Aquelas Doces Palavras

Capítulo 5 – Preparação

"Ela vai ficar bem, não vai?" – O desespero era visível nos olhos do loiro. Ele estava tão atordoado que nem se lembrou de avisar Rony e os outros sobre Virgínia, que, alias, não fora a única vítima de uma maldição imperdoável. Os comensais não tinham escrúpulos nenhum e pareciam estar completamente esquecidos de que estavam torturando crianças. Um aluno "sangue-ruim" da Lufa-Lufa que estava no 2º ano, teve que ser mandado pra St. Mungus e era muito provável que ele ficasse com seqüelas gravíssimas. Mas e ela? Ninguém mais no mundo interessava pra Draco, apenas a sua ruiva. Apenas a menina que ele amava.

"Não há nada que possamos fazer por ela. Só esperar que ela acorde, e somente quando isso acontecer nós saberemos se ela ficou com seqüelas ou não. Mas por enquant.." – Madame Pomfrey foi bruscamente interrompida pelo barulho estrondoso da porta da enfermaria sendo escancarada.

"O que aconteceu com a minha irmã! O que você fez com ela, Malfoy!" – Rony estava completamente fora de si, ele tinha um dos punhos fechado e encarava firmemente o loiro, que podia ver seu rosto completamente tomado pelas lágrimas. Draco não conseguia responder à pergunta de Rony, ele nem estava conseguindo processar direito as palavras do ruivo, ele só pensava na cena que vira momentos antes.

"O Sr. Malfoy trouxe sua irmã pra cá. Um comensal a torturou com a Crucciatus e o Malfoy a encontrou desmaiada perto da sala da professora Minerva."

Rony se jogou em uma cadeira e começou a chorar desesperadamente murmurando coisas incompreensíveis. Hermione que viera correndo atrás dele segurou sua mão e entre sussuros o abraçou forte como se quisesse dividir a dor que ele estava sentindo. A garota também chorava, Gina era sua amiga, sua única amiga mulher em Hogwarts, e só de pensar em tudo que ela tinha sofrido a garota sentia como se seu coração estivesse sendo rasgado. Mas, apesar disso, ela tentava apoiar Rony, dava a pouca força que restara a ele, pois sua dor devia ser bem maior que a dela.

"Ron, vai ficar tudo bem. Você vai ver. Vocês vão dar risada de quem fez isso com ela quando o dementador der o beijo no desgraçado."– Hermione se perguntava porque ela não sabia direito o que falar pra ele. Aquilo era tão clichê e na visão dela não consolava coisa alguma. Mal ela sabia que só os braços dela apertando o menino lhe davam mais apoio que mil palavras. – "Madame Pomfrey, ela pode ficar... como os pais de Neville Longbottom?" – A garota de cabelos cheios perguntara, mas tinha medo da resposta. Ela nunca esquecera a cena que vira no St. Mungus, antes de começar seu quarto ano.

"Eu não acredito que isso possa acontecer, pois pra ficarem daquele jeito os Longbottom sofreram muito mais torturas que Gina...mas como eu falava pro Sr. Malfoy antes do Sr. Weasley entrar praticamente quebrando a porta, tudo o que podemos fazer é esperar que a garota acorde pra sabermos se haverão ou não seqüelas."

"E os comensais foram detidos, Weasley?" – Draco saiu do marasmo em que se encontrava, tentando assimilar o modo como Rony ficou depois de saber o que tinha acontecido com sua irmã, e simulou o seu olhar mais frio e indiferente apesar de ser bem difícil fingir que não se importava com a ruiva.

"Dubledore entregou-os pros dementadores. Quer dizer, um deles conseguiu fugir. Acho que era uma mulher." – Algumas lágrimas teimosas ainda escorriam pelo rosto do ruivo e ele segurava forte as mãos de Hermione pra encontrar forças pra ver sua irmã, por isso nem pode perceber a expressão que tomou conta do rosto de Draco.

Naquele momento Draco jurou pra si mesmo que aquela mulher teria um castigo a altura, nem que fosse a última coisa que ele fizesse. A mulher de olhos claros pagaria por cada segundo de dor que dera a Gina.

Mais tarde no jantar, Dubledore comunicou que os alunos seriam mandados pra suas casas no dia seguinte, pois Hogwarts não podia mais ser considerado um lugar seguro e eles não poderiam se arriscar a serem atacados novamente.

Os dias foram se passando cheios de expectativa e angústia sem que Gina acordasse ou Lúcio mandasse notícias a Draco. Todos começavam a se preocupar com esse silêncio de Voldemort, pois algo grande devia estar sendo planejado e o ataque a Hogwarts poderia ter acontecido apenas pra distrair os que lutavam contra o Lord das Trevas.

Draco já estava se perguntando se o pai desconfiara de algo e resolvera parar de se comunicar com ele. Mas não era possível. Draco tinha interpretado direitinho seu papel de garoto mau que quer ser um grande comensal e matar um monte de trouxas idiotas. Desde que fora mandado de volta pra casa, ele não fora visitar Gina, e nem se comunicava com Potter e os outros, ele tinha medo que seu pai estivesse vigiando e um encontro com os garotos do bem ou com uma sangue-ruim poderia por tudo a perder. E de vez em quando ele também torturava uns elfos para o seu pai pensar que ele estava treinando pro grande dia.

Finalmente, após duas semanas de espera, Lúcio entrou em contato com seu filho.

Draco

Enfim, o nosso Lord mandou que eu te chamasse. Como te falei da outra vez, ele vai precisar de todos os aliados dele reunidos e dispostos a servi-lo. Esteja à meia-noite de sábado na casa dez do vilarejo bruxo de Longwest. Aparate. Espero que aquela escola tenha servido ao menos pra te ensinar isso.

Lúcio Malfoy

Uma raiva imensa invadiu o peito do garoto ao ler essas palavras. Ele se lembrou de Gina e do que a bruxa de olhos claros tinha feito a garota. Outras mil lembranças vieram a sua cabeça inclusive de sua infância, em todas seu pai lhe dizia que os trouxas e os "sangues-ruins" não serviam pra nada além de sujar a raça bruxa. Que ele não via a hora de o mestre voltar e "limpar a raça". Draco se perguntava por que todo esse preconceito contra os não-bruxos se estes nem sabiam de sua existência. Agora o loiro percebia quem eram os sujos realmente.

Draco decidiu que mandaria uma coruja pra Harry naquele momento mesmo. Quanto mais cedo eles pudessem formular um plano de ação melhor, assim eles estariam preparados pra lutar.

Ol�, Santo Potter.

Acho que chegou a hora de você salvar o mundo. Meu pai entrou em contato comigo hoje e me mandou este bilhete. Avise Dubledore.

Draco Malfoy

No outro dia Draco recebeu uma coruja de Snape dizendo que na sexta feira a noite Ninphadora Tonks estaria esperando ele em frente à Madame Malkin, que era melhor que ele se disfarçasse e que no sábado a tarde ele se reuniria com os membros da Ordem.

Assim na sexta feira, sem um pingo de arrependimento, Draco olhou uma última vez para o seu quarto, que ficava perdido em um dos corredores da imensa mansão Malfoy, e apesar de saber que poderia nunca mais voltar para aquela casa ele fez exatamente o que seu professor de poções recomendara. Era hora de partir. Ele desceu e da escada mesmo pode avistar, na sala, uma mulher extremamente loira confortavelmente acomodada num sofá em frente à lareira. Ela tinha uma taça com um liquido vermelho nas mãos, provavelmente vinho, uma bebida trouxa, irônico, não? Ele pensou, e sem ao menos chegar perto dela, falou.

" Narcisa, eu vou sair."

"Você volta ainda hoje?" – Ela perguntava por perguntar. Não havia um sinal sequer de preocupação na expressão dela. Pouco importava se ele voltava hoje, ou daqui a um século.

"Não. Não volto hoje, se o meu pai me procurar mande essa coruja imprestável me achar." – A mulher acenou com a cabeça e Draco atravessou a porta pesada de madeira de lei que o separava de sua nova vida.

Ele não a chamava de mãe. Não havia muito diálogo entre os dois, mas mesmo assim Draco receava que aquela fosse a última vez que a via, pois mesmo que fosse nojenta como o pai dele, ainda era sua mãe e o tinha colocado no mundo. Mesmo que para entrega-lo a uma cobra.

Ele não aparatou, preferiu ir de vassoura. Voar era uma das poucas coisas que o distraia e ele precisava se distrair. O que viria a seguir seria muito difícil de sustentar e ele sabia disso.


"Draco Malfoy... Quem diria que o menino mimado e arrogante, filho do comensal mais influente do mundo bruxo iria virar um dos nossos."

"Existem coisas que devem ser feitas, Sr. Weasley." – Impossível não reconhecer. Os cabelos ruivos entre os brancos o denunciariam a quilômetros de distância.

Arthur tinha um sorriso amistoso no rosto, parecia estar feliz por ver que Draco estava se tornando um homem diferente do que todos pensavam que ele seria, do que o próprio Draco pensava que seria.

"Ele se comportou bem, Tonks?"

"Como um cavalheiro, Arthur. Devia até ter falado um pouco mais, veio o caminho todo calado."

Arthur olhou pra Draco, com uma expressão divertida no rosto e o garoto, que começou a se incomodar com aquela conversa, resolveu perguntar de uma vez o que vinha lhe perturbando há dias. Ele não tinha notícias de sua ruiva e estava preocupado com ela, queria saber se elas estava bem, se acordara, se estava viva. E antes que Arthur tivesse tempo de dizer algo de volta a Tonks, ele interferiu.

"Sr. Weasley..."

"Pode me chamar de Arthur, Draco." – Arthur deu uma piscadela pro garoto, como se o estivesse encorajando-o a se sentir a vontade ali, como se mostrasse que eles estão no mesmo time.

"Bem...Arthur, como está a sua filha? Eu não soube dela desde o dia em que houve o ataque."

"Ah, ela ainda não acordou, mas os gritos que ela soltava cessaram. Madame Pomfrey cuidou muito bem dela, e Virgínia mesmo que ainda esteja dormindo, parece estar bem melhor. Alias, eu tenho que lhe agradecer por te-la levado pra enfermaria, quem sabe se teriam-na achado a tempo se você não a tivesse encontrado."

Draco ficou em silêncio, havia outra coisa que ele queria perguntar, mas sabia que era muito difícil deixarem ele vê-la e mais difícil ainda deixarem ele ficar a sós com ela. E se pedisse isso teria que dar explicações e não sabia se Gina queria que todos soubessem sobre os sentimentos dele para com ela. Assim, Draco deu a desculpa de que estava cansado e que iria se recolher pra dormir. Pura mentira, ele não pregou os olhos naquela noite, na verdade só Gina dormia naquela casa. Todos estavam tensos com a proximidade do encontro com Voldemort. Mas para Draco, aquilo era muito mais difícil. Ele estava se voltando contra o seu próprio pai, e a possibilidade de lutar com ele não lhe deixava a cabeça.

Assim as horas foram passando sem que o loiro percebesse. Os pensamentos sobre a luta que viria no dia seguinte e de Virgínia não deixavam espaço pra mais nada em sua mente. O garoto só se deu conta de que tinha virado a noite e a manhã inteira acordado quando Molly, bateu na porta do quarto dizendo a ele que era hora de descer pra reunião.

"Você come alguma coisa e daí começamos. Como é que você pode ficar o dia todo trancado naquele quarto, menino? Onde já se viu... Fica o dia todo sem comer e depois quer ir lutar."

Draco ficou sem graça com aquele cuidado todo, nunca ninguém o tratara assim, nem sua mãe, e mesmo sem fome ele decidiu comer alguma coisa só pra não fazer desfeita pra Sra. Weasley que estava sendo tão gentil com ele, mesmo ele sendo quem ele é: um Malfoy.


N/A: À quem leu e esperou o capítulo 5 no dia 27, eu realmente sinto muito. Não pude publica-lo na data marcada. Mas ae está ele. Gostaram? Espero q sim.
Bem... o próximo capítulo é o que eu precisei ter mais cuidado pra fazer. E um que eu particularmente gosto. Aviso desde já que ele contém cenas mais calientes, se é que me entendem. XD

Poxa gente, vocês estão sendo maus comigo e não estão clicando no botãozinho de mandar reviews ali embaixo. Deixem de ser preguiçosos! XD

Próximo capítulo: não vou dar uma data, mas provavelmente sábado ou domingo que vem, ou seja, dia 09 ou 10 de abril. XD

Thanks to:

Miaka: Eu tbm gosto dessa parte... Pode crer que ele pega! Ele tah com ódio e quem fez isso com ela! XD Ó, vê se continua lendo e mandando review ae ok?