Nota das autoras:
Ju:
Obrigada
à todos, claro.
Só um avisinho: Capítulo bem forte. Angst solta. Não leia de estômago cheio, viu?
Boa leitura.
Celly:
Não, não enlouquecemos...são dois capítulos mesmo....esse é bem pesado....já estamos avisando....mas não se esqueçam....tudo que acontece nesse fic tem um propósito...só não vamos contar à vocês agora!
Boa leitura e até o próximo domingo mesmo!!
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Capítulo 05 – Tormenta
Andou pelo apartamento, procurando pelo amigo, que sumira logo depois do jantar.
-Milo? - Decidiu chamá-lo.
-Tô no meu quarto! - Ouviu-o quase gritar, e foi até lá. Entreabriu a porta e colocou a cabeça para dentro. - Milo? Vai sair?
-Vou trabalhar, ué. - Falou, fechando o zíper da calça preta.
-Mas a Diana dispensou a gente...
-Dispensou você. - Respondeu ele, puxando uma blusa de botões, também negra. Começou a abotoá-los, olhando para Afrodite. - E é o bom o senhor ficar em casa, já passou por coisas suficientes em um dia.
-Se você vai, eu também vou!
-Não vai. Vai ficar em casa. - Falou, severo, ajeitando a gola da camisa. - Estou indo, comporte-se. - E beijou-lhe a testa, virando para sair.
-Me comportarei, mamãe. - Falou, quando Milo estava prestes a sair. O rapaz apenas riu, antes de bater a porta.
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Diana entrou, com um suspiro. Seus amigos, notando o aborrecimento dela, resolveram nem falar nada. Somente Aldebaran arriscou.
-Problemas?
-Dite vai ter de ir. - Disse, séria.
-Ah, tá de sacanagem. - E olhou para a porta, vendo um Kamus chocado.
-Não, infelizmente, não tô mesmo. - Falou, cruzando os braços. - O idiota ficou realmente perdidinho quando soube que Dite era ele e não ela.
-Como você vai contar pro Milo? Ele vem trabalhar hoje.
-Eu não vou contar pra ele hoje. Vou até a casa deles amanhã, é o mínimo que posso fazer para suavizar. - E olhou para os amigos.. - E vocês, nenhum pio sobre isso, ouviram bem?
Concordaram com a cabeça.
-Obrigada. E, agora, com licença. Vou tomar um analgésico. - E, bufando, saiu andando.
Desceu do carro. Seguiria o conselho de Afrodite? Não que não tivesse uma vontade absurda de fazê-lo, para poder beijar Kamus e abraçá-lo sem medo. Mas, e se não fosse correspondido? Provavelmente, perderia uma amizade.
-Besteira! - Disse, olhando no espelho. - Se ele não quisesse, não teria quase me beijado. - E, fechando o vidro, saiu do carro.
Decidido, entrou no 'Inferno'. Cumprimentou a todos, e notou que estavam meio tristes.
-Gente, que isso? Só porque eu cheguei? - Perguntou, colocando as mãos na cintura e erguendo uma sobrancelha.
-Não, é que... - E Shun, um dos garçons, estava pronto pra abrir a boca. Mas foi cutucado pelo amigo Hyoga. Pigarreou. -...o idiota do Carlo brigou com a Diana por culpa das despesas do bar, tadinha. Ela ficou meio chateada, e, sabe como é, né?
-Ah, sei. - Ele suspirou. Olhou para os lados, procurando por Kamus. Corou ao notá-lo olhando para ele. - Olá, posso falar com você?
Kamus ergueu uma sobrancelha. Desde quando Milo perguntava se podia fazer alguma coisa? Sinal de que algo estava errado.
-Claro. Diga.
-...Pode ser ali fora?
Definitivamente, havia algo MUITO errado.
-...Pode... - E olhou para o relógio. - Vamos abrir em vinte minutos, então...
Milo fez um gesto com a cabeça e saiu. Kamus o acompanhou. Do lado de fora, o rapaz de cabelos escuros não sabia como começar.
-Fala, o que houve?
-É... É sobre mais cedo.
Kamus suspirou.
-Não precisa ficar chateado com aquilo. - Falou, sem expressão. - Você estava frágil e tudo o mais. Sinto que talvez tenha me aproveitado e...
-Você? Você não! Eu quase te agarrei!
-Milo, deixa isso pra lá.
-Não, eu NÃO POSSO deixar pra lá! - E o outro ficou realmente assustado. - Que inferno, Kamus! Só você não nota que eu GOSTO DE VOCÊ? Eu tô apaixonado por você, droga! E eu não fiz nada que eu não quisesse mais cedo, assim como eu sei que você iria me beijar também! - E colocou as mãos na boca logo em seguida, sabendo que falara demais. - Olha, eu... Eu...
Kamus ficou tão chocado que parou de respirar por alguns segundos. Começou a pensar nas palavras em que usaria, assim como na expressão que teria de assumir. Sem saída, permaneceu frio e impassível. Como sempre.
-Eu não quero nada com você. - Não queria soar tão desdenhoso, mas foi a única coisa que saiu. - Milo, você sai com tudo e todos. Como eu poderia ficar com você? - Se viu falando uma verdade, mas sabia que não era isso o que queria dizer. Mas já era tarde. A besteira já estava feita. E ele iria até o fim. - E, além do mais, amizade é o máximo.
Com os lábios entreabertos, Milo parecia em estado de choque. Piscou algumas vezes.
-Mas, Kamus... - Até tentou argumentar, mas foi cortado pelo frio rapaz.
-Chega, nem fala nada. - Disse, tentando ser mais suave, mas falhando, como sempre. - Passe bem, Milo. - Virou-se para sair, deixando um abobalhado escorpião do lado de fora. Parecendo recobrar a consciência, Milo apertou as mãos em punhos e franziu o cenho.
-É assim, é? - Falou para si mesmo, num tom mediano. - Vai fazer isso? Tudo bem! Eu não preciso de você! Posso arranjar alguém bem melhor, num piscar de olhos! - Pareceu esperar por uma resposta que não veio. - E É ISSO QUE VOU FAZER! - Berrou, antes de respirar fundo, ajeitar o cabelo e varrer os sinais de tristeza do rosto. Entrou na boate renovado, decidido. Iria mostrar a Kamus, mesmo que de longe, o porquê de ser tão desejado.
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- Já vai!! Peraí um pouquinho!!! -Afrodite gritou, desligando o aparelho de som. Estava ensaiando passos novos desde que Milo havia saído para o trabalho e só agora percebera que a música estava alta demais. Devia ser o síndico, reclamando do barulho. Porém, ao abrir a porta, viu-se perdido em um par de olhos azuis fascinantes.
- Olá! O cheiro tá bom! Estou atrapalhando?
- Ei, Shaka! Não! É, estou cozinhando.
- Suando desse jeito? -o loiro reparou, olhando Afrodite, que usava apenas uma bermuda cinza.
- Cozinhando e ensaiando uns passos novos. Atrapalhei você e o Mu por acaso? Milo disse que vocês costumam meditar, essas coisas. -ele disse, pegando uma toalha branca e colocando em volta do pescoço.
- Que nada! Mu está preparando o jantar, então eu aproveitei para te arrastar mais cedo lá pra casa, já que ele fica muito chato quando cozinha. Não deixa ninguém fazer nada.
- Ah, sem problemas! Vou tomar um banho rápido, é o tempo do bolo ficar pronto e eu já vou.
- Importa-se se eu fizer companhia?
- Huh? -Afrodite estava surpreso.
- Já disse, Mu está cozinhando. Eu fico entediado facilmente. Podemos conversar enquanto você toma banho.
- Humm tá...mas o Mu não vai ficar com ciúmes não?
- Imagina. Ele que me mandou vir até aqui. 'Shaka, vai lá enfernizar a vida do nosso vizinho e me deixa cozinhar em paz!'. Acho que foi isso o que ele disse. Afrodite apenas riu.
Ele foi para o banheiro enquanto Shaka sentou-se no chão do corredor, as costas apoiadas na porta, ouvindo enquanto Afrodite contava tudo o que havia acontecido. Descobrira que era muito fácil abrir-se com o loiro, que ele tinha respostas sensatas e soluções práticas para tudo. Aquele seria um ótimo conselheiro a respeito de qualquer assunto. Não que Milo não o fosse, mas é que o escorpiano era naturalmente intempestivo, imprudente. Shaka era o oposto: prático e pé no chão.
- Olha, Dite. Pelo que você me falou disso tudo e pelo que conheço do Carlo. Fique longe dele, se não quiser perder alguns amigos.
- Não entendi.
- Afrodite, por favor. Essas pessoas que você conheceu no bar, o Milo eu nem vou comentar....eles estão no seu destino, seriam capazes de fazer muitas coisas para te proteger, inclusive magoar o próprio Carlo, para que você esteja a salvo. Por isso, fique longe dele.
- Eu quero ficar longe dele, Shaka! Mas ele me persegue! -Afrodite disse, secando os cabelos com uma toalha.
- Quer mesmo?
- Como assim?
- Não sei, mas me parece que você tem dúvidas quanto a isso. Não acho que esteja totalmente certo, se quer ou não ficar longe de Carlo.
- Não fale bobagens, Carlo é um grosseirão. Eu nunca me interessaria por ele.
- Se você está dizendo.... - Shaka disse em tom de dúvida, mas resolveu não prolongar-se muito naquele assunto, que parecia ser desconfortável para Afrodite.
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- Inferno, boa noite.
- Oi, Kamus! É o Dite. Milo está por aí?
Kamus fechou os olhos. Não queria procurar por Milo, apesar de seus olhos o buscarem naturalmente durante toda a noite. Viu, com um aperto no coração quando o escorpiano paquerava todos os clientes que lhe davam bola, aceitando as fartas gorjetas que eram colocadas em seus bolsos, juntamente com números de telefone, ele supunha.
No que Milo estava pensando quando falara aquelas coisas para ele? Dissera que estava apaixonado, não era isso? "Humph, apaixonado...". Como ele podia usar de artifícios tão fortes para conquistá-lo? Chegava a ser horrível a maneira que Milo usava e abusava de palavras e sentimentos fortes para levar alguém para a cama. Por isso ele sabia que estava certo ao não dar ouvidos ao que o amigo lhe falara mais cedo.
- Kamus....ô Kamus, você está me ouvindo? -Afrodite gritou do outro lado da linha.
- Huh? Tá...oi, Dite...vou chamar, só um minuto.
Precipitou-se para sair do bar e chamar Milo, quando viu que ele caminhava em sua direção. O coração faltou uma batida ao ver que um cliente o puxara com uma força desnecessária. Ia até lá, mas o escorpiano soltou-se habilmente do homem.
- Milo...
- 2 Coronas e 1 Martini, Kamus. O mais rápido que puder. -Milo informou o pedido mecanicamente.
- Milo, telefone pra você. É o Dite.
- Ah sim...obrigado. -ele disse, pegando o fone das mãos de Kamus. Tentou ignorar a corrente elétrica que sentiu quando seus dedos tocaram os do francês.
- Milozinho!! Vai demorar muito?
- Dite você tá bêbado?
- Não...tô aqui na casa do Shaka e do Mu. A gente tá esperando você pra jantar. Estamos na entrada. É foundue de chocolate...tá bom....
- PQP! Esqueci do jantar!!
- Ué, como assim?
- Tenho um encontro marcado. -ele falou, não reparando que não muito longe dali, Kamus havia derrubado um copo no chão, quebrando-o, ao ouvir que Milo tinha um encontro.
- Com o Kamus? -Afrdoite parecia divertir-se com a provocação.
- Não. Com um gostosão que me cantou. Você o adoraria. E por favor, não deixe o Mu te embebedar....os vinhos que ele arruma são ótimos, mas não exagera.
- Pode deixar. Você vem?
- Ainda não sei...se conseguir marcar meu encontro pra amanhã, com certeza.
- Ah, Milozinhooooo -Afrodite fez biquinho, como se Milo pudesse ver.
- Não confirmo nada, seu safadinho! Agora deixa eu trabalhar que eu ainda tenho que fazer muitos homens lindos me desejarem! -ele disse, divertido. Kamus ao longe fez uma cara de poucos amigos.
Desligaram o telefone e Milo viu-se frente a frente com os olhos azuis e penetrantes de Kamus. Perdeu-se neles por alguns instantes, queria tentar mais uma vez, fazer o francês ver que eles podiam ser ótimos juntos. Mas a frieza com que seu olhar foi devolvido acabou com toda sua vontade.
- Seu pedido. Está aqui, anda logo antes que esquente.
- Se esquentar, com certeza você seria capaz de esfriar, não é mesmo, Kamus? -Milo respondeu, lentamente, olhando Kamus fundo nos olhos, como se tentasse extrair algum sentimento deles.
- Seu pedido, Milo. -ele repetiu, indo para o outro lado do bar em seguida e não esperando por outra resposta.
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Milo apenas suspirou, olhando para o relógio. Faltava bem pouco para seu turno terminar.
-Vou pedir para a Diana me liberar mais cedo... - Murmurou, virando-se para ir falar com a 'chefinha', como ele mesmo a chamava. Ela concordou na mesma hora, sem sequer pensar. Assustou-se um pouco com a atitude dela, mas não reclamou.
-Até segunda, pessoas. - Falou Milo, sorridente, despedindo-se de todos, exceto de Kamus. Passou por ele sem olhá-lo, indo em direção à mesa de sua companhia da noite. Um belo rapaz, de olhos claros e cabelos escuros, com uma aparência forte.
-Olá, Marco. - Cumprimentou sutilmente, oferecendo a mão para o outro, que aceitou-a sem pestanejar, sorrindo.
-Como vai, Milo? - Perguntou, enlaçando seus dedos com os dele.
-Vou bem. - Disse, fingindo interesse, embora não estivesse com nenhum. Para ser sincero, aquele rapaz era um tremendo ignorante. Só sabia falar de esportes e vulgaridades. Por que o escolhera? Era o mais bonito dos pretendentes. Perfeito para aborrecer Kamus. - Um tanto quanto cansado, meio frustrado... Mas, bola pra frente. Vamos?
-Vamos. - E viraram-se para sair. Na metade do caminho, Milo parou. Olhou para trás, vendo Kamus. Parado, inerte, o observava com o olhar gelado. Sorriu-lhe, fazendo um movimento com a mão. No instante seguinte, falou com uma voz rouca. - Até amanhã, Kamus.
Amanhã? O que ele queria dizer com isso? Até pensou em dizer algo, mas Milo já estava sendo arrastado para fora por sua companhia bruta.
Já na rua, Milo soltou o braço da mão de Marco.
-Mas o que diabos você estava fazendo?!
-Você estava dando bola pra ele! NA MINHA FRENTE!
-Eu não tenho NADA com você!
-Como assim, NADA?!
-Eu nem te conheço direito!
-Então, porque diabos está indo dormir comigo?
Milo travou. Olhou-o, confuso.
-Eu não vou dormir com você. - Disse, a voz nervosa.
-Ah, vai sim! - Disse o outro, irritado. Pegou seu braço e começou a arrastar-lhe até uma casa singela.
-ME SOLTA, SEU IDIOTA! - Gritou, mas o outro lhe deu um tapa no rosto, tão forte que quase o fez desmaiar.
-Cala a boca, seu exibido. - Disse, entrando e fechando a porta atrás de si. Começou a puxar as roupas de Milo, que relutou, tentando bater no outro. Levou outras pancadas no rosto, e quase perdeu os sentidos. Sem forças para lutar, apenas gritou e chorou quando sentiu dores fundas a rasgarem-lhe o corpo belo. A dor aumentou quando o outro começou a fazer-lhe arranhões grosseiros em seu abdômen, nos braços brancos e nas pernas delineadas. Alguns segundos depois, foi lançado num canto, sentindo todo o corpo doer imensamente, sentindo o sangue escorrer das feridas recém abertas.
Havia sido violentado.
Continua...
Por favor, por favor...não nos matem!!! Precisamos estar vivas para acabar de escrever!!!
