Notas das autoras:
Ju:
Olá, olá... Nossa, quase morremos do coração quando vimos as 100 reviews... Foi MUITO antes do que a gente imaginava. Muito obrigada por isso, meninas.
Para comemorar esse número incrível, resolvemos fazer uma surpresa. DOIS CAPÍTULOS DE UMA SÓ VEZ!
A cada cinqüenta comentários, vamos fazer isso! Será que vocês notaram uma certa ironia ou quem sabe uma doce chantagem? Sim? Foi impressão!
Esperamos que vocês gostem desses caps... Por que nós os adoramos.
Muito obrigada por tudo novamente.
CellyEngraçado como lembramos das coisas assim, de repente. Vocês realmente se superaram, meninas. 100 reviews, estamos realmente surpresas com o impacto que essa fic tem causado aqui no site. E claro, ficamos muito felizes. Eu agradeço às leitoras que acompanham desde o primeiro capítulo, aquelas que só revisaram alguns, as que elogiam pelo MSN, as que mandam email, ou aquelas que começaram a ler agora a pouco, mas ainda assim revisaram os capítulos mais antigos. Vocês são a força desse fic.
Pra comemorar, dois capítulos nesse sábado chuvoso (pelo menos aqui no Rio). A Ju acha que a cada 50 reviews nós devemos mandar dois capítulos....palavras dela...lol..agora é com vocês.
Muito obrigada mais uma vez e boa leitura!
Capítulo 17
Ambos não disseram mais nada durante todo o trajeto. Kamus estava ocupado demais em examinar as feições de Milo, como se tentasse extrair algo delas. Mas encontrou apenas alívio, o que, conseqüentemente, aliviou-o também. Ao chegarem na porta da casa de Kamus, Milo suspirou, olhando para baixo.
-Nos falamos amanhã, ok? - Disse, ainda sem olhá-lo nos olhos. Kamus pegou-o sutilmente pelo queixo, virando-o na sua direção.
Milo olhou-o, sentindo algo entalar na garganta. Como poderia pensar em renegá-lo? Agora, já o amava demais para permitir que ele fosse, que o deixasse. Era uma idéia impossível de ser aceita.
-Vem comigo, certo? - Falou Kamus. Não ordenou, ou pediu. Apenas constatou.
-...Para que...? - Perguntou, piscando. Kamus sorriu-lhe, e Milo entendeu imediatamente. - Olha, acho que não é uma boa idéia...
-Por que? - Perguntou o outro, parecendo decepcionado no instante seguinte. - Não vai me dizer que...
-Shh, não diz nada. - Milo depositou dois dedos sobre os lábios de Kamus. - Eu vou com você, sim.
E o outro sorriu-lhe longamente, tendo o sorriso retribuído. Saíram do carro sem pressa, um tentando ver sinais no rosto do outro. Não encontraram nada além de calma, o que foi bem surpreendente para ambos.
Caminharam em silêncio em direção à porta. Kamus puxou a chave do bolso e abriu a porta sem fazer barulho, algo que Milo julgou inútil, já que os vizinhos não ouviriam um som tão insignificante como aquele e já que ele morava sozinho.
-Kamus, acho que... - E antes que pudesse completar a frase, Kamus conduziu-o para dentro, fechando a porta logo em seguida. - Olha, o que eu quero dizer é que...
-Eu já entendi, Milo. Se eu não tivesse entendido, você já estaria jogado no chão sem nada. - Falou, com a voz sacana, fazendo Milo franzir o cenho.
-Estou falando sério, Kamus. - Disse, colocando as mãos na cintura curvilínea.
-E eu também, oras. - Respondeu o outro, num tom neutro. - Vamos subir?
-...Você precisa de um banho gelado...
-Para...? - Perguntou, como se Milo estivesse dizendo-lhe algo dificílimo. O rapaz apenas virou os olhos.
-Kamus, sério, não se faz de bobo. - Falou, pegando-lhe a mão e conduzindo-o até o banheiro. - Você tem que relaxar, pelo menos. Bebidas não fazem bem e você tomou demais.
-Milo, eu já disse que não estou bêbado! - Falou, ficando sério. - Um bêbado pareceria tão sóbrio?
-Sei lá. Só sei que você tem que tomar um banho ou lavar o rosto, pelo menos. - Falou, firme. Kamus suspirou, resignado, tirando a blusa.
-Tudo bem, então. Vou tomar um banho. - E desafivelou o cinto para encarar Milo, corado. - Vai me acompanhar?
-Não. Vou te esperar no quarto. - Falou, virando-se para sair, antes que mandasse às favas todo o auto-controle.
Kamus suspirou, acabando de retirar as roupas. Entrou no box, ligando o chuveiro e sentindo a água morna escorrer pelos cabelos e pelo corpo cansado. Fechou os olhos, gostando da sensação de relaxamento. Não estava tudo bem, ele não poderia mentir. Mas não estava tão mal assim.
Milo entrou no quarto do rapaz, vendo-o lindo e impecável, como no dia em que... Sentiu um rubor subir às bochechas. Por que se sentia assim toda vez que lembrava daquele dia? Era realmente estranho.
-...Hum? - E caminhou até a cama, vendo algo sobre ela. Não pôde distinguir o que era, até que aproximou-se o suficiente. Sorriu ao ver que era uma carta Para quem era? Para si mesmo.
Pegou-a, mas não sem antes olhar para trás para ver se Kamus estava vindo. Aproveitou que ele estava longe para lê-la, sorrindo.
Entre pedidos de desculpas, broncas e declarações, ele podia ver amor. Muito amor. E teve vontade de ir até o banheiro agarrar o rapaz no chuveiro mesmo, dizendo-lhe que era um idiota por ter duvidado dele. Mas não o fez. Ocupou-se em ler o papel por milhares de vezes, até que Kamus adentrou no quarto, pegando-o no flagra.
-Mas você é impossível, hein?
E sobressaltou-se, quase caindo da cama. Notando que não adiantaria nada esconder a carta, colocou-a sobre a cômoda e olhou para Kamus. Trajando apenas uma calça preta, larga, que Milo reconheceu como uma roupa de dormir, estava adorável, com os cabelos molhados caídos pelos ombros másculos, mas não exagerados.
-Desculpe, não resisti. - Suspirou, aproximando-se do rapaz na porta. - Obrigado. - E, enlaçando o pescoço dele, aproximou seus lábios, fazendo com que um beijo acontecesse.
Kamus envolveu a cintura dele com delicadeza, com uma mão só, enquanto a outra subiu pelas costas até os cabelos, metendo-se por entre os fios e acariciando a nuca, enquanto trazia-o mais para perto, com uma necessidade impressionante. Milo entreabriu os lábios, permitindo-o que a língua de Kamus, tímida à princípio, acariciasse de leve seus lábios (em uma tortura agradável), para, depois de segundos incontáveis, adentrasse em sua boca, provando de leve o sabor de cereja do rapaz. Milo, então, desafiou Kamus: impôs sua língua contra a dele, travando uma verdadeira batalha.
Segundos depois, soltaram-se, ambos quase sem ar. Kamus colocou as mãos na parte de baixo da camisa de Milo, querendo puxá-la para cima. O rapaz, porém, parou-o.
-Se importa se não fizermos nada hoje? - Perguntou, tentando ficar o mais calmo possível.
-Não. - Falou Kamus, com um sorriso compreensivo. - Apenas deixe-me tirar sua camisa, por favor.
E Milo deixou. Segundos depois, Kamus abraçou-o de leve, beijando seu pescoço. Por mais que o escorpiano rebelde quisesse, não iria deixar-se levar. Kamus, embora não parecesse, tinha álcool correndo pelo corpo no momento. Não queria arriscar. Puxou-o pela mão, para que ele se deitasse na cama. O rapaz deixou, acomodando-se entre os travesseiros.
-Vamos dormir, por favor. - Falou Milo, deitando-se ao seu lado. Kamus assentiu com a cabeça, abrindo os braços com delicadeza, fazendo o outro quase se comover. Aproximando-se, deixou que o outro o envolvesse, trazendo-o para perto e fechando-o com suavidade. Beijou-lhe a testa com amor, afagando os cabelos rebeldes, num gesto repetitivo, mas muitíssimo agradável.
-Bonne nuit, mon ange. - Sussurrou ao ouvido dele, quando Milo colocou uma mão sobre seu peito, descansou nele sua cabeça, fechando os olhos belos e tranqüilizando a respiração.
-Bonne nuit... Mon amour. - Sussurrou o outro, sentindo que Kamus o apertara um pouco mais de encontro à seu peito.
Havia encontrado seu lugar nos braços do amado. E não queria sair dali nunca mais.
---------------
A manhã pegou um Afrodite mal acomodado no sofá da sala. Ele não se lembrava ao certo como havia retornado ao apartamento, até que a noite anterior veio como um furacão. Caiu do sofá, derrubando consigo a panela com os restos do chocolate, que sujaram o tapete indiano, presente de Shaka à Milo.
-Meleca....eu mereço.... -ele reclamou, logo levantando-se, para limpar aquela sujeira.
Não demorou muito e ele passou para os quartos, depois para o banheiro e, por fim, a cozinha. Enquanto mantinha a mente ocupada, não pensava em Milo, Kamus, Carlo ou qualquer outra pessoa. Depois de tudo limpo, colocou uma calça cinza de moleton, um casaco da mesma cor e saiu para correr um pouco. Meia hora depois, ele estava de volta. Tomou um banho rápido, arrumou a bolsa costumeira de trabalho e saiu para o restaurante.
Não demorou muito por lá, aliás, só compareceu mesmo para comunicar seu pedido de demissão. Desde a noite anterior resolvera voltar a trabalhar no Inferno. Não podia negar que aquele lugar combinava muito mais com sua personalidade do que o restaurante italiano.
Dali mesmo tomou um táxi, chegando ao bar em poucos minutos. Ainda estava fechado àquela hora da manhã, mas tinha certeza de que Diana ou Aldebaran chegariam em breve. Qual não foi sua surpresa quando quem apareceu foi Kanon, irmão de Saga.
-Ora se não é o bonitinho do restaurante italiano....
-Olá. -Afrodite disse, desanimado. Não estava com a mínima vontade de dar papo para um dos amigos de Carlo, um ainda por cima que o cantou na maior cara de pau.
-Essa espelunca ainda tá fechada, é? E eu que queria falar com meu irmão....aquele furão....
-Eles daqui a pouco chegam...não se preocupe.
-Não estou preocupado, pelo menos você vai me fazer companhia. -ele disse, mas diante da cara desconfiada de Afrodite, ele se consertou. -Olha, desculpa pelo outro dia no restaurante. Não sei onde estava com a cabeça pra te cantar daquele jeito.
As feições de Afrodite ficaram mais suaves e ele sorriu.
-Não tem problema. Acontece sempre.
Kanon também sorriu.
-Então tudo bem....mas me conte...o que te traz de volta aqui ao Inferno? Da última vez que fiquei sabendo, você havia sido dispensado.
E Afrodite nem sabia bem o porquê, mas acabou contando toda a história a Kanon. Até que ele era um cara agradável, quando não tentava se insinuar para ele, e pegou-se gostando daquela conversa boba, sem nenhuma intenção de revelar, brigar ou qualquer outra coisa. Como dois antigos amigos que não se viam há muito tempo.
Foi exatamente dessa maneira, os dois sentados aos pés dos poucos degraus que levavam à entrada do Inferno, que Saga e Diana os encontraram. Eles estavam rindo de alguma história engraçada que Kanon havia acabado de contar e nem perceberam que o casal estava parado bem à frente deles.
-Nossa, que animação, hein? -Saga começou assustando os dois, que mesmo assim não pararam de rir.
-Dite, muito bom ver você aqui. -Diana completou.
-Ah, Milo disse que eu poderia voltar, então gostaria de ensaiar um pouco, ver se não perdi a prática. -ele respondeu, levantando-se e ajeitando a calça preta.
-Duvido, você já nasceu com isso, Dite.... -Diana falou, abrindo a porta para que todos pudessem entrar.
Afrodite parecia dono do lugar, foi direto ao aparelho de som, colocando um dos cds que estavam dentro da sacola que trazia consigo. A música escolhida ele havia ensaiado insistentemente no apartamento. Saga e Diana foram para o escritório que ficava no segundo andar do bar e Kanon foi convidado a assistir a performance.
-Qual é a música, hein?
-Espere pra ver.
Afrodite tirou o casaco amarelo que usava e ficou apenas de regata branca. Subiu no balcão e ligou o som com o pé. Instantaneamente "Unbelieavable" começou a tocar e Kanon apenas sorriu, conhecendo a canção. O rapaz dos cabelos azuis claros também sorriu, percebendo o reconhecimento nos olhos do outro.
Dançou como há muito não fazia. Em casa não era nada comparado a estar ali em cima daquele balcão, mesmo com o bar vazio. Era estranho como se sentia natural fazendo aquilo, e pensar que na primeira vez que entrara ali, nunca imaginava dançar, apenas servir drinques.
Kanon estava impressionado com a performance de Afrodite. Não era a primeira vez que se pegava olhando com mais atenção o belo e mais novo amigo. Ele era divertido e inteligente, sincero, romântico. O tipo de pessoa que ele pagaria para estar ao lado. Não entendia como Carlo não conseguia fazer as coisas certas com aquele homem, que era tão fácil de se apaixonar. Se fosse em outra época, ele gratuitamente lutaria por um espaço no coração dele. Mas ao lembrar-se de um outro homem, de cabelos tão azuis quanto os seus, não pôde evitar um sorriso diferente: Julian chegaria em poucas semanas, então ele poderia jogar para escanteio qualquer tipo de sentimento que pudesse nutrir por Afrodite.
-Hey...esse sorriso eu tenho certeza que não foi pra minha coreografia.... -Afrodite comentou, de cima do balcão, sorrindo.
-Desculpa, Dite...mas não foi mesmo....lembrei de uma pessoa....
-Que seria.... -ele estava curioso.
-Ah, você não conhece. Um amigo que não vejo a muito tempo.
-Amigo...sei....não me engana, Kanon....
-Tudo bem...pra mim ele é mais que um amigo. Satisfeito?
-Só estarei quando você se declarar pra ele. Pelo visto você gosta dele há muito tempo. Não perca a oportunidade. Nunca se sabe quando vamos estar diante do verdadeiro amor. -ele falou a última frase em tom triste, que foi notado por Kanon.
-Pode deixar comigo. Já pensei em tudo....mas antes disso....vamos sair pra jantar hoje? Depois do seu expediente? Prometo que não te ataco!
-Hummm...será que posso levar sua palavra a sério??? -Afrodite parecia hesitar, mas sem muita convicção. -Tudo bem, eu vou sim....
--------------------------
-Parece que esses dois estão se dando muito bem...bem até demais... -Diana falou, pensativa.
-Relaxa, meu amor. Eu posso te garantir que meu irmão só deve estar querendo a amizade do Dite.
-O que te leva a ter essa certeza toda?
-Julian.
-Quem?
-Julian Solo. Meu irmão é apaixonado pelo melhor amigo desde que estudaram juntos. Agora ele está voltando da Espanha, onde tem uns negócios e vai passar uma temporada com Kanon. Por isso que eu tenho certeza.
-Humph...espero mesmo....
-Ah, Di,meu irmão é uma boa pessoa, você sabe disso. Ele é meio destrambelhado, mas é um amor.
-Eu sei...só me preocupo com o Dite.
-Hum, devia se preocupar em manter aquele calhorda desgraçado preconceituoso do Carlo longe dele, isso sim....
-Eu sei, mas acho que Carlo não quer ficar longe do Dite.
-Diz de novo -Saga parecia incrédulo.
-Acho que ele se apaixonou pelo Dite e a ficha ainda não caiu.
-Ai, droga, vamos ter problemas....
-Sem dúvida, meu amor, sem dúvida....
----------------------------------
Abriu os olhos, tentando saber aonde estava. Uma dor insana tomava a sua cabeça, e ele sentia que poderia rachar ao meio se fizesse algum movimento.
-Ai... - Até a reclamação fez a cabeça doer. Cerrou os olhos na mesma hora, prometendo à si mesmo que pensaria quatrocentas vezes antes de colocar uma gota de álcool na boca.
-Bom dia.
A voz lhe fez abrir os olhos de novo e ele produziu um pequeno gritinho ao ver Afrodite, sentado na borda de sua cama, com um grande sorriso.
-Você?! - Perguntou, incrédulo. O outro apenas riu.
-Dormiu bem? - Perguntou, inocente, aproximando-se para acariciar os cabelos rebeldes.
-O que está fazendo aqui?
-Ora, nós dormimos juntos. - Falou, como se fosse algo muito óbvio.
-Mas... Não lembro de ter vindo pra casa com você... - Falou, sincero. Então, a face delicada que o encarava tão docemente tornou-se fria, e começou a dissolver. Arregalou os olhos quando a imagem de Afrodite sumiu, e ele reconheceu o rosto de uma das suas amiguinhas. - Sheyla?
-Eu mesma, Carlo. - Falou, com sua voz aguda. Sentiu uma pontada forte na cabeça e lutou para não cerrar os olhos pela milésima vez. - Não me admira, você estava bêbado como um porco.
-...Então... Por que veio pra cá?
-Oras, você me agarrou. - Falou, com um riso. - Quem é a moça?
-Moça? Que moça? - Perguntou Carlo, temendo a resposta. Teria tido OUTRA moça além de Sheyla durante aquela noite? Céus!
-Você chamou-a o tempo todo. - Falou ela, mudando a expressão. Agora mostrava-se triste. - Por tempos, você chamou meu nome em todas. Agora, comigo, você chama o nome de uma desconhecida...
-Quem é, Sheyla?
-E ela nem é de lá... Aposto que você procurou-a em outro lugar, né? Por que deixou a gente, Carlo?
-Quem é? - A angústia já o estava consumindo, e ele sentia o estômago doer, quase tão forte quanto sua cabeça.
-O nome dela é bonito... Mas não sei se ela é tão bonita quanto eu... Deve ser, para você ter me largado...
-MERDA, SHEYLA! QUAL É O NOME DELA?! - Berrou, sentindo a cabeça explodir. Colocou as mãos nos ouvidos, franzindo o cenho com força.
-Uma tal de Afrodite.
E Carlo arregalou os olhos.
-...Dite...? Ele esteve comigo? - Perguntou, esperançoso.
-ELE? - Então, ela se pôs de pé. - POR DEUS, CARLO! VOCÊ VIROU UM GAY!
-Eu não sou gay... E pare de gritar! - Ordenou, irado. - Só me diga: Ele estava aqui ou não?
-...Não...Somente eu estive aqui durante toda a noite...
-Vai embora. - Falou ele, seco.
-Como é que é?!
-Vai embora, se manda, some, desinfeta, pica a mula, sai, vai e não volta e tudo o mais. - Debochou.
-Idiota! Me trocando por um homem! - E pegou seu sobretudo de pele de onça, indo em direção à porta, pisando forte com o salto agulha de uns dez centímetros. - Você vai se ferrar, Carlo!
-Vai pro inferno. - Ele ergueu o dedo do meio, ela respondeu com o mesmo gesto.
-Eu não ia dizer, mas você se desculpou com o tal enquanto dormia e chorava. - Ela falou, irônica. - Espero que ele não lhe desculpe, seu idiota. Seja lá o que você fez, foi uma droga e tanto, pelo jeito desesperado com que você choramingava.
-Eu não choro!
-Você chorou, frouxo. - Ironizou, antes de sair e bater a porta com tanta força que poderia ter feito a maçaneta da parte de dentro cair. Carlo apenas ficou encarando a madeira polida.
-...Chorei...?
Era algo realmente ridículo de imaginar. Ele? Carlo di Angelis, o papa-anjo, o insensível... Chorando? E ainda na frente de uma mulher devassa como aquela? Se tivesse uma arma, jurou que atiraria contra a própria cabeça.
-Preciso de um comprimido. - Falou, arrastado, fazendo um sacrifício danado para levantar-se. Olhou seu estado deplorável no espelho, antes de arrastar-se até a cozinha.
------------------
Como ficaria a cara de Kanon quando o visse? Riu ao imaginar o rapaz com os olhos arregalados, com problemas para falar, tendo dificuldade em soletrar 'Ju-li-an'.
-Como assim ele não está? - Perguntou, sério, olhando para a empregada ocupada.
-Ele foi pra boate do irmão, senhor. - Falou ela, respeitosa. - O senhor é o senhor Julian?
-Eu mesmo. Por que? - Ergueu uma sobrancelha, sem entender.
-O menino Kanon já tinha avisado sobre o senhor. - Falou, e Julian não pode deixar de rir ao ouvir a moça chamá-lo de menino. Imaginou como o menino deveria estar lindo, e um arrepio gostoso subiu por sua coluna. - Mas não disse que o senhor chegaria tão cedo...
-Ele não sabe. Não fala, por favor. - Falou, com um riso malicioso. - Vou até a boate... É o tal do... Inferno, é esse o nome?
-É, isso mesmo. O senhor conhece?
-Kanon me falou sobre ela no telefone. Vou até lá. É muito longe?
-Não. Fica à duas quadras daqui...
-Vou lá. Guarda as minhas coisas, por favor. - Largou as malas na frente da moça e saiu correndo. Ela apenas balançou a cabeça, com um risinho.
-Igualzinho ao Kanon... Uma criança... - Suspirou, antes de dar um risinho e recolher a bagagem do rapaz.
VINTE MINUTOS DEPOIS...
-É a verdade, sabe como é, né? - Suspirou Kanon, levando uma garrafa de água à boca.
-Você deveria estar encharcado. - Falou Afrodite, maroto, sentado confortavelmente no balcão.
-Hein?
-Não servimos água aqui.
-Ah, sei. - Riu-se. - Deixo você me molhar depois do expediente. Que tal? - Comentou, maldoso.
-KANON! - E Afrodite deu-lhe um tapa no braço.
A porta foi escancarada nessa hora, e Kanon reconheceu imediatamente o belo rapaz que, ofegante, a abria.
-JULIAN?! - Berrou, sentindo o coração acelerar estupidamente.
-... - Julian pareceu hipnotizado. Mas não estava olhando para Kanon.
Estava olhando para Afrodite.
Continua...
