Notas do capítulo
Em nossa vida, há um momento o qual paramos para perceber nosso próprio percurso. Essa obra, foi uma das minhas reflexões durante esse momento e já estava sendo reescrita por mim, internamente. Foram muitos anos para entender que nem tudo se constrói num instante, sentimentos são tão complexos quantos os seres que o possuem e, a partir do reconhecimento, pude enxergar novos caminhos para meus personagens. Todos os leitores e leitores que permanecemam nessa história, convido-os-o a reler e reviver esse universo maravilhoso, sou grata por todos esses anos de companhia. Esta permanece sendo uma história SesshyKah. Uma boa leitura a todos, bjs bjs e até a próxima!

Notas da história
Os personagens de InuYasha não me pertencem e sim, a Rumiko Takahahi.
A imagem da capa é uma Fanart da artista Cati e não me pertence.

—/-/Kagome/-

A cada passo que dava, mais profundamente adentrava na floresta. A vegetação densa indicava que havia tempo que já tinha afastado da trilha principal, mesmo assim, recuse-me o desacelerar o passo.

O caminho, como um borrão, ficou ainda mais obscurecido pelas nuvens pesadas que ameaçavam desabar todas as suas angústias pela terra, acompanhando-me em meu desespero. A natureza, compadecendo-se comigo, lutava, através do vento, para secar meu rosto.

O tempo é fugaz e pude sentir a confusão de perder as horas enquanto corria desatenta pelo caminho, não que isso fosse um dos meus focos. Nem as horas ou as árvores que insistem em tentar me parar, com seus galhos penetrando em meu pele, marcando-a pelo trajeto, estavam em prioridade para mim. Senti-me anestesiada, com a alma cansada de sentir, mas tão pouco essa sensação foi o suficiente para parar os meus esforços de vazão.

A dor física não se compara à de minha alma.

Em minha mente, a memória de meus amigos mesclavam-se com a dele, meu primeiro grande amigo e amor, Inuyasha. Pisca forçaram-me a lembrar de nossos bons momentos, Inuyasha e eu discutindo, rindo, lutando juntos, como noites que depois passamos com o grupo e sozinhos. Como conversas e o modo como ele fez questão de mim dizer o quão eu era importante...

Corria, como se o esforço físico pudesse superar a dor que se sentia em meu peito, buscava a cada passo uma nova forma de libertar a angústia que meu futuro me causava, teimando a aceitar cenas que o período tem pouco. Era surreal demais. Demais cruel. Como se os céusssem ouvir meus pensamentos, a chuva começou. E não tardou um absorto.

Como lembranças felizes, como que eu tive o apreço de guardá-las na memória, como a mais preciosa das joias questão fez de caçoar de minha tristeza. Agora, faz parte de um passado cada vez mais distante e se depende de mim, alguns quilômetros a mais de distância ainda eram necessários, até a chuva sumir com meu rastro, até que eu me tornar indetectável por ele.

Foi tudo uma farsa... Uma piada.

E eu era uma graça.

— Inuyasha!

Gritei para o vazio, num descanso. Seu nome, sempre tão doce aos meus lábios, agora soava como o mais rude xingamento. Meu peito doía, sofrendo para buscar o ar que me faltou por causa da corrida longa. Perdi meus limites, não teve uma direção a seguir, fugia por instinto, esquecendo que meu perseguidor poderia seguir-me a qualquer lugar. Enquanto o guardado tinha guardado em mim, meu coração me tem consigo.

Voltei ao andar para logo depois voltar à maratona desesperada. Fugir era tudo o que pensava, queria esconder-me de todo o sofrimento. O caminho já não me importava, se é que chegou a ser significativo em momento algum. Deixei que meus instintos guiassem o rumo que estava tomando e percebi a floresta mais do que familiar.

Meu corpo me guiava para casa, a única que eu restou e talvez a única a qual realmente fui aceita e fiz questão de abandonar pelo tempo errado. Deveria voltar para a minha era. A chuva tornou-se o percurso lamacento, mas não desacentou apesar do segundo ou terceiro baque, dos incontáveis tropeços, foram os meus últimos! Recomeço os passos ao avistar a clareira do poço come-ossos, sabia que o relógio era meu inimigo e que era possível que já tinha perdido essa batalha.

Aprendi com esses últimos 4 anos, que era teimosa muitas em coisas, e no íntimo, torcia para a minha esperança ser suficiente dessa vez.

O trovão acompanhou-me no pulo. Meu peito estava se rasgando o cada novo soluço que dava. A cada lágrima que caia uma esperança infundada de que tudo acabaria bem, como se eu não se aususou que uma parte de mim se esvaia a todo o momento. Só conseguia pensar que meus amigos entenderam a minha decisão. Agora tudo o que eu quero é o meu porto seguro, minha família, se insunde em meus travesseiros e tudo derrama o que guardei com tanto apreço.

O chão de terra amaciou o meu desespero, sentir o chão de terra foi como se aquela sensação de milão de antes voltasse com tudo. Eu não podia acreditar!

Faça jeito que cai, fiquei. Senti minhas forças esvaindo, ao som dos soluços que soltei. Meu grito foi abafado por outro trovão. O poço vem ossos não e nunca funcionava mais iria, já que agora já não passou de um poço normal.

Pois a joia não mais existia.

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Com dificuldade escalo o caminho de volta, o sol teimava em aparecer e eu não poderia me manter próximo à vila de Kaede, este não era mais o meu lar e seria o primeiro lugar que buscava por mim. Tinha uma certeza, concreta em mim, agora, eu deveria ceder este tempo para a parte de minha alma que pertencia a esta era. Kikyou.

Ando devagar até uma árvore próxima, me abrigando da chuva. Estagnada por falta de energia, sentindo que toda a adrenalina que me incentivou a chegar aqui, que me manteve longe dele, se foi. Meu corpo pedia por descanso, sentia que minha visão era turva, confuso. Sento em sua raiz e me desespero, revivendo como suas palavras, seus toques, tudo o que pensei ser real se despedaçando diante de mim.

A chuva não dava sinais de descanso. Estava frio, o inverno começou a daqui a algumas semanas e não trouxera nada além de roupas que vestia. Sua trajetória sacerdotal, por sorte, era de um tecido mais grosso, para a meia estação.

Pela primeira vez, senti vontade de sumir, pelo alento de saber que todo o sofrimento acabaria. Desejei que nunca tem atravessado o poço e assim, que nunca o não foi conhecido. O desejo de paz me agradava, pois não há mais nada que uma humana possa fazer num mundo onde youkais reinam.

A cruel realidade de entender que eu não mais pertencia a essa era, e sabia ser uma questão de tempo até que minha existência fosse apagada pelo fluxo temporal.

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Sinto-me fraca, o anoitecer me fez perceber a falta de alimentos, isso e o embrulho do meu estômago. Escolhi recolher-me próxima a um tronco grosso o suficiente para barrar um pouco do vento gelado. Num momento de autoconsciência, percebi que deixei de sentir meus pés e mãos há pouco, a chuva potencializava o frio e cada vez menos sentia vontade de mudar a situação.

Talvez devesse ficar aqui até sumir, eventualmente a joia que tornaria realidade. Nunca saberei se de uma boa ou má forma. Foram diversas como conjecturas que tinha em dois dias. Ter a alma reabsorvida ou perecer para que a natureza só possua uma cópia simultaneamente, talvez ser levada de volta ao meu lugar. Seria a melhor das hipóteses, apesar de simplesmente não acreditar nisso, já que agora o futuro seria alterado pela existência da sacerdotisa original.

Deitei na relva, à espera de algo, mas sem saber necessariamente do quê. O que faria? Como seguiria agora que não lhe restou mais nada?. De tão absorta, talvez devido ao cansaço e à fome, não percebi não estar sozinho.

Um rosnar se fez presente, próximo de mim. Um youkai urso apareceu, provavelmente em busca de mais uma refeição antes de hibernar, infelizmente eu parecia estar no seu cardápio. Pelos seus dentes à mostra e os olhos sanguinários deixaram claro que eu era sua presa. O observador calmamente. Seria esse o meu fim?

Seus passos eram calculados e assim ele se aproximava, eu podia ver seus olhos prontos para perseguir qualquer tentativa que eu demonstrasse de fugir.

Ele avisava, era o fim, mas não pude deixar de rir com a situação. Nunca me imaginei de assim, eu, Kagome Higurashi sempre lutei por aqueles que amo, sempre tentei fazer o meu melhor para ser aquilo que todos precisavam que eu fosse e agora, deitam na relva, o que eu era?

Levanto, devagar e encaro meu oponente.

O youkai me estudava, mais perto do que achei que estava. Lentamente me posiciono para lutar. Meu braço bate em minhas costas vazias, na busca do meu arco e percebo que não o trouxe.

"Droga"

Como se esperasse isso, o youkai urso avança em mim, me esforço em formar uma barreira e uma graciosa luz rósea é vista, fraca e insuficiente para parar um demônio aquele porte. Uma adrenalina era a minha única energia. Com desespero e me jogo para o lado, para fugir de seu ataque. Eu recuso a morrer dessa forma!

Vi que o urso já estava pronto para mais um ataque. Não daria tempo de pensar muito, teria que agir. Esperei que ele viesse novamente em minha direção e concentrei o quanto de energia pude no meu dedo, sabia que não era prudente ser seu próprio corpo como condutor, mas era tudo o que eu tinha no momento. Ataquei-o no último momento de seu ataque, quando ficou de pé pude ver que consegui atingir sua perna direita, o suficiente para cair grunhindo em dor, mas eu sabia que não fora o suficiente por muito tempo.

Eu estava fraca e essa era a minha chance. Uma nova onda de adrenalina corre por meu corpo e começo a correr em direção à floresta, não poderia me acabar aqui, eu tinha que escapar, depois pensaria no futuro!

A urgência fez com que exigisse o máximo que minhas pernas permitiam, mas, sabia que a cada passo, perdia velocidade, era doloroso continuar. Seria uma questão de tempo até que ele me alcançasse.

A mata fechada se rarefaz até findar num declive pedregoso, com mais metros do que eu poderia contar no momento, e seu fim dava para um rio. Não pude avaliar se era fundo o suficiente até que o som gutural do youkai anunciasse seu paradeiro, e eu sabia que não haveria como dar a volta no penhasco sem ser pega.

Olhei para o rio mais uma vez, rezando para que fosse fundo o suficiente. Aproximo-me da beirada com a ideia insana de como escapar, se sobrevivesse.

Apesar do longo treinamento que passei, nunca perdi tanto condicionamento. Nenhum exercício era capaz de me preparar para tamanha provação. Eu havia perdido tudo, tudo pelo o que batalhei durante esses últimos anos, toda a base que estava preparando para o resto de minha vida como protetora da jóia de 4 almas.

Observava o abismo atentamente, talvez pela possibilidade de ser a minha última visão e lembrei de uma frase que dizia que ele também olharia para mim.

Espero que seja o suficiente para sobreviver a essa loucura.

—/-/Sesshoumaru/-/-

Caminhávamos lentamente em direção ao abrigo de uma caverna, os sons graves anunciavam a tempestade ao norte que não tardaria a nos alcançar. Rin estava um pouco mais a frente, cantarolando uma canção sem letra enquanto colhia as poucas flores que tiveram o azar de não se fecharem com o tempo.

—Rin, não se afaste. Seshoumaru-sama não tem tempo para perder indo atrás de você_ diz Jaken numa voz arrastada que irritava meus ouvidos. Arurun ia ao lado da pequena, deveríamos nos apressar, ainda temos 20 minutos de caminhada até a caverna. Mais um trovão. Observo o céu em sua fúria e escuto o rio encher, um rugido ao longe e os animais recolhendo-se perante a fúria da natureza.

Nesse ritmo o rio subiria antes de atravessarmos.

—Rin, suba em Arurun._ Ordeno e me ponho a flutuar numa velocidade que o dragão de duas cabeças pudesse seguir.

Mais alguns minutos até que o rio entre em meu campo de visão. O vento estava revolto e trouxe consigo o cheiro de sangue humano. Farejo mais uma vez, a procura de algum perigo para a pequena e reconheço o odor, sem me importar. O que dizia respeito ao meu meio irmão, não me interessava. Isso até Rin se manifestar ainda em cima do dragão, o fazendo se aproximar das águas.

—Sesshomaru-sama tem alguém ferido ali!_ Ela grita atrás do corpo humano que flutuava rio abaixo. Ela sobrevoou o corpo e o dragão o pegou entre as patas, os levando até a margem e o jogando na relva.

—Rin, volte aqui!_ diz Jaken correndo até a menina.

—É a Kagome-sama, ela está ferida!

Rin pulou e correu em direção a Miko ensanguentada. Olhei para cima, ao longo do curso do rio procurando a provável causa de sua situação, mas nada indicava o motivo. Assim como também nenhuma criatura a perseguia. Voltei-me para a criança.

Observei minha protegida se abaixar e virar o corpo da humana mais velha, encostando sua cabeça em seu peito. Seu corpo era coberto por escoriações, nada profundo, mas o sangue que manchava o dorso de suas vestes indicava que não fora uma queda simples.

—Ela está viva! Sesshoumaru-sama, temos que ajudá-la!_ Rin suplicou com água em seus olhos, o que me incomodou profundamente. Se lembrava que as duas possuíam alguma relação, mas não ao ponto de abrigar outra humana consigo. Seria um estorvo.

Onde estaria o hanyou? Busquei brevemente, mas nem a humana possuía o cheiro dele, deveriam estar viajando separados.

—O que devemos fazer Sesshoumaru-sama?_ pergunta jaken.

Faltavam alguns minutos para a chuva cair e não queria que Rin adoecesse. Deveríamos nos abrigar o mais breve possível e logo mais retornar para o Oeste.

—Ignore._ digo e volto a flutuar, mas não sou seguido dessa vez.

—Não podemos deixá-la, Sesshoumaru-sama! Ela está ferida! Não conseguirá fugir da chuva e vai morrer! Onegai_ Suplicou derramando os sinais de sua fraqueza.

E não precisava vê-la para saber disso.

—Vamos._ Tento mais uma vez convencer a menor, mas a sua teimosia me surpreendeu.

—Não. Vou!_ Rin bateu o pé e deixou claro suas intenções. Depois se virou para a humana ferida como se buscasse saber a extensão dos ferimentos.

—Mais que afronta! Como ousa tratar o Sesshoumaru-sama desse jeito! Você merecia..._ jaken começou a falar, mas, interrompo-o.

—Cale-se

—Mas Sesshoumaru-sama o senhor não mere..._ ele reinicia e o olho com um desprezo maior do que o normal, ele sabia muito bem o significado e se calou. A chuva começou a cair próximo de nós, podia ouvir claramente seu contato com a terra.

—Rin monte em Arurun_ digo e vou em sua direção. Sabia que ela estava irredutível, uma das poucas vezes que a vi me contrariar. Não poderia me demorar aqui, logo, antes que ela negasse novamente a me obedecer, me aproximo da humana caída e a jogo em Arurun.

—Iremos levá-la._ digo a contragosto, vendo um singelo sorriso surgir na face da pequena. Sinto-me satisfeito ao vê-la enxugando as lágrimas.

Encaro a humana do hanyou, sua situação não era boa, diversos ferimentos podiam ser vistos na pele à mostra, mas sabia que haviam outros além da vista. Não demoraria muito até o cheiro da morte se fazer presente nela, estava muito fraca e me impressionava ainda estar viva.

—Arigatou Sesshoumaru-sama!

Rin me olha apreensiva, seu coração acelerado. Como uma criança, ela logo entenderia a essência do mundo em que vivemos, crescer significava passar por adversidades e isso serviria de lição. Aguardaria pelos acontecimentos, tornando-a responsável pelo seu destino.

—Cuide dela até que possa voltar para o hanyou_ impus minha condição, deixando claro que não deveria demorar com isso.

—Hai!_ ela correu para o dragão, que logo se pôs em voo baixo enquanto uma fina garoa começara a cair.