Notas das autoras:

Celly:

Como sempre, elas não podem faltar. Agradecimentos à todos que ainda têm paciência pra agüentar uma semana e ler nossos capítulos. Como já disse antes, o fic começa agora. Preparem-se para o que vem. Reviews são sempre boas e agradecemos novamente à todos que têm paciência de postar pelo menos um comentário positivo.

Ah, sim...e obrigadinha à Ju e à Lili...que são as duas que mais me aturam no msn e no aim. Sem vocês eu acho que já tinha desistido de muita coisa. Adoro vocês, meninas!

Ju:

Olá, pessoal. Adoramos as reviews do outro capítulo e eu confesso que fiquei impressionada com a quantidade de reviews que pediam por um banho do Dite com o Carlo. Infelizmente, esse banho não vai acontecer. Não agora, hehehehehe... COF, COF.

De qualquer maneira, como já disse a Celly, agora o circo começa a pegar fogo. Muita coisa ainda vai rolar. Muita coisa mesmo.

Obrigada à vocês por lerem nosso bebê. E obrigada também à Celly e à Lili, por serem duas amigas fabulosas.

Boa leitura.

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Capítulo 15 -

Afrodite foi o primeiro a acordar, talvez pelo peso dos braços de Carlo em volta de si, talvez pelo sol que entrava pelas frestas das cortinas entreabertas. Não saberia dizer. O que sabia era que há muito tempo não se sentia tão bem, não tinha uma noite de sono tão agradável. Quando lembrava-se de tudo o que aconteceu na noite anterior, não podia evitar o sorriso que forçava para aparecer em seus lábios.

Ficou ali por mais alguns minutos, sentindo a respiração de Carlo em seu pescoço, acariciando os fios azuis escuros dos cabelos dele, sem querer pensar no que seria deles dali em diante.

Uma luzinha vermelha na cabeceira direita chamou sua atenção. Era o relógio. Marcava impiedosoas 10:00 da manhã. Arregalou os olhos, assustado. Estava terrivelmente atrasado. Pensou em pedir uma folga, alegar que estava cansado, mas sentiu-se extremamente culpado por aquilo. Não mais do que a culpa por ter de deixar um homem lindo e uma cama quentinha para trabalhar.

Desvencilhou-se dos braços de Carlo, que continuou dormindo, apenas mudando de posição. Ele sorriu, deveria estar tão cansado quanto ele, não apenas pelo que fizeram mas por toda a tensão que foi dispensada naquela primeira noite.

Procurou as peças de roupa no chão, colocando uma a uma cuidadosamente, procurando não fazer barulho, quando sentiu ser abraçado por trás e um beijo ser depositado em sua nuca.

- Fugindo de mim? -Carlo perguntou, soltando Afrodite logo depois do beijo.

Afrodite, ainda de costas, fechou os olhos, instantaneamente arrependido por não ficar ali. A voz de Carlo tinha um tom....magoado? Não podia ser, ele não podia estar achando realmente que estava fugindo. Virou-se para ele, sorrindo.

- Estou atrasado para o trabalho. Não fugiria de você, até porque acho que você me encontraria. Ou não? -ele perguntou, sorrindo, tocando de leve no rosto de Carlo, que assumiu uma postura mais suave.

Carlo levantou-se da cama, indo até o banheiro. Sentiu os olhos de Afrodite reparar em cada detalhe do seu corpo. Não pôde deixar de sorrir diante daquilo. Fechou a porta, jogando água no rosto, tentando também não pensar em como eles ficariam dali em diante.

Voltou para o quarto, Afrodite terminava de pentear os cabelos, prendendo-o em um rabo de cavalo não muito apertado. Carlo imediatamente soltou-os, perdendo os dedos por alguns segundos naquele mar de fios azuis claros.

- Fica bem melhor assim. -ele disse, beijando-o levemente no rosto. Afrodite sorriu. -Vamos tomar café?

- Ah, não...estou atrasado...não vai dar mesmo.... -Afrodite respondeu, olhando para todos os lugares, menos nos olhos de Carlo. Tinha medo se caso o fizesse, sua força deixaria seu corpo.

- Tudo bem então... -Carlo disse, suspirando, ainda desapontado. Levantou-se da cama. -Vamos, eu te deixo em casa.

- Não...não precisa, Carlo, eu pego um táxi.

- Deixa de besteira, Afrodite... -ele disse, forçando um sorriso. -Além do mais, assim você vai se livrar de mim mais rápido.

Afrodite olhou-o assustado. Não esperava ouvir aquilo. Admitia que talvez estivesse um pouco distante, mas em nenhum momento pensara em livrar-se de Carlo, muito pelo contrário, queria poder ficar ali o dia inteiro, sem falar nada, apenas sentir-se abraçado pelo outro.

- Carlo, não é isso....

- Não importa. Você está atrasado. Venha, eu te levo. -ele disse, oferecendo uma das mãos para Afrodite, tentando camuflar a tristeza.

Mais uma vez o trajeto até o apartamento foi feito em um pesado silêncio. Ambos pensavam na mesma coisa e queriam conversar a respeito, mas não sabiam por onde começar. Talvez, mais tarde, quem sabe?

Carlo desligou o carro, sem olhar para Afrodite, esperando que ele desse por encerrado, oficialmente, o encontro deles, que começou perfeito e terminava daquela maneira estranha. Mais uma vez o outro o surpreendeu, segurando-o carinhosamente pelo queixo, forçando-o para olhá-lo nos olhos. Ele estava sorrindo, a despeito de tudo.

- Vamos conversar mais tarde. Isso não acabou, Carlo. Não importa o que você esteja pensando. -Afrodite falou, decidido, beijando-o suavemente nos lábios e saindo do carro.

Deixou um Carlo atônito dentro do carro, que ainda tocava nos lábios, como se não quisesse esquecer o peso dos lábios do outro nos seus. "Não foi da maneira que eu esperava, mas.....quem sabe não existe uma chance?", ele pensava, deixando um sorriso aparecer, por fim.

Do alto do segundo andar, um aborrecido Milo observava à cena, com uma xícara de café fumegante nas mãos.

-Bom dia. - Cumprimentou Afrodite, mas não recebeu o cumprimento de volta. Milo estava vestido com um robe azul escuro, e o encarava de cara amarrada. - Credo, o que foi?

-Como pôde? - Perguntou, fazendo o máximo para não explodir. Afrodite, então, sentiu o coração parar de bater. Ele sabia, então? Era mais do que óbvio que ele estaria com alguém, pelo bilhete na geladeira, mas... Ele não saberia que era o Carlo... Saberia?

-...O que?

-Não seja cínico! - Falou, ríspido. - Você e aquele cafajeste! Eu vi, Afrodite! E aposto que passaram a noite juntos! - Quando Milo o chamava pelo nome, era realmente preocupante.

-Passamos, Milo. - Confessou o outro, abaixando os olhos. - Mas ele mudou, eu sei.

-Mudou? Duvido! Caras como ele não mudam! - Rosnou, virando para uma bandeja, onde havia torradas e um lanchinho leve. Colocou a xícara de café e virou-se para Afrodite, antes de continuar seu caminho. - Ele não presta, Afrodite. Depois, não diga que eu não avisei.

E, ignorando o chamado seguinte, entrou em seu quarto, levando o café para um Kamus recém-acordado.

Afrodite suspirou longamente, pensando que o dia já começara mal. Não que acordar ao lado de Carlo fosse ruim, longe disso. Mas o jeito com o qual se trataram logo cedo, o clima pesado entre eles... Foi um tapa na cara.

-Que droga - Reclamou, indo em direção ao seu quarto, realmente imaginando o que deveria fazer? Renegá-lo? Achou melhor não. A besteira já estava feita, mesmo...

- Eu ouvi.

-Jesus Cristo, que susto! Achei que você ainda estivesse dormindo.

-E algum ser consegue dormir com você gritando daquele jeito? Afrodite não merecia.

-Merecia sim, Kamus e você sabe muito bem disso. Ele não podia passar a noite com aquele cafajeste. Toma seu café. -Milo falou, praticamente jogando a bandeja em cima da cama. Kamus apenas balançou a cabeça, negativamente.

-Olha, nem vou mais falar que o Dite é adulto. E que você não é pai dele. Ele sabe o que fazer.

-Você não o conhece como eu conheço, Kamus. Você não se preocupa com ele tanto quanto eu me preocupo. Não é você quem divide o apartamento com ele, não é você quem vai ter que secar as lágrimas dele.

-Pára com isso, Milo...

-E depois aquele outro não presta mesmo....

-Pára com isso, Milo...

-Eu juro que o mato se ele magoar o Dite...

-Pára com isso, Milo!! -Kamus levantou da cama bruscamente, derrubando a bandeja no chão. Milo parou tudo o que estava fazendo, olhando para o namorado com uma cara de assustado. -Olha, eu sei que você está chateado, mas não vou ficar aqui ouvindo isso. Não vou estragar o meu relacionamento com você por causa do Dite e do Carlo.

-Então vamos brigar por causa deles?

-Parece que é isso que você quer, não é mesmo?

Milo balançou a cabeça, atônito. Não acreditava que além de Afrodite não lhe dar ouvidos, agora Kamus lhe falava aquelas coisas. Pegou a primeira calça e camisa que estavam do lado de fora do armário, vestindo-as e saindo com o maço de cigarros em uma das mãos.

Kamus, vendo aquilo tudo, deixou-o ir, achando que ele merecia aquele tempo para pensar no que estava fazendo. Colocou o roupão que Milo usava e saiu do quarto também, batendo suavemente na porta do quarto de Afrodite.

-Milo, me deixa sozinho....

-Sou eu, Kamus....

Quando não ouviu nenhuma resposta, ele abriu a porta cuidadosamente. Encontrou um Afrodite tristonho, sentado na cama, com os braços em torno dos joelhos. Surpreendentemente, ele não chorava.

-Milo me odeia.

-Ele não te odeia, Dite. -Kamus falou calmamente, sentando-se ao lado do outro, abraçando-o.

-Ele não quer me ver com o Carlo e agora eu ainda fiz vocês dois brigarem.

-Todo casal briga, Dite. Não vamos ser os primeiros. Eu admito que não gosto que ele interfira na sua vida, mas não posso fazer nada, é natural da personalidade e do signo dele. Agora, num ponto ele tem razão. Nós conhecemos Carlo há muito tempo e sabemos como ele é. É difícil que ele mude, mas não impossível e eu espero sinceramente que você seja o responsável pelas mudanças nele. Mas se cuida, tudo bem?

Afrodite sorriu pela primeira vez, abraçando Kamus forte. Beijou-o de leve no rosto.

-Agora deixa eu sair e procurar o escorpião. Ele deve estar acabando com o maço de cigarros.

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Não teve dúvidas. Ao seguir a fumaça e as folhas de uma árvore destruída, sabia que Milo estava ou estivera por ali. Viu o namorado de frente para a árvore, socando-a de leve, derrubando algumas folhas, o cigarro sendo seguro pelos lábios.

-Treinando para quebrar a cara do Carlo? -Kamus perguntou, tentando quebrar o clima pesado.

-Dele ou de qualquer um que ouse dizer que eu estou errado.

-Isso me inclui?

-Você gostaria de ser incluso?

-Por favor, Milo. Vamos parar com isso. Não gosto de brigar com você.

-Foi você quem disse que eu exagero.

-E não exagera?

-É exagero preocupar-me com quem amo?

-Não. Mas é exagero sim super proteger uma pessoa, mesmo sabendo que ela sabe se cuidar. Uma vez eu te disse que às vezes precisamos sofrer para crescermos pessoas melhores, lembra?

-Então acha que eu preciso sofrer pra ser uma pessoa feliz? Agora só falta me dizer que eu mereci o que aconteceu comigo só para ser uma pessoa melhor.

Kamus olhou-o chocado. Nunca esperava aquela frase vinda de Milo, especialmente depois de tudo o que ele fizera para vingar o namorado. Milo percebeu a besteira que havia dito, assim que pronunciou aquelas palavras. Olhou Kamus nos olhos pela primeira vez desde que ele havia chegado e assustou-se quando não encontrou afeto nem compreensão, apenas frieza.

-Vou deixar você sozinho, Milo.

-Espera, Kamus....por favor.

Mas Kamus não esperara.

-KAMUS! - Gritou, vendo o rapaz sumir. Aborrecido, pegou outro cigarro e acendeu-o depressa, correndo atrás do namorado, soltando fumaça. - KAMUS, PÁRA, POR FAVOR!

-Pára, Milo! - Ele falou, apressando o passo quando sentiu que o outro se aproximava.

E sentiu uma dor no peito quando os passos barulhentos atrás de si emudeceram.

MAIS TARDE, 19:00.

-É, eu quero voltar pr'aí. - Falou Milo, com um cigarro no boca, falando num telefone público. - É, quero sim. Não, quero trabalhar mesmo. Certo? Valeu. Vou no mesmo horário de antes, okay? Tá, beijos. Tá, eu sei, eu vou chamar o Dite pra ir comigo. Tchau. - E desligou.

Passou a mão pelos cabelos, olhando-se no espelho. Trajava uma provocante roupa preta, justérrima, que poderia matar um. Sorriu felinamente para si mesmo, antes de virar-se para sair. Ao chegar à porta, porém, virou-se pela última vez, e falou, bem alto.

-Resista se puder, mon amour. - E saiu, rindo.

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-Estou indo, tchau! - Fez um gesto com a mão, saindo do restaurante. Deu de cara com Milo e travou. - ...Milo?

-Não. É a Madre Teresa. - Falou, debochado, pegando Afrodite pela mão e puxando-o em direção ao carro. Lançou-o lá dentro e pulou na cadeira do motorista, acelerando.

-MILO!! - Berrou quando Milo fez uma curva em alta velocidade, fazendo-o capotar para trás do banco.

-SEGURA AÍ! - E Afrodite reconheceu o caminho.

-Por que estamos indo pro Inferno? - Ergueu a sobrancelha.

-Assuntos mal resolvidos, Dite, assuntos mal resolvidos. - E Afrodite quase voou no vidro quando Milo freou repentinamente.

-MAS QUE DROGA! - Berrou o rapaz, caindo por cima do banco do carona. - SERÁ QUE VOCÊ NÃO TEM AMOR À VIDA?!?!

-Relaxa, amor. - E saiu do carro imediatamente. - É hora de seduzir.

-Heim? - E foi puxado para dentro. - Milo, tem algo a ver com o Carlo?

-Não. - Falou, parecendo aborrecer-se ao ouvir o nome do outro. Parou na porta. - É o seguinte: Eu sei que tenho te super protegido e tudo o mais, mas a culpa não é minha, tá? E eu não vou te dizer que vou parar com isso, porque, amor, pode ter certeza que eu vou continuar.

A sinceridade do rapaz chegava a ser dolorida.

-Tá, e pra que você me trouxe aqui?

-Falei com Diana hoje. E ela disse que nos quer de volta.

-COMO É QUE É?

-É, seu amiguinho liberou você. - Falou, virando os olhos. - Mas não foi só por isso que eu te trouxe.

-Então...?

-Preciso provocar o Kamus.

-Ah. Já esperava.

-Pode me ajudar? - Perguntou, os olhos brilhando em expectativa. Afrodite suspirou, vencido.

-Tenho escolha? - E foi arrastado para dentro por um ansioso rapaz.

-Pois é. Ele teve a coragem de falar isso. - Disse Kamus, num suspiro, falando com Diana.

-Você sabe que foi impulso, Kamus.

-Sei, claro. - Suspirou o rapaz. - Mas ele tem que tomar cuidado com o que fala.

-Ele sempre foi assim, não é agora que vai mudar.

-Não quero que ele mude. Só quero que pense antes e aja depois.

-Impossível. - Murmurou a bela, balançando a cabeça.

-Nem tanto.

-Completamente.

-Por que diz isso? - Ele ergueu uma sobrancelha.

-Seu amigo impossível está na porta, e, perdoe-me, dá pra matar um. - E Kamus virou-se imediatamente, ficando boquiaberto ao vê-lo. Pôde notar que seus olhos estavam pintados de preto com pequenos risquinhos, deixando-os levemente mais puxados. O rosto estava mais pálido que o normal, mas isso não o fazia ficar de maneira nenhuma deselegante, já que a palidez destacava a face bela do resto da produção escura. Parecia a reencarnação de Adônis - mais moderna, é claro. Mas, detalhes à parte. -, pronto para seduzir. E ele bem tinha idéia de quem seria a vítima.

-Maldita hora em que eu aceitei vir aqui com você hoje, Milo. -Afrodite disse, vendo a interação entre o amigo e Kamus. Saíam faíscas dos olhos de ambos e ele tinha a ligeira impressão de que seria usado como isca.

-Do jeito que eu queria.... -Milo murmurou, adentrando no lugar, como se fosse o rei.

Afrodite apenas acompanhou-o, balançando a cabeça. Não demorou muito e foi cercado por Mari, Shina e June, que o abraçaram. Ficou ali por algum tempo, respondendo algumas perguntas, matando a saudade, mas quando viu que Milo sentava em um dos bancos do bar, encarando Kamus, preocupou-se.

-Já volto, meninas... -ele disse, caminhando até lá.

-Um martini, com cereja ao invés de azeitona. -ele disse, olhando para Kamus, um sorriso malicioso nos lábios.

Kamus fingiu não ficar balançado com a proximidade de Milo. Mesmo querendo pegá-lo pelo braço, arrastando-o para um lugar mais reservado onde pudesse tirar aquele sorrisinho do rosto dele, ainda estava magoado com o que ouvira mais cedo. Se Milo achava que a sedução era a melhor maneira de pedir desculpas, eles estava muito enganado.

-Seu drinque. -ele disse, friamente, por fim, colocando a bebida à frente do rapaz, que ainda sorria.

-Nossa, que bicho te mordeu, Iceman? Nem fala direito com os amigos...

-Fui picado por um escorpião. Sabe como o veneno funciona, né? E eu estou trabalhando, se me dá licença. -ele disse, notando que os olhos de Milo ficaram ligeiramente marejados.

Milo estava prestes a falar alguma coisa, quando Afrodite se aproximou, sentando-se ao lado dele. Diana também estava presente. Ele forçou um sorriso para ambos, tomando metade da bebida de uma só vez. Afrodite franziu a testa, mas deixou passar. Enquanto Diana falava com Milo sobre a volta deles ao trabalho, Dite achou melhor conversar com Kamus.

-Vai beber alguma coisa? -Kamus perguntou, enquanto enchia a bandeja de Aioria.

-Vodka com suco de laranja. Vocês conversaram?

-Aqui a bebida. Conversar com quem?

-Ora, Kamus, vocês não me enganam, tem alguma coisa de errada acontecendo. Milo está agindo como antes de ser...você sabe....e o jeito que ele chegou em casa depois da discussão de vocês, ele estava muito magoado.

-ELE estava muito magoado??? -Kamus falou mais alto, chamando a atenção de Milo e Diana, que viraram-se imediatamente para eles. Percebendo, ele recompôs-se com rapidez, voltando ao tom de voz mais controlado e tão característico de sua personalidade. -Ele provavelmente não te falou o que aconteceu, Dite e sinceramente isso não me importa. Agora se ele pensa que pode vir aqui, vestido desse jeito, querendo fazer ciúmes ou qualquer outra coisa parecida, ele que fique sabendo que não vai adiantar. E que se acontecer alguma coisa com ele de novo, eu não vou bancar o babaca pra defendê-lo.

Afrodite estava olhando Kamus, chocado. Apesar de controlado, aquelas palavras saíam numa ferocidade impressionante.

-Ele fez isso por você.... -Afrodite murmurou.

-Não é assim que as coisas funcionam comigo, Dite. Eu sei como ele é, não preciso do Milo sexy, provocador e que é desejado por todos perto de mim. Não preciso mesmo. E se ele ainda não percebeu isso, eu não sei se deveríamos estar juntos. -Kamus disse aquilo, pedindo licença logo em seguida, indo para os fundos do bar.

Milo, que acompanhava tudo de longe, resolveu segui-lo. Com um sorriso nos lábios resolveu que aquele era o momento de agir. Afrodite, de longe, balançou a cabeça e tentou avisar o amigo, mas ao sentir a presença de Carlo entrando no bar, pensou duas vezes e resolveu cuidar da própria vida, afinal, tinha problemas pessoais para cuidar com o outro também.

Kamus entrou em uma das frias salas de bebidas, aborrecido. Nem sabia o porquê de ter ido até ali. Talvez fosse uma maneira de sair de perto dos outros para não ouvi-los falar de Milo. Maldito momento em que deixara o veneno dele adentrar por suas veias! Arranjou uma desculpa, pegando uma garrafa de champanhe.

"Kamus...."- Pensou Milo, encostado na batente da porta. Não sabia o quão ficava sensual e adorável naquela pose angelical.

Kamus virou-se para sair e deu de cara com ele, quase deixando a garrafa cair.

-O que quer? - Perguntou, friamente, encarando-o.

-Eu ouvi. - Murmurou. Kamus pôde notar um tom muito magoado em sua voz. Balançou a cabeça, tentando se convencer de que aquele era mais um dos truques do rapaz à sua frente.

-O que? - Se fez de sonso, mas Milo apenas franziu o cenho de leve, para tranqüilizá-lo logo em seguida.

-Não precisar fingir que não sabe, Kamus. - Falou, suavemente, olhando-o com os olhos cheios de culpa. - Eu ouvi muito bem...

-Ótimo. Se já ouviu, me dá licença, porque eu não estou nem um pouco afim de repetir tudo o que eu disse. - E tentou sair, mas o Escorpião apenas tocou-lhe o braço. Virou-se rapidamente, o que teria provocado um sorriso em Milo, se este não estivesse tão sentido.

-Você não precisa repetir... - Murmurou, os olhos ficando cheios d'água. Kamus chocou-se ao vê-lo daquela maneira, mas não cedeu. Apenas continuou encarando-o. -...porque eu já entendi. Se você não quer ficar junto comigo, o que sou eu para pedir algo assim? Adeus, Kamus.

E passou por ele, limpando uma lágrima que ousou rolar por seu rosto, agora levemente avermelhado. Kamus parecia em estado de choque. Ficou olhando seu amante virar o corredor.

Ficou alguns segundos, tentando absorver o 'adeus' tão definitivo que Milo lhe dera.

-Não era isso, Milo, não era mesmo. - Murmurou, colocando a bebida sobre uma mesa e correndo de volta ao bar. Olhou em desespero para os dois lados, mas teve tempo apenas de ver a sombra do rapaz deixar a boate. Suspirou, pensando em como poderia reverter a situação. Realmente, estava com problemas.

-Olá. - Falou, e Carlo virou-se para ele, surpreso.

-Dite?! - Quase soletrou o apelido, algo que fez o rapaz sorrir.

-Tudo bem com você? - Perguntou. O tom não era de todo ruim, mas não era tão bom assim. Mas Carlo sabia que o problema não era entre eles.

-Claro... Melhor agora, obviamente. E você? - Incrível... O rapaz de cabelos longos parecia ter esquecido do clima pesado entre eles, logo de manhã. E isso era realmente bom.

-Estou indo. Milo brigou com Kamus por nossa causa. - Murmurou, com um suspiro triste.

-...Nossa causa...? - A palavra 'nossa' soou tão... comprometedora. E se alguém tivesse ouvido? O que pensariam as moças, o que diriam aquelas mulheres que sempre testemunharam o quão heterossexual ele era?

-Sim. - Entendendo errado a 'dúvida' de Carlo, Afrodite continuou. - Milo me viu junto com você hoje de manhã. E não gostou nem um pouco.

-Por que? - Perguntou. O tom não foi dos melhores.

-Ele é como um irmão mais velho, entende? - Suspirou o outro. - Ele não entende que somos adultos... Livres... - E aproximou-se de leve, enlaçando o pescoço do outro com os braços. -...Podemos ser felizes...

E, para sua surpresa, Carlo afastou-o. Afrodite olhou-o, sem entender.

-Aqui não... Podem nos ver.

E o outro murchou.

-Qual é o problema? Por que eles não podem nos ver?

-Afrodite, aqui não. - Disse, firme, e Afrodite suspirou longamente, decepcionado.

-Pensei que você quisesse algo mais do que apenas uma noite, Carlo. - Murmurou, olhando para baixo.

-Mas eu quero, Dite. - Falou, notando que fora realmente muito grosseiro. O que ele deveria estar pensando agora? - Foi um impulso, eu...

-Até mais tarde, Carlo. Outra hora a gente conversa, tá? - Afastou-se sem sequer dar-lhe um abraço ou demonstrar carinho.

Carlo sentiu que poderia esbofetear-se.

Continua...