Notas das autoras:
Finalmente chegou, pessoal! Estamos realmente felizes por poder postar esse capítulo e fazer a felicidade de muita gente. Capítulo cheio de açúcar, então, aos desavisados de plantão, lá vamos nós.
Esperamos realmente que vocês gostem... eu (Celly) particularmente adorei a música escolhida e não vou falar mais nada pra não estragar a surpresa!
Mais uma vez, agradecimentos a quem ainda acompanha a fic e deixa ou não seus comentários, em especial à Elektra666, Chibiusa, Sini, Pipe, Litha, Kitsune, Arsínoe, Kamis, Faye, Mila, Carola e Gizinha pelo apoio de sempre e as reviews cada vez mais engraçadas. E à Nathy, que, via MSN, disse que estava finalmente lendo! Obrigada, querida!
Prometido e cumprido! Capítulo 41 no dia 07 de agosto.
Boa leitura!
Até a próxima atualização!
Celly M. e Elfa Ju
Capítulo 41 – I Belong To You
Os dias se passaram depressa.
Pandora acabou sendo mesmo chamada para trabalhar no bar, junto com seu namorado, Siegfried (Começaram a namorar em tempo recorde, como disse Mime). As meninas realmente fizeram uma coreografia 'à lá Moulin Rouge', mas Afrodite pediu para não participar, porque queria apresentar um solo, no dia da festa de um ano de trabalho dele no bar.
Ninguém entendia o porquê de ele querer fazer aquilo, já que nunca quisera fazer solos, embora diversas pessoas já o tivessem pedido. E o pior de tudo é que, quando lhe perguntavam sobre isso, ele sempre abria um sorriso misterioso e lhes respondia a mesma coisa: "Surpresa."
Enfim, o esperado dia da festa chegou, tanto para Afrodite, quanto para as pessoas agoniadas com tanto mistério.
— Por que tão afoito? –Carlo perguntou, deitado na cama de Afrodite, reparando em como o afoito sueco caminhava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. —
— É hoje... –respondeu, sem muitos rodeios, não sabendo também o que falar a mais.
— A festa? Eu sei. –todos no maldito bar pareciam falar daquela festa por semanas.
— Não é isso... Eu tenho um solo hoje. –Afrodite comentou, virando-se para o italiano.
— Ah, é? E como eu não sabia disso? –perguntou, indignado, sentando-se na cama. Detestava quando era o último a saber das coisas.
— Eu pedi para guardarem segredo. –respondeu, tirando a camisa, sem cerimônias. Escolheu uma blusa de botões azul escura, a preferida de Carlo.
— Por...? -perguntou, hipnotizado pelo físico do rapaz, que ele não cansava de admirar.
— Porque eu quis, ué. -deu de ombros, rindo. Trocou a calça de moletom por outra, justérrima, preta.
— Eu vou te agarrar se você continuar tirando a roupa na minha frente. –disse, brincalhão, mostrando bem como estavam as coisas entre os dois.
Afrodite começou a rir, calçando os sapatos, por fim e caminhando até o espelho, penteando suas longas madeixas.
— Não se preocupe, já terminei.
Carlo suspirou, se levantando. Passou pelo sueco, puxando a ponta dos cabelos dele, em uma brincadeira que sempre faziam. Saiu do quarto e Afrodite pôde ouvir a porta batendo suavemente.
Já dentro do cômodo, Carlo olhava o closet, sem saber o que escolher ao certo. Afrodite iria fazer uma apresentação especial, então, ele teria de estar especial. Por fim, escolheu um terno preto, de risca de giz, muitíssimo bonito.
— Ei, vê se não demora muito. Eu quero estar lá em quarenta minutos! -Afrodite berrou, quando Carlo trancou a porta do banheiro.
— Vou pensar no seu caso, diva! –gritou lá de dentro. Afrodite balançou a cabeça, em desaprovação, mas sorriu com aquele comentário. A rotina entre eles já estava estabelecida e era apenas aquilo o que eram: bons amigos.
Afrodite não se conformava com aquilo mas, ao pentear os cabelos, chegou a uma conclusão, mais do que óbvia.
— Sim, podemos ser mais que isso. Só espero que quando isso aconteça, não seja tarde demais. –disse, fitando-se mais uma vez. — Vamos ser felizes.
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— Olá, Di!
— Oi, Dite... Preparado para a apresentação, de hoje? –Diana perguntou, sorridente.
— Eu sempre estou preparado, linda! –respondeu, beijando o rosto da ruiva com carinho.
— Ei, ela sabe? –Carlo perguntou, mais uma vez não conseguindo esconder a indignação.
— Ela NÃO sabe, Carlo... Ninguém sabe, além de mim! -disse, dando uma risada maléfica.
— Salut. -olharam para Milo e Kamus, que chegavam de mãos dadas. Como sempre. Até nos cumprimentos, o grego começava a falar como o francês por diversas vezes.
— Salut pra vocês também. –Afrodite respondeu, com um sorriso. — Cada dia mais fortes, hein?
— Claro. -disse Milo, abraçando Kamus de lado. — Ele é um cabeça dura... Mas eu o amo muito mesmo. –o grego disse e os presentes podiam jurar que Kamus enrubescera ligeiramente.
— Ele quer dizer que ele é um cabeça dura, mas eu o amo muito. –Kamus falou, recuperando-se rapidamente, fazendo Milo olhá-lo, incrédulo.
— Será que você pode parar de corrigir minhas frases?
— Não, é divertido. –disse, beijando a ponta do nariz de Milo.
— É chato. E você corta meu barato.
— Aff, Milo... Cala a boca. –Afrodite falou, por fim, dando fim àquela 'discussão'. Sabia muito bem que o amigo adorava provocar briguinhas com o namorado para depois poderem fazer as pazes da maneira mais louca possível.
— Eita, e olha que nem são casados ainda... -Diana disse, com um risinho maroto. Milo e Kamus se entreolharam.
— Ei, sabe que é uma boa idéia? –Milo disse, os olhinhos azuis brilhando.
— Aff, Diana, por quê você foi falar nisso, hein? - Kamus disse, virando os olhos. Pegou Milo e arrastou-o pela gola da camisa, enquanto o mesmo esperneava.
— Não têm jeito mesmo esses dois. Mas são lindos...-Afrodite disse, virando os olhos.
— Olá! -Pandora se aproximou, com um sorriso.
— Oi, Pand... Tudo bem? –Diana sorriu, apoiando-se no balcão.
— É, tudo... -disse, um pouco envergonhada. — Só estou com um probleminha...
— Qual?
A garota então mostrou o minúsculo short preto, vestimenta da apresentação da noite.
— Elas querem que eu vista... isso.
— Ah... Algum problema? –Diana perguntou. As meninas ali já haviam vestido coisas bem menores que aqueles shorts, especialmente Shina.
— ALGUM PROBLEMA! ELA NÃO VAI VESTIR ISSO!
Olharam para a porta. Um Mime, com um rosto tão vermelho quanto seus cabelos, estava em posição de ataque. Radamanthys estava do lado, com uma expressão estranha. Um misto de comédia e seriedade.
— Ahn... Ele também é outro problema... –disse, apontando para o irmão.
— Ela já é maior de idade, Mime. -Afrodite disse, sentando-se no balcão.
— E daí? Ela é mais nova do que eu! Eu não posso permitir que...
— Mime, meu querido... -Radamanthys puxou-o para o outro lado.
— Outro casal feliz. -Diana disse, virando os olhos. — SAGAAAAAAA!
— Ai, meu Deus... -Saga se aproximou, já sabendo o que viria. — O quê foi, agora?
— Quero banana com marshmallow... -ela disse, e ele deu um tapa na testa.
— Lá vou eu de novo... -e virou-se para o outro lado, com um suspiro.
— A culpa é sua. -ela disse, fazendo bico. Ele apenas riu, saindo.
— Di, isso tá estranho. -Afrodite falou, coçando a cabeça.
— Eu sei... Não me culpe. -respondeu, acariciando a barriga, com um sorrisinho sacana nos lábios. — Vou lá pro meu escritório... Qualquer coisa, é só me procurar.
— Tá, obrigado... -Afrodite falou, com um suspiro. — Começou a chegar gente... –ele comentou, mais para si mesmo do que para Carlo, que estava estranhamente calado, apenas observando a interação entre o pessoal do bar.
— É... Eu vou ficar aqui por perto, quero ter uma visão privilegiada do seu solo. –disse, fazendo o sueco corar. Se o italiano soubesse o que ele estava preparando...
— Ah, é? Que gentil, obrigado. -falou, maroto, beijando a ponta do nariz do outro. — Vou ao camarim! Já volto!
Mais tarde...
— Há alguns anos, mais precisamente quase três, essas portas foram abertas pela primeira vez. Centenas de pessoas nesse meio tempo adentraram por elas, fascinados, apaixonados. Hoje, uma pessoa especial faz um ano de casa e como reza a tradição, ela fará o solo principal da noite. –Kamus começou, solenemente, lendo um papelzinho que Diana havia escrito, anteriormente. — Mas primeiro, nossas meninas prepararam uma coreografia especial, para apresentarem a vocês. Depois disso, o solo.
Kamus esperou alguns segundos para que os clientes do bar se acalmassem, seus barulhos muitas vezes eram ensurdecedores e ele sorriu quando tudo acalmou um pouquinho. Mais uma vez com o megafone, ele anunciou a tão característica frase:
— SE OS ANJOS OU DEMÔNIOS ESTÃO NA CASA, APAREÇAM!
Fumaça e luzes coloridas espalharam-se pelo local. A música conhecida começou e as meninas se aproximaram, todas vestidas com suas roupas sensuais, mas nada vulgares. Os gritos, os assovios e os aplausos foram ensurdecedores, como sempre.
— HEI, SISTA! -berrou Shina, de um dos cantos.
— Menos, Shina, menos... –Marin falou, balançando a cabeça, do lado dela.
— Ah, foi mal... -disse, com um sorriso amarelo.
Começaram a dançar, num ritmo frenético e sensual, enlouquecendo as pessoas ali presentes. Os gestos eram compassados, perfeitos, sincronizados. E todos eles adaptavam-se perfeitamente em todas elas.
— LINDAS! GOSTOSAS! –Afrodite berrava, do outro lado do balcão, perto da entrada que levava aos camarins, dando apoio à elas. — PERFEITAAAAS! CASEM COMIGOOO!
— Ele é um amor, não é? -Pandora perguntou, olhando para o sueco, tentando não pensar muito na roupa que vestia.
— Ele é um doce. –June respondeu, descendo até o chão, arrancando mais gritos de um dos homens mais próximos ao balcão. — Pena que só o Carlo não notou isso ainda.
— Hein? –perguntou, parando por alguns segundos de dançar. Havia percebido que não sabia de tudo o que acontecia no bar.
— Ah, deixa pra lá... Continua dançando! -disse, aumentando a freqüência dos movimentos.
Fizeram um trenzinho em cima do balcão, com Marin puxando a fila. Elas rebolavam, segurando uma na cintura da outra, em movimentos sensuais. Shina, que fechava a fila foi a primeira a soltar-se e partir para uma dança sozinha. Pandora veio em seguida e a novidade da nova contratada logo chamou a atenção dos clientes. Ela era a mais aplaudida, para desespero de Mime, que procurava Siegfried e, quando o encontrou, constatou que o namorado da irmã adorava vê-la fazendo sucesso. "Estou perdido nessa...", ele pensou, ainda abraçado à Radamanthys.
Afrodite sorriu vendo mais um pouquinho da dança das meninas, mas resolveu voltar ao camarim. Estava por demais nervoso e tudo tinha que sair perfeitamente como ele imaginara. Retocou mais uma vez a maquiagem leve, penteou os cabelos, revisou os passos mentalmente. Não percebeu que alguém o havia seguido, só constatando o fato quando essa pessoa começou a massagear seus ombros.
— Quanto tempo que eu não faço isso, não é mesmo?
— Com certeza... -Afrodite virou-se na cadeira, inspecionando o sorriso de felicidade estampado no rosto de Milo. Desde que ele havia se mudado para a casa de Kamus, quase não se viam.
— Nervoso por hoje?
— Nem te conto o quanto... –respondeu, desviando o olhar do amigo.
— É...um ano aqui. Tudo passou tão rápido. Ainda lembro quando você entrou todo incerto pela porta principal. Seu primeiro solo, também estaria nervoso.
— Não estou nervoso pelo solo, Mi...
— Ué, por que então? -o grego perguntou, coçando a cabeça, sentando-se ao lado de Afrodite.
— Resolvi fazer uma coisa. Uma cartada final. –revelou, voltando-se para se olhar no espelho mais uma vez.
Milo abriu um sorriso, dessa vez de compreensão. Sabia muito bem o que Afrodite estava pretendendo fazer, mas não perguntaria, sabendo que o amigo não contaria.
— O que quer que seja, espero que dê certo. Vocês dois merecem. Aliás, eu também resolvi fazer uma coisa.
— Me conta...
— Nem pensar. Só digo que tem um anel envolvido... –disse, com um daqueles sorrisos especiais, à la Milo.
Afrodite olhou o amigo, chocado. Nunca pensou, no pouco tempo que o conhecia que ele poderia se amarrar tanto à uma pessoa. Mas, bem, eles estavam falando de Kamus e então aquilo era perfeitamente aceitável.
— Você está pensando em...
Milo sorriu, levantando uma das mãos, pedindo silêncio instantâneo à Afrodite, que assim o fez. Ainda sorrindo, aproximou-se do amigo, acariciando o rosto bonito, arrumando os cabelos azuis claros. Beijou o rosto dele suavemente e saiu do camarim. Por um segundo voltou, e murmurou baixinho.
— Boa sorte...
"Vou precisar mesmo...", Afrodite pensou, enquanto olhava-se no espelho uma última vez.
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— Sabe...eu tava pensando...
— Vixe, lá vem besteira...
— Ah, que maldade, Ju. Não falo mais. –cruzou os braços, fazendo bico.
— Desculpa, K, mas foi inevitável... –respondeu, rindo, puxando Kanon para perto de si.
— Eu sei...
— Mas você ia dizendo...?
— Estive pensado, com tudo isso que tem acontecido, com todo mundo...e com a gente também...
— Sei...
— Eu queria que você soubesse que significa muito pra mim, mais do que eu poderia imaginar.
Julian aproximou-se de Kanon e sentou-se no colo dele, delicadamente acariciando a face tão bonita à sua frente. Kanon fechou os olhos com um sorriso nos lábios, mostrando que gostava muito daquele carinho que lhe era feito.
— Eu também te amo muito, K...muito mesmo...mas o quê quer dizer com isso tudo?
— Eu queria...bom... -ele baixou os olhos, impressionantemente tímido. —...queria oficializar nosso relacionamento.
— Oficializar? Como assim? - Julian tinha uma ligeira noção do que estava por vir, mas queria, no fundo ouvir as palavras vindas da boca de Kanon. Daquele jeito poderia conscientizar-se de que aquilo era real.
— Levante-se, por favor... -Kanon disse, agora com um sorriso.
Julian o fez, sorrindo também. Algumas pessoas à volta deles tentavam olhar por cima de seus ombros, para não perder o show, outros reclamaram e eles então resolveram trocar de lugar, indo para o final do bar, no segundo andar. Voltaram às ações anteriores, só que agora ambos estavam de pé.
Kanon colocou Julian sentado em uma das cadeiras, enquanto ele, num movimento rápido e sem desgrudar os olhos do namorado, tirou uma caixinha vermelha de dentro do bolso da calça e ajoelhou-se diante dele. Julian ficou sério, os olhos cheios de lágrimas alegres, sabendo o que estava por vir.
— Julian Solo, mesmo que as leis não permitam, aceita se casar comigo?
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Afrodite ouviu os aplausos ensurdecedores e a música terminar. Sabia que era sua hora de subir para o tão esperado solo. O coração batia na garganta e ele sentiu-se tonto por alguns instantes. Bebeu um gole da água que sempre estava em cima de uma das penteadeiras, respirou fundo e pegou o chapéu preto, um adereço muito importante para a performance. Quando bateu a porta, ouviu a voz de Kamus.
— Chegou o momento que todos esperavam. Há um ano atrás nosso balcão era freqüentado apenas pelas meninas que aqui estão, mas um dia uma certa pessoa apareceu, e não pudemos resistir à sua beleza. Rapidamente ele nos conquistou e tornou-se parte da nossa família. Por isso, para comemorar um ano de casa, estamos mais que orgulhosos de chamar nosso querido Afrodite.
As luzes se apagaram por completo, apenas um feixe branco iluminava um ponto de onde misteriosamente Afrodite surgiu. Ele havia trocado a blusa azul por uma preta, tão justa quanto a calça, o que fazia parecer que ambas as peças haviam sido costuradas em seu corpo. Os belíssimos cabelos azuis escorriam lisos por suas costas e o chapéu também preto, privava os outros de ver seu rosto por completo, apenas os lábios rosados descobertos.
Carlo estava sem ar. A beleza de Afrodite era inconfundível, inimitável, incomparável, impressionante, era óbvio, mas ele conseguira, naquela noite, superar todos aqueles adjetivos. Estava com raiva por um momento por não estar mais perto dele. Sentado no final do balcão, ele não conseguia evitar o ciúme de aparecer já que todos os outros, que se acotovelavam ali, o veriam de perto primeiro que ele.
Afrodite por sua vez tentou esconder o sorriso ao ouvir os aplausos e gritos. A música começou a tocar, era conhecida por muitos, mas nunca tocada ali no bar. Não era lenta, nem rápida, mas o seu ritmo e letra eram perfeitos para a coreografia que planejara.
Seguiu sem dispensar atenção a ninguém em específico até alcançar o final do balcão, onde Carlo estava com os olhos dele vidrados naquela imagem tão perfeita. Enquanto a letra não começava, ele tirou o chapéu, sorrindo maliciosamente para o italiano que estava sem reação, apenas observando cada movimento.
"Dio...não vou resistir à ele essa noite", Carlo pensou, enquanto via Afrodite colocar o chapéu em sua cabeça.
— SORTUDO! -eles ouviram alguns gritos, de clientes, que de longe também estavam fascinados com o que viam.
Afrodite continuou sorrindo, dessa vez bem perto do rosto de Carlo, tocou de leve nos cabelos dele, que sobravam pela lateral do chapéu, cantando junto com a música, que finalmente começou:
You are the flame in my heart
You light my way in the dark
You are the ultimate star
Carlo sentiu o mundo parar. Não podia acreditar no que seus olhos estavam presenciando. Afrodite estava ali. Cantando. Cantando pra ele.
Afrodite abriu ainda mais seu sorriso, notando que estava realmente conseguindo atrair a atenção do italiano. Mexeu os quadris de leve, enquanto deixava o corpo acompanhar o ritmo deles. Abaixou-se de leve, encostando o rosto no rosto febril do italiano, sussurrando algo em seu ouvido.
— Uma vez eu lhe disse que nunca cantava para ninguém, Carlo... Espero que isso lhe faça notar o que eu quero dizer... -murmurou, não resistindo e beijando sutilmente a bochecha dele.
Antes que Carlo pudesse pensar em agir, Afrodite afastou-se devagar, notando os olhos dele arregalados.
You lift me up from above
Your unconditional love takes me to paradise
I belong to you
And you
You belong to me too
Carlo conseguia ouvir perfeitamente a belíssima voz de Afrodite, que ignorava os pedidos e gritos extasiados daqueles que também imploravam por sua atenção. Os olhos claros do sueco estavam apenas interessados nos olhos azuis de uma pessoa.
A pessoa a qual pertencia.
— Dite... -ele murmurou, hipnotizado pela visão à sua frente. O rapaz fechou os olhos de leve, suspirando. Deixou o corpo tremer de leve, dando um movimento enlouquecedor aos seus quadris marcados.
— GOSTOSO! -berraram muitos, mas ele se manteve indiferente a eles. O mundo parecia ter diminuído, parecia ter se tornado apenas Afrodite... e Carlo.
Sentia o coração bater forte dentro do peito. Os olhos vidrados na figura delicada e sensual a menos de um metro, a boca seca, os ouvidos apurados... Estava simplesmente perdido em tanta perfeição.
You make my life complete
You make me feel so sweet
Ouviu sua voz com mais clareza, notando que ele havia aumentado o tom, propositalmente. Sorriu longamente, ouvindo-o enfatizar a palavra 'doce'.
— Afrodite, eu... -falou, alto, tentando chamar a atenção dele. Ficou surpreso quando sentiu os dedos do sueco pararem de leve contra seus lábios, pedindo que ele não falasse.
— Não aqui, Carlo... -murmurou, calmamente, acariciando os lábios com as pontas dos dedos delgados. — Apenas ouça... -completou, levando a mão aos cabelos e ao chapéu, que ainda continuava com o italiano.
Deixou-o cair para trás, os cabelos azuis e rebeldes de Carlo voltando a aparecer, trazendo mais um sorriso aos seus lábios. Afrodite beijou afastou alguns fios, beijando a testa do italiano suavemente, antes de se levantar para continuar com a apresentação.
You make me feel so divine
Your soul and mind are entwined
Before you I was blind
— EU estava tão cego... -Carlo disse, olhando-o com os olhos cheios de doçura. Afrodite abriu um sorriso, escorregando o corpo até quase tocar o chão. Parou a milímetros de Carlo, que pêde sentir a respiração dele em seu rosto.
Resistiu ao ímpeto de agarrá-lo com muita dificuldade. Porém, quase tocou em seu rosto, como já havia feito.
Afrodite, ao notar isso, alargou ainda mais o imenso sorriso branco e deixou o corpo cair para trás, esquivando-se da bonita mão do italiano, que deu um risinho. Provocação.
Surpreendendo a todos, Afrodite ajoelhou-se e continuou sua performance daquele jeito, deixando os braços fazerem movimentos incríveis, acompanhados por outros tantos extasiantes de seu quadril e as pernas, que hora o faziam abaixar ainda mais, quase deitar, e hora ameaçavam levantar.
Apesar disso, não havia tirado os olhos de Carlo por um momento sequer. O rapaz lhe sorria longamente, os olhos num tom mais escuro. Mas ele podia ver bem o que estava estampado neles. Teve vontade de chorar, notando o que ele sentia.
Amor, enfim.
But since I've opened my eyes
And with you there's no disguise
So I could open up my mind
Carlo sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto, e ficou surpreso por isso. Chorar na frente dos outros era algo MUITO raro. Quem já havia lhe visto chorar? Lembrou-se. Apenas sua melhor amiga, sua ex-noiva. Diana.
Agora, aquela pessoa incrível havia conseguido algo que ele julgava impossível. Havia chorado, na frente de dezenas de outras pessoas. Mas não se sentia mal por isso, muito pelo contrário.
Aquela declaração de amor havia quebrado todas as suas defesas, havia conseguido fazer-lhe ainda mais louco e apaixonado. Havia conseguido, enfim, dar-lhe paz. A música combinava com eles, com a história deles de maneira impressionante, que ele nem pensava nos que estavam a sua volta. Só pensava em Afrodite, que conseguira fazer-lhe acreditar que o importante era o sentimento e não qualquer outro tipo de convenção.
— Eu prometo, Dite. -falou, fazendo-o apurar os ouvidos. — Não haverá mais máscaras... Prometo...
Afrodite abriu um longo sorriso, levantando-se de vez, aproximando-se dele ainda mais.
I always loved you from the start
But I could not figure out
That I had to do it everyday
So I put away the fight
Now I'm gonna live my life
Giving you the most in every way
Algo entalou em sua garganta. Mas era algo extremamente bom. Seus olhos brilharam ainda mais ao ver que Afrodite estava com o rosto um pouco vermelho, segurando o choro.
Sua voz ainda cantava e ele podia ouvir bem o tom rouco presente nela. Porém, aquilo não o fez ficar menos atraente, muito pelo contrário. O fez ficar ainda mais adorável, transpirando pureza.
— Eu também sempre te amei desde o princípio. -repetiu a letra da música, os olhos azuis escuros se fundindo nos claros, em pura compreensão. Afrodite engoliu em seco, tentando se segurar.
Mas Afrodite não conseguiu por muito tempo. Milésimos depois, uma lágrima rolou pelo seu rosto bonito, atravessando a charmosa pintinha, tão adorada, e morrendo nos lábios cor de rosa, entreabertos.
— Eu também... Não poderia ser diferente. -falou, rápido, abaixando-se. Ajoelhou-se na frente de Carlo mais uma vez, segurando-o pelo queixo, puxando-o para mais perto de si. Carlo o encarou por vários segundos e ficou espantado quando a música, de repente, parou.
— Mas, o que...
— I belong to you... And you -os gritos haviam morrido, todo o local estava em silêncio. Para quebrá-lo, a voz de Afrodite ecoou por todos os lados. — You belong to me too.
Ouvi-lo cantar daquele jeito, sem acompanhamento nenhum, era divino. Era perfeito, simplesmente perfeito.
— You make my life complete... -cantou, ainda num tom alto. — You make me feel so sweet... -encerrou, fazendo o hálito quente de Carlo aproximar-se dos seu, os lábios bem feitos do italiano tão próximos que ele podia simplesmente...
Não pensou em mais nada. Colou os lábios nos dele, fazendo aplausos e gritos explodirem pelo local.
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— Isso foi lindo! -Milo disse, os olhinhos cheios d'água. Sentiu braços conhecidos o envolverem por trás, circulando sua cintura delicada. Aconchegou-se no francês, que depositou-lhe um doce beijo na bochecha.
— Sim... Foi incrível... Não quer fazer uma performance assim pra mim? -Kamus perguntou, em seu ouvido, fazendo-o dar um risinho.
— Eu tinha pensado nisso, se quer saber a verdade...
— Hum, eu aceito...
— Kamus, eu preciso falar uma coisa... E eu preciso que você me ouça bem. MUITO bem. -começou, ficando um pouco mais sério. Kamus assumiu uma postura séria, virando-o, olhando-o no fundo dos olhos.
— Diga-me, mon ange. –falou, ainda preocupado. Ao contrário de sua pose, porém, sua voz saiu doce e derretida, fazendo Milo sorrir.
— Eu queria fazer um pedido. Por favor, não se precipite...
— Faça, por favor...
Milo suspirou, tomando coragem. O coração batia descompassado, mas não tinha como voltar atrás, não quando havia acabado de presenciar a declaração de amor de Afrodite para Carlo. Levou a mão até o bolso do casaco sem mangas e, olhando-o nos olhos, puxou uma caixinha.
— Mon amour... -murmurou, vendo os olhos assustados do francês. — Eu o conheci num período estranho da minha vida, onde, para mim, amor não existia. Acreditava que amassos eram o mais importante. Mudei de idéia no mesmo dia em que tive contato com você, em que comecei a entendê-lo, a ouvir suas palavras. Passamos por poucas e boas juntos. -sorriu, acariciando o rosto dele. — Você sabe muito bem do que estou falando.
— Sim, eu sei... –Kamus respondeu, contido. Milo estava fazendo um verdadeiro discurso e ele já estava curioso para ver o desfecho.
— Brigamos, reclamamos, choramos, gritamos, beijamos, nos abraçamos... Mas ficamos juntos, apesar de todas as diferenças e todas as tribulações. Por isso... Eu queria muito... muito... quero dizer... eu quero...
—...
— Eu quero ficar junto com você, Kamus. Pra sempre. Quero me casar com você. -disse, corando, estendendo a caixinha ao francês, que apenas a olhou.
Kamus olhou-o nos olhos, com um imenso sorriso. Diante do olhar curioso de Milo, ele podia apostar que o grego não estava esperando aquela reação dele.
— Só tem uma aliança aí, certo? –perguntou, ainda sem abrir o que lhe era dado de presente.
— Uhum, por quê?
Kamus puxou uma outra caixinha semelhante a de Milo, do bolso, dando um risinho ao ver os olhos muito arregalados do grego.
— Eu iria fazer o pedido hoje mesmo...
— Kamus...pensei que fosse contra casamentos. -sorriu, duas lágrimas rolando pelo seu rosto.
— Eu sou, mas você é exceção. Sempre foi, em tudo. Eu sou seu, Milo.
— E eu sou seu, meu lindo...
Trocaram as alianças de noivado, ambos com os olhos marejados.
— Jet'aime. -pronunciaram juntos, antes de beijarem-se com carinho.
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— K...
— Por favor, me diga o que...
— É claro que eu quero! -berrou, abraçando-o imediatamente, as lágrimas não sendo mais contidas.
Os braços de Kanon envolveram-no, acariciando seus cabelos e acalmando-o. Estava tão contente que sentiu que podia explodir.
— Shhhh, calma... -murmurou, encantado com a reação de Julian, que agora chorava muito, fazendo-o sorrir, sentindo as lágrimas dele molhando de leve seu ombro.
— Eu te amo, K... Muito... Demais... -murmurou, entre soluços, recebendo um beijo perto da orelha.
— Eu também, Ju... Eu também... -falou, com um imenso sorriso, saindo de seu abraço de leve, para levar as mãos para o rosto bonito. Acariciou-o e limpou as lágrimas com os polegares, calmamente, vendo Julian sorrir.
— Agora, meu pequeno... -murmurou, com um sorrisinho, aproximando-se devagar, encostando os narizes e roçando-os. — Somos só você e eu.
Encurtaram a distância em um beijo longo. As mãos seguiam pelos cabelos, costas, em reconhecimento mútuo, numa entrega tão conhecida. Se separaram minutos depois, se olhando. Kanon segurou a mão de Julian, pegando a aliança.
— Permita-me... –disse, cerimonioso.
E colocou-a em seu dedo.
—...meu noivo.
Julian pulou novamente em seu pescoço, quase derrubando Kanon da cadeira. Abraçaram-se por um momento, até que Julian afastou-se rapidamente, com os olhos azuis arregalados.
— Meu Deus! O quê os outros irão dizer?
E caíram na gargalhada logo em seguida.
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— Finalmente! -exclamou Saga, sorridente.
— É... Finalmente... –Diana , com um suspiro.
— Di? –perguntou, preocupado.
— Sim?
— Que animação, hein?
— Argh, não me culpe... Meu intestino está no lugar do coração, o coração está no fígado e o estômago está no lugar onde deveriam estar os rins...
Saga começou a rir, acariciando os cabelos da mulher, puxando-a para si.
— Eu realmente estou feliz. -ela disse, com um sorriso verdadeiro.
— Sabe, a gravidez está te fazendo bem. Muito bem. -ele disse, beijando-a na testa. — Apesar dos detalhes mais grotescos, -ela o cutucou, fazendo-o rir. — você está cada vez mais linda. E cada vez mais sentimental.
— É... Isso faz a gente ficar melhor... -complementou, com um sorriso. — E você, papai, não fica atrás. -ergueu a mão, passando-a pelo abdômen do marido. — Que corpão, hein?
Saga riu novamente. Sua esposa era REALMENTE impossível...
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— Dite... -murmurou Carlo, quando se soltaram. O sueco ainda estava ajoelhado em cima do balcão e o italiano de pé, segurando-o pela cintura.
— O que é...? –perguntou, manhoso, sentindo os dedos do italiano subirem por suas costas.
— Eu pertenço a você... –sussurrou em seus ouvidos, arrepiando-o por completo.
E Afrodite, sorriu, pendurando-se no pescoço de Carlo, que não teve como fazer nada a não ser puxar SEU sueco dali de cima e para seus braços, de onde nunca deveria ter saído.
Continua...
Ê! Fogos de artifício! Eles se juntaram, finalmente! Ainda estão vivos depois de tanto açúcar? Exageramos nos casais? Vamos lá, comentários, comentários! O próximo não deve demorar tanto também não...nós achamos, pelo menos. Mas sim, reta final, capítulos caprichados. Esperamos realmente que vocês tenham apreciado nosso início de final feliz!
Ah, a música que o Dite canta é I Belong To You e é cantada pelo Lenny Kravitz.
Até a próxima!
