Respostas às reviews do capítulo anterior:
Marck Evans: Difícil é saber qual é mais teimoso, não?
Lilibeth: Bom, este aqui é mais longo e, er, significativo. Eles continuam não falando muito, mas agem mais :)
Nicolle Snape: Acho que este capítulo é a resposta à tua pergunta, mas aposto que você vai ter outra pergunta depois... Tã-dã!
Obrigada a todos pelas reviews!
Capítulo 4 - Exorcismo
A lembrança de Harry de todos aqueles dias em que passara pelo processo que eles começaram a chamar de "exorcismo" era bastante vaga e confusa. De manhã, Snape lhe trazia chá com torradas. A seguir, Snape entoava o feitiço de exorcismo, e Harry se sentia como se estivesse sendo lançado nos ares de repente — um frio no estômago e uma sensação de estar explodindo. Os feitiços de cura que se seguiam eram como uma carícia em sua alma. O mais estranho era que Harry se sentia muito próximo de Severus naqueles instantes, e ansiava por eles. Depois Harry perdia a consciência, e restavam apenas alguns momentos de lucidez, em que ele despertava nos braços de Severus após um ou mais ataques convulsivos, amparado, confortado, protegido e... bastante confuso.
Ele estava se acostumando a acordar cercado pelo corpo de Snape, pelo cheiro de Snape, pelo som da respiração e as batidas firmes do coração de Snape, e nada disso era nem um pouco desagradável. Ao contrário; nada nunca lhe parecera tão perfeito.
Em geral Harry despertava algumas horas depois e Snape lhe trazia o almoço. À tarde, Harry se sentia melhor e até conseguia levantar e ajudar Snape na casa, em tarefas leves.
No segundo dia que passaram no sobrado, Snape transfigurara seu nariz, sobrancelhas e cabelos para sair para fazer compras. Harry quase sufocara de tanto rir ao vê-lo com um nariz arrebitado e cabelos acaju.
— Você devia fazer isso em Hogwarts. Assim ninguém poderia falar do tamanho do seu nariz ou que o seu cabelo é seboso. Se bem que... ele continua seboso.
Snape o fuzilara com os olhos. Harry quase podia imaginá-lo dizendo "dez pontos menos para Gryffindor", e chegou a sentir pena do ex-professor, agora desarmado e indefeso, que tivera até mesmo de engolir o orgulho e aceitar o dinheiro de Harry.
A cada dia, a Marca de Snape ficava menos nítida.
A cada dia Harry se sentia mais próximo de Snape.
oOoOo
À noite, cada um dormia em seu próprio colchão, lado a lado; Snape em sua camisola verde, que ele havia transfigurado a partir de uma camiseta Harry, e Harry em seu pijama.
Na terceira noite, Harry teve um pesadelo horrível. Sonhou que Voldemort havia voltado e estava matando Snape, não com um Feitiço Mortal, mas com uma série de Cruciatus, e Harry não podia fazer nada porque Voldemort havia lançado um Feitiço Paralisante sobre ele.
Acordou com Snape sacudindo-o.
— Foi só um sonho.
Ao ver Snape, Harry segurou-lhe o braço com força.
— Você está vivo.
Snape fitou-o com estranheza.
— O que você andou sonhando, Potter?
— Foi horrível, não quero nem lhe contar. — Harry ficou em silêncio por alguns instantes. — Você... tem mesmo de me chamar de Potter? Você diz esse nome com ódio.
— É o hábito.
— Então você não me odeia?
Snape fez cara de impaciência.
— O que você acha?
— Acho que você não faria tudo isso por mim se me odiasse.
— Já disse que não é por você que estou aqui.
— Sei. Eu não sou especial ou importante. Mas você estaria aqui mesmo que me odiasse?
— Potter, pare com isso. Eu nunca o odiei.
— Oh, você me enganou direitinho, em Hogwarts.
— Eu sempre soube que teria de voltar a espionar o Lord das Trevas. Eu precisava fingir que o desprezava. — Snape deu um sorriso cheio de veneno. — Não que tenha sido uma tarefa difícil!
— Desgraçado. Miserável. Peste.
— Chega de me insultar e dessa conversa mole. Deixe-me dormir.
oOoOo
Quando Harry acordou, Snape estava dormindo ainda, o rosto voltado em sua direção. A expressão de Snape estava tranqüila — ao menos mais tranqüila do que em outros momentos. Harry se lembrou do pesadelo, e seu coração se contraiu. Quase inconscientemente, estendeu a mão e afastou-lhe uma mecha de cabelos do rosto. Sim, eram sebosos. Snape os lavava quase todos os dias e mesmo assim eles continuavam oleosos. Harry chegou mais perto, sentiu o calor e o cheiro do outro mago, e deixou a mão pousar-lhe sobre os cabelos.
Snape não era bonito, não era mesmo, mas era misteriosamente atraente. E ao pensar em tudo o que Snape fizera e estava fazendo por ele, Harry sentia uma profunda gratidão e ternura. Quase não conseguia mais controlar a vontade de acariciá-lo.
Snape abriu os olhos e pegou Harry em flagrante com a mão em seus cabelos e, provavelmente, olhando para ele com cara de idiota. Harry sentiu o sangue afluir-lhe ao rosto. Snape franziu o cenho. Harry recolheu a mão. Snape estreitou os olhos, mas nenhum dos dois disse nada, e Snape adormeceu outra vez.
O que estava acontecendo com ele? O que ele queria? Que Snape o agarrasse, o beijasse, lhe declarasse eterno amor? Mas Harry não era gay, era? E Ginny? Harry amava Ginny, não amava?
Harry estava muito, muito confuso.
oOoOo
Ao final do quinto dia, Harry se sentia bem melhor; a Marca agora era apenas uma tênue sombra no braço de Snape. Estavam tomando o chá da tarde quando chegou uma coruja trazendo uma mensagem de McGonagall a Harry, dizendo que todos estavam preocupados com o seu desaparecimento e pedindo-lhe que retornasse a Hogwarts para concluir seus estudos.
— Ela tem toda razão — comentou Snape. — As aulas estão iniciando agora. Ainda há tempo de você voltar e...
— Você vai voltar a dar aulas em Hogwarts? — perguntou Harry.
— Eu? Eu nunca considerei a possibilidade de sobreviver a essa guerra. Meu futuro é o beijo do Dementador.
— Eles não usam mais Dementadores.
— Então serei executado, ou trancafiado em Azkaban pelo resto de minha vida.
— Você não será. Você é uma peste, mas eu não vou deixar eles fazerem isso.
Snape bufou.
— Sempre achando que tem o mundo a seus pés, não é, Potter?
Harry riu. Agora aquelas provocações de Snape não o atingiam mais, pois sabia que eram apenas o seu jeito rabugento de ser, que não havia mais a intenção de ferir.
— Eu derrotei o vilão, não foi? Com a sua ajuda, é verdade. — Harry deu um sorriso condescendente. — Mas você não respondeu à pergunta, como sempre...
— Se eu voltaria a dar aulas em Hogwarts? Depois de tudo o que aconteceu? — Snape estremeceu visivelmente. — Não. Eu não conseguiria viver em Hogwarts com todas essas recordações. Não conseguiria suportar a lembrança de Albus. Seria terrível demais. Eu realmente... não esperava viver.
Harry largou a xícara e colocou a mão por sobre a de Snape, apertando-a de leve. Snape o encarou com surpresa, e sustentou o olhar. Harry sentiu-o sondando sua mente, e o deixou. Na verdade, jamais aprendera Oclumência, mas a sondagem de Snape não o perturbava. Queria que Snape lesse seus sentimentos.
Viu Snape franzir o cenho e corar um pouco.
— Tolo Gryffindor — disse Snape, virando a mão sob a de Harry e entrelaçando os dedos aos dele. — E você? O que vai fazer da vida?
Snape agora estava acariciando-lhe a mão lentamente, com a ponta dos dedos. Harry precisou de todo o seu controle para não gemer em voz alta.
— Eu não sei. Queria fazer algo que ajudasse as pessoas, mas estou cansado de combater bruxos das trevas.
— Você pode aprender a desmanchar feitiços das artes das trevas.
— Como você faz?
Seus olhos se encontraram de novo, e havia um brilho tão intenso nos olhos de Snape que Harry teve de desviar os olhos, com medo de se perder, ou de se queimar... Só que então os olhos de Harry se fixaram nos lábios de Snape, e ele sentiu que já estava perdido, pois tudo o que conseguia pensar era em como seria maravilhoso senti-los contra os seus.
Por sorte, a voz de Snape o despertou de seus devaneios.
— Foi Albus que me ensinou. Quando decidi passar para o lado da Ordem, Albus me ensinou Oclumência, Legilimência e feitiços curativos. Ele dizia... que eu tinha o dom da fênix. — Snape apertou de leve a mão de Harry. — Eu jamais consegui lhe ensinar alguma coisa, mas se você estiver disposto a tentar, eu posso lhe ensinar como curar a maioria dos feitiços de magia negra.
Harry só conseguiu fazer um gesto de cabeça, concordando. Nunca havia sentido nada parecido com o que estava sentindo por Snape naquele momento. Simplesmente perdera a capacidade de falar. Snape se levantou e começou a retirar os pratos da mesa, e Harry engoliu em seco.
oOoOo
Naquela noite, quando Harry entrou sob as cobertas, Snape, que estava deitado lendo uma revista acadêmica de Poções que comprara no dia anterior, largou a revista a seu lado e virou-se na direção de Harry. Mais uma vez, os olhos negros o devassaram impiedosamente, incendiando-o com a intensidade de seu fogo até que Harry teve de fechar os olhos e os lábios de Snape roçaram os seus com suavidade, até com hesitação. Harry levou a mão à nuca de Snape para segurá-lo junto a si. Por um longo instante, os lábios apenas se tocaram, quentes, macios, fazendo Harry querer mais. A surpresa inicial — Snape estava beijando-o! — deu lugar à excitação, e Harry abriu os lábios para dar passagem à língua que se insinuava por entre eles. Então, também hesitante, Harry deslizou a língua pare dentro da boca de Snape, provando-o, explorando-o, apertando-a de leve contra seus dentes e passando-a por seu palato, bem de leve.
De olhos fechados, Harry saboreou as sensações que se espalhavam da boca ao resto de seu corpo. Desceu as mãos pelos ombros de Snape, sentindo-lhe os músculos firmes por sobre a camisola, até chegar-lhe à cintura. Snape rolou um pouco para o lado para acariciar-lhe a lateral do corpo. Harry não sabia onde se concentrar — se nas mãos de Snape percorrendo-lhe o corpo, se nos lábios colados aos seus, ou na excitação que começava a brotar na região de sua virilha.
Harry gemeu, e Snape descolou os lábios dos seus.
— Tudo bem?
— Tudo — respondeu Harry, ofegante.
Snape inclinou a cabeça, e Harry achou que ele fosse beijá-lo outra vez, mas os lábios finos desviaram até encontrar o lóbulo de sua orelha, e Harry arquejou. Snape passou a língua sobre a pele sensível, depois contornou-lhe a curva da orelha, lambendo-a inteirinha e fazendo todo o corpo de Harry tremer. Snape soprou de leve em seu ouvido e, a seguir, introduziu a língua lá dentro. Harry não conseguiu conter outro gemido.
Snape recuou o rosto, afastou as cobertas e deitou-se em frente a Harry, puxando-o para mais um beijo. Desta vez Harry sentiu o calor e a pressão concentrando-se em sua virilha com uma intensidade quase insuportável. Mais do que isso, sentiu a ereção de Snape pressionar-se contra a sua. A noção de que estava trocando carícias com um homem ficou, enfim, clara para Harry, mas a excitação superava qualquer estranhamento. Era demais; Harry não sabia como lidar com tudo aquilo.
Snape puxou-lhe a camisa do pijama para cima, mas não conseguiu muita coisa. Harry o ajudou, erguendo-a com ambas as mãos. A luz de uma única lamparina que Snape havia deixado acesa incidiu sobre o peito de Harry e o rosto de Snape, e Harry viu a expressão embevecida de Snape ao fitá-lo. Harry nunca se havia achado atraente, mas aquele olhar o convenceu de que, ao menos para Snape, naquele momento, ele era o homem mais atraente do universo. Snape tocou-lhe o tórax quase com reverência. Harry tentou arrancar a camisola de Snape, e este se livrou dela sem perda de tempo.
Harry teve apenas um vislumbre do tórax bem delineado de Snape, mas logo Snape estava todo em cima dele, lábios pressionando-se novamente contra os seus.
Agora seus torsos se tocavam pele sobre pele, e as sensações se intensificavam a um nível enlouquecedor. Snape beijava, lambia e mordia-lhe delicadamente o pescoço, depois a região da clavícula.
Harry desfrutava das carícias de Snape, gemendo baixinho e arqueando-se em sua direção. Quando Snape insinuou ambas as mãos por dentro da calça do pijama e apertou-lhe os quadris, Harry pressionou a ereção contra as coxas de Snape. Então Snape baixou-lhe as calças e tomou-lhe o pênis em uma das mãos. Harry mordeu o lábio para não gritar de prazer.
— Você gosta, assim? — perguntou Snape, em voz baixa e rouca.
— Oh, Deus — conseguiu dizer Harry.
Snape capturou-lhe os lábios outra vez, a mão descendo lentamente pelo pênis de Harry. A mão de Harry desceu e insinuou-se dentro da cueca de Snape e encontrou o pênis de Snape túrgido, a ponta já úmida; Harry cerrou os dedos a seu redor, apertando-o e esfregando o polegar bem na pontinha. Snape deixou escapar um som entrecortado, impeliu os quadris contra os de Harry e apertou ereção contra ereção. Harry tirou o pênis de Snape para fora, e os dois começaram a se esfregar um contra o outro. Snape aumentou o ritmo, usando as gotas prematuras de sêmen como lubrificante, passando uma de suas pernas por sobre as de Harry, apertando-se contra ele, mordendo e chupando-lhe os mamilos, cada vez mais forte, até o pênis de Harry começar a pulsar e todo o seu corpo estremecer, derramando sua semente por sobre a mão de ambos. Snape o bombeou até a última gota. Quando Harry se refez, Snape estava observando-o, com um quase sorriso nos lábios. Harry cerrou novamente a mão ao redor do pênis de Snape e devotou toda a sua concentração a ele, bombeando-o ritmicamente e pressionando o polegar sobre a ponta. A respiração de Snape começou a ficar rápida e entrecortada enquanto a mão de Harry se movia cada vez mais rápido para cima e para baixo de toda a sua extensão e suavemente sobre a ponta. Enfim, Snape deixou um grunhido escapar, impeliu-se uma última vez contra a mão de Harry e gozou em um longo espasmo, o corpo arqueando-se todo.
Harry o segurou contra si, escutando o bater de seu coração, que aos poucos voltava ao normal. Embalado por esse som íntimo e acalentador, adormeceu.
oOoOo
No dia seguinte, Harry se sentiu bem após a sessão de "exorcismo"; ficou apenas um tanto sonolento. Quando Snape terminou de entoar o feitiço de cura e olhou para seu braço, Harry viu seu rosto se iluminar. A Marca desaparecera por completo. Eles se abraçaram, comemorando, e continuaram trocando carícias como na noite anterior, até gozarem nas mãos um do outro.
Saciado e ainda mais sonolento, Harry adormeceu.
Quando acordou, não encontrou Snape em lugar algum.
oOoOo
Em desespero, Harry aparatou no Hog's Head e foi saudado pelo homem alto, magro, de cabelos grisalhos e barba atrás do balcão.
— Harry! Que maus ventos o trazem?
— Abby, Snape desapareceu.
— Você não leu a edição extra do Prophet?
Aberforth pegou um jornal de uma prateleira da parte de dentro do balcão do bar e estendeu-o a Harry. A manchete dizia:
"Assassino de Dumbledore se Entrega ao Ministério".
— Oh, não. Por que ele não me avisou? — Harry ergueu os olhos para Aberforth. — Obrigado, Abby, vou ter de ir até o Ministério.
— Espere — resmungou Aberforth, com cara de poucos amigos. — Eu vou com você.
Continua...
