Notas das autoras:

Ju:

Olá, pessoal.

Antes de tudo, muito obrigada pelas reviews. Estou surpresa pacas... Quase 100 reviews! Ai, meus sais...

Bem, de qualquer maneira, agradeço muito por lerem nosso bebê. Espero que vocês gostem desse novo capítulo.

Muito obrigada aos leitores queridos, as pessoas que nos apóiam e à Celly. Passamos muito tempo escrevendo isso, heim, moça? XD

De qualquer jeito... Divirtam-se e boa leitura!

Celly:

Bom, o tempo vai passando e cada vez mais eu me orgulho desse projeto. Não somente pelas reviews (sim, eu estaria mentindo se dissesse que não gosto de cada uma delas), mas pelas amigas que fiz nesse meio tempo. Obrigada realmente à todas que têm paciência de ler cada capítulo e principalmente a Ju, que embarcou nessa minha idéia louca e que tem dado tão certo. Descobri não apenas alguém pra compartilhar as idéias, mas uma nova amiga.

Obrigada mais uma vez. Nos vemos semana que vem!

Capítulo 16

- Chocolate?

-Credo, Milo, que susto.....mas...eu quero sim... -Afrodite disse, jogando a bolsa em um dos sofás e sentando-se ao lado do amigo, no chão da sala.

Afrodite percebeu que o lugar estava uma bagunça. As roupas estavam espalhadas pelo chão, uma caixa de sorvete vazia, caixas de DVD e agora uma enorme panela com a perdição dos dois.

-Sinto muito.

-Por que?

-Eu fiz você e o Kamus brigar.

-A culpa não foi sua. Nunca daríamos certo, Dite... -Milo disse em tom triste. -Ele é muito certinho, eu sou impulsivo. Ele pensa antes de agir, eu faço exatamente o contrário. Ele não briga e eu sim....e por aí vai.

-Já ouviu a história de que os opostos se atraem? -Afrodite procurava alguma maneira de animar o amigo. Por mais que ele lhe dissesse que a culpa não havia sido sua, ele sentia que de alguma maneira era o responsável por aquilo.

-Já sim mas sinceramente não conheço nenhum casal que comprove isso. -ele disse, mergulhando a colher na panela de chocolate mais uma vez.

-Como assim?

-Mu e Shaka, por exemplo. São iguais e o relacionamento deles é perfeito. Aioria e Marin, pelo que ele mesmo me disse, os dois com a mesma confiança, coragem e firmeza. Diana e Saga, dois pervertidos -ele permitiu-se rir. -Viu, Dite...todos são iguais e casais perfeitos. Essa história de que opostos se atraem é pura desculpa para pessoas como eu acreditarem que homens como Kamus poderiam se interessar realmente por mim.

-Você está muito amargo, meu amigo. -Afrodite disse, abraçando-o por um momento. -Isso não é verdade. Os opostos se atraem sim....

Mas Milo não deixou-o prosseguir. Soltou-se do abraço e olhou-o fundo nos olhos.

-Então me dê um exemplo, vamos lá.

-Quer um exemplo agora? -Afrodite disse, levantando uma das sobrancelhas.

-Sim. Vamos lá...eu te desafio.

-Um exemplo...um exemplo...bom...tem...quer dizer...

-Fale, Dite.

-Eu e o Carlo... -Afrodite disse, timidamente.

-Vocês não são um casal, caia na real, Dite.

As palavras de Milo saíram como facadas no peito de Afrodite. Ele baixou a cabeça, segurando-se para não chorar. Milo, percebendo aquilo, levantou-o pelo queixo, suavemente.

-O que foi?

-Você tem razão. Não somos um casal. Nem nunca seremos.

-Cruzei com aquele cafajeste. Ele te falou alguma coisa?

-Exatamente o oposto, ele não disse nada.

-Eu mato aquele desgraçado!!! -Milo levantou-se, mas foi seguro por Afrodite.

-Não. Você estava certo. Homens como ele não mudam nunca, eu é que fui tolo demais para acreditar que poderia conquistá-lo.... -Afrodite começou, deixando algumas lágrimas caírem finalmente.

-Você é uma pessoa maravilhosa, Afrodite. Ele não te merece, nem nunca vai te merecer.

-....

-Quer um chocolatinho? -Milo perguntou, colocando uma colher cheia de chocolate à frente de Afrodite, que sorriu, por fim.

-Ai meu amigo..... -ele disse, abraçando-o.

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Kamus estava sentado sozinho, depois do expediente, ainda dentro do Inferno. Ele sempre era o último a fechar tudo e naquele dia, como não tinha ninguém o esperando, fez tudo mais lentamente o possível.

Não podia, porém, por mais que enchesse a cabeça com contas e obrigações, esquecer Milo e tudo o que acontecera horas antes. Ainda doía pensar no adeus que havia ouvido, nos olhos tristonhos, aparência cabisbaixa e, acima de tudo, a sensação de decepção que tinha sentido emanar do outro.

Mas ao mesmo tempo, seu interior lhe dizia que era ele quem deveria estar sentindo-se magoado. Afinal, havia sido Milo o autor de declarações que o feriram tanto, mas então por que ele sentia na necessidade de fazer tudo ficar melhor, pedindo desculpas? "Talvez porque não possa viver sem ele...", ele pensou instantaneamente.

Decidido, arrumou a bolsa, pronto para sair, quanto esbarrou em um vulto que entrava no bar. Ao Imediatamente, ele agarrou a pessoa, levando-a para perto da luz.

-Ah, é você?!? Eu hein, o que te deu pra andar na escuridão?

-Fala sério, Kamus...esse lugar é meu, ok?

-Sai pra lá, você está bêbado, Carlo?

-E se estiver qual é o problema? -ele disse, sentando-se nas escadinhas que levavam à saída.

-Problemas amorosos? -Kamus tentou, sentando-se ao lado dele.

-Não é da tua conta. E você?

-Eu o que?

-Fiquei sabendo que você e o Milo brigaram....

-Hein? Como?

-Afrodite. Ele falou isso.

-Ah, tá.....não quero falar sobre isso.

-Bom, porque eu não quero que vocês se metam na minha vida, ok? -Carlo disse, num tom mais alto.

-Eu não quero me meter na sua nem na vida do Dite. O mesmo não acontece com o Milo.

-Então manda o seu namoradinho ficar bem longe da gente.

-Ele não é meu namorado, na verdade a gente terminou. Pelo menos é o que parece.

Carlo começou a rir daquela declaração. Por um momento Kamus achou que era resultado da bebida, mas logo reparou que o outro realmente achava graça do que ele havia falado.

-Vocês dois são patéticos. Desde que Milo começou a trabalhar aqui ele gosta de você e agora quando finalmente você desde do seu pedestal de gelo, não consegue segurá-lo por uma semana?

-Olha quem fala, não é mesmo, Carlo? Eu pelo menos tenho coragem o suficiente pra assumir meus sentimentos, e quanto a você? Por que não está com Afrodite?

Carlo parou de rir imediatamente, contemplando um ponto no escuro. Lembrou-se do que havia acontecido antes. Os olhos vazios de Afrodite, tudo voltava com muito mais intensidade.

-Você tem razão. Nós somos patéticos, Kamus.... -ele disse, por fim. -Vamos sair pra beber? -ele sugeriu, então.

-É, acho que é uma boa idéia....

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-Isso não tá certo, Milo. - Suspirou Dite, enquanto o amigo, ainda abraçado com ele, detonava a panela de chocolate. - Além de eu ter certeza de que você vai passar mal amanhã de manhã, vamos engordar. Não creio que Diana precisa de garçom sexy com barriguinha e uma dançarina obesa. - Tentou fazer piada, mas Milo não riu. Colocou a panela sobre a mesa e olhou-o.

-O que devemos fazer, então? Já olhou pro relógio? - Apontou. Era quase uma da manhã.

-Oras, aqui perto tem um bar que nunca fecha... - Falou, suave. Milo olhou-o, incrédulo.

-Está sugerindo que a gente encha a cara? - Falou, sem rodeios. Afrodite olhou para baixo, mas encarou-o logo em seguida.

-Não precisamos exatamente encher a cara... Sabe, umas cervejinhas pra acalmar...

-Cervejas engordam. - Falou, irônico, apontando para a panela de chocolate.

-Menos do que quilos de chocolate. - Falou Afrodite, afiado, fazendo Milo rolar os olhos.

-Tudo bem, esperto. - Falou o outro, num suspiro, levantando-se. - Vou colocar uma calça e uma blusa e já volto.

-Tá. - Falou, vendo o amigo virar-se. Quando ele sumiu, suspirou. Nunca gostara de cervejas. Por que aquela idéia maluca? Sabe-se lá...

Milo voltou menos de cinco minutos depois, de tênis, calça jeans e blusa preta. Tão diferente do tão sensual conquistador de sempre. Afrodite notou o quão abatido ele estava e respirou fundo, aproximando-se dele. Beijou os lábios do amigo, numa carícia sutil. Milo correspondeu ao beijo inocente. Ambos saíram, segundos depois, de braços dados.

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-Por que vocês brigaram? - Perguntou Kamus, que, embora já tivesse acabado com uma garrafa de vinho, estava sóbrio, somente um pouco tonto.

-Eu sou um babaca. - Carlo, porém, era outra história. Bebia metade de uma garrafa em um gole, como se fosse água. E parecia nunca estar satisfeito. - Um tremendo babaca.

-Isso eu sempre soube, qual a novidade? - Perguntou, irônico, e Carlo deu-lhe um tapa no ombro.

-Eu simplesmente não quis dizer pra todos que estamos juntos... É vergonhoso demais... - Falou, antes de soluçar alto.

-Vergonhoso? Por que?

-Ele é homem, Kamus... - E produziu um som não identificado no instante seguinte. - Homens de verdade não dormem com homens...

-Imagem preconceituosa, essa... - Murmurou o outro, com a voz aborrecida. Aumentou o tom nas palavras seguintes. - Não me admira nem um pouco que ele tenha te mandado pastar.

-Ele não me mandou pastar! - Reagiu Carlo, sem qualquer resquício de lucidez. Kamus rodou os olhos.

-Acho melhor você parar, Carlo. Não vai te fazer bem. - Falou. Não que realmente se preocupasse com ele, longe disso. Mas não queria ter nenhuma fração de culpa caso o outro morresse de repente...

-Quem se importa? Já tô ferrado mesmo. - Falou, sorrindo insanamente. - Além do mais, não tenho porque me importar, ceerto...?

-Eu não gosto desse bar, Dite. - Milo parou na porta do estabelecimento, e achou-o um perfeito horror. Baratas pelo chão e barris velhos 'enfeitavam' o ambiente mal-cheiroso. Afrodite torceu o nariz.

-Realmente. Isso não era assim até duas semanas atrás. - Falou, com um suspiro, puxando Milo pelo braço.

-Vamos voltar?

-Claro que não! Vamos pra outro bar, oras.

-...Acho melhor voltarmos...

-Ora, Milo, deixe de ser rabugento!

E passaram por mais bares, mas todos eles eram absolutamente deploráveis. Afrodite não queria dar o braço a torcer, mas já estava quase desistindo de encontrar um lugar ao menos higiênico.

-Já falei, Dite, é melhor que voltemos...

-Argh, Milo, pára! - E parou na frente de outro bar. - Olha, esse tá limpo. - E arrastou-o para dentro. - Que problemas podem haver?

Surpreendeu-se com um Milo chocado, apontando para o bar, onde dois rapazes pareciam afogar suas mágoas com bebida. Seria menos detestável se os dois moços não fossem tão bem conhecidos.

-JESUS CRISTO, CARLO!

E o homem citado virou-se para os dois e sorriu de leve, antes de cutucar Kamus, que arregalou os olhos ao ver Milo. O francês até o rapaz imóvel, que afastou-se de leve.

-Eu não estou bêbado, Milo. - Falou, como se estivesse censurando o rapaz por achar que ele estaria naquele estado.

-O que está fazendo aqui, Kamus? - Perguntou ele, sem emoção.

-Eu ia te fazer essa pergunta agora... E, respondendo a sua pergunta, não é da sua conta. Não temos mais nada, esqueceu? - Somente depois que falou a besteira, é que notou os olhos arregalados de Milo.

-...Tudo bem... - E Milo olhou para Afrodite, que parecia sequer ter ouvido a pequena 'discussão' dos dois, tão atento à Carlo, que começava a vir em sua direção, tendo que se apoiar em cadeiras e pilastras para não cair. - Eu disse que não seria uma boa idéia, Dite.

-Hum...?

-Estou indo, tchau. - E virou-se com tanta rapidez que Kamus nem teve tempo de segurar-lhe. Foi correndo atrás do 'ex-namorado' com rapidez, segurando-o pelo braço do lado de fora. Milo não olhou-o, apenas puxou o braço com força, esperando que Kamus o soltasse.

Mas ele não o fez.

-Me solta. - Sibilou, ainda sem olhá-lo.

-Milo, olha aqui... Não se faça de vítima.

-EU NÃO ESTOU ME FAZENDO DE VÍTIMA! - Berrou, puxando o braço com tanta força que chegou a assustar Kamus. - Que droga! VOCÊ quis terminar comigo, então... PÁRA DE ME TORTURAR, DROGA!

-Eu não estou te torturando, Milo.

-Então, por que diabos me seguiu até aqui?

-Por que eu te amo, seu cabeça dura.

-Vai pro inferno, seu mentiroso.

E virou-se para sair novamente, mas Kamus puxou-o pelo braço, rodando-o e trazendo-o para perto de si.

-Mentiroso? Não diria. - Murmurou. - Apaixonado. - E beijou os lábios do outro na mesma hora, fazendo-o arregalar os olhos azuis.

Milo deixou-se levar por alguns segundos, aqueles lábios gelados, o gosto de vinho, a combinação era por demais tentadora e aliada àquela declaração que ele havia acabado de fazer, o estava enlouquecendo. Mas ainda assim, estava magoado.

-Kamus, pára....pára... -ele pediu, com as mãos no peito do outro, que o olhava sem entender nada.

-O que foi, Milo?

-Você...você disse que não queria que eu te seduzisse e agora que fazer o mesmo comigo. Qual é a tua?

-Pelo amor de Deus, Milo...você realmente acha que eu quero ficar brigado com você? Eu te amo, caramba!

-Você está bêbado... -Milo disse, desvencilhando-se de Kamus novamente, já que ele partia em sua direção.

-Estou, você tem razão. Eu estou bêbado, doente, envenenado....desde o momento em que deixei você entrar na minha vida. Desde que....me apaixonei por você....mas se isso não é o suficiente pra você, então...tudo bem....eu me conformo. -Kamus disse, sentando-se no meio fio.

Milo ficou balançado diante daquela cena. Não podia negar que um Kamus desestabilizado era demais pra qualquer pessoa, especialmente para alguém que se importava, como ele o fazia. Aproximou-se lentamente, esticando as mãos para que Kamus as segurasse. Quando o outro o fez, ele puxou-o, deixando que ele aninhasse a cabeça em seu ombro por alguns segundos.

-Eu te amo tanto, você não consegue perceber isso? -ele murmurou, incoerentemente.

O coração de Milo ficou pequeninho e por um momento ele esqueceu-se de tudo o que havia acontecido. Poderia ficar pro resto da vida daquele jeito, ali, com Kamus.

-Vamos...eu te levo pra casa. -ele disse, por fim, acariciando os cabelos de Kamus.

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-Ah...você apareceu....me achou como? Meu cheiro?

-Por favor, Carlo. Eu não quero conversar.

-Ué, mas você queria antes.... -Carlo disse, enlaçando Afrodite pela cintura, puxando-o para perto dele por um momento. Momento esse que foi quebrado pelo rapaz de cabelos longos, que quase arremessou-o longe.

-Fica longe, você está bêbado!

-E daí? Você não gosta de mim assim?

-Carlo, vamos, eu te deixo em casa e amanhã a gente conversa.

-Não, você vai me ouvir agora! -Carlo falou mais alto, assustando Afrodite, que resolveu não prolongar-se muito naquilo e seguir o mesmo caminho de Milo.

Chegando do lado de fora descobriu que o carro não estava mais lá, assim como Kamus. Culpou-se mais uma vez por deixar Milo dirigir e não avisá-lo. Aquilo sempre acontecia e era ele quem ficava a pé ou a mercê de uma condução.

-Vai ter que ficar comigo, Dite.... -Carlo murmurou, fazendo o apelido de Afrodite soar mais sexy do que de costume.

-Vou embora de táxi. Sugiro que faça o mesmo. Não é bom sair dirigindo nesse estado em que você se encontra.

-Como se você fosse se importar se eu quebrasse minha cara num poste....

-COMO É QUE É?

-Isso mesmo! Você nem ia se importar se eu morresse!! -Carlo gritou.

Afrodite olhava-o chocado. Numa fração de segundos imaginou como seria sua vida sem Carlo. Sem o mau humor dele, sem os beijos carinhosos, sem as noites como a primeira que passaram juntos. Aquela perspectiva minou suas resistências e ele viu-se encarando a realidade: estava apaixonado por aquele homem.

-Não sabe o que está dizendo, Carlo. Realmente não sabe. -ele disse, amargamente.

-Então me diz, fale o que está escondido no seu coração desde que dormimos juntos....

-Por que? Por que eu devo contar o que sinto por você, enquanto você faz questão de esconder tudo?

-Você quer saber o que eu sinto?? Quer mesmo, Afrodite? -Carlo perguntou, avançando pra cima do outro. Afrodite estremeceu.

-.....

-Pois bem...eu tenho tesão. Muito tesão por você. É incontrolável, é só te olhar e eu tenho vontade de te beijar, te abraçar, jogar você em cima da primeira superfície plana, arrancar suas roupas e te tocar....está satisfeito?

Afrodite tinha lágrimas nos olhos. Então era aquilo o que Carlo sentia? Tesão? Somente aquilo. Não podia acreditar. Mais uma vez o destino lhe pregava uma peça. Suspirou profundamente, buscando os últimos resquícios de força que ainda lhe restavam.

-Que bom que você conseguiu dizer o que sente, é muito bom mesmo. Só que pra mim isso não é o suficiente. Mas, bem....parece que pra você é, então pode continuar com a sua vida minúscula, eu não me importo mais.

Somente quando viu Afrodite entrar no primeiro táxi que passava por ali, é que Carlo percebera a besteira que havia falado. Quando dizia que sentia tesão pelo outro, não pretendia dizer que era apenas aquilo, mas também expressar a vontade que tinha de ficar perto do outro sempre. E que ele no fundo não queria admitir o que era.

"Merda....cada vez mais eu complico essa droga de vida...", ele pensou, voltando pra dentro do bar.

Continua...