Notas das autoras:
Ju:
Salut, pessoas.
Antes de tudo, tenho de agradecer muitíssimo à todos aqueles que nos vêm acompanhando, capítulo após capítulo.
Obrigada à todos aqueles que reservam alguns minutos de seu tempo para lerem aquilo que escrevemos, obrigada àqueles que nos incentivam, que nos criticam e dão sugestões, obrigada aos amigos maravilhosos que estão e sempre estiveram lá.
Obrigada à nossa querida beta, Lili, sem a qual simplesmente não existiriam as Goddesses.
Obrigada, também, à minha querida Celly e à minha querida Calíope, as duas outras Goddesses, que eu amo de paixão. Obrigada, meninas!
Enfim, agradeço à todos por tudo!
Agora, antes de me despedir, só alguns recados finais. XD
Como já é de praxe, esse capítulo tem uma dose razoável de Afrodite e Carlo, alguns diálogos e aparições ligeiramente irritantes (vocês vão entender no decorrer do capítulo XD) e um certo drama, até bem suave.
Well, é isso, mesmo.
Boa leitura e até a semana que vem!
Celly:
Apesar dos problemas técnicos do final de semana, aqui está mais um capítulo da fic, como não poderia deixar de ser. Os agradecimentos vão a todos que estão lendo, mesmo os que ficam escondidinhos sem comentar. Um beijo especial à Ada, Ilia-chan, Carola Weasley, Sinistra Negra, Faye, Camis, minha beta #1 Lili e minha beta #2 Caliope. Vocês duas sabem que esse capítulo não seria o mesmo sem a ajuda de vocês. E respondendo algumas coisas:
Ada, pra colocar travessão na fic, a Lili coloca o traço normal e dá 'enter' no final da frase. Assim, quando você o fizer, a formatação com o travessão vai ser automática.
Sinistra Negra, sim, vamos ver se aparece um 'limão' Mushakista, como você mesma pediu. Os meigos merecem mesmo!
Antes que eu me esqueça...uma pessoa muito fofa que fica quietinha na dela, mas que lê Inferno desde o início, merece um beijão de agradecimento também: Susu-chan, você é demais!
Bom, acho que é isso...boa leitura e até domingo, se não houverem contratempos!
CAPÍTULO 30
Depois que deixou Afrodite em sua casa, Carlo estava tão transtornado com o que havia acontecido, que decidiu partir para um lugar onde pudesse se acalmar. E pensar, apesar de essa não ser uma boa idéia.
– É tudo tão trágico, Dite... – Murmurou Carlo, para si mesmo, enquanto tomava um copo de cerveja em um barzinho. Suspirou longamente, tentando não lembrar-se de cada mínimo detalhe do rosto do sueco, que cismava em pairar em sua memória.
Nem percebeu que alguém havia se aproximado.
– Ol�? Posso me sentar aqui?
Uma linda voz feminina soou atrás de si. Olhou para a origem dela, surpreendendo-se ao ver um belo par de olhos castanho-claros, e cabelos castanhos escuros. Ela sorriu.
– Claro. – Disse, sem pestanejar. A moça era muitíssimo bonita.
– Prazer, sou Claire. – Ela sorriu-lhe, oferecendo-lhe a mão. Ele apertou-a, respeitosamente.
– Sou Carlo, prazer em conhecê-la. – Disse. Afrodite queria ser SÓ seu amigo, certo? Então, por que não?
– Notei que você parece meio triste... Posso ajudar com alguma coisa? – Ela perguntou, arriscando. O tal homem era lindo, e se algo saísse errado, pelo menos nunca o veria novamente. Conversas em bar nunca resultavam em nada muito sério.
Ele olhou-a. Mulher bem simpática, aquela. E não parecia como as outras que ele costumava se relacionar.
– Amor não correspondido. – Disse ele, com um suspiro. E sentiu-se estúpido no instante seguinte. O que aquela mulher iria pensar, ouvindo-o falar de 'amor não correspondido'?
– Nossa, que horrível... Eu sei como é isso... – Ela falou, parecendo pensar no que dizer. – Mas, não se preocupe, você vai encontrar alguém...
– Obrigado pela gentileza... Mas eu não sei se posso.
– Você a ama tanto assim?
– Mais do que posso explicar. – E deu um suspiro. – Mas eu quero um novo amor.
– Quer? – Ela sorriu-lhe, então, e ele notou que o rosto dela se iluminou. – Eu também estou procurando alguém...
E ele entendeu a indireta. Sem pensar, envolveu a cintura da moça, deixando o Carlo que prometera não deixar mais aparecer, surgir.
– Então, podemos nos conhecer, Claire?
AMANHECE...
Kanon acordou, reconhecendo o corpo sobre si. Sorriu, ainda de olhos fechados, acariciando a nuca dele. Abriu os olhos, e a cena que presenciou fez seu coração doer.
Lágrimas nos olhos de seu querido. E lágrimas bem recentes. Com um suspiro triste, puxou-o para cima, ouvindo-o soluçar. Abraçou-o, colocando a cabeça dele em seu ombro. Julian desabou, agarrando o corpo adorado e chorando.
Por que chorava daquele jeito? Por que estava daquele jeito?
– Ju...
– K...
–Me diz a verdade... Quanto tempo você vai ficar l�?
Julian pareceu parar de respirar. No instante seguinte, tomou coragem. Olhou nos olhos do rapaz compreensivo e envolveu-o levemente.
– Não há previsão, Kanon... Isso quer dizer que eu posso sumir por... anos...
Kanon arregalou os olhos. Agora entendia o desespero do rapaz. Sentiu outro aperto no peito e puxou-o para si com mais força.
– Vai dar tudo certo. – Murmurou, sentindo os olhos arderem.
Julian olhou para o relógio.
– Seis horas... Meu vôo sai às dez... – Olhou-o, com os olhos marejados. – Kanon... Uma despedida... Por favor...
Kanon apenas obedeceu-lhe, colando os lábios nos dele e levando as mãos até o pijama do rapaz. Aquele seria o último contato íntimo deles em sabe-se lá quanto tempo.
– Te amo, K... Muito... – Murmurou Julian, quando o outro livrou-se de ambas as blusas e ficou sobre ele.
– Eu também, Ju, eu também... – E aproximou os lábios dos dele, em um beijo doce.
Esquentava a água na chaleira, morrendo de sono. Mas sabia que não iria conseguir dormir, nem se tentasse. O que Milo havia lhe dito continuava rodando sua cabeça. Seria mesmo? Teria Carlo a coragem de arranjar outra pessoa?
"Por que não? Você o rejeitou, Afrodite..." – E deu um pequeno gritinho em seguida, queimando a palma da mão com a água quente. Lançou-a na pia, assoprando a palma dolorida. – MERDA!
Foi até a geladeira. Abriu o freezer e colocou a mão lá dentro, sentindo arder.
– Era só o que me faltava mesmo...
– Acordado, já cedo?
Olhou para um Milo sonolento, com os cabelos desarrumados e um pijaminha azul com foguetes.
– Pois é, não consegui dormir. E esse pijama fica uma graça em você.
– Haha, muito engraçado. – Falou, fazendo bico. – Não dormiu por causa daquilo?
– Daquilo o quê? – Fingiu-se de desentendido. Não iria começar uma briga com Milo logo pela manhã.
– É, foi por isso mesmo. – E Milo virou-se para sair.
Afrodite retirou a mão do freezer, com um suspiro. Foi até a caixinha de medicamentos e enrolou ataduras nela.
– Vou falar com ele hoje... – Murmurou, decidido. O fato de não querer vê-lo com outra pessoa realmente o estava preocupando. Ironicamente, acrescentou para si mesmo que não duraria nem mais um dia se continuasse daquele jeito.
Mas o 'hoje' de Afrodite parecia não chegar nunca. Naquele mesma noite, ele procurou Carlo pelo bar, não encontrando-o. Nas semanas que se seguiram, era sempre a mesma coisa. O italiano mal parava no bar, apenas resolvendo assuntos burocráticos, geralmente com Kamus. As saídas dele e Afrodite entraram em um período de escassez e o sueco questionou-se se aquilo não se tratava do resultado do beijo que trocaram. "Nâo, não pode ser... ficou tudo bem resolvido...", ele pensou, arrumando-se mais uma vez para o trabalho.
Jogara a idéia de falar com Carlo para escanteio. Aquele tempo de três semanas serviu-lhe como uma luva para chegar a conclusão de que a amizade entre eles dois era mesmo a melhor coisa que poderia acontecer. Apesar de uma voz fininha encorajar-lhe sempre que deixava a mente vagar para a primeira noite que passara na casa do italiano.
– Bom dia! – Milo cumprimentou todos, com um humor excelente. Kamus olhou-o com a sobrancelha erguida e ele começou a rir.
– Nem vou perguntar nada... – Falou Aldebaran, antes de pigarrear. Milo mostrou-lhe a língua. – E você, Dite?
– Cadê o Carlo?
Os risos foram inevitáveis. Já esperavam aquela pergunta, vinda de Afrodite. Era rotineira, a mesma que ele fazia, assim que colocava os pés no bar. Apesar de sempre questiona-lo do por quê, o sueco nunca revelava nada, o que sempre gerava burburinhos e risadinhas.
– Ora, seus... – Ele ia começar a falar, quando a porta do bar abriu.
Carlo apareceu na porta, com um imenso sorriso brilhante. Afrodite abriu um grande sorriso, aproximando-se dele. "Pode ser hoje...", ele ouviu a vozinha impertinente de novo, tentando-lhe.
– Bom dia. – Falou o rapaz de cabelos longos. – Como vai?
– Vou muitíssimo bem, não poderia estar melhor! - Abraçou Afrodite rapidamente, dando-lhe um beijinho na bochecha. Estranhou aquilo, mas não disse nada. O que aconteceu no instante seguinte o fez quase morrer do coração. – Quero apresentar uma pessoa a vocês, gente.
Todos olharam para ele, imaginando quem poderia ser. Carlo estava muito misterioso naqueles últimos dias, e parecia que finalmente tudo estava para ser revelado. Talvez algum parente ou amigo havia chegado de viagem, nunca poderiam saber se ele não lhes contasse. Se surpreenderam quando uma belíssima moça entrou no local, com uma roupa bem comportada.
– Olá. – Ela falou, tímida.
– Oi, moça! - Afrodite sorriu-lhe, estendendo sua mão à ela. Sentiu um calafrio, mas resolveu não importar-se – Sou Afrodite, muito prazer em conhecê-la.
O visual de Afrodite pegou-a de surpresa, como pegava a maioria das pessoas, mas ela disfarçou perfeitamente. Não queria parecer antiquada perante os amigos de Carlo.
– O prazer é todo meu, Afrodite. Me chamo Claire. – Ela completou, polidamente.
– Agora, posso dizer-lhes o motivo da minha ausência por essas semanas. – E puxou-a para perto. – Quero lhes apresentar minha namorada.
Afrodite arregalou os olhos, sentindo o mundo ficar em silêncio a sua volta. Milo engasgou, mas imediatamente fingiu começar a tossir. Kamus, percebendo, entrou no joguinho do namorado. Carlo começou a rir diante da reação de cada um deles, era uma risada leve, sincera, de quem realmente estava feliz.
– O Carlo fala muito em vocês, estava ansiosa para conhecê-los... – Ela disse, ainda tímida.
– O prazer é nosso... Claire, não é mesmo? Eu sou Milo e esse é meu namorado Kamus. – Milo falou, animadamente, enquanto Afrodite o olhava com cara de poucos amigos.
– Você é francesa? – Kamus perguntou, contornando o balcão para conversar com a moça. Como sempre, ele era um poço de educação.
– Minha mãe é francesa, meu pai é grego. – Ela disse, sentando-se em uma das cadeiras que foram arrumadas por Kamus no mesmo instante.
Afrodite olhava aquela cena, incrédulo. Era como se estivesse fazendo parte de um filme B de muito mau gosto. Nada se encaixava, especialmente a mulher que acabara de adentrar o bar. A reação de todos era estranha, eles pareciam dopados, todos acolhiam muito bem a estranha. E Carlo... Carlo estava sorridente, realmente feliz. Aquilo não estava certo. Aliás, estava errado demais!
– Um doce pelos seus pensamentos... – Carlo murmurou aos ouvidos de Afrodite, assustando-o.
– Credo, Carlo! Você sabe que eu odeio isso! – Afrodite disse, em tom alto, assustando a todos.
– Calminha Dite... o que aconteceu? – O italiano estava estranhando aquela reação.
– Nada, Carlo... nada... – Ele disse, indo na direção do camarim. "E ele ainda tem a coragem de perguntar...", Afrodite pensou, já alcançando o corredor nos fundos do bar.
Carlo achou aquilo estranho. Afrodite estava muito bem, havia sido cordial com Claire e de repente mudara de comportamento. Pensou que pudesse ser por esse exato motivo, mas logo tirou aquilo da cabeça. Afrodite não teria ciúmes dela, especialmente porque deixara claro que eles eram somente amigos. Olhou mais uma vez para a namorada, ela era realmente especial, lembrava Diana às vezes e talvez tenha sido aquilo que o atraiu. Aproximou-se do grupinho que conversava animadamente.
– Meu amor... aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou, segurando uma de suas mãos.
– Vou lá dentro falar com o Dite. Não acredite nas mentiras que o Milo contar sobre mim não, t�? – Ele disse, beijando-a de leve, sob olhares atentos de Milo, Kamus e Aldebaran.
– Sem problemas, querido... Vamos almoçar mais tarde?
– Claro... Faz as reservas?
– Já fiz! – Ela respondeu, com um sorriso. Ele apenas retribuiu, caminhando na direção do camarim.
Encontrou a porta aberta e Afrodite olhando-se no espelho, penteando os cabelos, uma expressão triste nos olhos. Precisava saber o motivo daquilo tudo, se ele era o culpado, não iria perdoar-se. Fazer Afrodite infeliz por sua conta, era o que ele menos queria.
– E aí, amigo? Vai me contar o que aconteceu não?
– Não aconteceu nada, Carlo... só não estou num bom dia. Por falar nisso, linda a sua namorada... – Ele disse, tentando não deixar transparecer ironia ou algo que pudesse mostrar seus reais sentimentos.
O sorriso de Carlo o desestabilizou. Ele estava feliz e aquele era o final pra qualquer coisa que pudesse acontecer entre eles. Milo tinha razão, doía muito vê-lo daquele jeito, especialmente porque a pessoa que o estava fazendo feliz não era ele.
– Ela é demais, Dite... realmente... – Carlo começou. "Não tanto quanto você, mas eu estou tentando...", ele pensou logo em seguida. – ...fico feliz por você tê-la aceitado bem. – Ele pegou uma das mãos de –Afrodite. Notou a pequena mancha da queimadura feita dias atrás, que ainda terminava de cicatrizar. Carlo sabia que Afrodite não tinha nenhuma cicatriz... Bom, pelo menos não tinha... – Deus, o que foi isso?
– Nada demais... – Ele respondeu, puxando a mão, não querendo manter aquele contato por muito tempo; era por demais penoso. – É, eu estou feliz por você, sim. Ela parece ser muito simpática.
– É mesmo... mas bem... me conta como você conseguiu isso aí... – E Carlo mudou de assunto. Dividir o que havia acontecido entre ele e Claire com Afrodite não lhe pareceu uma boa opção.
Afrodite suspirou, virando os olhos, descontente. Não havia como dizer 'não' a Carlo, mesmo ele já tendo feito aquilo por inúmeras vezes. Começou a narrar, então, aquela banalidade, omitindo alguns detalhes, é claro.
– Então você é advogada internacional? Que coisa, Claire... muito diferente das mulheres que o Carlo costumava se relacionar... – Milo começou, mas Kamus deu um tapa nele. Claire apenas riu da espontaneidade dos amigos do namorado.
– Não se preocupe Kamus. Eu sei que o Carlo passou por um período confuso na vida dele. Eu não me importo. Agora se vocês me dão licença, eu preciso fazer algumas ligações para o escritório... – Ela disse, muito educada, levantando-se e indo para a frente do bar. Assim que a porta fechou, eles começaram a conversar.
– Ela é uma gata, gente! Carlo finalmente acertou com alguma mulher! – Aldebaran falou, também levantando-se, para checar alguma coisa da segurança.
– Pois é, Deba... – Milo resmungou, com a cara preocupada. Kamus percebeu e chegou a cadeira para mais perto do namorado.
– Eu sei no que você está pensando, meu amor...
– Kamus... vamos ter problemas. Se ela fosse uma vagabunda seria mais fácil dela sumir, mas ela é legal. Não, corrijo, ela é linda, inteligente, simpática. E o pior... o Carlo gosta dela.
– Eu sei, Milo. E nós não podemos fazer nada.
– Não podemos mesmo. E o Carlo nem está magoando o Afrodite, quer dizer, ele est�, mas não de propósito. Ele está apenas vivendo a vida dele. Dessa vez, Dite é o culpado. Ele que quis viver nessa mentira de ser amiguinho do Carlo... – O grego disse, revoltado com aquela situação.
– Não se preocupe, meu amor. Espero que tudo se resolva... -Kamus consolou-o, abraçando o namorado com firmeza. Nesse exato momento, Carlo surgiu no salão de novo.
– Ah, que lindo o casal... E a Claire? – Ele perguntou, animado.
– Lá fora... e Carlo... – Milo disse.
– Sim? – Ele perguntou, já alcançando a saída.
– E o Dite?
– Ah, tá lá dentro arrumando roupas pro show. – Ele disse, sem muita animação.
– Mas você sabe por que ele ficou daquele jeito?
– Humm, ele está num dia ruim, acontece... deixa eu ir, gente... nos falamos à noite!
Kamus olhou para Milo, os dois pensando a mesma coisa. Afrodite teria problemas para competir com aquela mulher, especialmente porque Carlo parecia enfeitiçado por ela.
– Vou falar com ele, Kamus...
– Não... Não jogue nada na cara dele, meu amor. Acho que isso é o que ele menos precisa nesse momento.
– Pode deixar. Te amo, Kamus...
Kamus apenas sorriu, jogando um beijo pro namorado.
– Como você est�, Dite? – Milo perguntou, meio que sabendo a resposta àquela pergunta tão óbvia. Mas não esperava a reação do amigo.
– Eu quero morrer, Milo... Eu... eu quero desistir disso tudo... – Ele disse, finalmente caindo nos braços do outro e chorando.
– Calma, Dite, calma... – Murmurou o rapaz, acariciando os cabelos do amigo, que chorava compulsivamente, agarrado à blusa de Milo. – Você sabe que...
– EU NÃO SEI DE NADA! – Berrou, não importando-se se alguém poderia ouvir seu desabafo. Estava verdadeiramente cansado de tentar e nada dar certo. O romance não dera certo, a amizade também não. - Eu não quero saber de nada... Eu só quero morrer, Milo, só quero morrer...
– Dite... – Milo disse, achando aquelas frases um tanto dramáticas demais, mas verdadeiras. Sentiria a mesma coisa caso Kamus o deixasse por outro. Ou outra. Arrastou-o como uma bonequinha de pano para um sofá no canto do camarim. Colocou a cabeça dele em suas pernas, nunca deixando de acariciar os cabelos azuis claros. - Você sabia que isso poderia acontecer...
– MAS EU NÃO QUERIA ACEITAR! – Berrou, irado, apertando as mãos em punhos. Queria machucar-se, quem sabe assim tudo não ficaria melhor? Teria conseguido se não fosse a intervenção do amigo.
Milo tomou o rapaz nos braços novamente, murmurando palavras de consolo em seu ouvido.
– Dite... – E o rapaz falou um 'hum'. Não muito encorajado, Milo continuou. – Eu não queria ter de dizer isso... Mas, se tiver de ser, será. Claro que você pode dar um empurrãozinho...
– Que quer dizer com isso? – Perguntou Afrodite, erguendo os olhos para encará-lo. Parecia haver um resquício de esperança no fundo daqueles olhos azuis e Milo pareceu ficar um pouco constrangido com a idéia que estava para dar.
– Quero dizer... Hum... Faça o mesmo. – Ele disse, por fim.
– COMO É QUE É! – Berrou o moço, indignado. De onde Milo vinha com aquelas idéias? Será que estava querendo ver-lhe sofrer novamente?
– Provoque! Mas não faça SÓ isso. Procure alguém que realmente lhe interesse, que queira um relacionamento mesmo. Além de poder fazer ciúmes, você pode acabar mesmo gostando da pessoa e...
– Isso é ridículo. – Afrodite respondeu. Não queria ninguém. Correção: não queria ninguém que não fosse Carlo.
– É mesmo? Bom, é só uma sugestão... – O grego completou, levantando-se do sofá e saindo do camarim. Da porta, ele percebeu o olhar pensativo de Afrodite.
De repente...
– O que seu amigo tinha? – Perguntou Claire, depois de cumprimentar Carlo com um beijo, assim que ele se aproximou.
– Dia ruim... Sabe como é... Ele anda meio estressado com a vida e tudo o mais. – Falou, antes de suspirar.
– Carlo...
– Sim, amor?
– Se eu te disser uma coisa, promete que não vai ficar chateado?
– Claro, linda, por que eu ficaria?
– Eu... acho... Bom...algo me diz que seu amigo não está com nenhum problema. Exceto um, é claro.
– Qual?
– Um certo italiano que arranjou uma namorada.
– Claire, como pode dizer algo assim! Você sabe que eu só quero você. – Ele disse, chocado com aquela possibilidade. Se Claire havia percebido aquilo... não, não podia ser.
– Sim, eu sei de você. Mas não sei dele.
– Afrodite me deixou claro que somos apenas amigos.
Claire ficou pensativa com aquela frase de Carlo. Ainda existia uma nuvem de mistérios rodeando-o. E era extremamente sensual, mas também aguçava sua curiosidade. Havia decidido não deixar nenhum furo como aquele passar despercebido.
– E por que ele disse isso, se vocês não têm nada?
Carlo parou por um momento. Diabos, aquela mulher realmente era esperta. Teria de tomar cuidado, senão, acabaria por mostrar-lhe certas verdades que ele ocultava a todo custo.
– Porque... inventaram que ele gostava de mim, e que eu gostava dele, sabe? Aí, disseram que nós dois estávamos tendo um caso... Mas é uma mentira desgraçada. Dite e eu ficamos brigados por tempos, até que ele resolveu me esclarecer tudo.
– Ah... Entendo... – Ela disse, parecendo encabulada. – Desculpe, Carlo... É apenas... Uma... Ah, esquece.
– Eu entendo. Também ficaria assim caso pensasse que alguém tentaria tirá-la de mim. – E sorriu falsamente, sentindo os lábios delicados da bela sobre os seus. Estavam muitíssimo longe de terem o gosto bom de Afrodite. Balançou a cabeça de leve, tentando afastar aquele tipo de pensamento. Agora que namorava uma moça decente, não poderia desejar ninguém mais além dela.
Como se ele pudesse fazê-lo...
Mais tarde, no mesmo dia, ainda...
– O que houve, Dite? – Perguntou June, ao vê-lo se maquiar mais do que o normal, e colocar roupas ainda mais provocantes.
– Cansei. – Falou ele, apenas, penteando os cabelos, deixando-os caírem de leve pelo rosto, com cachinhos suaves nos ombros. Olhou-se por completo: a deliciosa cintura agora estava modelada pela calça justérrima, e o tórax era marcado pela blusa colada. Suspirou.
– Cansou? Cansou de que? – Perguntou a loira, sem entender.
– Cansei de ficar sozinho, de ser um idiota. Cansei de bancar o santo, o bom moço, aquele que todos podem pegar e abraçar na maior inocência. Agora, eles vão conhecer o verdadeiro Afrodite Thorsson! – Disse, irado, antes de sair batendo a porta com um estrondo.
– Cruzes, que bicho mordeu ele? – Perguntou Shina, a sobrancelha erguida, enquanto vestia a eterna saia de pele de onça.
– Milo me disse que Carlo apareceu com uma namorada aqui... Hoje. – Falou Marin, antes de soltar um longo suspiro.
– Filho de uma rapariga! Ele vai se ver comigo! – Rosnou Shina, estalando os dedos. – Eu vou desmembrar a vadia e...
– Shina, sossega o rabo. – Falou June, séria. – Deixe-os. Eles que tomem vergonha na cara e arrumem logo essa situação idiota.
– Mas...
– Quem somos nós, amigas? – Suspirou June, antes de se virar e ir embora.
– Merda, pior que ela tem razão... – Concordou Shina. Marin se aproximou.
– Bem... Deixa rolar. – Falou a ruiva, dando os ombros. – Vamos?
– É... Vamos...
– Ah, droga.
– O que foi, Kamus? – Perguntou Milo, olhando para o namorado, que parecia desgostoso.
– A perfeitinha chegou. – Ele disse, sem muita animação.
Milo olhou-a. Carlo e ela estavam de mãos dadas. Pensou em arremessar a bandeja nela para arrancar fora sua cabeça, mas, definitivamente, era uma idéia estúpida. Claire vestia roupas justas, mas comportadas, parecia o modelo de filha e esposa perfeita. E aquilo irritou-o.
– O pior é que a vaca é boa demais pra ser verdade. – Falou, entre os dentes. – Ah, se esse desgraçado trocar o Dite por isso...
– Vamos ajudar o Dite a retomar a vida. – Kamus interrompeu-o, sabendo que quando o namorado começava com aqueles rompantes, ninguém conseguia para-lo. Aproveitou para colocar bebidas na bandeja do outro. – Porque não podemos fazer nada além disso.
Milo suspirou longamente, mais uma vez tendo que concordar com Kamus. Era irritante aquilo, mas, ao mesmo tempo, ele adorava dar razão ao francês.
– Ok, ok... Te vejo depois, amour. – E saiu, fazendo o francês sorrir pelo apelido cada vez mais usado.
O show havia sido perfeito, como sempre. Afrodite, se estava chateado, não havia demonstrado. Destacou-se como sempre, ainda mais pelas roupas escuras e sensuais. Fez o show com um olho em Carlo e outro na platéia. Percebeu, com pesar, que ele estava mais interessado na namorada perfeita do que no show, algo que nunca acontecia.
Desceu do palco com a ajuda de Kamus e logo resolveu ajudar o francês a servir os drinques, mesmo sob os protestos dele. Até que gostava de ficar atrás do bar, não era tão assediado e podia fazer drinques, que era um desafio pra ele.
– Por favor...por favor... – Uma voz suave e educada chamou do outro lado do bar. Afrodite foi até lá rapidamente.
– Vai beber o quê? – Ele perguntou, um pouco seco. Manter o contato o mais profissional o possível com os clientes, era isso o que Diana sempre lhes dizia. Sabia que os dançarinos eram sempre mais bem vistos e requisitados do que os bartenders.
– É... – O rapaz parecia desconcertado por um momento e Afrodite riu. Era o ruivo que sempre aparecia no bar. Já o havia notado às vezes, um tanto tímido. Não sabia o que alguém como ele fazia ali. Ele bebia durante algum tempo e depois ia embora, nunca acompanhado.
– Quando se decidir, me avisa, t�? – Afrodite ia virando as costas, quando sentiu ser seguro por uma mão delicada.
– Eu quero um Casablanca...
Afrodite sorriu. Pelo menos ele sabia beber bem.
– Coquetel de champanhe? Não vemos muito desses pedidos por aqui... muito bom gosto... – ele disse, preparando o drinque rapidamente. Podia jurar que vira o rapaz ficar tão vermelho quanto os seus cabelos. – Aqui est�, prontinho.
– Eu... eu posso te dizer uma coisa? Mas não queria que você me levasse a mal...
Afrodite gelou. Quando alguém falava daquele jeito geralmente era pra falar alguma coisa ruim. Não conseguia acreditar que aquele rapaz tão simpático iria lhe dizer alguma coisa do tipo. Balançou a cabeça, já se preparando para dar um fora nele.
– Eu... realmente acho você lindo. Eu sei que você deve ouvir isso de muitas pessoas, mas gostaria que você soubesse. – Ele disse, pegando o coquetel e saindo do bar, caminhando até a mesa que sempre ocupava.
Afrodite deu um sorriso. Sim, ele sempre ouvia aquilo das pessoas, mas dificilmente ouvia daquele jeito, tão sincero e gentil, um pouco amedrontado até, ele podia dizer. Imediatamente ouviu a voz de Milo dizendo que ele deveria se relacionar com outras pessoas e quem sabe gostar de uma delas. Deu a volta no balcão, quase derrubando Kamus, que murmurou algo em francês, provavelmente nada agradável.
– Ei! Peraí! – Afrodite disse, segurando o rapaz pelo braço. – Não pode me elogiar e simplesmente sair assim. Qual o seu nome?
– Mime... eu... desculpe... não sabia se você iria aceitar numa boa...
– Imagina... elogios de pessoas simpáticas são sempre bem vindos! Está acompanhado?
O rapaz corou violentamente e Afrodite achou aquilo uma graça.
– Não. Ia me sentar lá naquela mesinha. – Ele apontou ligeiramente. – Você... você gostaria de me fazer companhia?
– Adoraria, Mime... – E os dois caminharam até a mesinha. De longe, algumas pessoas os observavam.
Carlo sentiu algo diferente no ar quando viu apenas um borrão azul claro passar correndo na sua frente. Sabia que era Afrodite, ninguém tinha aquele tom de azul nos cabelos. Surpreendeu-se ao vê-lo conversando com um rapaz de cabelos cor de cenoura. Por um segundo pareceu não se importar, mas quando viu os dois caminhando na direção de uma mesa reservada, não ignorou o aperto no coração.
– Tudo bem, Carlo? – Claire perguntou, tocando de leve no braço do namorado.
– Sim... é só que... ah, deixa pra lá... – Era melhor não andar por aqueles lados. Ela podia desconfiar.
– Fale, eu quero ouvir. – Ela encorajou-o.
– Dite. Não gosto de vê-lo com pessoas estranhas. – Carlo disse por fim, um pouquinho mais aliviado.
Claire olhou para a mesa onde Afrodite e um rapaz conversavam animadamente. Ela achou aquilo estranho, por que o namorado estava tão preocupado com o amigo? Bom, talvez fosse da personalidade dele mesmo, preocupar-se com quem gostava. Mas ele parecia estranhamente preocupado... será que ele... Não, era melhor não pensar naquilo...
– Meu amor, se ele não conhecer pessoas estranhas, elas nunca se tornarão conhecidas. Como ele vai encontrar alguém, então?
Carlo ficou olhando para a mulher diante dele. Ela era perfeita, a mulher que ninguém poderia jogar em sua cara que era errada. Mas tinha algo de errado com ela, ela não era ele, não era Afrodite. Por mais que quisesse, não poderia negar que gostava do outro muito mais do que deveria.
Olhou de relance para a mesa novamente. Afrodite brincava com os cabelos do ruivo, que parecia estar surpreso, feliz e envergonhado. Decidiu não olhar para aquilo novamente, era tortura demais. Ainda mais porque Afrodite só o queria como amigo e era assim que eles deveriam ficar, apenas bons amigos. Tomou as mãos de Claire com carinho, beijando-as.
– Você tem razão, vamos dar uma chance ao rapaz... – Ele olhou-a, sorrindo. – Vamos pra casa?
– Ah... Eu vou na frente. Preciso passar no meu apartamento e pegar alguns documentos para levar ao escritório amanhã. Posso te encontrar l�?
– Claro que sim. Eu te espero. Vou te levar até à porta.
Saíram do bar e ficaram namorando enquanto o táxi não vinha. Assim que Claire entrou no carro e Carlo preparava-se para voltar ao bar, deu de cara com Afrodite e o ruivo que o acompanhava na mesa. Rapidamente ele ficou sério.
– Saindo mais cedo? – Ele perguntou, rude, uma caricatura do Carlo que ninguém apreciava.
– Não, né, chefinho? Cinco minutos antes do turno acabar não é muito cedo... Me libera aí, vai? – Afrodite brincou, mas percebia que Carlo estava estranho. Talvez ele tivesse brigado com a perfeitinha. Aquilo deixou-o estranhamente feliz e ele sentiu-se um tolo.
– Tudo bem... mas só hoje. Não apresenta o amigo? – Ele disse, só então olhando para Mime. Afrodite gelou, mas manteve a pose.
– Claro. Este é o Mime. Mime, esse é o chefinho, quer dizer, o Carlo. Ele é o dono do bar.
– Prazer. – Mime disse, educadamente estendendo a mão para Carlo apertar. O outro o fez, um tanto quanto contrariado.
– Bom, estamos de saída. Nos falamos amanhã ou depois, Carlo... boa noite! Ah, mande um beijo pra Claire! – Afrodite disse, querendo mostrar que não dava a mínima se Carlo estava com a outra ou não, mesmo que sentisse exatamente o oposto.
– Tudo bem! – Ele disse sorrindo, mas ao ver o carro de Mime se afastando, com Afrodite animado no banco do carona, ele fechou a expressão, voltando para o bar, batendo a porta com violência. "Que bela noite que eu vou ter...", ele resmungou baixinho.
Continua...
