Queridos... A situação está meio problemática. Celly está sem computador... --
Torçam por ela, por favor oo
Obrigada e boa leitura.
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Capítulo 12 - Relações
Encostou-se na parede do beco que ficava ao lado do restaurante, já cansado de esperar. Olhou para o relógio. Já eram sete e meia. Quanto tempo mais ele demoraria?
-Pessoal... Estou indo embora, até amanhã. - Dite se despediu de todos, mas virou-se para Giane antes de sair. - Desculpe, eu fui grosseiro... É que tinha uma pessoa aqui que... Ahn... É... Bom... Não é alguém que me trás boas recordações, entende?
-Entendo, Dite. - Falou o senhor, sorridente. - Eu já tive sua idade, sei como são essas coisas.
-Obrigado. E desculpe novamente. Bom, tô indo! Tchau! - E, fazendo gestos, virou-se para sair. Ao colocar a mão na maçaneta, a voz de Giane chamou-o. - Sim?
-Não perca nenhuma chance. Você pode se arrepender depois. - Sorriu-lhe, voltando para dentro da cozinha. Afrodite permaneceu estático, piscando, tentando computar a informação. No fim, sorriu.
-Obrigado... - Murmurou, abriu a porta e saiu.
Ao sinal de alguém saindo, Carlo pareceu acordar. Viu Afrodite, já com roupas normais e meio femininas, carregando sua bolsa. Os cabelos lindos continuavam presos na trança de outrora. Fez menção de chamá-lo, mas esperou. Se ele quisesse falar, ele falaria.
-...Onde... - Afrodite olhou para a esquerda e para a direita, mas não o viu, já que este estava fora da sua área de visão. Suspirou, frustrado. - Deve ter ido embora...
Carlo aproximou-se do rapaz com suavidade. Tocou no seu ombro, fazendo-o sobressaltar-se e pular para o lado.
-Sou eu.
-Quer me matar?! - Afrodite disse, hostil, com a mão no peito.
-Que bom que você veio. - Ele falou, com um sorriso fraco.
-Tira esse sorriso de idiota da cara. - Falou, seco. - O que você quer? Fala logo que eu preciso ir pra casa.
-Olha, estou tentando ser civilizado. Seria mais fácil de você não ficasse me dando patadas.
-Eu não estou dando patadas. Só estou sendo um pouco mais agressivo do que o normal. E acho que você não pode me culpar por isso. - Falou, irônico. Carlo franziu o cenho.
-Sei, eu sei que não posso. - Falou, segurando-se, tentando livrar-se da expressão aborrecida que surgiu em seu rosto. - Exatamente por isso eu tô aqui.
-Por que você sabe que não pode me culpar por eu te achar patético? - Falou, com uma voz debochada.
-Se quiser interpretar assim... - Deu os ombros. - O que quero dizer é que sinto muito.
-COMO É QUE É?! - Afrodite arregalou os olhos, mas pareceu incrédulo depois disso.
-Apesar de tudo, eu não deveria tê-lo machucado... Ou demitido... Ou qualquer coisa assim.
-"Apesar de tudo"? - Afrodite permaneceu frio. - O que seria?
-Sabe... Você e suas vontades...
-Olha, se você está pra me dizer que me desculpa por eu gostar de rapazes e que me pede desculpas por não aceitar isso, já tá feito. Agora, se me der licença... - E virou-se, indignado, para sair. Aquela não era a intenção de Carlo, que desesperou-se.
-Espera! - Pegou o braço dele. Afrodite olhou-o com desprezo, irritado.
-O que foi agora?
-Você está entendendo errado, Afrodite.
-O que eu deveria entender?
-Que eu quero pedir desculpas por tê-lo desrespeitado... E que quero uma chance.
Afrodite, então, travou. Olhou para Carlo, piscando várias vezes antes de conseguir pronunciar ?
Carlo fechou os olhos. Se era difícil admitir uma vez, que dirá repetir o que havia acabado de pronunciar. Mas sentia que devia aquilo ao rapaz de cabelos compridos, que o olhava ainda chocado.
- Você me ouviu.
- Ouvi sim. Só estou tentando entender o porquê disso tudo agora. O mundo vai acabar amanhã por acaso? -Afrodite perguntou, irônico.
- Não entendi.
- O mundo vai acabar? Pra você ter que fazer o sacrifício de vir até aqui, me pedir desculpas e ainda por cima dizer que quer uma chance com o viado aqui?
- Afrodite, não seja sarcástico.
- Estou sendo realista.
- Quer tomar um café? -ele resolveu mudar de tática.
- Tenho que ir pra casa, meu ônibus passa em exatos 5 minutos.
- Te deixo lá depois. -Carlo não pretendia desistir facilmente.
- Como sabe onde moro? -Afrodite pretendia arrancar o máximo de informação que pudesse de Carlo.
- É o mesmo lugar onde Milo mora. É fácil descobrir quando ele trabalhou tantos anos no meu bar. -ele disfarçou. Na verdade nunca soubera onde Milo morava, só teve aquele interesse depois que Afrodite começara a morar com o outro.
Afrodite suspirou profundamente. Ainda não tinha certeza daquela proposta. Muitas perguntas pairavam em sua cabeça. Podia ver o olhar de reprovação de Milo, os conselhos de Shaka e Diana e principalmente sua vozinha interior que lhe dizia que ele iria sair magoado daquilo tudo. Olhou novamente para Carlo, que esperava por uma resposta, encostado do outro lado da parede do beco. "Ele até que consegue ser civilizado, quando quer.", Afrodite pensou. Lembrou-se das palavras de Giane quando tomou sua decisão: 'Não perca nenhuma chance. Pode se arrepender depois.'
- Eu aceito o café. -ele disse, por fim.
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- Afrodite está demorando....vou ligar pra ele...
- Milo, pelo amor de Deus, relaxa! -Kamus disse, preparando mais um drinque e colocando na bandeja de Aioria.
Era dia de trabalho para Kamus e apesar de saber o que havia acontecido entre ele e Milo, Diana não o liberara. "Vocês não casaram por isso não têm direito a lua-de-mel", foram as palavras dela. O bar estava cheio e mesmo que ele tentasse não pensar no namorado, era impossível. Descobriu a solução, quando resolveram ficar de bate papo ao telefone, Kamus fazendo uso finalmente do fone de ouvido que vinha acompanhando o aparelho.
- Mas Kamus....ele já devia estar em casa....e aquele maníaco do Carlo estava lá hoje. Estou muito preocupado. Ele está por aí?
- Não, Milo...ele não apareceu hoje aqui. Aliás, Diana disse que ele apareceu mais cedo só que saiu antes que eu chegasse.
- E se ele foi atrás do Afrodite?
- E se ele foi, mon ange? Você não tem que se preocupar. Quantas vezes eu lhe disse que Dite é adulto?
- Algumas. -pelo tom de voz de Milo, Kamus apostava que ele estava fazendo biquinho.
- Pois bem. Então relaxa.
- Não consigo.
- O que eu posso fazer pra você relaxar? -ele perguntou malicioso.
- Me servir um daqueles drinques do Inferno.
- Ah.... -ele parecia desapontado. - Mas você está longe, isso eu não posso fazer.
- Não mesmo? -Milo desafiou.
- Você sabe que não.
- Olha pra porta, Kamus. -Milo pediu.
- Olhar pra.... - e então ele viu. Milo estava parado na porta do bar, o celular em uma das mãos, um enorme sorriso para Kamus. Seu coração acelerou, ele parecia ainda mais bonito, a calça jeans e a blusa de gola alta branca faziam com que seus olhos, assim como seus cabelos, se destacassem. Desligou o telefone e caminhou até ele.
- Olá, bonitão... -Milo disse, sorrindo.
- Mas...Milo...pensei que...
- Deixa isso pra lá...você pode me proteger se alguma coisa acontecer.
Kamus o abraçou e levou-o até o bar. Não demorou muito que a notícia se espalhasse e os amigos de sempre aparecessem para comemorar a visita de Milo.
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Descobriram ter muito mais em comum do que imaginavam. Carlo era um apaixonado por gatos assim como Afrodite. E as coincidências não paravam ali. Filmes, música, livros, sempre encontravam alguma coisa em comum. No início Afrodite achou que era mais um jeito de Carlo fingir interesse nele, ou algo do tipo. Mas com o passar dos minutos ele pegou-se admitindo que realmente eram parecidos.
Carlo, por sua vez, cada vez mais olhava fascinado para Afrodite. Ele não era como os outros gays que conhecera ao longo de sua vida. Ele parecia recatado, porém sem esconder-se. Era tímido e tinha um lado romântico. Nunca pensou que pudesse admitir aquilo, mas estava realmente gostando dele. Era inevitável.
Os minutos se transformaram em horas e quando deram por si já se aproximava da meia-noite. Afrodite levantou-se num sobressalto, não acreditando que tinha ficado tanto tempo ali com Carlo e não tinham discutido em nenhum momento.
O trajeto no carro foi feito em silêncio. Sabiam que haviam cruzado uma linha importante em se tratando de relacionamentos. Não poderiam voltar atrás, ou ignorar que o que havia acontecido não deveria ser levado em consideração. Carlo parou o carro em frente ao prédio, desligando-o logo em seguida para olhar Afrodite.
- Obrigado pela carona. E pelo café também. -ele disse suavemente.
- Não precisa agradecer. Eu é que deveria fazê-lo. -Carlo respondeu, aproximando-se para fazer algo que desejara durante toda a noite: beijá-lo.
Afrodite virou o rosto no mesmo instante, fazendo com que o beijo de Carlo queimasse sua bochecha. Arrepiou-se.
- Desculpa, Carlo. Eu não posso.
- Por que não? -ele perguntou, nervoso.
- Porque não posso. -Afrodite disse, saindo do carro e batendo a porta.
- Me dê um motivo!!! -Carlo gritou, saindo também do carro.
Mas Afrodite não olhara para trás.
-Afrodite... - Murmurou Carlo. Respirou fundo. - VAMOS SAIR AMANHÃ?
Novamente, sem resposta.
-ENTÃO, VOU AO SEU TRABALHO AMANHÃ!
E Afrodite travou ao encostar na maçaneta da porta. Virou-se imediatamente.
-...ME PEGUE ÀS NOVE... - Foi o que conseguiu falar. Entrou, fechando a porta logo em seguida.
Carlo sorriu, entrando no carro novamente. Rodou a chave.
-Finalmente estamos nos entendendo... Dite... - Murmurou para si mesmo, olhando a casa dele com carinho.
Então, acelerou devagar e saiu andando.
Do lado de dentro da casa, Afrodite sorriu.
Continua...
