Notas das autoras:

Decidi que vou parar de prometer capítulos sempre aos domingos, embora esse tenha vindo no citado dia. Bem, gostaríamos de agradecer a todos pela paciência, pelos comentários, pelos puxões de orelha, por nos aturarem até agora.

Infelizmente não estamos postando dois capítulos hoje porque a fic já está no final e eu (Celly) tenho algumas modificações a fazer nos capítulos seguintes. Porém, esse aqui é bem grandão e temos a (quase) certeza de que vocês irão adorar!

Ada, Camis, Litha, Faye, Arsinoe, Carola, Mudoh, Cardosinha, Pipe, Gizinha e Chibiusa, obrigada pelos comentários via msn, via LJ e claro, pelas reviews aqui do site mesmo! Vocês são demais e não nos cansamos de falar isso!


E daí que eu vou ficar sem casa, Carlo...não posso pagar o aluguel sozinho. Se tudo continuar assim...eu vou ter que voltar pra casa...

E Carlo ficou mudo diante daquela afirmativa.

39.Uma Casa Nova Para Afrodite

— Ir pra casa...? Aonde? –o italiano perguntou, depois de ter ficado por alguns segundos atônito, não esperando aquilo de Afrodite.

— Na Suécia, Carlo! Na Suécia! -Afrodite suspirou, deixando o corpo escorregar para o chão.

Sentou-se, tristonho, sem vontade de falar mais nada. O outro acompanhou o movimento, dividindo, estranhamente, o mesmo sentimento.

— Mas eu não quero que você vá... –ele comentou, parecendo um menino emburrado.

— Eu também não quero ir. - Disse Afrodite, em um muxoxo triste. - Eu quero ficar aqui, com as pessoas que eu gosto... Mas é bem difícil, você sabe que...

— É tão caro assim?

— É, bastante. Sabe como é, água, luz, telefone, comida, gás... Muitas coisas para uma pessoa só. -suspirou. Carlo ergueu a mão para tocar o rosto bonito. E que ficava ainda mais interessante quando preocupado.

— Eu posso te ajudar. –ele ofereceu.

— Não, obrigado. É muito legal, mas não dá. Eu não conseguiria pagar depois. E eu não gosto de dever nada...

— Não era isso que eu queria dizer.

— Eu sei que você tem boas intenções e tudo o mais, Carlo. Te agradeço imensamente por isso, mas não dá. Eu não sei se eu...

— Dite, você ainda não entendeu.

— O que eu deveria entender? –o sueco perguntou, levantando as sobrancelhas.

— Vem morar comigo.

Afrodite emudeceu. Esperava que aquilo fosse alguma brincadeira, mas pela expressão no rosto de Carlo, ele estava falando a sério mesmo.

— Como? -a palavra foi soletrada e esticada ao máximo. O outro sorriu, aquilo logo se transformando em uma risada engraçada.

— Você precisa de um lugar pra morar. Somos amigos. E você é meu enfermeiro particular, lembra? -acrescentou a última frase em tom de comédia, sabendo que essa seria, provavelmente, a desculpa mais palpável para a permanência do rapaz ali. Embora ele soubesse bem que não era só isso.

— Mas... mas...

— Vem morar comigo, Dite... Por favor. –ele pediu, odiando por um segundo parecer tão entregue.

Afrodite sorriu. Carlo sabia realmente como convencê-lo. Seria loucura, mas por que não tentar?

— Carlo...

— Sim...?

— Obrigado. Realmente, obrigado. –ele murmurou, com os olhos cheios de lágrimas. No instante seguinte, jogou-se em cima de um italiano pra lá de surpreso e contente.

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— Chegamos. -anunciou o motorista.

— Obrigado. -falou Julian, com um sorriso.

— Sempre às ordens, senhor Solo.

Na mesma hora, a porta foi aberta por um dos serviçais, sorridente. Atrás dele, outras cinco pessoas lhe sorriam.

— Olá, Senhor Solo. Fez uma boa viagem? -perguntou um deles, quando o rapaz saiu do carro.

— Ah, sim! Fiz uma ótima viagem! -disse, não contendo o sorriso. Colocou a mão dentro do carro, como um perfeito cavaleiro que tira sua dama ali de dentro. Kanon, no instante seguinte surgiu, para a inteira surpresa dos que estavam ali. O rapaz sorriu, esperando tudo, menos aquelas caras felizes. — Este daqui é Kanon. Está na hora de liberarem o quarto de casal, senhores.

— Que bom, senhor Julian! -uma das moças exclamou, sorrindo. — Finalmente o senhor encontrou alguém bom!

— Shhh, cale a boca, Mary. -cutucou-lhe uma outra moça. Julian apenas riu.

— Realmente, encontrei alguém bom. -abraçou-o pelo peito, com um grande sorriso. — Bom, vamos, K?

— Claro, Ju...

— Por favor, será que vocês podem...

E antes que terminasse a frase, suas malas já estavam sendo levadas para cima.

— Hum, Ju... -Kanon parou na porta, admirado com a casa. Os enormes lustres e as velas bem colocadas nas paredes de estilo medieval davam um toque incrível. Carpetes vermelhos enfeitavam o chão de madeira. Os móveis eram de madeira rústica, bem talhados, e haviam muitas pinturas renascentistas espalhadas pelas paredes.

— Sim? -atendeu, olhando para trás.

— Bela casa. -disse, sorrindo. Julian se aproximou dele.

— Por que não entra?

— Porque eu quero fazer isso em grande estilo. -puxou o rapaz para si, pegando-o nos braços. Beijou-o de leve nos lábios (os serviçais já haviam se retirado). — Onde é nosso quarto? -perguntou, carinhoso. Julian suspirou, abraçando-o pelo pescoço.

— Vamos ter de subir as escadas. Tem certeza de que agüenta me levar até lá? –devolveu a pergunta, sorrindo.

— Claro... Vamos.

Kanon levou-o nos braços, encantado com a decoração incrível do local. Julian realmente tinha um bom gosto invejável. Aproximou-se do local indicado por ele, e o rapaz abriu a porta.

Ficou fascinado. Era imenso.

Havia uma gigantesca cama de casal de madeira polida, um armário imenso, lustre de cristal. Tudo era perfeito, e os remetiam a um lugar de época, acolhedor. As malas trazidas previamente, estavam em um canto.

— Mais tarde nós arrumamos. -disse Julian, preguiçosamente. — Vamos nós mesmos arrumar... uma desculpa para ficar aqui por um tempo...

— Bobinho... -Kanon depositou-o na cama, juntando-se a ele logo em seguida. Beijou-o pausadamente, para somente sorrir, daquele jeito malicioso que Julian tanto gostava. — Bom...vamos estrear?

— Claro... –Julian respondeu, mais que solícito.

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— Bom, eu vou pra casa então...buscar minhas coisas. Aliás, eu preciso falar com aquele retardado do Milo. Quem ele pensa que é pra simplesmente sair de casa e não me comunicar?

— Sabe, Dite? Eu tenho a ligeira impressão de que isso foi idéia do Kamus e ele não deixaria o Milo sair de perto dele até ouvir uma resposta afirmativa. -Carlo disse, colocando as pernas em cima da mesinha com uma certa dificuldade. Afrodite percebendo aquilo, sentou-se no chão, ajudando-o e massageando a perna do italiano com delicadeza.

— Concordo com você...aquele francês sabe ser persuasivo quando quer... -e Afrodite deu um risinho, que fez com que Carlo o olhasse com suspeita.

— Dite...por acaso o Kamus já tentou alguma coisa...você sabe...

— Tá bêbado, Carlo? Eu hein? Kamus é meu amigo...como você pode pensar numa coisa dessas? -Afrodite queria rir, podia sentir o ciúme aflorando de cada poro do corpo de Carlo e aquilo era adorável.

— Não...é que...ah, deixa pra lá...olha só...você disse que ia lá no apartamento...pode ir, daqui a pouco a enfermeira vai chegar e também tá quase na hora do teu expediente. -Carlo tentou, mas não conseguiu disfarçar o descontentamento e desconfiança diante do que Afrodite havia falado. Não queria imaginar nenhuma pessoa além dele mesmo tocando o sueco.

Afrodite ia reclamar, mas ouviu a campainha tocar. Caminhou lentamente até lá, abrindo a porta logo em seguida. Deparou-se com uma loira de olhos azuis, vestida numa calça jeans casual e uma blusa branca, um jaleco completava o figurino. Era a enfermeira e Afrodite odiou-a imediatamente. Virou-se para Carlo.

— Olha...eu ainda estou com uma semana de férias. Vou lá em casa rapidinho e já volto. -ele disse, já voltando a cozinha e pegando a bolsa que estava em cima da bancada. Nem olhou direito para Carlo, que, atônito o fitava, sem nem reparar na enfermeira, que estava sentada em uma das cadeiras no canto da sala, sem falar nada.

— Não vai me dar um beijo de despedida? -Carlo perguntou, sorrindo.

Afrodite percebeu o duplo sentido naquela frase. A enfermeira deu um sorrisinho, olhando para o sueco de esgueira. Ele aproximou-se lentamente e beijou o topo da cabeça de Carlo, alisando os cabelos como se ele fosse uma criança.

— Até mais, Cacá... -Afrodite disse e Carlo jogou uma almofada na direção da porta, rindo logo em seguida.

— Seu namorado? -a loira perguntou, olhando para o paciente.

— Antes fosse...você não sabe da metade da história...

— Não gostaria de me contar? -ela perguntou, sentando-se ao lado dele.

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— Dite, caramba...estávamos mesmo querendo falar com você...

— Shaka...não tô a fim de papo, não...

— Credo, garoto...que bicho te mordeu? E é recado do Milo!

Afrodite ao ouvir o nome do amigo olhou rapidamente para Shaka, que estava com as mãos na cintura, como se o avaliasse.

— Desculpa, Sha...não devia ter falado daquele jeito com você. É que o Milo foi embora, deixou o apê todo pra mim e agora eu não tenho dinheiro pra cobrir as despesas. Ia voltar pra Suécia se não fosse o Carlo...

— Quê o Carlo tem a ver com isso?

— Eu...bem...eu...eu vou morar lá com ele por uns tempos.

Mu, que havia ouvido aquilo tudo, apareceu do nada, pulando na frente de Shaka, enrolado apenas em uma minúscula toalha branca.

— MORAR COM O CARLO? Ai meu pai...me conta isso direito, menino!

— Mu, vai se vestir primeiro...olha a compostura...

— Shh...fica quietinho...tá vendo que isso aqui é mais importante não? Além do mais, tudo isso aqui o Dite tem... -Mu falou remexendo-se dentro da toalha que ameaçava cair. Afrodite estava rindo.

— Mas eu não quero que ELE veja nada SEU...desculpa Dite...mas você sabe como é...

— Perfeitamente, Sha...vai, Mu, vai colocar uma roupa que eu te conto tudo depois. Preciso ter uma conversinha com nosso amigo escorpiano.

E Afrodite entrou no apartamento, ainda ouvindo a discussão entre Mu e Shaka ser cessada por um estalo de beijo. Aqueles dois não tinham jeito mesmo.

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— Então você gosta de mim há tanto tempo assim?

— Claro, Rada...desde que... -e Mime baixou a cabeça, envergonhado. ­—...desde aquele dia que você me salvou daqueles seus vizinhos esquisitos que moravam no final da rua.

— Mas...naquela época você tinha...humm...15 anos?

— É...você foi meu herói naquele dia...

Radamanthys soltou Mime de seus braços, para olhá-lo nos belos olhos cor de cereja. Perdeu-se naquele mar de sentimentos e sentiu seu coração apertar de maneira gostosa. Como pôde nunca ter percebido o que o rapaz sentia por ele? "Deixei-o esperando por mim por longos oito anos...como ele pode ainda gostar de mim?"

Mime percebeu uma nuvem de dúvidas cobrir os olhos dourados que ele tanto amava e sorriu ligeiramente, acariciando o rosto do rapaz com a ponta dos dedos.

— Se está querendo saber como eu ainda te amo desde aquela época a resposta é simples. Só a sua presença e os pequenos gestos de preocupação que você tinha comigo me impulsionaram a manter-me com esperanças.

— Que pequenos gestos...eu sempre te tratei tão mal... -e Radamanthys abaixou a cabeça, envergonhando-se daquilo. Mime achou-o mais adorável ainda e beijou-o nos lábios, de leve.

— Não...você sabia ser gentil...especialmente quando estava bêbado...e sempre que eu estava em perigo também...

— Bêbado...o que eu fiz? -ele perguntou, arregalando aqueles olhos dourados lindíssimos.

— Isso é história pra uma outra hora. Hoje quero te exibir como meu...hum... namorado?

Radamanthys não conseguiu evitar o sorriso ao ouvir aquela palavra vindo tão timidamente dos lábios de Mime. Não havia pensado no que eles fariam dali em diante, mas viu-se automaticamente aceitando a proposta tentadora do namoro com o ruivo.

— Sim...namorados...e aonde você pretende me levar?

— Um bar...chamado Inferno... -ele disse, sorrindo.

— Você freqüenta bares?

— Pelo amor de Deus, Rada...eu tenho 23 anos, não é? Você achou que eu ia ficar o tempo todo dentro de casa?

— Não...é que...

— Sei sei... -Mime interrompeu-o, sorrindo. — Mas deixa isso pra lá...nós vamos nos divertir...por isso, vai pra casa e coloca uma roupa bem bonita porque eu quero causar inveja à todo mundo hoje à noite...

— Vou ser o cara mais gostoso da noite, Mime...pode apostar... -Radamanthys disse, levantando-se do banco onde eles estavam sentados.

— Você já é... -e Mime puxou-o pelo braço, colando os lábios deles novamente. Ele subiu a mão livre pela perna do loiro, parando quando encontrou as nádegas avantajadas. Tocou-a de leve, apertando suavemente. Ouviu o gemido abafado de Radamanthys, ainda correspondendo ao beijo, agora, com mais avidez.

— Você é um safadinho, Mime...bom pra mim... -ele disse, por fim, beijando a ponta da orelha do ruivo, arrepiando-o por completo. — Te vejo mais tarde, lindinho...

— Não perde por esperar, Rada...não perde mesmo... -Mime resmungou, caminhando na direção da casa.

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— Telefone pra você, Milo... -Kamus disse, entrando no quarto, encontrando um Milo cochilando na cama, enrolado deliciosamente no edredon branco.

"Já vi que não vai poder atender...", ele pensou, saindo do quarto com o telefone sem fio nas mãos.

— Dite...o Milo tá cochilando lá na cama...é muito sério?

— Não, Kamus...se ele está dormindo, não tem problema...eu falo com você também...acho que precisamos conversar sobre uma certa coisinha...

— O que você quer falar comigo, Dite? -perguntou Kamus, a sobrancelha erguida.

— Você sabe bem, creio eu. -disse, com um suspiro.

— Ah, sim... Milo vai morar comigo, a partir de hoje... Desculpe por não ter te avisado, Dite... -suspirou, arrependido de não ter dito nada ao outro.

— Ah, tudo bem... Eu sei que vocês são adultos, livres e desempedidos... Mas Milo se esqueceu de que nós dois dividimos o apartamento... e as despesas dele.

Kamus, então, notou a besteira que tinha feito. Nunca havia sido impulsivo, deixava aquilo para as outras pessoas, ele era racional, previsível até. Mas Milo despertava aquilo nele e não tinha vontade de mudar.

— Poxa, desculpe... Eu esqueci disso e...

— Ah, tudo bem. Para nossa sorte, Carlo me ofereceu um lugar pra ficar.

— Carlo? Aonde? –aquela declaração havia sido uma surpresa. Surpresa boa, devia admitir. Carlo finalmente havia feito uma coisa boa, decisiva.

— Na casa dele.

E o riso, até então contido, de Kamus, explodiu, acordando Milo, que veio correndo, enrolado no edredon, quase caindo.

— O que foi! Que aconteceu! -perguntou, assustado, sacundindo Kamus com força, pela gola da camisa.

— Kamus? O que houve? -Afrodite perguntou, do outro lado, sem entender.

— Seu amigo dorminhoco acabou de acordar. –disse, passando o telefone no instante seguinte, para um Milo confuso.

— Alô? –Afrodite tentou mostrar-se chateado com a situação.

— Oi, fujão, tudo bem?

— Ah, oi, Dite... Olha, desculpe por...

Mas não conseguia. Não quando a realidade cismava em mostrar o que estava para acontecer. Sorriu, abertamente, até mesmo diante do palpável arrependimento de Milo.

— Ihhh, que nada! Eu estou indo morar com meu príncipe encantado graças à isso, não é demais?

— AFRODITEEEEEEEEEEE!

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Mais tarde...

— Oi? –disse, timidamente, segurando-se para não lançar um 'querido, estou em casa!' em bom e alto tom.

— Ah, oi, Dite! Até que enfim você chegou! -Carlo disse, sorridente. A bonita enfermeira estava sentada no outro sofá, respeitosamente. Sorriu-lhe.

Afrodite sentiu o estômago afundar por ter julgado-a mal no início. Ela parecia ser um docinho! Realmente, ele precisava se controlar.

— Desculpem a demora... -disse, entrando e fechando a porta. — Hum, Carlo... Vim cuidar de você...

— Bom, tem certeza? -a jovem perguntou, se levantando. — Se você quiser, eu posso ficar com ele mais um pouco, principalmente porque agora vem uma parte bem delicada do serviço e eu acho que...

— Não, não! Eu quero ajudá-lo, senhorita...? –Afrodite perguntou, interrompendo-a.

— Tarja. Pode me chamar pelo nome mesmo. -disse, com um sorriso.

— Dite, quando ela disse que é uma parte delicada, é porque é mesmo e...

— Carlo, que coisa, deixa de ser chato! -falou, emburrando lindamente. — Se você não quer que eu cuide de você, diz logo!

— Não é isso, é claro que eu quero que você cuide de mim! -disse, rápido, fazendo Tarja dar um risinho contido. — Só que...

— Só que o quê, raios! O que pode ser tão difícil! –Afrodite perguntou, com as mãos na cintura.

— Eu iria ajudá-lo a tomar um banho. –Tarja respondeu, calmamente.

Afrodite quase caiu para trás.

"Banho? Eu mereço, céus...o que eu faço agora?", pensou, olhando para Carlo, que havia voltado suas atenções para uma revista que estava em cima da mesa. Tarja pegou a bolsa que havia trazido consigo e se precipitava para a saída quando olhou para o sueco, que ainda estava atônito.

— Tchau, senhor di Angelis. Nos vemos amanhã. Tchau, Afrodite! -Tarja falou, ainda segurando-se para não rir diante daquela cena.

— Tchau... -os dois homens falaram ao mesmo tempo, olhando-se logo em seguida. Afrodite foi o primeiro a desviar o olhar, corando ligeiramente.

— Eu...vou indo para o banheiro. Você me acompanha? -Carlo perguntou, fingindo inocência, olhando para Afrodite.

— É...bem, eu vou. Me dá só um minutinho, ok? -Afrodite respondeu, incerto, ajudando Carlo mais uma vez a levantar-se do sofá. Quando o italiano estava de pé e assegurou-o que não cairia, soltou-o, vendo caminhar pelo corredor.

— Estou te esperando! -Carlo resmungou, bem humorado, já entrando no banheiro e deixando a porta encostada.

"Ai meu pai...o que eu faço agora?", Afrodite pensou.

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— Acho que vou desistir de sair hoje... -Kanon disse, observando Julian se arrumando. Ele usava uma calça jeans preta e regata branca, os cabelos azuis soltos davam a ele uma imagem selvagem. E enlouquecia Kanon.

— Por que? -Julian perguntou, olhando pelo reflexo do espelho.

— Você está deliciosamente comestível e eu não quero que ninguém tenha o mesmo pensamento que eu estou tendo agora.

Julian começou a rir, jogando-se logo em seguida na cama, beijando o namorado, que estava vestido apenas com uma calça jeans. Sentiu as mãos ávidas de Kanon subirem por dentro de sua camiseta, tentando tirá-la. Foi nesse momento em que Julian se afastou, deixando o outro frustrado.

— Agora não, gatinho...quero me divertir hoje...mais tarde eu prometo que deixo você me amarrar. -Julian disse sorridente. Não esperava que aquela frase fosse causar o impacto que causou em Kanon. Os olhos azuis dele estreitaram, ganhando uma tonalidade mais escura. Sentiu-se ser puxado com força, os lábios de Kanon grudados em seu ouvido, os dentes dele mordendo-lhe o lóbulo com firmeza.

— Mal posso esperar. Aí...você não vai me escapar, príncipe dos mares... -e Kanon largou-o, levantando-se da cama, colocando uma blusa de botões preta que estava em cima de uma cadeira, sem ao menos olhar para trás novamente.

A noite prometia àqueles dois.

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— Oi priminha!

— Ah, corta essa, Rada...ou deveria chamá-lo de cunhadinho? –Pandora falou, abrindo a porta.

— Pandora... -Radamanthys corou e Pandora achou aquilo lindo. Nunca poderia imaginar que o "primo" poderia ficar sem graça diante de alguma coisa.

— Meu irmão pediu pra você entrar...já já ele desce.

— Sem problemas... -ele respondeu, seguindo a menina pela casa bem decorada e sentando-se junto dela no sofá. Conversavam amenidades quando ouviram alguém pigarrear atrás deles. Pandora foi a primeira a virar-se, ficando abobada com a visão de seu irmão. Radamanthys, logo em seguida levantou-se, mas ficou tonto. O perfume de Mime, aliado à roupa que ele estava vestindo, o deixaram ainda mais belo, se é que aquilo era possível.

— Vamos? -Mime perguntou, tentando não mostrar-se afetado diante de Radamanthys, que, de calça jeans rasgada estrategicamente nas coxas, regata verde escura e jaqueta branca, o estava enlouquecendo.

— É...vamos...você... -Radamanthys tropeçou nas palavras e Pandora deu um risinho, saindo discretamente da sala. Eles, mesmo com os olhos vidrados um no outro, ouviram a porta da frente bater ligeiramente.

Mime sorriu, quebrando o contato visual e dando as costas para Radamanthys, pensando em acompanhar sua irmã. Porém foi puxado pelo loiro e aterrissou em seus braços, sendo beijado com voracidade. As mãos do "primo" seguiram para suas nádegas, que foram apertadas da mesma maneira que Mime havia feito anteriormente com ele.

Soltaram-se instantes seguintes, os olhos dourados de Radamanthys adquirindo quase o mesmo tom dos olhos de Mime, como se aquilo fosse possível.

— Você está usando essa roupa pra me provocar...só pode ser...

— Isso te incomoda? -Mime perguntou, olhando para baixo, avaliando-se. Quando vestiu a calça de couro vinho, que apertava nos melhores lugares e a blusa justa e sem mangas preta, não esperava que fosse causar aquela reação no loiro. Depois do beijo, teve certeza de que foi uma escolha perfeita. Deveria agradecer à Pandora mais uma vez.

— De maneira alguma...posso dizer que estou... -Radamanthys disse, procurando uma palavra. —...deliciado com essa visão.

Mime corou, sorrindo em seguida. Pegou a mão de Radamanthys e caminharam até a porta.

— Pronto pra diversão? -ele perguntou, antes de saírem?

— Com você? Sempre... -Radamanthys respondeu, sorrindo logo em seguida.

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Suspirou.

Pegou roupas limpas, tentando ignorar o cheiro dele, que estava impregnando-as. Pegou uma toalha escura, sorrindo pelo bom gosto de Carlo. Balançou a cabeça e foi embora de lá sem notar o bem mais precioso para o italiano, que estava no armário, na sua frente.

Sua foto.

— Nossa, até que enfim! –Carlo comentou, erguendo a sobrancelha.

— Eu estava pegando suas coisas, ô apressado. -disse, indiferente, fechando a porta e depositando as roupas numa estante perto da banheira. — Bom, vamos lá, então? — Aproximou-se de Carlo, tentando não ficar nervoso.

— É, vamos. –respondeu, tentando não se afetar com seus pensamentos maliciosos. — Vamos lá pro bar depois?

— Eu queria ir... Você quer?

— Eu quero, sim. Sinto falta daquela bagunça. –disse, tranqüilo.

— Eu também. Então, vamos terminar logo, pra pegarmos um lugar legal por lá. –disse, só então percebendo como aquilo havia sido idiota. Levou as mãos para a camisa de botões do outro, sem notar que começava a despi-lo, sob o olhar desconfiado e surpreso dele.

— Dite... - Carlo falou, quando ele terminou de soltar os botões de sua blusa e tentava removê-la.

— Que é?

— Por que está tirando minha roupa?

Afrodite corou violentamente.

— Oras, vai tomar banho com ela!

— Não, quero dizer... Eu posso fazer isso e...

— Se fosse a Tarja, você deixaria. -foi a primeira desculpa que lhe veio à cabeça, então, usou-a. — Vamos, Carlo. -disse, desafivelando o cinto preto. O rapaz suspirou, ajudando-o a retirá-la. — Ó, a última parte, você tira. -disse, rindo, querendo fazer aquilo parecer a coisa mais simples de todas.

Surpreendeu-se quando Carlo colocou as mãos na borda de sua justa camisa preta e levou-a para cima.

— O que você tá fazendo! –perguntou, assustado.

— Ué... Você vai tomar banho de roupa?

— Eu NÃO vou tomar banho!

— Vai se encharcar. Nós vamos para o bar depois, esqueceu?

— Eu troco de roupa, ué. Além do mais... Já trouxe algumas roupas minhas pra cá. –ele disse, querendo qualquer coisa, menos estar tão próximo de Carlo. Não tinha certeza se conseguiria se controlar.

— Ah, deixa de frescura! -e puxou-o para perto, abrindo o zíper e o único botão da sua calça jeans despojada.

Afrodite não pôde deixar de se sentir inseguro quando, já quase completamente despido, teve sua mão tomada por Carlo, sendo levado em direção à banheira.

— Parece que você vai me dar banho, e não o contrário. -disse o rapaz, tentando fazer piada.

— Na verdade, essa é realmente uma boa idéia.

— CARLO!

— Estou brincando, estou brincando... -disse, apoiando-se na parede. Afrodite ajudou-o a entrar na banheira quase cheia e, envergonhado, virou-se para o outro lado, dando a desculpa de que iria procurar a espuma. Carlo deu de ombros e lançou fora a última peça quando ele se virou.

Sentou confortavelmente na enorme banheira, vendo Afrodite ainda de pé, com sua roupa de baixo vermelha.

— E isso aí? –ele perguntou, apontando para a boxer que o sueco usava. Teve uma vontade insana de arrancá-la com os dentes.

— Você está olhando.

— E...?

— Eu fico sem graça, seu tarado.

— Dite...

— Não me fale do passado, ok? -disse o sueco, com rapidez, prevendo o que Carlo diria. O italiano suspirou.

— Desculpe... -e virou o rosto para o lado. Aproveitando isso, Afrodite lançou a roupa para o lado e afundou, sentando-se na banheira.

— Ah, tudo bem. -para se livrar do clima pesado entre eles, Afrodite resolveu agir normalmente. — Hum, chega mais.

— O que é? -Carlo foi puxado. No instante seguinte, estava colocado cuidadosamente na frente de Afrodite, e seus cabelos estavam sendo lavados com carinho. De vez em quando, o sueco aproveitava para acariciar seu pescoço, disfarçadamente. Carlo não percebeu. — Vou acabar dormindo, Dite...

— Pode dormir, eu te acordo com água gelada depois. - Disse, lavando os fios azuis escuros com gentileza, deixando os dedos se perderem neles.

— Não faria essa maldade. Agora é sua vez, certo? –perguntou, quando percebeu que seus cabelos já estavam lavados.

— Heim?

Carlo puxou Afrodite, virando-o. Aplicou o mesmo tratamento no rapaz, que ronronou alguns segundos depois.

— Tá gostando?

— Adoro quando mexem no meu cabelo... -disse, os olhos fechados. Carlo colocou o rosto pra frente e, sem resistir, beijou-lhe a bochecha.

— Carlo... -Afrodite olhou-o, assustado, o rosto a pouquíssimos milímetros do outro.

E os lábios do italiano encontraram os seus, num pequeno selinho.

— Amigos também se beijam, sabia? -disse, sem parecer se afetar. Afrodite não disse nada, apenas rezou para que aquilo acabasse logo.

Carlo estava adorando. E sorria, mesmo sabendo que o outro não via seu sorriso. Afrodite estava tão... inocente? Assim ele pensava, sem saber do que estava passando na cabeça do rapaz à sua frente.

— Dite...?

— Sim?

Por favor? -estendeu uma esponja para Afrodite e virou de costas.

— Oh, meu Deus... -deu um sussurro inaudível, entendendo o que ele queria.

Teria de esfregar suas costas. Perfeita tortura...

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— Vai beber o que, bonitinha? -Shun perguntou, sorrindo magnificamente para a garota, que corou rapidamente.

— É...um suco de laranja. -Pandora respondeu, vendo o rapaz à sua frente sorrir mais uma vez.

— Puro ou com vodka?

— Puro.

— Já venho.

Shun saiu rapidamente de perto de Pandora, sentindo que a garota ainda o observava. Alcançou o bar, onde apenas Aioria e Milo atendiam aos pedidos.

— Suco de laranja. Virgem. -ele informou o pedido.

— Diz de novo. -Aioria estava surpreso. Era raro alguém fazer aquele tipo de pedido, especialmente em um bar.

— Suco de laranja, pra gracinha naquela mesa ali, ó! -Shun repetiu, indicando Pandora discretamente.

— É...pedido inusitado. Mas...ela é novata aqui, não é?

— Parece que sim. E ela não é a única, olha ali... -Shun agora apontava o homem que entrava no bar acompanhado de Mime.

— Noite agitada, cheia de virgens. -Hyoga comentou, aproximando-se dos dois.

— Notou o gostosão também, é? -Shun perguntou sorridente, olhando para o agora, namorado.

— Só tem um gostosão aqui e é você... -o loiro respondeu, passando a mão pela cintura do rapaz de cabelos verdes e puxando-o para perto de si.

— Argh...ninguém merece...vamos trabalhar...circulando, circulando! -Aioria fingiu importar-se com a demonstração gratuita de carinho entre os amigos.

— Babaca! -os dois falaram ao mesmo tempo, depois de apartarem de um singelo beijo.

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— Lindinha, posso falar com você?

— Ikki, quê diabos você está fazendo aqui? -June perguntou, assustada com a presença do namorado na porta do camarim.

— Falar com você antes do show. Posso?

— Claro! Shina já volto pra terminar seu cabelo.

Shina acenou com uma das mãos, preocupando-se então com a maquiagem que fazia. "Esses dois vão aprontar, o Ikki tá muito quieto...", ela pensou enquanto passava um batom vermelho vivo.

— Ikki, você está esquisito. Aconteceu alguma coisa? -June perguntou, preocupada, olhando o namorado, que estava com as mãos dentro dos bolsos da calça preta, olhando para todos os lugares menos para ela.

— É...bom, eu queria te dar uma coisa. Não é lá grande coisa, quer dizer, é sim, mas...

— Ikki...

— Tudo bem, tudo bem! -ele disse, tirando uma das mãos do bolso, junto com uma caixinha preta, que estendeu a ela.

— O que...o que é isso?

— Não quero que pense que é imediato, mas gostaria que aceitasse.

June pegou a caixinha, incerta. Abriu-a lentamente enquanto ainda ouvia Ikki dizer coisas que ela não conseguia identificar. Estava por demais abismada com o anel que estava li dentro. Um fio simples, com uma pequena pedra rosada em formato de gota no meio.

— Isso é... -ela estava sem palavras.

— Uma aliança, sim. Era da minha mãe. É, eu sei que é precipitado...

— Você está me pedindo em casamento? -ela perguntou, interrompendo-o.

— Humm...noivado primeiro. Aceita?

Ikki quase parou no chão ao ser soterrado por June, que pulou em cima dele, beijando-o apaixonadamente. Ele sorriu diante daquilo. Parecia que era um sim a resposta dela.

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— Cunhada linda! -Kanon disse, correndo até o bar, encontrando Diana bebendo algo que parecia... — Mas bebendo água? Tá doente?

— Não, maninho, ela não está não...mas é melhor pegar leve.

— Pegar leve por quê? -Kanon perguntou, olhando-a novamente.

— Porque eu... -Diana ia dizendo, mas foi interrompida por Saga.

— Vejo que seguiu meus conselhos e foi atrás do seu tesouro... -ele comentou, olhando Julian, que conversava com Milo na outra extremidade do bar.

— É...ele veio pra ficar dessa vez. -Kanon disse, corando.

— Humm...será que estou sentindo cheiro de casamento no ar?

— Deixa de ser bobo, Saga...nós estamos felizes apenas com nosso grande romance. E falando em grande...porque eu acho que vocês dois estão me escondendo alguma coisa? Eu sou da família, mereço saber o que está acontecendo...

Diana olhou para Saga e ambos sorriram. Era impossível esconder alguma coisa de Kanon. Aliás, em breve seria impossível esconder o "segredinho" deles de qualquer freqüentador do Inferno. Ela aproximou-se do cunhado, sussurrando alguma coisa no ouvido dele.

— AHHHHHHHHHHHH...mentira! Precisamos comemorar! -Kanon disse, subindo no balcão. Ouviu vários aplausos e Saga escondeu-se rapidamente atrás de Diana, que somente ria.

— Fomos trocados...esse troço aí não é meu irmão não...

— Kanon, desça já daí! -era a voz de Julian que ecoava, forte, no bar. Ele puxou o namorado para o chão, diante de várias vaias. — Despudorado!

— Tenho uma notícia pra te contar! -Kanon disse, gritando.

— Pronto...em cinco minutos todo mundo vai estar sabendo... -Saga resmungou, olhando pra Diana, que ainda estava rindo daquilo tudo.

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Mentalmente transportou-se para outro lugar, um lugar onde não estava ali, dividindo uma banheira com Carlo, onde não sentia o calor da pele dele, assim como seu cheiro, que mesmo depois de toda aquela água, ainda exalava aquele perfume característico e inebriante dele. Sabia que se não fizesse aquilo não iria resistir, não que ele quisesse fazê-lo, mas as coisas estavam meio esquisitas desde que ele saíra de casa e oficialmente resolvera aceitar a oferta do italiano para morar com ele.

Esfregou as costas do outro com vigor, vendo os músculos relaxarem com seu toque. A água começava a ficar fria e ele estava se arrepiando, assim como Carlo, que, mesmo que Dite não pudesse ver, sorria ligeiramente com toda aquela atenção.

— Humm...como isso tá bom... -ele ouviu Carlo dizer.

— Vai acostumando muito não. Não pense que eu não te conheço... -Afrodite disse, em tom de piada.

— Como assim?

— Olha só, espertinho...você tá com essa perna machucada, mas você pode tomar banho sozinho...não pense que eu não sei que você só fez isso pra levar a Tarja pra banheira junto com você... -Afrodite continuava fingindo um sorriso, mas no fundo esperava que aquele não fosse o real motivo.

— Me pegou...chato! Eu gosto de ser mimado...e daí? -Carlo disse, virando-se para Afrodite, com um sorriso nos lábios. Mas ele logo ficou sério. — Mas tem uma coisa...

— O quê?

— Eu nunca pediria que ela viesse pra banheira comigo. Só fiz isso porque era com você... -ele murmurou, passando a mão pelos cabelos de Afrodite, que apenas fechou os olhos diante daquele toque tão suave.

"Estou perdido, meu Deus...", ele pensou.

Continua...

Bem, gente...esse capítulo já ta levando a fic pros acertos entre os casais, como já puderam notar. Contando, nem dá pra acreditar mas só faltam mais quatro ou cinco para dizermos FIM, mas isso é assunto pra uma outra hora. Esperamos sinceramente que gostem desse capítulo!

Comentários às reviews, no meu (Celly) livejournal, amanhã, sem falta! Livejournal (ponto) com (barra) users (barra) mscellym