CAPÍTULO 5 – Um estranho no escuro
Quando chegou a noite, subi para me deitar ainda sem conseguir entender o que se passava. Por que toda essa mudança? Por que essa insistência em uma vida que não é minha, em uma vida da qual não participei, e, no entanto não há como negar que seja real? Talvez todos eles estejam certos. Talvez eu realmente esteja trabalhando demais. Só resta saber se em Hogwarts ou numa livraria no Beco Diagonal, ouvindo diariamente as explosões causadas por Fred e Jorge em suas experiências para a loja de logros.
Entrando em "meu quarto", vi Rony estirado na cama, roncando um pouco alto. Sorri. Certa vez, Harry comentou comigo sobre o ronco de Rony, e só deu tempo de suas orelhas enrubescerem antes que ele começasse a se defender, afirmando que quem roncava era Dino, não ele. Eué claro, não perdia nenhuma oportunidade para atorment�-lo com essa lembrança, assim como ele também não parou de me torturar quando, no sexto ano, descobriu que eu mantinha um diário.
Abri o armário e peguei um grande vestido amarrotado e bastante desbotado, que deveria ser minha camisola, e o vesti. Voltando-me para a cama em que Rony estava, relutei em me deitar ao seu lado, preferindo ficar em pé olhando à minha volta e imaginando que na manhã seguinte eu estaria de volta a Hogwarts, e nem sequer me lembraria do pesadelo que tive durante a noite. Casada com Ronald Weasley, imagine!
Com esse pensamento animador e meu corpo implorando por descanso, deitei a cabeça no travesseiro, adormecendo rapidamente.
Somente um fino casaco me separava do vento cortante da noite. A rua estava escura e deserta: apenas algumas corujas passavam acima de mim, provavelmente com bilhetes amarrados às suas pernas, voando de um lado para o outro para cumprir sua tarefa com precisão e rapidez.
Minha visão estava embaçada e, apesar disso, percebi que não conhecia o lugar onde eu estava quando olhei ao meu redor. Já começava a pensar que a loucura realmente escolhera minha mente como sua morada quando alguém atrás de mim disse, numa voz firme e clara:
- Você não está louca, Hermione.
Virei-me imediatamente. Meu interlocutor era um homem de meia idade, alto e com profundos olhos verdes. Ele usava uma capa azul-celeste com o brasão de Hogwarts estampado no lado esquerdo. Não era possível!
- Quem é você? O que faz com minha capa? – gritei assustada, principalmente depois de constatar que minha varinha não estava no bolso de meu casaco.
O homem dos olhos verdes não disse nada, apenas levou um dos dedos ao lado direito da capa, onde eu pude ler "Professor Mavvle". Minha boca se abriu automaticamente. Esse foi o nome que Landon me disse!
Durante dois segundos, uma imensa vontade de pular no pescoço daquele estranho e mat�-lo à maneira trouxa me dominou. Se ele estava no meu lugar em Hogwarts, usava a minha capa preferida e ainda tinha um sorriso cínico no rosto, só poderia ser ele o responsável pela bagunça que minha vida se transformou.
Antes, porém, que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele deu dois passos à frente, ficando cara a cara comigo. E como se fosse capaz de ler meus pensamentos, disse, com a mesma voz firme e clara:
- Você precisava disso, Hermione. Estava presa em seu próprio mundo, escondida atrás de um muro que você mesma construiu.
- Do que você tá falando? – consegui balbuciar, demonstrando a mínima emoção possível. Apesar de estranho, o medo que senti no começo se dissipou, tendo seu lugar dividido entre curiosidade e ansiedade. Era como abrir um livro novo: eu queria saber o final e cada página me revelava informações novas. A diferença é que a história em questão não tratava de Morgana, Flamel ou Riddle, mas sim da minha vida. E quem a estava escrevendo era justamente aquela pessoa à minha frente.
- Falo da sua nova vida. É apenas uma amostra, mas você precisa aprender com isso. E ao contrário do que pensa sobre o aprendizado, há certos conhecimentos que não podem ser adquiridos através de livros.
- Você está enganado! Não preciso de uma nova vida! – respondi com convicção. – Tenho tudo que preciso! Uma profissão que me completa, um salário que compensa todo meu esforço, amigos que me amam, oportunidade para aprender e ensinar! O que mais posso querer? – eu estava à beira da indignação.
- Isso você vai ter que descobrir sozinha. Leve o tempo que levar.
É loucura! – gritei, apertando meu casaco contra o corpo – Quem é você? Por que está fazendo isso?
- Já sabe meu nome, Hermione.
- Pois bem, Sr. Mavvle. Eu exijo que, o que quer que você tenha feito para desencadear esse caos, tudo seja desfeito imediatamente!
Eu estava realmente séria, mas Mavvle sorriu como se achasse a situação muito engraçada. Isso me aborreceu profundamente!
- Não depende de você, Hermione. E nem de mim. Vai ter de aceitar sua nova história.
- Aceitar? Você acha que eu quero passar minha vida vendendo livros e fazendo serviços domésticos? – agora eu me encontrava verdadeiramente irritada. Quem esse Mavvle pensava que era? – Casada com Rony, além de tudo? Não, definitivamente não aceito isso!
- Só posso te desejar boa sorte. Até nosso próximo encontro.
Dito isso, ele estalou os dedos e desapareceu.
Acordei subitamente, e vi que estava sozinha na cama.
"Hogwarts! Estou em Hogwarts"
Minha empolgação durou pouco. Rony apareceu em seguida, usando uma toalha apenas da cintura para baixo. Fitei-o admirada, mas logo desviei o olhar para a janela ainda fechada.
- O apanhador do Chudley Cannons quebrou o pé, dá pra acreditar? Se ao menos tivéssemos Madame Pomfrey na enfermaria do clube, o transtorno que vou ter seria evitado. Agora temos um grande problema pra resolver. – ele suspirou, parecendo realmente chateado – Sei que prometi que íamos passear com as crianças hoje, mas não fique zangada, Mione. É realmente importante. Sem o Jerry no time, perdemos todas as chances de chegar à primeira divisão! Eu volto o mais rápido que puder. – disse tudo isso vestindo a calça, os casacos, colocando a varinha no bolso e mastigando uma torrada. Já estava quase na porta quando voltou depressa, como se tivesse esquecido algo muito importante. Pulou na cama ao meu lado e encostou seus lábios nos meus, antes que eu pudesse ter qualquer reação.
- Te amo, Mione. Nunca se esqueça disso.
E desapareceu.
Quero agradecer a todos os comentários positivos que recebi por essa fanfic aqui, no MSN e no fórum. Muito obrigada.
À SabrinaGranger, que nem ao menos deixou e-mail para contato, só aviso que o "x" que aparece no canto superior direito da sua tela não é só para enfeite. E obrigada por perder seu tempo lendo e comentando a pior história do século. Ao menos eu me destaco em alguma coisa. :o)
