Comentário da Autora e Respostas às reviews dos capítulos anteriores:
Outro capítulo curto, mas necessário. Não me matem, senão não poderei postar o resto da história!
Nicolle Snape: 1) Ahahaha, não posso responder, né? Mas achei curioso, você querer que eles "vão até o fim". Eu às vezes prefiro uma cena de frottage a uma em que eles "vão até o fim". Acho frottage super sensual. 2) Espero que este capítulo mostre como Severus se sente. Se depois de lê-lo você ainda ficar em dúvida, eu te digo.
Ana Snape: Fico feliz que esteja gostando, e espero que goste dos demais capítulos também.
Mel Deep Dark: Sua review me emocionou. É bom quando um leitor capta o que vai acontecer no ar, antes que a gente escreva. Com as minhas histórias isso é raro, porque eu gosto de surpreender o leitor. Mas você estava sintonizada na mesma freqüência que eu, provavelmente! Você já entrou no "Potter Slash Fics"? É um grupo yahoo de discussão de slash de HP. O endereço está no meu perfil. Acho que você vai gostar. Além de trocar idéias, você pode divulgar suas histórias por lá.
Marck Evans: Você conhece muito bem meu estilo, e quase sempre sabe para onde estou indo. Se eu o surpreendi pela mudança súbita de Severus, é porque, nessa história, quando eu mudo de PoV é como se eu deixasse um pedaço fora da história. Então é como se eu puxasse o tapete de baixo do leitor em certos momentos. Eu nunca fui muito fã de entregar tudo mastigadinho para o leitor. Tem gente que considera isso um defeito. Talvez seja, mas é um do qual eu não abro mão, ao menos em certos momentos!
Capítulo 5 - Azkaban
Pelo menos lhe haviam dado uma cela individual, pensou Severus quando as grades foram fechadas pelo guarda e Severus se viu sozinho na cela úmida. A umidade não o incomodava, também. Suas masmorras em Hogwarts eram tão úmidas quanto Azkaban. O que o assustava era a idéia de ter de ficar a sós com seus próprios pensamentos, sua própria consciência, e sem que houvesse nada mais que pudesse fazer para se redimir de sua culpa.
Logo percebeu, no entanto, que seus pensamentos agora se voltavam obsessivamente para Harry. Não devia ter deixado o jovem sem antes destruir nele qualquer possibilidade de relacionamento entre eles. O tolo Gryffindor talvez ainda cultivasse alguma esperança.
A verdade é que Severus fraquejara. Não tivera coragem de ir até o fim e fazer a coisa certa, que seria rejeitá-lo de forma definitiva.
Mas talvez ainda pudesse remediar isso. Não seria difícil, na verdade. Harry era muito inocente.
Por um instante, até Severus havia acreditado naquele sonho insano. Não devia ter cedido a seus impulsos. Mas como resistir à proximidade, ao calor do corpo de um jovem atraente e visivelmente atraído por ele? Mais do que isso, como resistir, depois do que havia lido na mente de Harry? Como rejeitar aquilo que sempre desejara e que sempre lhe fora negado?
oOoOo
As lembranças de Lily também o atormentavam. A garota bonita e cheia de vivacidade a quem ele ajudava na aula de Poções. A garota que se tornara a favorita de Slughorn, enquanto ele era desprezado. A garota a quem ele culpara pelo fato de seu livro de Poções ter ido parar nas mãos dos Marotos. Talvez nem tivesse sido ela... Talvez um deles o houvesse roubado.
A única mulher pela qual ele já se apaixonara.
A jovem cuja morte ele causara, revelando a profecia ao Lorde das Trevas.
Como Harry pudera perdoá-lo por isso, por ter-lhe roubado o convívio dos pais? E como ele pudera ser tão hipócrita a ponto de dormir com o filho de Lily?
Ele era mesmo um monstro, e merecia estar ali.
oOoOo
Outras vezes, contudo, uma impossível esperança se acendia em sua alma. Nessas horas, Severus chegava a desejar que os Dementadores ainda estivessem por ali, porque, acima de tudo, era horrível ter de conviver com aquele sentimento inútil.
Certa tarde, o carcereiro anunciou que era dia de visitas, e que alguém o esperava na sala especial para isso.
Severus se deixou conduzir pelo carcereiro, que lhe segurava o braço com rispidez. Ao entrar na sala, viu a silhueta esguia e o vulto dos cabelos negros desarrumados de Harry Potter do outro lado do vidro.
— Severus...
— Não me lembro de tê-lo autorizado a me chamar pelo primeiro nome — disse Severus, com frieza. O olhar ferido que Harry lhe dirigiu só o estimulou a prosseguir. Precisava acabar logo com aquilo. — O que veio fazer aqui? Não é possível que pense que pode haver algo sério entre nós... — Severus deu um riso irônico. — É isso que está pensando? Não, não é possível, nem você pode ser tão ingênuo!
— Por quê... ? Não entendo — disse Harry, com uma expressão de dor, sacudindo a cabeça.
— Garoto, a única pessoa a quem amei na vida morreu por sua causa. Você tem os olhos dela. Confesso que, por alguns momentos, foi bom pensar que você fosse, de algum modo, Lily. Eu o usei para satisfazer essa fantasia. Mas você é um Potter, por dentro e por fora. Eu o desprezo.
Severus fixou o olhar em Harry, como se quisesse fulminá-lo com um Avada Kedavra, e viu Harry estremecer e se encolher. Não suportando mais, Severus deu-lhe as costas e saiu da sala de visitas.
De volta à sua cela, Severus desmoronou. Sentou-se no chão de pedra, os joelhos erguidos, o rosto enterrado entre as mãos.
oOoOo
Durante as semanas seguintes, a rotina sombria de Severus só foi quebrada por visitas de McGonagall e Arthur Weasley. Os dois haviam tentado animá-lo com um palavrório vazio, típico dos Gryffindors, de que ele havia feito muito pela Ordem e que eles não o iriam abandonar.
Tiberius Ogden, figura importante do Wizengamot e amigo de Albus Dumbledore, ia visitá-lo todas as semanas. Ele fora apontado seu advogado de defesa. Era um homem alto, imponente, de longa barba prateada como Albus, mas expressão mais séria e preocupada. Ele parecia, aliás, bastante preocupado com Severus. Fazia-lhe longos interrogatórios e dizia que Severus precisava acreditar que seria inocentado. Severus respondia às perguntas, mas se recusava terminantemente a se defender no tribunal. Sabia que nada daquilo iria adiantar. A maioria da Ordem o odiava, e nem o Ministério nem o Wizengamot iriam querer libertar um ex-Comensal da Morte.
Acima de tudo, no entanto, Severus, em profunda depressão, não achava que merecia ser absolvido. Ele havia sido o responsável pelas mortes de Lily, James, Albus e nem ele sabia quantos Muggles inocentes.
Infelizmente, sua varinha lhe fora tirada. Caso contrário, ele já teria lançado um Avada Kedavra sobre si mesmo.
Os dias se arrastaram, todos iguais, até o momento em que o carcereiro comunicou-lhe que ele iria ser julgado naquele dia.
Mandaram-no tomar banho e lhe deram vestes normais, sem a estampa da cadeia, para vestir.
Continua...
