenas riu.
- Como ia dizendo antes de ser interrompido.....você sabe como aquele italiano é. Quando ele cisma com alguma coisa é difícil ele mudar de idéia, a não ser que consiga o que quer. E sinceramente Dite não é o que ele quer. -Mu continuou, enfatizando o não da última frase.
Do segundo andar, um Afrodite deitado na cama tentava dormir. Virava de um lado para o outro na cama, mas o sono não vinha. Fechava os olhos e seus pensamentos eram transportados até o momento em que foi segurado por braços fortes e seus lábios tomados sem nenhum pudor. Tirou a blusa de manga comprida do pijama. Sentia-se muito quente ao pensar no outro e por mais errado que fosse, não queria e não podia admitir que havia sido bom demais.
Missão cumprida nessa tarde de domingo! Esperamos que vocês gostem do segundo capítulo. Domingo que vem tem mais um!
Beijos em todos!
Celly e Ju.
