Nota do autor: As personagens de Card Captor Sakura não me pertencem.

Capítulo 7: O Primeiro Acto da Carta do Vazio

Já era de noite e a Sakura estava a jantar com a sua família. Parecia que ela estava muito animada e não parava de falar. O seu pai, Fujitaka, ouvia atentamente o que ela dizia. Por seu lado, o Touya mantinha-se calado.

"E o Shaoran foi escolhido para ser o príncipe." – disse a Sakura.

"Aquele menino chinês?" – perguntou o Fujitaka.

"Sim." – respondeu a Sakura. – "Ele é muito inteligente. E também é bonito. Foi por isso que foi escolhido para o papel."

O Touya percebeu o entusiasmo na voz da irmã. Numa situação normal, ele teria implicado com ela e teria protestado por ela estar a falar daquela maneira, ainda por cima, do Shaoran. Mas o Touya estava demasiado triste para isso.

"E a Tomoyo foi escolhida para ser a princesa." – disse a Sakura.

"Ah, parece-me um bom papel para ela." – disse o Fujitaka.

"Sim, também acho." – disse a Sakura sorrindo.

"E tu querida, que papel te calhou?" – perguntou o Fujitaka.

"Eu vou ser a velhota solteirona." – disse a Sakura. – "O professor inventou esse papel especialmente para mim."

Cá estava uma nova oportunidade para a Touya lançar um comentário maldoso à Sakura, mas mais uma vez não o fez.

"Amanhã vou ter de ir para uma conferência, só volto no Domingo." – disse o Fujitaka.

"Oh papá, mas assim não vais ver a minha peça…"

"Calma Sakura, eu chego a tempo, prometo." – disse o Fujitaka. – "Touya, conto contigo para tomares conta da tua irmã. Touya?"

"Hã… o que foi?" – perguntou o Touya, deixando os seus pensamentos de lado.

"Hoje estás muito distraído, passa-se algum coisa?" – perguntou o Fujitaka.

"Sim. Vou tentar ganhar uma bolsa de estudos no estrangeiro." – respondeu o Touya.

"A sério filho?"

"Sim, já falei com o meu professor." – disse o Touya. – "Amanhã ele vai dar-me as informações de que preciso."

"Não fazia ideia de que querias ir estudar para o estrangeiro." – disse o Fujitaka.

"Nem eu." – disse a Sakura.

"Pois é, mas eu quero ir." – disse o Touya. – "Se conseguir a bolsa, é claro…"

"Se é isso que queres, eu apoio-te filho." – disse o Fujitaka. – "Bem, tenho de me ir deitar porque amanhã tenho de acordar cedo. Arrumem a cozinha, ok? Até amanhã."

O Fujitaka saiu da cozinha, subiu as escadas e entrou no seu quarto. A Sakura levantou-se e começou a tirar os pratos da mesa.

"Touya… se tu vais para o estrangeiro… o que vai acontecer com o Yukito?" – perguntou a Sakura timidamente.

"O Yukito não tem nada a ver com este assunto." – disse o Touya rispidamente.

"Mas…"

"É a minha vida e eu é que sei o que faço." – disse o Touya. – "Estou com dor de cabeça, arruma a cozinha por mim por favor."

O Touya preparava-se para sair da cozinha, quando parou à porta.

"Ah, esqueci-me de dizer uma coisa: quero-te afastada desse Shaoran Li, ouviste?"

O Touya saiu da cozinha, deixando a Sakura muito zangada.

"Ora, eu é que sei! A vida também é minha." – gritou a Sakura. – "E tu não mandas em mim!"

Mas o Touya já não ouviu o que ela tinha dito. Depois de ter arrumado a cozinha, a Sakura subiu as escadas, entrou no seu quarto, vestiu o pijama e foi dormir.

Não muito longe dali, um jovem de cabelos negros apanhados num rabo-de-cavalo observava a cidade de Tomoeda.

"Ainda está tudo calmo. A carta do Vazio está a gozar da sua liberdade, mas em breve ela irá começar a fazer das suas e a Caçadora de Cartas estará perdida… já não falta muito…"

O tempo passou rapidamente e a manhã chegou, com o sol a brilhar no céu. O Fujitaka levantou-se cedo, vestiu-se, tomou um banho e depois comeu o pequeno-almoço. Saiu de casa com a sua pasta. Iria apanhar um autocarro para o local da conferência.

Enquanto ele ia caminhando, a carta do Vazio observava-o. Os seus lindos olhos mostravam curiosidade e também malevolência.

"Hi hi hi, agora é a minha vez de actuar." – disse ela.

Ela voou rapidamente para o Fujitaka e tocou-lhe no ombro. Ele virou-se rapidamente e encarou-a. Viu a menina a flutuar no ar, com os seus cabelos longos. Por momentos pensou que fosse a Nadeshiko, mas logo viu que não era.

"Quem… ou que és tu?"

A carta do Vazio sorriu.

"Desaparece!" – gritou ela.

Uma esfera negra rodeou o corpo do Fujitaka. Por momentos ele sentiu-se estranho. A carta do Vazio sorriu novamente. O corpo do Fujitaka desapareceu e a esfera negra também.

"Ah ah ah, uma das pessoas que a Caçadora de Cartas gosta já foi apanhada por mim." – riu a carta do Vazio. – "Vem até mim, carta de Sakura!"

No quarto da Sakura, ela e o Kero dormiam profundamente. Nenhum deles reparou, quando o livro das cartas, que estava em cima de um armário, começou a tremer e abriu-se.

De lá saiu uma carta, a carta do Trovão. A carta manifestou-se rapidamente, saindo do livro. Depois voou, atravessou a parede do quarto e foi em direcção à carta do Vazio, que a apanhou.

"Ah, também já tenho uma carta." – disse a carta do Vazio, antes de desaparecer.

No quarto da Sakura, o Kero acordou e tinha a sensação que tinha sentido magia ali perto. Olhou em volta, mas não viu nada de diferente. O livro das cartas já se tinha fechado novamente.

O Kero adormeceu novamente. Passado uma hora, a Sakura levantou-se e desta vez, para variar, ela não estava atrasada para ir para a escola. Depois de se vestir, a Sakura desceu até à cozinha, para tomar o pequeno-almoço.

Para sua surpresa, o Touya ainda não estava levantado, nem tinha preparado nada para o pequeno-almoço. A Sakura decidiu que era melhor ser ela a preparar tudo.

Quando o Touya desceu as escadas e seu dirigiu à cozinha, já a Sakura tinha tudo pronto para o pequeno-almoço.

"Bom dia Touya."

"Bom dia Sakura."

Eles comeram rapidamente o pequeno-almoço e quando estavam a levantar a mesa, a Sakura perguntou:

"Touya, hoje acordaste tarde e andas estranho… é por causa da bolsa de estudos?" – perguntou ela.

"Sim." – mentiu o Touya. – "Ando nervoso, só isso."

"Hum… se é só isso, então não me tenho de preocupar." – pensou a Sakura.

Eles saíram de casa como habitualmente, mas quando chegaram à rua onde morava o Yukito, o Touya não parou para o esperar e o Yukito também não estava lá como habitualmente.

"Touya, não esperamos pelo Yukito?"

"Não… hoje ele foi para a escola mais cedo." – mentiu o Touya.

"Ah, está bem."

A Sakura e o Touya separaram-se e depois de ter tirado os seus patins e mudado de sapatos, a Sakura caminhou pelos corredores da escola e entrou na sua sala de aula.

A Tomoyo já estava lá, sentada na sua carteira e parecia pensativa. O Shaoran também estava já na sala de aula. Quando a Sakura entrou, ele corou violentamente e sorriu-lhe.

"Bom dia Shaoran, bom dia Tomoyo." – disse a Sakura sorrindo.

"Bom dia Sakura." – disse o Shaoran.

A Tomoyo continuava a pensar em como conseguir livrar-se do papel de princesa e dá-lo à Sakura, mas parecia não estar a conseguir ter nenhuma ideia boa.

Nesse momento o professor Terada entrou na sala e todos os alunos se sentaram nos seus lugares.

"Já aqui tenho os guiões." – disse o professor, mostrando um monte de folhas que estavam pousadas em cima da sua secretária.

O professor Terada parecia estar muito cansado. Tal como a Sakura tinha dito, ele tinha ficado a escrever o guião até tarde e tinha dormido pouco. A Rika parecia preocupada.

"Também já falei com a direcção da escola e está tudo a funcionar bem. Os cenários e as roupas vão ser feitos rapidamente." – disse o professor. – "Agora, por favor, cada um de vocês venha aqui buscar um guião e vamos começar a ensaiar."

Lentamente, um a um, todos os alunos foram buscar os guiões.

"Muito bem, agora que você já têm os guiões, por favor comecem a praticar." – pediu o professor. – "Como estamos na última semana de aulas e já não fazemos nada importante, vamos tornar as horas das nossas aulas em horas para o teatro, ok?"

"Sim!" – responderam todos ao mesmo tempo.

"Então, comecem a treinar. Podem juntar-se em pequenos grupos, se quiserem."

A Tomoyo ainda não tinha arranjado nada que fizesse com que ela deixasse de ser a princesa. De qualquer maneira, decidiu treinar com a Sakura, porque assim a Sakura ia decorando o papel da princesa também.

"Treinamos juntas Sakura?" – perguntou a Tomoyo.

"Claro Tomoyo." – disse a Sakura. – "Shaoran, vem treinar connosco também."

O Shaoran sorriu às duas e juntou-se a elas.

"Oh, valha-me Deus. Eles estão caidinhos um pelo outro e mesmo assim não ficam juntos." – pensou a Tomoyo. – "Se eu conseguir que a Sakura seja a princesa, o meu plano vai resultar em cheio…"

Longe dali, mais precisamente no aeroporto. Uma mulher de longos cabelos negros e expressão séria, vinha a sair da área de desembarque na companhia de uma rapariga de cabelos negros.

"Tia Yelan, era mesmo preciso vir-mos até aqui buscar o Shaoran?" – perguntou a Meilin.

"Claro que sim." – disse a Yelan, numa voz fria. – "O Shaoran vai voltar connosco para casa, a bem ou a mal."

"Ah meus Deus… cá estou eu de novo em Tomoeda…" – pensava a Meilin. – "Já não vinha aqui desde que eu e o Shaoran terminámos o noivado… e agora a tia Yelan quer que ele volte para Hong Kong… espero que corra tudo bem…"

De volta à escola da Sakura, ela, a Tomoyo e o Shaoran estavam a praticar as suas falas.

"Oh minha linda princesa, tenha cuidado." – disse a Sakura, fazendo de velha solteirona.

"Não te preocupes Mary." – disse a Tomoyo, fazendo de princesa. – "Vou apenas passear pelos campos à volta do castelo."

"Mas tem cuidado com os objectos afiados."

"Não há objectos afiados neste reino, Mary." – replicou a Tomoyo.

"Sim… eu sei… vai em paz princesa." – disse a Sakura.

"Pronto, terminámos estas falas." – disse a Tomoyo.

"Se eles tivessem dito logo à princesa para ter cuidado com as rocas, ela não se teria picado." – disse a Sakura.

"Pois, mas a história é mesmo assim." – disse a Tomoyo.

"Tomoyo, temos de treinar as falas do príncipe e da princesa." – disse o Shaoran.

"Sim, eu sei." – disse a Tomoyo.

Na escola do Touya e do Yukito, eles continuavam a evitar-se um ao outro. A campainha tocou e todos os alunos saíram da sala, excepto o Touya.

"Professor, então, já sabe se há bolsas de estudo?" – perguntou o Touya.

"Já me informei e sim, há bolsas de estudo." – disse o professor. – "Para Londres."

"Sim, Londres está óptimo." – disse o Touya. – "Quero tentar fazer os testes."

"Já sabes que se tiveres bons resultados, ganhas a bolsa." – disse o professor. – "Vou marcar-te os testes para amanhã, pode ser?"

"Sim."

"Muito bem. Não te esqueças de estudar."

"Eu vou estudar. E vou ganhar a bolsa."

"É assim mesmo que se fala meu rapaz." – disse o professor, sorrindo.

O Yukito viu quando o Touya saiu da sala. O que andaria ele a fazer? O Yukito sentia-se triste com a situação que eles estavam a viver. Além de perderem o grande sentimento que tinham um pelo outro, também tinham destruído a sua amizade e o Yukito temia que nunca mais voltassem a ser amigos como antes.

Na casa da Sakura, o Kero estava a ver televisão, quando, subitamente, ficou com fome e decidiu descer as escadas e ir até à cozinha. A carta do Vazio espreitou pela janela do quarto da Sakura.

"Ah, ali está o livro das cartas." – disse ela, olhando para o livro, pousado em cima de um armário. – "Venham até mim, cartas de Sakura."

O livro das cartas, abriu-se repentinamente e de lá saíram três cartas a voar. Passaram pelo vidro e a carta do Vazio agarrou-as.

"Hum… Espada, Flor e Ilusão. Por agora está bem, depois eu volto para buscar mais cartas." – disse a carta do Vazio, desaparecendo.

O Kero apareceu pouco depois no quarto e olhou para todos os lados.

"Tenho quase a certeza que senti magia vinda daqui… hum… devo estar enganado." – disse ele, antes de sair do quarto novamente e voltar à cozinha.

"Ah, não me convidaram para esta festa não foi? Então vou lançar uma maldição na princesa!" – disse a Rika.

"Muito bem Rika, está muito bem representado." – disse o professor Terada.

"Vais dar uma boa vilã." – disse a Sakura.

"Obrigado." – agradeceu a Rika.

"Meninos, por hoje é tudo, amanhã continuamos." – disse o professor. – "Podem sair."

Os alunos começaram a sair rapidamente. O Shaoran despediu-se da Sakura e da Tomoyo e saiu também.

"Sakura, não queres vir até à minha casa?" – perguntou a Tomoyo. – "Podes continuar a praticar."

"Hum… pode ser." – disse a Sakura.

"Sakura, porque é que ainda não te declaraste ao Shaoran."

"Tomoyo…"

"Não me digas que não tens a certeza do que sentes por ele, porque vê-se ao longe que estás apaixonada."

"É assim tão óbvio?"

"Muito óbvio."

"Oh…"

"Então, porque não lhe dizes?"

"Tenho vergonha." – respondeu a Sakura.

"Vergonha?"

"Sim."

"Mas Sakura… tu já sabes que ele gosta de ti."

"Eu sei… mas mesmo assim tenho vergonha de me declarar."

"Oh Sakura, eu ainda percebo o lado do Shaoran, que se declarou a ti sem saber o que tu sentias por ele, mas tu sabes que ele te ama."

"Mas é mais fácil falar do que fazer." – disse a Sakura.

"Tens de tomar uma decisão."

"Eu… vou declarar-me a ele no Domingo, depois da nossa peça de teatro."

"Ah, assim está melhor." – disse a Tomoyo sorrindo.

O Shaoran foi caminhando rapidamente para casa. Quando lá chegou, tirou os sapatos e dirigiu-se à sala.

"Wei, cheguei." – disse o Shaoran.

Mas quando ele entrou na sala, deparou-se não só com o Wei, mas também com a sua prima Meilin e a sua mãe, Yelan.

"Mãe, o que estás aqui a fazer?"

Continua…

E aqui está mais um capítulo. A turma da Sakura começou a treinar para a peça de teatro e a Meilin e a mãe do Shaoran chegaram a Tomoeda. Será que o Shaoran será obrigado a voltar para Hong Kong? E a Meilin, não fará nada? E a carta do Vazio? Será que ela irá roubar mais cartas de Sakura? Esperem pelo próximo capítulo e descubram tudo! Mandem reviews por favor!

P.S: Eu ainda não disse, mas a fic só vai ter mais três capítulos. Espero que estejam cá para os ler!

Agradecimentos

Hikari-Hilary-Chan: Obrigado por todas as reviews que enviaste. Quanto aos capítulos pequenos, já viste que eles alargaram um pouco. E não, o personagem de cabelos negros e que é misterioso, não sou eu, é um personagem inventado por mim. Além dos pares que tu sugeriste, ainda vai haver mais um mas não só no último capítulo. E não, o rapaz misterioso, não é como o Eriol e não tem guardiões. Quanto às cartas negras, embora o título diga o nome delas, elas são vão aparecer no último capítulo, onde é revelada a identidade do rapaz misterioso.

HikariTenchi: Obrigado pela review. Pois é, a fic oneshot ganhou mais nove capítulos. A Tomoyo ficou com o papel que era para a Sakura, mas ela vai pensar nalgum plano para dar o papel à Sakura. E obrigado pelo elogio à fic Aventura e Magia.