Respostas às Reviews dos Capítulos Anteriores:
Mel Deep Dark: Oh, angst, sem dúvida. Também tenho uma queda para angst. Mais quando leio do que quando escrevo. Não sou forte o bastante para fazer meus personagens sofrerem por muito tempo! Quanto aos outros assuntos, já conversamos lá no grupo, então... vamos em frente.
Ana Snape: Ahahaha, pois é, eu peguei uma série de questões que foram discutidas logo após terminarmos HBP e joguei nesta história. Mas cada um de nós, escritores, vai acabar trabalhando esses assuntos de forma diferente, por mais que parta de um ponto semelhante. Estou ansiosa por ler a tua história.
Nicolle Snape: No fundo quase todos nós escrevemos clichês e gostamos deles, não é? Esta minha história tem muitos, muitos clichês!
Marck Evans: Pode, pode matar o Snape, sim. Ele merece. Só que aí você vai ter de ressuscitá-lo, para eu poder acabar a história :). Obrigada, amiguim, você me faz sorrir.
Amanda Saitou: Amanda! Estava com muita saudade de você. Como eu disse para a Ana, eu joguei no caldeirão vários tópicos que discutimos entre nós ao terminar de ler HBP. Mas tenho certeza de que cada um de nós irá trabalhar esses dados de forma diferente. Aguardo a tua história com expectativa. Sobre Severus ter se aproximado de Harry de forma muito rápida, não adianta, cada um de nós tem um ritmo diferente também. Algumas pessoas sempre vão achar que foi muito lento e outras que foi muito rápido! A minha explicação é que, bem, eles são dois caras sozinhos dividindo uma cama... Mais do que isso. O tipo de feitiço de cura que Severus teve de usar em Harry implicava um envolvimento emocional.
Lilibeth: Pois é. Esse casal sempre acaba assim, Severus vira Gryffindor. Ou é só nas minhas histórias? Ah, sei, você confia em mim mas já vai ameaçando, né? Bela amiga, você! ;)
Capítulo 6 - Julgamento
Pela segunda vez em sua vida, Severus entrou nas masmorras do Tribunal Dez, com sua ampla sala circular, as paredes de pedra escura mal iluminadas pelas tochas. Os bancos estavam todos tomados. Atravessou a sala sob sussurros, escoltado por dois brutamontes. Estes o levaram até a cadeira no centro da sala. Severus sentou-se e as correntes ligadas à cadeira cerraram-se a seu redor, imobilizando-o completamente.
Tomando coragem, Severus ergueu os olhos para as fileiras de bancos nas laterais. Havia muitas pessoas de preto — provavelmente de luto por uma ou mais das muitas vítimas da guerra. Avistou Sprout e Hagrid em meio aos presentes. Algumas fileiras acima, Arthur e Molly Weasley, seus filhos Ronald e Ginevra, e Hermione Granger. Nos bancos à sua frente, os cinqüenta jurados do Wizengamot fitavam-no, alguns com ar de curiosidade, outros de repulsa. Nenhum o olhava com simpatia, mas isso não era nenhuma surpresa para ele. Ao lado de Rufus Scrimgeour, o Ministro da Magia, no meio da fileira da frente, um homem de barba castanha e rosto severo se levantou. Severus reconheceu Amos Diggory, o novo Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, que iria presidir a sessão.
Todos silenciaram para ouvi-lo. Diggory abriu um rolo de pergaminho e leu as acusações.
— Estamos aqui reunidos hoje para julgar o acusado, Severus Tobias Snape, pelo assassinato premeditado de Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore por meio de um Feitiço Mortal, e de ter agido como duplo espião para favorecer a causa de um grupo ilegal e terrorista vulgarmente conhecido como "os Comensais da Morte" — declarou Diggory.
Então Diggory se dirigiu a Severus.
— Severus Snape. O senhor tem consciência do motivo pelo qual está sendo julgado?
— Tenho — respondeu Severus.
— Então ouviremos os discursos de abertura de ambas as partes, a começar da acusação. Interrogadora Umbridge?
Severus fez questão de desligar a mente do que estava acontecendo. Era humilhante demais que fosse Umbridge a pessoa a acusá-lo.
Quando a voz melíflua de Umbridge silenciou, Tiberius Ogden se ergueu. Suas vestes cor-de-cobre ressaltavam-lhe a palidez do rosto e das mãos. Era uma figura carismática. Mas Severus também não prestou atenção a seu discurso. Sentia-se entorpecido e distante da realidade.
De repente, notou que o juiz estava se dirigindo a ele, iniciando o seu interrogatório.
Severus ergueu os olhos para ele.
— Eu estou cansado. Tenho direito a permanecer em silêncio, não?
— Esse direito lhe é garantido pelas leis do Wizengamot, mas a falta do seu depoimento pesará contra o senhor.
— Eu sou culpado. Assumo todas as culpas.
O alvoroço tomou conta do recinto, e Ogden pediu a palavra para dizer que o réu se encontrava em estado de depressão, provocado pelos efeitos residuais do Feitiço Mortal em sua mente, e que sua palavra deveria ser desconsiderada. Diggory insistiu com Severus ainda várias vezes.
— Me deixe em paz — foi a única resposta de Severus.
Diggory decidiu dar procedimento ao julgamento chamando as testemunhas de acusação.
Bellatrix foi a primeira a entrar, toda acorrentada. Severus não pôde deixar de admirar sua inabalável lealdade ao Lord das Trevas. Seu testemunho, curiosamente, acabou sendo-lhe favorável, já que ela relatou o momento em que ele e Narcissa haviam proferido o Juramento Inquebrável. Era, acreditava Severus, uma circunstância atenuante. Mesmo que todos acreditassem que ele havia matado Albus, poderiam também entender que havia sido um recurso extremo, já que, se ele não o matasse, morreria. Não fora esse o seu motivo, na realidade; Severus preferiria ter morrido a matar Albus, se tivesse tido escolha. Mas talvez aquilo fizesse a diferença entre ser executado ou passar o resto da vida em Azkaban. Não que Severus preferisse a segunda hipótese à primeira.
Depois de Bellatrix, a Interrogadora chamou Filius Flitwick, que relatou ter sido atacado por Severus assim que entrara em seu escritório e o avisara de que Hogwarts estava sendo invadida por Comensais da Morte.
Pobre Filius. Jamais o teria atacado, se houvesse outro jeito. Severus sentiu uma nova onda de culpa o invadir, e se desligou outra vez do que acontecia no tribunal, deixando a mente se embrenhar em lembranças dos terríveis momentos que haviam precedido a morte de Albus.
Severus foi acordado de suas reminiscências pela chamada de Harry Potter ao banco de testemunhas.
Quando seus olhos encontraram os de Harry, Severus se surpreendeu ao ver a determinação estampada na expressão do garoto. Harry lembrava-lhe Albus em seus momentos de fúria — poderoso, implacável, inamovível.
Harry era, na verdade, a única testemunha ocular de seu crime presente no tribunal. Greyback e Amycus haviam morrido durante a guerra; Alecto, Yaxley e Draco estavam foragidos.
Umbridge cumpriu seu papel com competência, fazendo com que Harry relatasse o momento em que Snape lançara o Feitiço Mortal sobre Dumbledore. Harry tentara, visivelmente, ser objetivo, mas a interrogadora explorara o momento da forma mais melodramática possível.
Ogden, no entanto, revelou-se brilhante, e fez com que Harry descrevesse novamente o momento da morte de Dumbledore. Harry relatou que Snape e Dumbledore haviam trocado um demorado olhar, e então Snape dissera "Avada Kedavra", um jato de luz verde saíra de sua varinha e Dumbledore havia sido jogado para o alto. Relatou também que os olhos de Dumbledore estavam fechados quando Harry se aproximara de seu corpo. Ora, argumentava Ogden, não é isso o que acontece com um verdadeiro Avada Kedavra. O corpo não é jogado para o alto, e os olhos ficam abertos. Ogden sugeria a Harry se o que poderia ter acontecido não seria que Snape havia lançado um Impedimenta não verbal e, em seguida, fingido lançar o Avada Kedavra. Harry refletiu por um instante e disse que sim, que isso seria possível.
Severus conteve um riso histérico. Quantas teorias mirabolantes não inventavam os advogados! Infelizmente, nada daquilo era verdade. Severus lançara mesmo um Feitiço Mortal, inclusive porque era o jeito mais indolor de matar. Mas se o seu advogado conseguisse fazer o júri engolir aquela história da carochinha...
Se bem que era mesmo estranho que o corpo de Albus tivesse sido lançado para o alto e que seus olhos estivessem fechados ao morrer. Severus meneou a cabeça. Com Albus era assim mesmo: nada era normal.
A seguir, em resposta às perguntas de Ogden, Harry narrou como Severus salvara sua vida no embate final, ficando entre ele e Voldemort. E como Severus eliminara a última Horcrux, extraindo o pedaço de alma que Voldemort havia implantado em Harry. A platéia se admirava a cada palavra, e aplaudiu-o ao final.
Por fim, Aberforth Dumbledore foi chamado ao banco das testemunhas, e chegou trazendo uma penseira embaixo do braço.
Diggory explicou à Corte que o Wizengamot havia tido acesso à penseira de Albus Dumbledore e que havia acabado por concordar que ela constituía uma importante prova. Alguns técnicos entraram na sala para instalar um aparelho que permitia a projeção das memórias em uma tela.
O coração de Severus bateu acelerado quando começaram a desfilar à sua frente, como num filme, os momentos mais importantes de sua vida que envolviam Albus. O momento em que Sibyll Trelawney lera a profecia e Severus fora apanhado escutando atrás da porta. O momento em que Severus, quase às lágrimas, procurara Albus e relatara que o Lord das Trevas estava atrás de James e Lily Potter. O momento em que Severus contara de seu arrependimento por ter-se juntado aos Comensais da Morte e se oferecera para ser um instrumento para derrotar o Lord das Trevas. O momento em que Albus chegara ferido após tentar destruir o anel, e o modo como Severus conseguira barrar o feitiço e prolongar a vida de Albus, incluindo uma conversa em que ambos reconheciam que Albus não teria muitos meses de vida. O momento em que Albus lhe pedira, lhe exigira, que o matasse quando chegasse o momento adequado, e que não deixasse Draco virar um assassino nem a sua função de espião ser colocada em risco. E, por fim, uma memória do próprio Aberforth de uma conversa com Albus em que este lhe entregava as memórias e dizia que estava preparado para a próxima grande aventura, e que faria o possível para garantir, com esse ato, a maior proteção possível a Severus, porque Severus seria a pessoa com mais condições de ajudar a Harry quando fosse necessário. Albus reafirmou sua confiança em Severus. Aberforth lhe perguntou em que consistiria essa proteção. A imagem de Albus pareceu iluminar-se ao dizer:
— É uma magia muito antiga. Com o meu sacrifício, colocarei uma proteção em Severus semelhante à que Lily colocou em Harry ao morrer para salvá-lo.
Então a projeção se encerrou. Lágrimas escorriam pelo rosto de Severus, e a sala toda estava em alvoroço.
Albus, seu desgraçado. Eu não queria matá-lo. E muito menos queria viver depois de tê-lo matado, pensou Severus.
Diggory pediu silêncio e convocou Tiberius Ogden para o discurso final da defesa. Ogden levantou uma a uma as evidências de que Dumbledore sabia de sua morte iminente e planejara, se não exatamente o momento, o modo como deveria se dar, confiando totalmente em Severus. Enfatizou a confiança que Dumbledore depositava em Snape, ponto confirmado por todas as testemunhas ali interrogadas. Ressaltou não haver provas de que o feitiço que Snape havia lançado sobre Dumbledore havia sido mesmo um Feitiço Mortal e que, ao contrário, o testemunho de Harry Potter parecia indicar o contrário. Lembrou, em palavras emocionadas, o quanto o Mundo Mágico devia a Severus Snape, por ter salvado a vida de Harry Potter e eliminado a possibilidade da volta de Lord Voldemort. E encerrou com um verdadeiro panegírico à coragem e habilidade de Severus Snape por se dispor a arriscar toda a sua vida e reputação para salvar o Mundo Mágico.
Dolores Umbridge não deixou por menos, e acusou Severus Snape de ser um verdadeiro Judas, uma serpente dissimulada e que sempre servira ao Lord das Trevas. Fazendo um longo elogio a Dumbledore, jogou sobre Severus Snape toda a culpa de haver posto fim à vida do mais generoso e hábil mago contemporâneo com o feitiço mais imperdoável de todos.
Então os jurados do Wizengamot se retiraram para uma sala anexa, para deliberar. Severus também foi retirado da sala e colocado em uma cela contígua. Severus teve de esperar ali por mais de uma hora.
Por fim, ele foi levado de volta à sala do tribunal. Em seguida, os jurados voltaram ao plenário, um a um, com Griselda Marchbanks, a chefe do Wizengamot, à frente.
Diggory se dirigiu a ela.
— Os senhores chegaram a um veredito?
— Sim, Excelência. Declaramos o réu inocente, por falta de provas.
Severus não conseguiu acreditar no que acabara de ouvir. Mas as correntes que o envolviam se abriram e o libertaram. Diggory devolveu-lhe, simbolicamente, a varinha, e ele logo foi cercado por pessoas cumprimentando-o e jornalistas fazendo-lhe perguntas. Desgastado física e emocionalmente, Severus estava quase desmaiando quando viu o cerco se abrir subitamente e Harry surgir para resgatá-lo.
Continua...
