Nota das autoras:
Ju:
Ol�, pessoas...
Cá estamos, mais uma vez, com nossas costumeiras notinhas. Elas simplesmente não podem faltar.
Quero agradecer pelos comentários maravilhosos e pelas críticas excepcionais que nós temos recebido.
Obrigada.
Esse capítulo é fluffy, mas não se preocupem. Não dá pra morrer de glicemia, não. XD
Bem, é basicamente isso.
Até semana que vem e boa leitura!
Celly:
Bom, estamos, oficialmente da metade pro final do fic. As coisas começam a esquentar mais do que já estavam, portanto segurem-se. A primeira vez do Ju com o K foi fofa, não é mesmo? De qualquer maneira, obrigada à todas as reviews dos últimos capítulos, em especial à Anna-Malfoy, Daphne Pessanha, Calíope, Vivica, Ada, Dark Wolf, Lili, Camis, Megara-20, Nah, Gabriela e Carola Weasley. E esse capítulo vai dedicado à Faye, já que ela me confessou que queria mais de MdM e Dite. Aqui vai o desenrolar da história, querida! Espero que goste, aliás, espero que todas gostem!
Beijocas estaladas e até a próxima semana!
Capítulo 25
Entrou, ouvindo os passos de Carlo atrás de si.
"Droga! Eu e minha enorme boca..." - Pensou, arrependido por ter lhe dito uma verdade.
Entraram no elevador, mudos. Afrodite olhava para o chão, e Carlo olhava-o atenciosamente, adorando o quão justas estavam as roupas do rapaz, devido à chuva. Os cabelos longos respingavam (fazendo-o ficar ainda mais encantador, pensou), molhando todo lugar por onde passava.
"Meu Deus, preciso de um banho." - Falou Afrodite, antes de espirrar. - E de uma aspirina...
"Saúde." - Falou Carlo, educadamente.
"Obrigado." - Respondeu Afrodite, sem encará-lo.
As portas do elevador se abriram, e Afrodite teve vontade de rir ao notar que jamais o usava... Até mesmo porquê morava no segundo andar. Caminharam em direção à porta, calados.
"Pode pegar as roupas do Milo de novo, Carlo." - Afrodite disse, ao entrar e deixar o outro passar.
"Obrigado, Dite." - Falou, calmo. "Você realmente é inacreditável."
"Inacreditável? Eu?" - E ergueu uma sobrancelha. "Não acho. E não me chame de Dite."
"Apesar de tudo, você ainda tem coração." - E, rezando para não ser repelido, abraçou-o. Afrodite até pensou em empurrá-lo, mas aqueles braços o faziam perder as forças. Esperando um beijo, fechou os olhos.
Recebeu um beijo, sim. Mas foi na testa. Carlo soltou-o.
"Obrigado." - Falou, virando-se para ir trocar de roupa.
Afrodite permaneceu parado e chocado durante alguns minutos incontáveis, tentando absorver o que acabara de acontecer. Ele o tratara com respeito? Por Deus, realmente havia algo errado...
Balançou a cabeça, virando as costas com rapidez, indo para seu quarto.
Tirou a camisa, substituindo-a pela camisa azul de Milo, seca. Desafivelou o cinto, deixando-o solto. Amarrando a toalha nos cabelos, começou a secá-los freneticamente.
"Ele é perfeito demais..." - E suspirou demoradamente, retirando a calça encharcada e colocando-a junto com a blusa, no mesmo estado. - "Eu não o mereço..."
Colocou a calça larga novamente, jogando a toalha agora sobre os ombros. Saiu do quartinho, indo em direção à sala. Passou ao lado do quarto de Afrodite, e pôde ouvir sua voz novamente. Sorriu.
"Ele realmente gosta de cantar." - Falou, mas tapou a boca logo em seguida. Desde quando falava alto o que pensava?
Mas Afrodite pareceu não ouvir, pois continuou à cantar como antes. Carlo encostou na porta do quarto, deixando-se levar.
Como alguém poderia ser o que ele era? Era simplesmente a fusão de todos os seus sonhos - era bem verdade que era um tanto explosivo, mas isso não era realmente tão importante - reunidos em um corpo humano... Masculino.
Franziu o cenho. Havia prometido à si mesmo que não mais ligaria para isso... Mas havia algo de errado, e ele não conseguia evitar certos pensamentos que ainda o preocupavam. Não devia nada à ninguém, não se importava com o que iriam falar. Mas algo o incomodava.
O que seria? Seria culpa de seu orgulho, que insistia em fazê-lo querer odiar o outro? Seria culpa de sua mente, que o condenava por achar um homem mais interessante do que uma mulher? Perdido, nem notou quando a cantoria cessou e Afrodite abriu a porta.
Com estava encostado nela, não conseguiu se segurar. Caiu sentado no chão, aos pés de Afrodite, abismado com a cena.
"O que estava fazendo aqui?" - Perguntou, colocando as mãos na cintura, enquanto um constrangido Carlo se levantava.
"Estava te ouvindo cantar."
"Mas que abuso!" - Avermelhou imediatamente.
"Eu fico pensando... Por que não cantou para mim naquela noite?"
"Carlo, pare." - Ordenou, desgostoso. Não queria lembrar daquilo... Não podia...
"Por que não me responde?"
"Porque não quero! Que droga, Carlo!"
"Mas, por que?" -Carlo sentiu que Afrodite estava ficando descontrolado. Talvez se forçasse alguma coisa a mais, poderia fazê-lo admitir alguma coisa, nem que fosse ódio por ele. Aquele pensamento o deixou um tanto desapontado, mas não deixou transparecer.
"Ai, que droga!" -Afrodite gritou, passando por ele, ainda sem responder a pergunta. Não pôde prosseguir porque a mão forte do rapaz o segurou, puxando-o para perto. Ficou a poucos milímetros do outro, a respiração descompassada, perdendo-se naquele mar azul que eram os olhos dele.
"Por que?" -ele repetiu a pergunta. Afrodite forçou e acabou se soltando. Sabia que Carlo não o deixaria em paz enquanto ele não respondesse àquilo. Já estava arrependido das mentiras que iria contar.
"Quer saber o porquê? Eu te digo! Primeiro porque não queria, segundo porque não quero! E tem mais! Pare de ficar me perguntando coisas relacionadas àquela fatídica noite em que ficamos juntos porque eu não quero me lembrar dela! Eu não quero me lembrar de nada, de palavras, gestos, toques, de nada! Tá me entendendo? E se você quiser ficar falando sobre isso, sugiro que fique falando lá do lado de fora!" -Afrodite gritou, olhando para Carlo, com desprezo.
"Bom...era...era realmente isso que eu queria ouvir. Muito eloqüente, Afrodite. Boa noite pra você também." -Carlo disse, tentando não mostrar fraqueza, mas falhando impiedosamente. Virou as costas e caminhou até à sala, de onde Afrodite ouviu o barulho característico do sofá cedendo.
Sentiu-se absurdamente mal por ter falado todas aquelas coisas. Era verdade que não queria lembrar de tudo o que havia acontecido. Mas não porque não havia significado nada, e sim porque havia significado mais do que ele estava disposto a admitir. Estava apaixonado e com medo e aquilo era motivo o suficiente para que ele não se entregasse por completo, ainda mais à Carlo, que mostrava ter uma mudança de humor e atitudes constantes.
Na sala, Carlo estava deitado no sofá incômodo, coberto com a manta que ele e Afrodite dividiram a pouco tempo. Estava fazendo força para não chorar e achava aquilo patético. Ele nunca havia chorado por uma mulher, a não ser por sua noiva há tempos atrás e agora sentia essa mesma vontade ao ser magoado de uma forma tão brutal por Afrodite. Sim, porque aquelas palavras o magoaram de uma maneira que nunca foi magoado antes. E o que deixava tudo ainda mais trágico era que ainda assim seria capaz de perdoar o outro, só para ter a oportunidade de tocar seus lábios mais uma vez, comprimir aquele corpo pequeno com o seu. Era inevitável. Estava apaixonado.
"O barulho parou...acho que vou lá..."
"Nem se atreva a sair dessa cama, Shaka!" -Mu disse, subindo em cima do namorado, impedindo-o de sair.
"Mas..."
"Afrodite sabe se cuidar. E eu acho que você deve cuidar de mim também...não acha?" -Mu perguntou, forçando os quadris sensualmente na direção do membro de Shaka, que não pôde deixar de sorrir, maliciosamente.
"Você sabe como me convencer, não é, seu espertinho?" -Shaka perguntou, virando o outro rapidamente, ficando por cima dessa vez, perdendo seus dedos nos fios lavanda.
"É, acho que sim..." -Mu respondeu, a respiração já afetada pelo balanço dos quadris de Shaka na direção dos seus. Mordeu os lábios, arrancando um gemido sensual do outro.
"Adoro quando você faz isso, meu diabinho..." -Shaka disse, beijando o pescoço de Mu.
"E o Dite?" -Mu perguntou, provocando-o.
"Quem é Dite?" -Shaka perguntou, já removendo a túnica marfim que o outro usava. Ouviu Mu dar uma risada gostosa e depois um gemido alto. Sabia que as carícias estavam sendo bem correspondidas. Resolveu continuá-las, dessa vez com mais intensidade.
"Acho que vou ligar lá pra casa..."
"Milo, deixa de ser preocupado..." -Kamus disse, deitando na cama finalmente. Desde que chegaram do casamento não haviam se largado. Haviam feito amor na sala e no banheiro e só agora, algumas horas depois, haviam conseguido ir para o quarto.
"Ah, Kamus..." - E Milo fez aquela cara de cachorro que caiu do caminhão da mudança em dia de chuva que Kamus não resistia. Sorriu, batendo levemente na cama para que o outro sentasse ao seu lado enquanto fazia a ligação.
A voz triste de Afrodite o assustou e Milo logo quis voltar pra casa, mas os pedidos de Kamus e Dite o fizeram esquecer aquela idéia. Estava tentando mudar, realmente estava, mas o amigo era uma das poucas pessoas que ele se importava e daria tudo para não ver magoado.
"Fiquei preocupado agora..."
"Eu sei...Mas Dite devia estar pensando em coisas tristes. Eu fiquei assim também quando...deixa pra lá..."
"Não, me fala!" -Milo saiu do aconchego dos braços do namorado para sentar na cama olhando para ele, que travava uma batalha interna.
"...quando você disse que não queria mais nada comigo...no dia em que eu ouvi você dizer isso no seu apartamento."
"Quando você..."
"Um dia, logo depois do ataque...eu fui lá pra tentar te convencer que deveríamos ficar juntos...fiquei arrasado..."
Milo sentiu seus olhos encherem de lágrimas e aproximou-se do outro suavemente. Beijou-lhe os lábios com amor, esperando que suas palavras fossem interpretadas por aquele gesto. Quando separaram-se, Kamus olhou pra ele, sorrindo.
"Eu também te amo muito, mon ange...agora vamos dormir?"
"Tenho uma idéia melhor..." -Milo disse, deslizando um dos dedos pelo peito desnudo do outro.
"Safado..." - E Kamus beijou-o selvagemente.
Mais tarde...
Seu sono estava tão leve que ele conseguiu despertar ao ouvir um soluço triste. Aguçou os ouvidos, ainda com os olhos fechados, e pôde distinguir outro ruído, desta vez mais contido.
"O que está acontecendo?" - Se perguntou em pensamento. Ergueu-se do sofá com leveza, olhando para o relógio digital, que marcava impiedosas quatro horas da manhã.
Com um suspiro, começou a andar em direção ao quarto de Afrodite, na ponta dos pés, com medo de irritá-lo, assustá-lo ou até mesmo acordá-lo, uma vez que os ruídos que ouvira poderiam ter sido parte de um sonho ou fruto de sua imaginação.
Porém, ao aproximar do cômodo, soube que era bem real, pois pôde ouvir outros soluços abafados, assim como algumas lamúrias desconexas. Continuou a caminhar, preocupado com Afrodite. Por que estaria chorando? Sentiu-se extremamente culpado ao imaginar que fora por sua causa. O rapaz era frágil demais, e ele sabia disso.
Parou na porta, surpreso por ela estar entreaberta. Empurrou-a de leve, rezando para que ela não fizesse barulho. Realmente não fez. Agradecendo à Deus, entrou no quarto de Afrodite.
A cena que viu chocou-lhe profundamente. Sentado, encostado na cabeceira da belíssima cama de madeira talhada, com um cobertor até a cintura, chorava desconsolado, as lágrimas escorrendo pelo rosto vermelho, molhando até mesmo os lençóis.
Aproximou-se devagar, com medo da reação do outro. Mas não houve reação alguma. Afrodite apenas continuou a chorar, ignorando sua presença ali.
"Afrodite...?" - Murmurou, sutil, quando estava ao lado dele. Somente nesta hora Afrodite olhou-o, e ele sentiu o coração parar de bater.
"Vá embora..." - Sibilou o outro, a voz chorosa. Carlo tentou não se afetar por isso. Sentou-se ao lado dele, encarando-o. Quando Afrodite abriu a boca para ordenar que ele saísse novamente, Carlo abraçou-o.
Afrodite, chocado, apenas manteve-se na mesma posição. Imóvel. Carlo, notando-o tenso, puxou-o para si com leveza, aconchegando-o em seu peito, enquanto acariciava sua nuca com carinho.
Diante daquilo, Afrodite desabou. Agarrou-se à ele, chorando muito. Carlo, assustado, aninhou-o com mais cumplicidade, apertando-o de leve contra si, enquanto pedia para que ele se acalmasse.
Ficaram daquele jeito por incontáveis minutos. Carlo surpreendendo Afrodite com sua gentileza, e Afrodite surpreendendo Carlo... Simplesmente porque o aceitava.
Ao sentir a respiração do rapaz em seus braços ficar tranqüila, Carlo respirou fundo e resolveu arriscar.
"Afrodite..." - Murmurou, a voz paciente e compreensiva. "...Posso perguntar... Por que você está chorando?"
E Afrodite olhou-o nos olhos. Carlo pôde ver tudo o que NÃO queria enxergar neles. Quando o rapaz de cabelos compridos abriu a boca, fazendo menção de dizer alguma coisa, Carlo colocou um dedo nos lábios dele, trazendo-o novamente para seus braços.
"Esqueça, desculpe..." - Murmurou novamente, sentindo o rapaz suspirar. "Deixemos coisas sem importância para outra hora."
Aquilo foi tão lindo que Afrodite ergueu o rosto, disposto à beijar os lábios que tanto o enlouqueciam. Embora a vontade fosse mútua, Carlo sabia que ele estava fragilizado, e decidiu por não se aproveitar da situação. Afrodite poderia odiá-lo pela manhã.
Afastando o rapaz com delicadeza, o fez deitar-se novamente em sua cama, sob o olhar apreensivo do mesmo. Puxou o cobertor até seu peito e saiu da cama, ajoelhando-se ao lado dela.
"Obrigado." - Murmurou Afrodite, fechando os olhos.
Carlo não respondeu. Ficou-o olhando adormecer aos poucos, até que o sono finalmente o capturou. Ao ter certeza de que ele dormia, aproximou-se, um pouco hesitante, dando-lhe um beijo sutil nos lábios.
Ergueu-se, indo em direção à porta em passos inaudíveis. Seu corpo doía um pouco por ter ficado na mesma posição por tempos. Seus olhos ardiam pelas lágrimas não derramadas. Mas o sorriso que ostentava ofuscava qualquer outra coisa.
"Não há de quê... Dite..." - Murmurou, ao deixar o local.
A manhã pegou os casais ou quase casais de uma mesma maneira. Do lado de fora não chovia, mas o sol também não brindava noites bem ou mal dormidas. Era um dia frio, nublado, chato, mas ainda assim alguns tiveram a coragem de sair da cama quentinha.
Julian despertou primeiro, olhando para um Kanon que ainda dormia com a boca levemente aberta. Ele sorriu e teve vontade de acordá-lo com um beijo, mas deixou aqueles pensamentos de lado quando viu que ele agarrava-se às cobertas. Resolveu descer e fazer café para os dois. "Nada mais romântico", ele pensou, feliz, procurando as peças de roupa que estavam espalhadas pelo chão. Chegou à conclusão de que nenhuma era sua, simplesmente porque Kanon não havia separado nenhuma. Sorriu maliciosamente de novo ao lembrar da noite que passaram juntos.
Encontrou Judith na cozinha, lavando a louça. Ele sorriu, provavelmente a senhora não acreditaria porque ele estava ali àquela hora da manhã. Pensou em falar alguma coisa, mas a voz dela veio primeiro.
"Finalmente o menino Kanon tomou vergonha na cara e pediu desculpas pro menino Julian..."
"Eu...mas..." -Julian tentava encontrar palavras.
Ela virou-se e sorriu, aproximando-se dele. Tocou gentilmente no rosto angelical, balançando a cabeça.
"Não precisa dizer nada. Leve aquela bandeja lá pra cima e cuide do menino Kanon... E se alimente bem também..."
Julian achou melhor não falar nada, apenas retribuiu o sorriso e pegou a bandeja, voltando para o quarto.
Abrindo a porta encontrou um Kanon já acordado, sentado na cama com uma expressão desolada, que só se dissipou quando viu seu sorriso. Sentou-se no pé da cama, colocando a bandeja entre eles. Kanon ainda o olhava fixamente.
"Quê foi?"
"Achei que tudo tivesse sido um sonho." - Ele disse, sinceramente.
Julian sorriu, achou aquilo adorável.
"Fui buscar o café... Judith disse pra nos alimentarmos bem..."
"É...eu quero me alimentar bem..." -Kanon disse, lambendo os lábios sedutoramente, arrancando um suspiro de Julian. "...de você. O que acha?"
"Ótima idéia..." -Julian disse, tentando afastar a bandeja de perto deles, mas Kanon foi mais rápido e jogou tudo no chão. Ele apenas riu com o estrago. "Não vou limpar aquilo tudo depois, não..."
Kanon apenas sorriu, jogando-se por cima do outro, esquecendo tudo que pudesse desviar a atenção de seu objeto de desejo.
Afrodite levantou-se com calma, sentindo uma forte dor de cabeça, fora dor no corpo. Tinha certeza de que estava gripado. Murmurou baixinho, colocando a culpa na chuva que caíra e no remédio que não tomara. "Por motivos óbvios...", ele pensou, lembrando de Carlo logo em seguida. Deu um tapinha na testa, logo arrependendo-se quando sentiu uma pontada forte. Resolveu fazer um café forte e depois trabalhar. Mesmo com a viagem de Diana, o bar funcionaria normalmente, sob a direção de Carlo. E lá estava ele novamente pensando no italiano. Saiu do quarto batendo a porta.
Deparou-se com a mesma cena do dia em que acordara com Carlo: ele estava dormindo espalhado no pouco espaço do sof�, um dos braços pendurados, a camisa azul dobrada, de modo que seus braços ficavam à mostra. Afrodite sorriu...ele parecia tão inofensivo, ninguém iria dizer que era capaz de magoar tanto. "Ai, droga...cala-te boca, Afrodite!", ele censurou-se, resolvendo não prestar atenção no italiano e sim no que havia planejado fazer.
Começou em suas habilidades infinitas na cozinha, tirando tudo o que pretendia utilizar, de seus respectivos lugares: ovos, leite, chocolate em pó, torradeira, pão, manteiga... Só então começou a preparar o café de verdade, sentindo-se muito útil e feliz por não olhar uma vez sequer para o sofá onde Carlo dormia.
Aliás, foi preciso uma panela cair no chão para que Carlo acordasse, assustado, era bem verdade. Afrodite só viu quando a cabeça de Carlo surgiu do sofá. Ele rapidamente culpou-se.
"Desculpe." -a voz dele ecoou da cozinha.
Carlo virou-se imediatamente, sorrindo logo em seguida. O rosto de Afrodite estava corado, e seu nariz arrebitado tinha uma tonalidade mais escura de vermelho, o que o deixava ainda mais adorável. Rapidamente ele lembrou-se da noite anterior quando sentira os lábios do outro depois de tanto tempo.
"Não tem problema...já estava na hora de levantar mesmo..."
"Estou fazendo o café, já já está pronto..." -ele disse, não querendo sentir por muito tempo o olhar do outro sobre si.
De repente o celular de Carlo tocou. Ele procurou-o nas roupas espalhadas pelo chão, achando-o finalmente. Atendeu com um resignado murmuro, mas logo mudou de tom de voz ao reconhecer quem estava do outro lado. Sentou-se novamente, de costas para Afrodite, falando animadamente com a pessoa.
Mesmo não querendo, ficou com ciúmes, como não? Lá estava o homem que amava, derretendo-se, provavelmente com alguma amiguinha vagabunda. Teve vontade de arrancar o telefone das mãos dele e jogar longe, beijando-o logo em seguida, mostrando quem ali era melhor pra ele. Só tirou aqueles pensamentos da cabeça quando ouviu Carlo chamando-o de volta para a realidade.
"Afrodite...ei, Afrodite!" -Carlo chamou, passando a mão na frente do rosto do outro.
"Hã?"
"O café fica pra outro dia...estou com um problema..."
"Como assim?" -ele estava indignado e demonstrava aquilo. Carlo bem que quis sorrir diante da reação do outro, mas achou melhor não.
"Um problema." -ele repetiu. "Te vejo no bar mais tarde. Ah, devolvo as roupas do Milo depois também." -completou, caminhando até à porta, com as roupas da noite anterior nas mãos.
"E seu carro?" -Afrodite detestava parecer tão dependente da presença do outro pela manhã e culpou a gripe por aquilo.
"Eu pego um táxi! Até mais tarde!" -ele disse, já saindo pela porta. Cruzou com Milo no caminho das escadas e este o olhou com cara de poucos amigos. "Nem vem, Milo...pergunte ao Afrodite o que aconteceu...bom dia..." -ele completou, saindo pela porta principal do prédio.
"Afrodite?" -Milo disse, entrando no apartamento.
"Não quero falar sobre isso. Agora não... Por favor..." -ele disse com voz forte, jogando a colher de pau que usava pra mexer os ovos dentro da pia, desligando o fogão.
"Só ia perguntar o que ele tava fazendo com a minha camisa..." -Milo completou, entrando na cozinha e religando o fogão, terminando de fazer o café.
Afrodite não respondeu e voltou pro quarto, pegando no caminho alguns comprimidos para gripe. Deitou-se em sua cama, pensando em como estava sendo fácil deixar-se levar pelo italiano. Bastou um momento e lá estava ele, entregue de novo. Emburrou-se de vez, cobrindo-se com o cobertor.
Do lado de fora, Carlo chamava um táxi, o celular de novo nas mãos. A ligação completou no momento em que ele entrou no carro que fizera sinal.
"E aí, funcionou?"
"Como uma luva...você tinha razão...ele ficou balançado..."
"Ah, Carlo...o que seria você sem mim..."
"Um homem com mais dinheiro?" - Ele disse, sorrindo.
"Babaca."
Carlo riu.
"Agora você já sabe que isso funciona, é só continuar..."
"Não sei não...vai que ele me ignora de vez?"
"Carlo di Angelis inseguro...isso é uma primeira vez..."
"Ah...me poupe..."
"Bom, você é quem sabe...se estiver disposto, estou à sua disposição...como sempre..."
"Eu sei...quanto isso vai me custar?"
"Por enquanto nada. Eu disse por enquanto."
"T�, tá...sei...contanto que não atinja a mim ou a qualquer dos meus amigos..."
"Me poupe, Carlo..."
Ele riu, dizendo que ia desligar.
"Obrigado mais uma vez."
"Disponha."
"Até mais, Sheyla..."
E Carlo desligou o telefone. Ainda achava aquela idéia de fazer ciúmes em Afrodite por demais arriscada, já havia sido testemunha daquilo ir por água abaixo com várias pessoas, mas como estava naquele chove não molha irritante com o outro, não custava nada tentar. Sorriu ao lembrar as feições indignadas de Afrodite quando ele disse que não poderia tomar café com ele.
"É...isso vai ser interessante...", ele pensou, sorrindo mais abertamente.
Continua...
