Respostas às reviews do capítulo anterior:

entlzab: Na verdade, isso não será plenamente esclarecido nessa fic. Não esperem que essa fic dê todas as respostas, não é esse o objetivo. Há muitas coisas que Snape e Harry jamais saberão ao certo. Espero que você goste, ainda assim. Eu acho que da metade para final fica um pouco mais interessante do que no começo, na verdade.

Nicolle Snape: Será que tiveram mesmo? Vamos ver, né? Rsrsrs. Obrigada pela review!

Marck Evans: (a quem é dedicada esta fic!) Hm, eu não vou explicar tudo, não! Leia a minha resposta à entlzab, acima. Obrigada por suas palavras carinhosas. Vindo de um autor sensível e habilidoso como você, significam muito!

Srta. Kinomoto: Muito obrigada! Espero que goste dos próximos também.

Capítulo 2 - Decisões

O sobrado onde Harry morava desde que atingira a maioridade era protegido por Fidelius Charm, sendo Aberforth o seu fiel do segredo. A casa pertencia a Aberforth, mas este preferia morar em um dos quartos de Hog's Head e não a utilizava. Tinha apenas um vestíbulo, uma sala de estar e uma cozinha no andar de baixo, dois quartos — um dos quais estava atulhado por objetos deixados por Aberforth — e um banheiro no andar de cima. No quintal havia uma horta pequena, mas exuberante.

Harry se concentrou em sua cama e foi exatamente lá que eles aparataram, pois Snape não deveria, supostamente, ficar em pé ainda. Harry ouvira o medibruxo lhe dizer naquela mesma manhã que ele precisava de repouso ou poderia entrar em coma novamente.

— Isso aqui está uma bagunça — reclamou Snape, olhando ao redor do quarto. De fato, havia um baú aberto e vários objetos estavam espalhados pelo chão, sobre uma cadeira e uma penteadeira.

— Sinto muito, Snape, mas não tenho elfos domésticos trabalhando para mim, e não tive tempo de preparar a casa para recebê-lo — respondeu Harry, irritado, enquanto se levantava e ajeitava o travesseiro e os cobertores para que Snape pudesse se deitar.

Mas Snape não queria saber de nada disso.

— Pare com isso. Sente aí. Temos decisões a tomar.

— Você precisa ficar deitado!

— O destino do Mundo Mágico depende dessa nossa decisão e você escolhe justo esse momento para se preocupar com uma ninharia como o meu bem-estar?

Harry não pôde deixar de dar um meio sorriso.

— Sabe com é: eu sou... especial.

Snape lançou-lhe um olhar fulminante.

— Especial ou não, você tem muito poucas opções. A mais inteligente é me matar agora.

— Matar você? — Harry o encarou, perplexo. — Ótimo. A idéia de me livrar da sua presença é bastante interessante e agradável. Só vejo um problema: não sei em quê isso possa contribuir para acabar com o Lord das Trevas.

Mas Snape não parecia disposto a brincar.

— Muito espirituoso, Potter. Entretanto, espero que tenha a maturidade suficiente para entender que a questão é séria. O que estou lhe propondo é que me mate e faça uma Horcrux com a minha morte.

O sangue pareceu gelar-lhe nas veias, dando-lhe vertigens. Harry se sentou na outra ponta da cama em relação a Snape.

— Eu, matar você e fazer uma Horcrux? N-não. Não, de jeito nenhum.

— Não seja estúpido. Por que não?

— Isso são Artes das Trevas.

— E você é muito puro para isso. — Snape bufou. — É bem cria de Dumbledore.

— E me orgulho muito disso! — declarou Harry.

Snape suspirou.

— Eu já esperava isso. Vocês, Gryffindors, são um osso duro de roer.

— E você é muito Slytherin, não é? Porque ficar se sacrificando pelos outros o tempo todo é uma típica característica de Slytherin.

— Nós fazemos o que é necessário, no momento oportuno.

— Verdade? Então você não se importará se eu lhe pedir para me matar, não é? Porque, na verdade, é isso o que é o que é preciso fazer. Se me matar agora, é o fim de Voldemort. Com certeza ele não encontrou ainda um lacaio que lhe dê um novo corpo. É um feitiço complexo, e seus amigos mais próximos estão todos mortos, presos em Azkaban ou escondidos. Mas ele acabará encontrando alguém. Se esperarmos muito, perderemos a oportunidade.

— Sem dúvida. Por isso estou dizendo que precisamos resolver isso agora mesmo.

— Quer dizer que você aceita?

— Matá-lo? É óbvio que não.

— Por que não? Você aceitou matar Dumbledore, que era o seu mentor e protetor. Por que não a mim, o filho do seu inimigo, o moleque estúpido que só lhe cria problemas?

Snape deu um riso irônico.

— A proposta é muito tentadora, Potter, sem dúvida. Mas tenho uma dívida de vida com sua mãe.

— Com minha mãe? Pensei que era com meu pai.

— É verdade que seu pai me salvou, mas, como já lhe contei, não houve nada de tão nobre na ação dele, visto que ele mesmo estava envolvido na tentativa de meu assassinato. Foi a sua mãe que o fez ir lá me salvar. Ele não teria ido se Lily não houvesse insistido.

Ah. Finalmente aquela velha história começava a fazer sentido para Harry. De alguma forma, ouvir Snape falar de sua mãe o perturbava. A princípio, fora porque sempre idealizara o relacionamento de seus pais e nunca imaginara que tivesse havido mais alguém na vida de qualquer um deles. Além disso, pensar que, entre todas as pessoas, justo Snape pudesse ter se interessado por sua mãe, era realmente perturbador. Mas não era só isso. Havia também um outro sentimento envolvido na reação de Harry, uma espécie de ciúme do amor obsessivo que Snape devotava a sua mãe, e Harry não conseguia entender por que se sentia assim.

— E essa droga de dívida — rosnou Harry — não pode ser paga com você me fazendo o favor de me matar?

— Duvido que sua mãe ficasse feliz com essa proposta.

Harry suspirou.

— Então estamos em um beco sem saída.

— Há uma terceira saída para o nosso impasse.

— Qual?

— Eu poderia tentar remover o pedaço de alma que o Lord das Trevas implantou em você.

Harry arregalou os olhos.

— Isso é possível?

— Sinceramente, Potter, não sei. Eu sei, tanto quanto você, remover o feitiço de objetos. Albus me explicou detalhadamente o processo. Quando ele cogitou da idéia de que Nagini fosse uma Horcrux também, ele me confessou não saber se o processo mataria a cobra ou não.

— Eu... matei Nagini primeiro, e removi o feitiço depois — disse Harry, perdendo um pouco o ânimo.

— Fez muito bem. Era o jeito mais lógico e prático.

— É, mas continuamos sem saber se é possível ou não remover o feitiço de um ser vivo e... mantê-lo vivo. — Harry deu um longo suspiro. — Infelizmente, não há outro jeito. Vamos em frente. Não temos tempo a perder.

— Não temos tempo a perder, mas também não podemos ser precipitados. Você precisa entender o que pode acontecer e estar preparado. Quando eu aplicar o feitiço de extração em você, o pedaço da alma do Lord das Trevas que está em você pode se fragmentar e se espalhar pelo seu corpo. E o seu espírito pode rejeitar, não suportar o contato com esses fragmentos. Do mesmo modo que o Lord das Trevas não consegue possuí-lo devido a... certas qualidades particulares do seu espírito.

O amor, pensou Harry, não sem uma dose de ironia.

— E o que eu posso fazer?

— Apenas esteja mentalmente preparado para essa luta interna, e procure esvaziar sua mente. Talvez não seja possível eliminar o pedaço de alma em apenas uma tentativa; eu vou tentar não sobrecarregá-lo. Além disso, vou tentar minimizar os efeitos para você com feitiços curativos.

— Certo — respondeu Harry, pegando a varinha de Snape em seu bolso e entregando a ele, tremendo um pouco ao se lembrar de todas as vezes que Snape o mandara "esvaziar a mente" e Harry não conseguira.

Continua...